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UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

3. CAPÍTULO III – O CONHECER, O SABER E A CONSERVAÇÃO DO PARNAS

3.1. O PERFIL SOCIOECONÔMICO DA COMUNIDADE DA RIBEIRA

De abril a julho de 2012, foram realizados trabalhos de campo, nos quais desenvolvemos entrevistas de cunho quantitativo. O povoado Ribeira conta com 328 habitantes (IBGE, 2010), onde foram aplicados 48 questionários, dos quais 47,9% dos entrevistados eram mulheres e 52,1% eram homens. Apresentam uma renda melhor do que o povoado anteriormente citado, pois 43,8% tem uma renda de um salário mínimo.

A tabela 01 abaixo mostra que apesar de muitos dos respondentes terem o ensino fundamental incompleto (31,3%) ou serem analfabetos (22,9%), 14, 6% tinha ensino médio. Talvez, o melhor grau de instrução justifique um pequeno aumento na participação durante o processo de criação do PARNASI.

Tabela 01. Escolaridade do/a responsável do domicílio.

Escolaridade responsável N. %

não alfabetizado/a 11 22,9

Lê e escreve o nome 1 2,1

Ensino Fundamental Incompleto 15 31,3

Ensino Fundamental 6 12,5

Ensino Médio Incompleto 4 8,3

Ensino Médio 7 14,6

n.r. 1 2,1

Total 48 100,0

Fonte: Pesquisa de campo: abril/2012

A partir dos dados, percebe-se que mais da metade dos entrevistados não possui sequer o ensino fundamental completo. Apenas 14,6% possuem o ensino médio e um percentual ainda menor, 6,3%, responderam ter o ensino superior completo. Tais dados demonstram o baixo grau de instrução da amostra, o que pode influenciar diretamente no entendimento das informações sobre a conservação do ambiente natural. Um outro importante fator que pode atrapalhar na conservação pode ser o da renda, pois alguns moradores persistem em algumas atividades predatórias como única fonte de sobrevivência, como mostra a tabela 02 abaixo.

Tabela 02- Renda do responsável do domicílio Salários mínimos N. % < 1 salário 9 18,8 1 salário 21 43,8 > 1 < 2 salários 6 12,5 > 2 < 3 salários 2 4,2 > 3 < 4 salário 1 2,1 Não respondeu 9 18,8 Total 48 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Abril 2012

A renda dos responsáveis pelo domicílio é muito baixa, assim como a escolaridade. Mais de 50% dos respondentes possuem renda de um salário ou menos. Observa-se pela tabela que apenas 6,3% dos que responderam possuem renda superior a dois salários mínimos mensais. Tais dados demonstram que a renda da maioria da amostra é baixa, o que pode estar relacionado com a proibição legal de algumas atividades no povoado.

A combinação dos dados sobre escolaridade e renda revela uma situação de grande vulnerabilidade social dos moradores do povoado Ribeira. Pode-se inferir que essa situação esteja de alguma forma na base para pequena participação dos moradores no processo que deu origem à criação do PARNASI, não obstante o comprometimento dos pesquisadores e técnicos que elaboraram estudos e atividades como o DRP (Diagnóstico Rápido Participativo) e audiências públicas. Segundo os dados coletados apenas 24% dos respondentes participou ou conhece alguém que esteve presente em alguma atividade desenvolvida para aquela finalidade, como é apresentado na tabela abaixo.

O perfil socioeconômico dos moradores do povoado também é útil para compreender a ausência de participação e a dificuldade de organização e reivindicação por um maior envolvimento na gestão do parque. A participação deve ser um processo social que gera a interação entre diferentes atores sociais na definição do espaço comum e do destino coletivo. Em tais interações, como em quaisquer relações humanas, ocorrem relações de poder que incidem e se manifestam em níveis distintos em função dos interesses, valores e percepções dos(as) envolvidos(as).

No entanto, o PARNASI parece não influenciar na vida dos moradores, conforme mostram os dados da tabela 03 e 04. Apontaram não terem tido mudanças econômicas (47,9%), lazer (37,5%), cultural/religiosa (50,0%) o que denota uma situação de indefinição do Parque.

Tabela 03. Mudanças econômicas após o PARNASI Avaliação economia N. % Não se aplica 24 50,0 Não mudou 23 47,9 Melhorou 1 2,1 Total 48 100,0 Fonte: Pesquisa de campo. Abril/2012

Tabela 04. Mudanças econômicas após o PARNASI Avaliação lazer N. % Não mudou 18 37,5 Melhorou 5 10,4 Piorou 1 2,1 n.a. 24 50,0 Total 48 100,0 Fonte: Pesquisa de campo. Abril/2012

A partir da análise da tabela acima podemos perceber que a metade dos entrevistados não soube nem afirmar se houve mudança ou não. Em seguida, predomina as respostas que afirmam não ter havido mudança econômica. Tais resultados nos leva a inferir que talvez a unidade não tenha se posicionado enquanto agente de proteção ambiental, sendo esta função relacionada pelos moradores ao IBAMA. Apesar de influenciar diretamente ou indiretamente no perfil econômico dos moradores, devido as suas restrições legais, que proíbem algumas atividades geradoras de renda, os moradores não percebem ou entendem essa presença.

Ao analisarmos as respostas sobre as mudanças culturais percebemos a divisão a situação de indefinição novamente do PARNASI. Entretanto, surgem as hipóteses de que tenha acontecido o mesmo em relação às mudanças econômicas, ou nesse caso em questão, de manifestações culturais e religiosas estarem desaparecendo independentemente da presença da UC.

Apesar de a amostra parecer não conhecer o papel legal ocupado pelo PARNASI, alguns dos respondentes mostraram-se bem informados sobre questões ambientais referentes ao povoado, conforme mostra a tabela 05 abaixo. Os dados mostraram que 66,7% receberam orientações sobre o meio ambiente das quais 42,9% foram promovidas pelo IBAMA.

Tabela 05. Órgãos responsáveis pelas orientações sobre o meio ambiente Quem promoveu N. % IBAMA 3 42,9 COMUNIDADE 1 14,3 ENDAGRO 1 14,3 ADEMA 1 14,3 Pessoas de Aracaju 1 14,3 Total 7 100,0

Assim, destacamos a necessidade do PARNASI desenvolver ações que explicitem sua função e a importância da conservação da unidade. Sobre a questão de conhecerem os animais e plantas do local em que vivem, 60,4% afirmaram ter conhecimento, 25,0% mais ou menos e 14,6% não reconhecem. Assim, grande parte entrevistados tem saberes ligados à fauna e flora local o que pode ter relação direta com o fato de serem uma comunidade próxima a Serra do Cajueiro.

Tabela 06. Conhecimentos sobre a flora e fauna da localidade Conhecimento de animais e plantas N. %

Sim 29 60,4

Mais ou menos 12 25,0

Não 7 14,6

Total 48 100,0

Fonte: Pesquisa de campo. Abril 2012

O grande percentual de respondentes que afirmam ter conhecimento sobre a biota da localidade pode se justificar pela proximidade ao ambiente natural e pela possível estreita relação que os moradores podem apresentar com a natureza e seus elementos.

3.2. ORIGEM DO CONHECIMENTO E A CONSTRUÇÃO DO SABER NO