• Nenhum resultado encontrado

4. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

4.4 O Pibid e suas contribuições para a formação de professores de química

De acordo com a Portaria n° 72, de 9 de abril de 2010, previsto na lei 11.502 de 11 de julho de 2007, é atribuição da Capes fomentar a formação para o magistério da Educação Básica, instituindo o Pibid, com o objetivo de apoiar a iniciação à docência de estudantes de licenciatura plena. Segundo a Portaria no 96, publicada em 18 de julho de 2013, são objetivos do Pibid:

[...] incentivar a formação docente em nível superior para Educação Básica; contribuir para valorização do magistério; elevar a qualidade da formação inicial de professores dos cursos de licenciatura; integrar ensino superior e Educação Básica; incentivar a escola pública da Educação Básica; mobilizar professores como co- formadores dos futuros docentes, tornando-os protagonistas do processo de formação inicial para o magistério. (CAPES, 2013).

Com o propósito de aumentar a qualidade do Ensino Básico do Brasil, o Ministério da Educação, junto ao Governo Federal, propõe programas que fomentam a formação de professores em todos os níveis de escolaridade. No ano de 2009 a Diretoria da Educação Básica – DEB/Capes fomentou e realizou ações no âmbito dos programas: Parfor, Pibid, Pibid

Diversidade, LIFE, Prodocência, Novos Talentos e Projetos Especiais. Entre esses, o Pibid, é o que tem mais parceiros, incluindo instituições em nível nacional e bolsistas vinculados. o Pibid, assim, ganha mais dinamismo e atinge mais de 285 parceiros (instituições de ensino) em nível nacional, atingindo em 2012, segundo dados da Capes, o total de 49.321 bolsas ativas, chegando em 2013 ao total de 62.070 inscritos e em 2014 a 90.000 bolsas em todas as categorias (licenciandos, supervisores, coordenadores). De acordo com Gatti (2014), no que se refere à categoria licenciando, houve um crescimento de 64% em um ano, atingindo em 2014 a concessão de 72 mil bolsas para licenciandos. Esse número foi reduzido posteriormente em função da crise econômica brasileira.

A Capes é responsável por manter o Programa em andamento, com as ações de aperfeiçoar, incentivar e conceder bolsas, por meio de editais que são viabilizados no seu site oficial. Para que seja possível consolidar os objetivos dos Programas vinculados à Capes, a mesma tem um processo de ação que inclui a indução, avaliação e fomento, sendo este dinâmico, recíproco e contínuo. O Pibid tem o seu foco na formação de professores, tanto em nível inicial quanto continuada e se destaca, também, por ser o primeiro programa que concede bolsa para o professor da escola pública. Em 2011, o Plano Nacional de Pós Graduação (PNPG) recomenda à Diretoria da Educação Básica da Capes (DEB) fomentar a qualidade na Educação Básica em todos os níveis de ensino. Portanto, para que melhore a Educação Básica é necessário melhorar a formação dos docentes.

Os benefícios que o Programa atingiu ao longo desses oito anos são visíveis e impactantes para a educação. Além de fomentar a pesquisa nessa área, colaborou, também, para que os alunos continuassem os estudos na licenciatura. Segundo relatório de gestão do DEB de 2013, o Programa contribuiu para o aperfeiçoamento da formação docente em nível superior, melhoria da qualidade da Educação Básica e incentivando os licenciandos e licenciados, valorizando assim o magistério.

Essas estratégias públicas do Governo Federal e do Ministério da Educação são estratégias que visam a diminuir a “crise das licenciaturas”, que segundo Gatti, vem crescendo nos últimos anos, impactando diretamente as escolas públicas e as Licenciaturas em todas as áreas.

O Pibid de Química foi uma das primeiras áreas a ser contemplada pelo Programa, em 2007. Dada à carência de profissionais nesta área, o Pibid na área de Química se destaca por oportunizar a inserção do licenciando desde o primeiro semestre letivo na realidade de sala de aula, bem como oportunizar aprendizagem reconstrutiva, que segundo Moraes (2007), é um

movimento autopoiético4, em que os saberes se transformam a partir das experiências vivenciadas. A interação entre os licenciandos e os estudantes das escolas permite aprender a partir da convivência com o outro, ampliando os saberes pedagógicos e específicos do docente (VYGOTSKY, 2001).

A formação do professor de Química exige que ao longo da sua formação o licenciado amplie seus conhecimentos sobre Química e sobre o ensinar Química. Esses conhecimentos são construídos a partir das experiências docentes, contemplando a teoria e a prática. Nesse sentido, o Pibid permite a articulação entre conhecimento específico e pedagógico, simultaneamente. Essa interação enriquece o processo formativo desse docente, formando docentes com perfil reflexivo. (SCHÖN, 2000).

O Pibid, portanto, é um Programa voltado para a ação humana, para as práticas que cultivem os valores sociais, éticos, estéticos e educacionais da sociedade brasileira.

Assim, esse projeto educacional possibilita o reconhecimento do professor da Educação Básica, a valorização e interesse pela carreira docente e melhorias na qualidade educativa. Busca mudar o perfil dos educadores, aumentando as exigências do trabalho docente, superando o perfil atual desse professor, sendo este perfil, segundo Gatti e Barreto (2009), caracterizado por professores de classe C e D, com dificuldades na linguagem, escrita e compreensão textual, a maioria formada em sistema público de ensino, ou seja, sujeitos que tiveram dificuldades para chegar ao ensino superior.

Contudo, acredita-se que o Pibid seja fundamental para a melhoria da qualidade do ensino de Química, assim como da formação desses profissionais, pois esse Programa contempla objetivos presente na política educacional que regulamenta a formação docente:

Considerando a identidade do profissional do magistério da educação básica proposta, deverá ser garantida, ao longo do processo, efetiva e concomitante relação entre teoria e prática, ambas fornecendo elementos básicos para o desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades necessários à docência. (DOURADO, 2015, p. 309).

Tal proposta pode garantir um ensino de Química que vincule, também, teoria e prática, na qual alunos da Educação Básica possam relacionar a ciência Química com os problemas sociais, concebendo, assim, um ensino de ciências para cidadania, qualificando esse ensino.

4

Autopoiese, segundo Maturana (1992), consiste na característica de autoconstrutor e auto-organizador do ser vivo.