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3. CONTRIBUIÇÕES DO PIBID-PEDAGOGIA DA UFBA PARA A FORMAÇÃO

3.3 Ação 3 Formação continuada

3.3.1 O Planejamento Coletivo

O Planejamento Coletivo com as bolsistas de iniciação a docência era desenvolvido a partir de vários momentos pedagógicos: organização pedagógica; relato de experiência; estudos teóricos; apreciação estética; oficinas metodológicas, saraus e atividades complementares, como participação em atos públicos e em aulas públicas, se ocorrer.

- Organização Pedagógica

Esse momento se dava a partir de informes políticos, culturais, científicos entre outros e da organização das demandas do PIBID-Pedagogia. A partir desse momento foi percebido a necessidade de construirmos Grupos de Trabalho (GT) para distribuição das tarefas do PIBID que eram muitas.

Os GTs representava a divisão do trabalho coletivo e foi fundamental, sobretudo para a organização dos registros das práticas do PIBID-pedagogia, que se dava a partir da alimentação do Blog. Cada GT tinha, pelo menos, uma bolsista de cada escola parceira, desta forma era promovida a socialização e coletividade entre os grupos. Formamos cinco GTs, com seus respectivos objetivos: Blog - criar e realizar manutenção do blog; Biblioteca - scanear os textos estudados, atualizar os eventos acadêmicos e enviar para a equipe de manutenção do blog; Fotografia - organizar e enviara para equipe de manutenção do blog fotografias dos eventos pedagógicos: formação continuada, seminários internos e externos, aulas na escola municipal, oficinas, apreciação estética, entre outras atividades; Jogos Pedagógicos – fotografar, organizar enviar para a equipe de manutenção do blog os jogos desenvolvidos pelas bolsistas, na escola municipal ou na FACED e, por fim, Planos de Aulas:

selecionar e enviar para a equipe da manutenção do blog todos os planos de aula, por temática e série. Contudo, passamos a realizar um trabalho organizado e coletivo, mesmo que, algumas vezes, foi necessário as coordenadoras lembrar do nosso compromisso.

- Relato de Experiência

Relatar as experiência vivenciadas no “chão da escola”, sem dúvida, era uma das atividades de maior importância, pois tínhamos a possibilidade de discutir a relação teoria e prática, suas contradições e suas articulações. Também era o momento de expressão de sentimentos, de vivências, às vezes, complexas. Além de expor nossos achados ouvíamos o colega e nessa troca, nos fortalecíamos, especialmente quando percebíamos que a nossa dificuldade era também a do colega ou foi superada por outro colega. Dessa maneira era possível perceber em quais pontos era preciso melhorar e analisar as práticas dentro do ambiente escolar.

Era comum ouvirmos relatos que expressavam as limitações relacionadas à educação pública, seu processo de desintegração. Podemos destacar alguns pontos positivos apresentados pela maioria das bolsistas: a boa receptividade das crianças e do corpo docente; na maioria dos casos, a boa relação da bolsista com a professora regente que a recebe em sala de aula e com a supervisora; o bom empenho de alguns gestores e professores, entre outros pontos.

Os pontos negativos, sem dúvidas, são mais impactantes, sobretudo quando não conseguimos enfrentá-los como desejávamos e precisava. De acordo com os relatos o primeiro impacto, na maioria dos casos, se dava frente ao “prédio” escolar que era inadequado, eram espaços improvisados.

Outro gravíssimo problema relatado e bastante discutido no grupo foi à comprovação da inexistência de recreio. As crianças recebem a merenda na própria cadeira, depois que comem, seu prato é recolhido e continuam sentadas nas cadeiras durante todo o turno. Para algumas professoras não há recreio “porque as crianças brigam” como se estas fossem terroristas ou como se isto acontecesse com todas as crianças. Inclusive o PIBID-Pedagogia tinha uma escola parceira, que diferente das outras, possuía uma área grande para lazer, mas que não era usada, as crianças lanchavam em suas próprias cadeiras, em sala de aula. A falta de recreio, além de retirar a possibilidade da criança se movimentar, ação inerente ao

desenvolvimento humano, retira-se o direito da criança de ter seu recreio - espaço de autonomia, momento de trocar experiências, de brincar livremente. É conveniente destacar que algumas escolas usam a supressão do intervalo do recreio como medida punitiva.

Ainda em relação ao recreio, quero destacar, que a última escola em que atuei como bolsista, era um “prédio escolar improvisado” pois era uma pequena casa, cujo pequeníssimo corredor não passava duas pessoas lado a lado e a escada antiga, de madeira, tinha grande possibilidade de cair. A gestora, que também era nossa supervisora, com toda sua força de vontade, criou um sistema de rodízio de recreio, por dia e hora, assim as crianças podiam sair da sala e ficar em uma pequena varanda lanchando e brincando com jogos de mesa disponibilizado pela gestora. É importante perceber que é possível superar problemas, mesmo que não consigamos o desejável.

Outros relatos impactantes se deram em relação a abordagem pedagógica, foram muitas as indignações, como: a prevalência da cópia pela cópia – atividade mecânica e desumana; ausência de professor de artes na maioria das escolas; excesso de provas, não só ofertadas pela escola como também pelo MEC; relação autoritária e às vezes opressora de muitas educadoras com seus alunos. Enfim, essa atividade contribuiu qualitativamente com minha formação, dado a grandeza das discussões que ela mobilizava, além de encaminhamentos para nossas ações pedagógicas, cada vez mais, dialogasse com a realidade vivenciada e relatada.

Estudos Teóricos

O momento dos estudos teóricos, quando realizado na FACED, na formação continuada se dava, na maioria dos casos, em grupo. Era momento de sistematizações e debates nos pequenos grupos. As metodologias para reflexão das teorias aconteciam através de debates entre grupos, rodas de conversas em grande grupo ou através de seminários.

Durante meu percurso tive acesso a estudos de vários autores, entre eles destaco as contribuições dos seguintes autores, citados anteriormente, Arce, Barbosa, Gasparin, Marsiglia, Martins, Pillar, Rossi, Saviani, Vasconcellos, etc. esses autores foram fundamentais para minha qualificação em relação ao ensino de artes e a abordagem pedagógica histórico- crítica. Importante informar que maioria dos autores que defendem os princípios da Pedagogia

Histórico-Crítica somente estudei no PIBID-pedagogia, não foram contemplados nos componentes curriculares.

Assim, constato o quanto os estudos teóricos contribuíram significativamente para qualificar as experiências de iniciação a docência na escola municipal, como a produção teórica: síntese, ensaio, resenha crítica, resumo simples, resumo crítico, resumo expandido, artigo e relatório.

Apreciação Estética

A apreciação estética é mais uma das atividades pedagógicas propostas que foi fundamental para qualificar minha formação. Historicamente a arte na educação não passou de instrumento metodológico, inclusive, até hoje, há muitos resquícios desse princípio. Culturalmente pouco frequentamos museus, ou outros espaços de socialização da produção artística. Historicamente, esses espaços foram restringidos a uma “certa elite” artística. Logo, e com esta atividade, pude perceber o quanto fui privada do conhecimento arte promovido por esses espaços, que são educativos e que extrapolam a sala de aula, as vezes limitada.

Tivemos o prazer de apreciar pinturas, esculturas, instalações, objetos, fotografias, performances e filmes e documentários, em vários espaços culturais de Salvador. Entre os filmes que assistimos, destaco os seguintes: O Sorriso de Monalisa, Pão e Rosa, As Sufragistas, Rosa Luxemburgo, Abril Despedaçado, O Carteiro e o Poeta, O Menino de Pijama Listrado, A Revolta dos Pinguins, entre outros. Alguns filmes eram as bolsistas que escolhiam e outros eram propostos pelas coordenadoras, que escolhiam, de acordo com o contexto de nossos estudos. Por exemplo, durante a greve das universidades públicas, tivemos a oportunidade de ver filmes que tratavam do tema das condições de trabalho, como “Pão e Rosa”.

Entre as exposições de artes visuais, apreciadas, recordo de uma que muito me chamou atenção, que foi “Brinquedos Populares” – 900 brinquedos e miniaturas feitos à mão, no palacete das artes. Foi interessante ver os brinquedos no museu para serem apreciados em sua dimensão estética e de fato esse deslocamento nos deixou mais atenta à beleza estética e a criatividade contida em cada um.

Em 2015 tivemos a Bienal aqui em Salvador e foi uma grande experiência pois visitamos todos os espaços que estava acontecendo, então conhecer outros espaços

alternativos de exposição, além de museus e galerias de artes, como: igrejas, convento, pátios e o mais curioso de todos os espaços - o “Acervo da Laje” que é um espaço alternativo criado por uma artista popular na laje de sua casa, em um bairro popular e periférico.

Todas as apreciações estéticas foram seguidas de debates e de sistematização teórica. Dessa forma, a apreciação não se esgotava nela própria, pedagogicamente é muito importante que a arte esteja para além de entreter, assim, poderemos avançar na educação estética com criticidade e perceber a arte como área de conhecimento.

Esta atividade foi importante não só porque contribuiu com a qualificação de minha formação pedagógica, como humana, tive uma experiência nova em minha vida, pois ainda não havia frequentado um Museu de Artes até, então, participar do PIBID-Pedagogia. A partir de a apreciação estética descobrir o quanto é importante trabalhar a apreciação de Obras de Artes na escola, com as crianças. Constato que a atividade de apreciação estética foi fundamental para ampliar o repertório artístico, tão necessário ao desenvolvimento humano, cultural e pedagógico.

Oficinas Metodológicas

As oficinas metodológicas tinham como objetivos a experimentação de teorias através de ações pedagógicas práticas. Por exemplo, após leitura da “Proposta Triangular” (Barbosa, 1991), que é uma abordagem metodológica para o ensino de artes, as coordenadoras propuseram, uma atividade de grupo que consistia em que cada grupo deveria fazer uma aula de artes visuais, para as colegas dos outros grupos, envolvendo determinado assunto, entre os estudados. Dessa forma, ao final das oficinas, as coordenadoras poderiam avaliar a nossa performance enquanto docente em formação, a metodologia, a nossa apropriação do conteúdo, a organização plano de aula, os recursos materiais utilizados, entre outros elementos da didática.

- Saraus

Os saraus representavam nossa atividade cultural e festiva. Segundo as coordenadoras, o primeiro sarau aconteceu em 2014 e foi sugestão de um grupo de bolsistas como forma de comemorar os aniversariantes do mês ou dos meses. A cada ano organizávamos uma tabela com todos os aniversários e identificávamos os agrupamentos, às vezes tinha mês que não

tinha ninguém aniversariando e por isso tivemos saraus de aniversariantes do mês e às vezes dos meses, para que tivéssemos alguns aniversariantes e não ficasse custoso.

O “Sarau dos Aniversariantes”, como chamávamos, era um momento em que, espontaneamente, deveríamos levar algo artístico de presente para os aniversariantes, poderíamos oferecer uma poesia, uma música, uma dança, um discurso, entre outras lembranças artísticas. Porém, era cantar parabéns e depois lanchar ao som das músicas que eram oferecidas. Nesse dia as coordenadoras e supervisoras compravam uma grande torta, de boa qualidade, e nós bolsistas dividíamos bandejas: salgadas e doces, refrigerantes e descartáveis. Assim com custos baratos, solidariedade e alegria festejavam nossos aniversários.

O sarau era uma atividade de grande valor pela integração e descontração que promovia e que muito precisamos para um bom desenvolvimento humano, boa relação humana, além de fortalecer o coletivo.

- Atividades Complementares

As atividades complementares foram aquelas que, de certa forma, não estavam no planejamento, mas o contexto pediu. Por exemplo, quando tivemos os cortes no PIBID, durante o governo de Dilma Rouseff, como forma de entender a situação política e suas contradições, tivemos que, além de assistir debates sobre a conjuntura política, estudamos o projeto “Pátria educadora” proposta pelo referido governo. Com esse estudo, além de nos apossarmos do conteúdo – contextos do PIBID puderam pensar metodologias criativas, através da arte, e impactantes. Notei, com essa atividade específica, que para criarmos algo, com qualidade, é preciso ter o domínio do conteúdo do qual queremos representar, expressar. Todas as atividades Planejamento Coletivo aconteceram de maneira orientada, preservando o diálogo no grupo. Quando necessário, também recebemos orientações por grupo de escola, especialmente quando estávamos estudando para apresentarmos seminários internos ou externos. Esse suporte dado pelas orientadoras e supervisoras, para mim, é um dos grandes diferenciais na formação das discentes que frequentam o PIBID-Pedagogia.

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