• Nenhum resultado encontrado

O Plano de Desenvolvimento Institucional da Universidade Estadual de Goiás

UM OLHAR COMPREENSIVO SOBRE A REALIDADE

3.1. O Plano de Desenvolvimento Institucional da Universidade Estadual de Goiás

O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) tem suas raízes nas atribuições definidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº. 9.394/96, no que tange ao credenciamento e à avaliação das IES previstos no art. 46 dessa Lei, o qual trata da autorização e do reconhecimento de cursos e o credenciamento das instituições de educação superior que serão renovados, por meio do processo de avaliação.

Essa regulamentação está também especificada no Decreto nº. 3.860 de 9 de julho de 2001 que introduziu, de modo categórico, a obrigatoriedade da elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional como um dos elementos do processo de credenciamento e/ou recredenciamento das Instituições de Ensino Superior (IES).

As diretrizes para a elaboração do Plano, por meio do compromisso firmado pelas IES com o Ministério da Educação, incidem em uma obrigatoriedade destacada, de forma clara, no

Art. 7º O Plano de Desenvolvimento Institucional, que se constitui em compromisso da instituição com o MEC, é requisito aos atos de credenciamento e recredenciamento de instituições de ensino superior e poderá ser exigido também no âmbito das ações de supervisão realizadas pela SESu/MEC, devendo sofrer aditamento no caso de sua modificação, conforme previsto no § 7º, do Art. 6º desta Resolução.

Nessa perspectiva, a elaboração do PDI é uma ‘exigência’ às universidades, para que estas possam obter tanto credenciamento (exigido para as novas instituições de ensino superior) quanto o recredenciamento (instituições de ensino superior - IES em funcionamento) como também disponibilizar uma análise mais precípua por parte da SESu/MEC.

Em cumprimento a essas regulamentações, a UEG elaborou o seu PDI, intitulado: Construindo a UEG de que Goiás Precisa para o período de 2003 a 2007, objetivando reorganizar, revisar e avaliar o Plano Estratégico de Desenvolvimento Institucional do período anterior (2001 a 2004), bem como atender as temáticas definidas pelo Ministério da Educação, por meio do Decreto nº. 3.860/2001 de 09 de julho de 2001 o qual dispõe, essencialmente sobre a organização do ensino superior e a avaliação institucional.

O Plano foi organizado em quatro volumes, totalizando 789 páginas, contendo caracterizações, diagnósticos, aspectos legais e propostas administrativas, financeiras e

pedagógicas concernentes aos objetivos, às caracterizações da instituição e aos recursos (humanos, financeiros e materiais) disponíveis.

O volume I (259 páginas) aborda os conteúdos-chave da elaboração do Plano, como: aportes legais, modelo de planejamento, o histórico e a missão, os propósitos relacionados de acordo com o Artigo 5º do Estatuto da UEG, homologado pelo Decreto nº.5.130 de 03/11/199922 que explicita a inserção regional e os componentes (internos e externos) que permeiam as atividades políticas e sócio-educativas desenvolvidas pela UEG.

O volume II (277 páginas) trata do Planejamento e Gestão Educacional por meio do destaque das caracterizações referentes: à estrutura organizacional e às instâncias de decisão; aos órgãos colegiados (atribuições e competências); à organização administrativa e regimentar do Pró-Reitorias (Graduação, Pesquisa e Pós-graduação, Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis); das Unidades Universitárias, da área de comunicação, das bibliotecas e, às relações e parcerias com a comunidade, instituições e empresas.

Nesse volume são destacados também, os aspectos relacionados à organização e gestão de pessoal: 1º. Corpo Docente (estruturação, políticas de qualificação, plano de carreira e regime de trabalho); 2º. Corpo Técnico-Administrativo (estruturação, políticas de qualificação e plano de carreira); 3º. Corpo Discente (condições de acesso, registro e controle acadêmico, políticas de qualificação, facilidades e oportunidades oferecidas).

O Volume III (41 páginas) destaca os aspectos relativos à infra-estrutura física e acadêmica, os recursos infra-estruturais e tecnológicos acadêmicos (salas de aula, bibliotecas, laboratórios, equipamentos, entre outros); e, o volume IV (79 páginas) ressalta os seguintes itens: aspectos financeiros e orçamentários, avaliação e acompanhamento do desempenho institucional, cronograma de implantação do PDI.

A caracterização do modelo de planejamento adotado pela UEG está direcionada ao cumprimento de sua missão por meio de estratégias administrativas variadas, para que possa aperfeiçoar o uso dos recursos disponíveis, tendo como referenciais, “[...] a qualidade, a

22 Estabelece as formas e/ou princípios preponderantes ao desenvolvimento e divulgação da ciência, da reflexão

e da cultura, nas diversas atividades (pedagógica, curricular e extracurricular) realizadas nos cursos de graduação e pós-graduação oferecidos pela Instituição.

pertinência, a eficiência, a eficácia, a cooperação e integração entre os seus diversos órgãos”. (PDI - 2003, p.23).

No que se refere à Missão da Universidade é destacado que esta deve consistir em uma declaração concisa de seus propósitos, com vistas à identificação do processo orientador das ações a serem implantadas, bem como das metas almejadas e:

Pesquisar, desenvolver, organizar, divulgar e partilhar conhecimentos, ciências e percepções, ampliando o saber e a formação do ser humano para a atuação sócio- profissional solidária e coerente com as necessidades e a cultura regionais, com o objetivo de que homens e mulheres conquistem sua cidadania num projeto de sociedade equilibrada, nos parâmetros da equidade. (2003, p.28).

A UEG atua em seis (06) áreas de conhecimento, em conformidade às áreas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de suas Unidades Universitárias que abragem os conhecimentos relacionados às Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Sociais, Engenharias e Tecnologias, Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Exatas e da Terra e Serviços, Artes e Letras.

Não está assinalada no Plano, a tipologia ou abordagem curricular adotada pela Universidade no que tange ao desenvolvimento das áreas do conhecimento, citadas anteriormente, porém, é ressaltada a importância de uma formação/atuação profissional baseada na tríade: ensino, pesquisa e extensão, conduzindo ao entendimento de que esta integração possibilita o desenvolvimento de uma prática educativa eficiente, ampla e diversificada, contribuindo para o desenvolvimento de um processo de ensino interdisciplinar.

A oferta de cursos de Graduação (Bacharelado e Licenciatura) e Pós-graduação (lato sensu e stricto sensu) é identificada por meio de caracterizações referentes aos cursos especiais (Graduação): Cursos Seqüenciais, como também, pelos programas especiais de formação pedagógica (Cursos de Licenciatura para Professores em Exercício da Educação Básica), de extensão e pesquisa - Projetos de Pesquisa - Iniciação Cientifica e Diretórios de Grupos de Pesquisa no CNPq, Participação em Editais Externos, na Estrutura Organizacional e nas Políticas de Atuação e o Programa Cultural da UEG.

A Organização Acadêmica e Administrativa é identificada como uma estrutura organizacional de decisão, conforme as normas contidas no Regimento da Universidade23, que

em seu art. 7º explicita que a estrutura organizacional ou hierárquica da UEG é edificada pelos Colegiados, dos órgãos da Administração Superior, das Unidades Universitárias e dos órgãos suplentes, com função deliberativa.

Quanto aos Aspectos Financeiros e Orçamentários - estratégias de gestão econômico- financeira estão destacadas que estas se referem à estrutura organizacional da instituição - de caráter público, gratuito e laico, cujas atividades são destinadas aos processos de ensino, pesquisa e extensão. Trata-se de uma instituição que possui vínculo administrativo e governamental, sendo recursos os e o regime, de cunho financeiro provenientes de sua instituição mantenedora – FUEG, cujas ações estão vinculadas à sistemática adotada pelo Governo Estadual.

O alcance desses processos, enquanto elementos à ‘independência’ institucional também, não estar sujeito simplesmente ao cumprimento das metas previamente estabelecidas, mas, sobretudo, do ‘repasse’ de verbas pelos órgãos gerenciadores do Estado de Goiás.

Dessa forma, o processo de tomada de decisão é realizado de acordo com normas e as ações emergenciais e/ou prioritárias adotadas pelas instâncias governamentais superiores, por meio de seus projetos orçamentários.

Com relação ao processo avaliativo, as propostas para a realização desse processo são apresentadas segundo as orientações contidas na LDBEN nº. 9.394/96 a qual caracteriza a avaliação como uma prática relacionada à observância e análise de todas as ações empreendidas pelas universidades.

A avaliação é assinalada como uma prática que a UEG utilizará, de forma contínua, com vistas à realização de atividades amplas, que abarque todas as esferas constitutivas da UEG, de modo à ampliação da “[...] produção e socialização do conhecimento científico e do saber, de forma geral, visando à formação integral de profissionais e indivíduos capazes de promoverem a transformação da realidade sócio-econômica do Estado de Goiás”. (PDI-2003, p. 725).

Do exposto, pode-se afirmar que o Plano apresenta aspectos que o caracteriza como instrumento técnico-burocrático, pois as ações se referem, amplamente, aos aspectos estruturais e financeiros, em detrimento das propostas pedagógico-curriculares, dificultando a

realização de uma integração entre o Projeto Pedagógico Institucional (PPI) que ainda não foi elaborado com os Projetos Pedagógicos dos Cursos (PP) oferecidos pela instituição.

A elaboração do PPI consiste em uma das reivindicações do Fórum em defesa da Universidade instituído no ano de 2005 e que desencadeou o processo de paralisação da instituição, entre os meses de março a abril do ano de 2007.

O PDI destaca ações que podem ser difíceis de serem alcançadas e demandam um tempo maior para serem concretizadas, como também, um maior esforço, tanto da Administração Superior da UEG como dos órgãos normativos vinculados à referida administração. Assim, as proposições ali contempladas suscitam a realização de revisões contínuas e da adoção de novas medidas administrativas, pedagógicas, curriculares, financeiras, entre outras.

É necessária também, uma maior participação de professores, auxiliares técnico- administrativos e acadêmicos, bem como da Administração Superior da UEG, no sentido de garantir a execução do Plano, sob pena de comprometer a qualidade do ensino, como também colocar em risco a credibilidade da instituição.

As atividades existentes e àquelas propostas como elementos essenciais à melhoria, ampliação e atualização devem ser assumidas, de forma conjunta por toda a comunidade uegeniana, consistindo em desafio a ser vencido na busca de sua autonomia consolidada no art. 53, inciso I da LDBEN que concede autonomia acadêmica às universidades para criar, organizar e extinguir cursos e programas, respeitando as normas gerais da União e dos respectivos sistemas de ensino e que, por sua vez, demanda a realização de análises, reflexões e apresentação de novas alternativas para que os objetivos sejam alcançados.

Assim, é de suma importância a efetivação de um Plano cujas ações sejam plausíveis e passíveis de serem concretizadas e redimensionadas quando necessário, na busca de uma maior flexibilidade e inovação a fim de garantir seu papel de socializadora de saberes e experiências – sociais, educacionais e culturais, diante das ‘exigências’ impostas pela sociedade atual.

O PDI da UEG começou a ser reformulado no ano de 2007 e, para que fosse possível a sua reestruturação foi realizado o Seminário intitulado “UEG que transforma Goiás - Olhares

sobre a UEG”24, nos dias 28 e 29 do mês de julho do ano de 2007, o qual contou com a participação de representantes da Administração Superior, como também professores, funcionários técnico-administrativos e acadêmicos das 41 (quarenta e uma) Unidades Universitárias que compõem a UEG.

Essa organização está explicitada na proposta metodológica do Seminário, que prevê a realização de atividades que contemplarão uma carga horária total de 180 horas distribuídas por seminários e por Grupos de Trabalhos (GT), visando à reestruturação do Plano, em conformidade com as legislações vigentes, as análises realizadas, os dados diagnósticos e as propostas apresentadas pelos grupos.

È possível que as dificuldades de implantação das ações previstas na proposta atual do PDI e as que estão sendo apresentadas para a sua reelaboração estar relacionadas à resistência dos sujeitos, ainda muito presente na dinâmica administrativo-pedagógica e didático- metodológica, muito arraigada na cultura organizacional das universidades, de forma geral, e que, consequentemente, influenciam nas perspectivas de mudanças e/ou renovação desses processos, na UEG.

Outro aspecto se refere à disponibilização de recursos financeiros condizentes com as suas necessidades reais e emergentes, bem como uma maior aceitação e uma melhor adequação de toda a comunidade acadêmica – diretor (es), professores, coordenadores, alunos, no que se refere às novas formas de saber, fazer e agir de todos os profissionais envolvidos, enquanto principais representantes e formadores de saberes, práticas e percepção de mundo e de sociedade.

3.2. O Projeto Pedagógico Institucional (PPI) da Unidade Universitária de Ciências

Outline

Documentos relacionados