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Curso de Pedagogia: As concepções de professor, o perfil profissional e a organização curricular, a implementação do Projeto Pedagógico do Curso, os aspectos

UM OLHAR COMPREENSIVO SOBRE A REALIDADE

4.1. As Reflexões dos Coordenadores e Professores

4.1.4. Curso de Pedagogia: As concepções de professor, o perfil profissional e a organização curricular, a implementação do Projeto Pedagógico do Curso, os aspectos

relevantes e os condicionantes

O Projeto pedagógico do Curso de Pedagogia prima “Pela realização de um trabalho educativo de qualidade que prevê a articulação entre teoria e prática capaz de solucionar os problemas, realizando pesquisas e aprendendo constantemente”. (Pedro).

Segundo Esteban (2001), a relação teoria-prática é fundamental para a construção da autonomia do professor identificada como a capacidade do professor criar alternativas para a sua ação, de forma individual ou coletivamente, objetivando a.construção de uma nova prática pedagógica e de um aprendizado mais qualitativo, prevendo: “Uma formação inicial baseada na pesquisa, que busca a articulação teoria e prática desde o início da formação”. (Paula).

A pesquisa como elemento integralizador da teoria e da prática educativa, segundo Maldaner (2003, p. 30) contribui para que este profissional seja capaz de: “[...] refletir a respeito de sua prática de forma crítica, de ver a sua realidade de sala de aula para além do conhecimento na ação e de responder, reflexivamente, aos problemas do dia-a-dia nas aulas [...].”

O professor que reflete criticamente as diversas situações que permeiam o processo ensino-aprendizagem é capaz de buscar nas teorias educacionais, as respostas plausíveis para a solução dos problemas presentes na escola e na sala de aula.

Para isso, o professor precisa ter uma suscetibilidade ou sensibilidade aguçada para identificar problemas, para discerni-los, para percebê-los e, com originalidade e criticidade ser capaz de empreender novas alternativas para o desenvolvimento de seu trabalho.

Essas ações colaboram para a edificação de sua: “[...] autonomia intelectual para atuar na sala de aula, e não agir como um professor tarefeiro [...]. Ser um professor crítico- reflexivo que tem a prática dele como campo de investigação e que é capaz de investigar e intervir assegurando que todo mundo aprenda” (Carmem).

A investigação e a reflexão, segundo a entrevistada consistem em ações preponderantes à identificação do professor como um profissional crítico-reflexivo. Esse professor, ao longo de sua atuação é capaz de pensar, de relacionar teoria-prática, de auto- refletir e de buscar soluções frente à realidade, para a realização contínua do ‘refazer’ docente, pelo qual a análise crítica de sua prática propicia a construção de sua identidade profissional, de forma sólida e autônoma, bem como adota as metodologias de ensino que contribuam para um ensino-aprendizagem seguro e adequado à realidade educativa onde atua. Para Veiga (1994, p.21), uma prática pedagógica reflexiva que prima pela indissociabilidade entre a teoria e prática:

[...] tem um caráter criador e tem como ponto de partida e de chegada, a prática social, que define e orienta sua ação. Procura compreender a realidade sobre a qual vai atuar e não aplicar sobre uma lei ou um modelo previamente elaborado. Há preocupação em criar e produzir uma mudança, fazendo surgir uma nova realidade material e humana qualitativamente diferente.

Essa prática deve ser desenvolvida, concomitantemente, com a prática social, implicando em uma integração contínua entre objetivos e ações, entre saber e fazer, de forma consciente e criadora, diferentemente, da realização de uma prática burocrática, repetitiva e acrítica.

A formação do professor crítico-reflexivo, segundo Alarcão (2003, p. 41), “[...] baseia- se na consciência da capacidade de pensamento e de reflexão que caracteriza o ser humano como criativo e não como mero reprodutor de idéias e práticas que lhe são exteriores”.

Nessa perspectiva, o professor analisa a sua prática objetivando compreendê-las, minimizando aquelas práticas reprodutivas e desvinculadas da realidade educativa. Dessa forma, as atividades reflexivas servem de sustentáculos à identificação de um profissional que

investiga e reconstrói a sua prática docente pautada: “[...] no princípio cognitivo, na reflexão em torno das atividades desenvolvidas, na compreensão da prática pedagógica como objeto da Pedagogia comprometida com a qualidade da educação. [...].” (Priscila).

A afirmativa acima indica a probabilidade de uma formação docente reflexiva e, consequentemente, investigativa que integra teoria-prática, a partir da análise e da adoção de um elenco de teorias que explicitem e clarifiquem a forma como as ações pedagógicas são propostas, como essas são desenvolvidas e apreendidas, na instituição formadora e nas escolas de educação básica.

O currículo do Curso está organizado em eixos que: “[...] contribuem para a integração das disciplinas trabalhadas em cada semestre [...].” (Pedro). A organização curricular em eixos favorece a integração das disciplinas. Porém, essa organização deve ser compreendida e adotada por todos os professores formadores, de maneira consciente.

Foi destacado que: “Há uma tentativa de contemplar as competências e habilidades, mas essas, não consistem no cerne da formação do professor [...]. Logicamente, que estas competências e habilidades serão contempladas e destacadas como elementos, mas o foco é o professor investigador e, para integrar a teoria e a prática docente, para sair do senso comum para investigar é necessário desenvolver competências e habilidades para dar conta desse processo. (Carmem).

Desse modo, as competências do professor devem ser concretizadas, de forma reflexiva, passando a consistir em elementos subsidiadores para a realização de uma prática pedagógica investigativa, cuja relação teoria-prática é consolidada, a partir de reflexões que contribuem para a efetivação de uma prática profissional mais concisa, crítica e passível de ser reavaliada e enriquecida, continuamente.

A abordagem por competências, segundo os órgãos oficiais (MEC, CNE) deve ser adotada nos diferentes níveis de ensino para tornar a educação formal mais próxima das exigências do mercado e da sociedade. Esse conceito tem como significado a capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas, numa perspectiva de formação profissional, como uma prática vinculada às necessidades do mercado.

Com relação à formação de professores, a justificativa para sua utilização, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (2001) é a de que esta formação tem se mantido num modelo tradicional, não contemplando as características consideradas na atualidade como inerentes à atividade docente.

Os conteúdos de ensino carecem de uma seleção cautelosa e realizada de forma integrada: “[...] favorecendo a articulação de todas as disciplinas, exigindo que o professor chame par si, a responsabilidade de realizar mudanças, aprofundamentos para o enriquecimento da formação dos licenciandos, prevendo atividades integradas ou interdisciplinares”. (Priscila).

Esses procedimentos expressam a necessidade de uma integração permanente das diversas disciplinas, seja nos momentos destinados à elaboração do planejamento, à seleção de conteúdos afins e ao desenvolvimento de projetos, prevendo a realização de uma prática pedagógica integrada.

Desse modo, a realização de um trabalho conjunto possibilita o: “[...] atendimento às diretrizes e resoluções tem sido uma preocupação constante e que os professores estão empenhados e acima de tudo comprometidos com uma educação que seja de qualidade e que seja referência.” (Pedro).

Foi ressaltado que: “O Projeto Pedagógico elaborado pela equipe de desenvolvimento curricular foi sistematicamente submetido à análise do colegiado do curso Os professores que participaram das reuniões de colegiado em 2004 acompanharam e avaliaram a construção do projeto em eixos de formação [...].” (Paula).

Essas declarações revelam a necessidade precípua do Curso estar inteirado, como também compreender e adequar sua proposta pedagógica (planejamento) às atividades sugeridas no Projeto Pedagógico, requerendo uma integralização dos conteúdos, tendo como referenciais, os eixos de formação.

Contudo, um dos aspectos que dificulta a realização plena do Projeto Pedagógico do Curso: “[...] é exatamente o fato de que não são todas as pessoas que estudam a proposta Não observam que o currículo é organizado em eixos. Se observar os Planos de Curso dos professores, pode-se perceber que nem todos estão atentos para estes eixos. É necessário que o professor estude. [...].” (Carmem).

É imprescindível existir um maior empenho dos professores formadores em conhecer, de forma mais aprofundada, o Projeto do Curso, a partir da compreensão e da vivência dos seus elementos-chave para que seja possível definir, mais claramente, o processo formativo e a identidade profissional do pedagogo.

Um outro aspecto que interfere a efetivação e das propostas do Curso: “[...] refere-se à resistência de alguns professores de mudar as suas concepções teóricas, dificultando transformar o currículo prescrito em um currículo em ação”. (Priscila)

Para a entrevistada, o currículo prescrito ou formal normatizado, por meio das legislações pertinentes precisa ser adequado à realidade educacional no qual está sendo desenvolvido. Essa adequação incide em transformar e enriquecer este currículo em um instrumento passível de adequações, que implica na reorganização do tempo pedagógico, nos conteúdos, nas metodologias de ensino e na avaliação, conduzindo para o redimensionamento do processo de formação do Pedagogo.

Para mudar a forma como o currículo formal é desenvolvido é preciso necessário: “[...] haver um envolvimento maior dos formadores com a proposta de formação: conhecer o Projeto, estudá-lo e envolver-se com o curso, esforçar-se por rever concepções e mudar práticas [...]. A questão é encampar a proposta, tentar colocá-la em funcionamento, algumas mudanças de concepção que nem sempre são fáceis de conseguir [...].” (Paula).

È necessário, pois, um maior envolvimento dos professores, no que concerne às atividades realizadas pelos alunos durante o processo ensino-aprendizagem e de (re) avaliar ou rever, continuamente, as suas próprias concepções e as propostas legais e pedagógicas, certamente, contribuirão para a adoção de novas estratégias para a efetivação de um currículo mais que contempla, tanto as orientações oriundas das legislações com as necessidades reais de seus participantes.

4.1.5. Equipe Gestora: As concepções de professor, o perfil profissional e a organização

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