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4 O IV CENTENÁRIO DO RIO DE JANEIRO

4.2 O SÍMBOLO DO IV CENTENÁRIO

4.2.5 O poder da forma

Finalmente, após esse apanhado geral dos fatos e documentos que tratam sobre o sím- bolo do IV Centenário do Rio, é possível arriscar algumas inferências a respeito das causas que o determinaram, em sua expressão completa. Para isso será feito uso do método propos- to por Baxandall de maneira relativamente formal, isso é, procurando repetir boa parte das ferramentas analíticas propostas pelo autor durante o curso de suas análises. O esquema proposto segue abaixo:

(a) Elaborar uma narrativa histórica do objeto (b) Identificar o Encargo

(c) Enumerar pontos que sugerem a existência de uma causa

(d) Agrupar e classificar os pontos em categorias (materiais, temporais, pessoais, etc.) (e) Elaborar as conclusões da crítica inferencial

A narrativa histórica (a) foi realizada ao longo de todo o presente capítulo, e nela está contida todas as informações sob as quais estará baseada a análise final.

O encargo (b), assim como as primeiras diretrizes do trabalho, encontram-se claramente descritas no regulamento do concurso. O primeiro pode ser sintetizado como “elaborar um

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símbolo oficial para representar o IV Centenário do Rio de Janeiro”. Porém duas carac- terísticas ajudam numa melhor compreensão do referido encargo. A primeira é que ele não era destinado diretamente à nenhum responsável específico, nem mesmo sendo necessário a alcunha de profissional em programação visual, desenho, ou qualquer outra especialidade técnica. De forma que o encargo não foi dirigido à Aloísio Magalhães e sim abraçado por ele em livre escolha, mesmo diante da posterior declaração pública do autor, colocando que, como profissional, sentiu-se “obrigado a participar do concurso”. O segundo ponto que com- põe a natureza do encargo é o fato desse símbolo existir em dois tempos, o primeiro sendo o momento de avaliação da Comissão responsável pela escolha do símbolo oficial e, somente após essa fase, o destino final do trabalho de representar oficialmente, em um símbolo, a cel- ebração do IV Centenário do Rio de Janeiro. Definindo assim a avaliação da proposta pela Comissão como um componente intrínseco ao desenvolvimento do trabalho. Sendo assim, o encargo se caracteriza melhor como “elaborar um símbolo oficial para representar, de acordo com os critérios da Comissão avaliadora, o IV Centenário do Rio de Janeiro”.

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Figura 77 - Posters do IV Centenário.

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A seguir serão enumerados pontos apresentados durante a narrativa histórica do acon- tecimento que sugerem a existência de uma causa. De certa forma, essa topificação elabora uma rápida revisão dos fatos que foram observados, de maneira a facilitar o estabelecimento de relações entre eles. Segue abaixo 26 pontos que sugerem um nexo de causa em relação ao símbolo:

1. Os 400 anos do Rio de Janeiro 2. A criação do Estado da Guanabara 3. As intervenções urbanísticas no Rio 4. O último ano do governo Lacerda

5. A consolidação nacional do profissional em design

6. A criação da ESDI - Escola Superior de Desenho Industrial 7. O modernismo brasileiro

8. A descentralização da organização da celebração 9. Um concurso para o símbolo aberto à pessoa física 10. A Comissão avaliadora do concurso para o símbolo 11. O tema livre para o concurso

12. A necessidade de atender tendências estéticas de divulgação da época 13. A versatilidade de uso em aplicações diversas

14. A experiência de Aloísio com a forma

15. O alinhamento de Aloísio com o design modernista 16. O interesse de Aloísio com a questão social do design

17. A consciência de Aloísio sobre as questões culturais do Brasil 18. A escolha por não figurar elementos da paisagem do Rio 19. A busca por significações latentes e não obvias

20. O princípio de diversificação (várias versões para vários usos) 21. A simplicidade da forma

22. As críticas públicas ao símbolo

23. As objeções ao regulamento de uso oficial

24. A amplitude das aplicações programáticas e comerciais 25. A apreensão do desenho por parte da população

26. A diversidade de materiais e superfícies usadas para reproduzir o símbolo

O primeiro ponto a destacar é que esses enunciados são heterogêneos, e, apesar de to- dos terem uma relação de causa com o símbolo, eles encontram-se em momentos distintos e, inclusive, sob responsabilidade de atores históricos diferentes. Por tanto eles serão classi-

ficados em grupos, a fim de ter elaborado, por final, um quadro que especifique com relativa distinção as diretrizes - termos relativos à tarefa direta a ser realizada - e as circunstâncias que cercam tal atividade.

Outra característica que está presente na classificação proposta é a separação em mo- mentos mais ou menos desprendidos, apesar de cronológicos, que é uma peculiaridade própria do símbolo do IV Centenário. Esses momentos são (1) a decisão por fazer um sím- bolo (2) a criação do símbolo (3) a reprodução popular do símbolo. Cada um desses momen- tos ficou a cargo de atores distintos, às vezes, inclusive, a cargo de um inúmero de pessoas, como no caso do terceiro ponto. Cada um desses três momentos, por sua vez, tem dentro de si circunstancias que o determinaram e diretrizes que especificam as particularidades da tarefa a ser cumprida. Adiante será observado cada grupo e suas características, a começar pelas circunstâncias que determinaram a escolha por ter elaborado, para a celebração do IV Centenário, um símbolo.

1. Os 400 anos do Rio de Janeiro 2. A criação do Estado da Guanabara 3. As intervenções urbanísticas no Rio 4. O último ano do governo Lacerda

5. A consolidação nacional do profissional em design

6. A criação da ESDI - Escola Superior de Desenho Industrial 7. O modernismo brasileiro

Estes sete enunciados se destacam, de acordo com a narrativa apresentada, como as principais circunstâncias que se relacionam, por um nexo de causa, com a escolha por se fazer um símbolo. O primeiro ponto, o aniversário de quatro séculos do Rio (1), é o próprio motivo de tudo, definindo por si mesmo o tempo - 1965, e o mote - a história da cidade, que levaram a todos os acontecimentos relatados. A criação do Estado da Guanabara (2), como foi observado, se caracteriza por balançar e, ao mesmo tempo, instigar o senso de identi- dade do carioca, ponto de impulso bastante importante para a celebração. As intervenções urbanísticas no Rio (3) trazem dois pontos que se mostram importantes como circunstância geral, o primeiro diz respeito ao foco destinado ao planejamento da cidade, da sua urbe, que por ser um agrupamento marco-comunitário por natureza, onde a liga entre as pessoas é o próprio Rio de Janeiro, desperta certo senso cívico; o segundo diz respeito a cultura pro- jetiva racional e funcionalista que foi própria dos projetos desenvolvidos, onde arquitetos, urbanistas, engenheiros, projetistas e gestores compartilharam uma visão. O último ano da gestão Lacerda (4), por sua vez, denota um envolvimento direto do Governador com a am-

pla promoção do Rio de Janeiro através dos festejos do IV Centenário, como parte de uma estratégia política pessoal de divulgação dos feitos de sua gestão. A consolidação nacional da profissão de designer (5), diretamente relacionado com a criação da ESDI (6), sugere uma ligação com a fixação por se desenvolver um símbolo para a celebração, parte integrante do planejamento dos festejos com um antecedência incomum. Por final, o modernismo brasile- iro (7) se apresenta como uma filosofia estética total, que banhava toda a cidade no momen- to, e na qual o uso da linguagem dos símbolos é bastante presente.

Esses sete pontos respondem à questão de “que fatores levaram à escolha por se fazer um símbolo?”. A partir dessa definição, as primeiras diretrizes para a realização desse sím- bolo começam a se apresentar. São elas:

8. A descentralização da organização da celebração 9. Um concurso para o símbolo aberto à pessoa física 10. A Comissão avaliadora do concurso para o símbolo 11. O tema livre para o concurso

12. A necessidade de atender tendências estéticas de divulgação da época 13. A versatilidade de uso em aplicações diversas

Estes 6 pontos caracterizam as diretrizes definidas para a elaboração do símbolo. Se observado atentamente, todos esses pontos eram de conhecimento público, e todas as cente- nas de pessoas que submeteram uma proposta ao concurso, tinham, ou ao menos poderiam ter, acesso a essas diretrizes. Essas diretrizes gerais, ainda representam pouca relação com a forma final do símbolo, apesar dos dois últimos enunciados iniciarem um percurso nesta direção. Como uma rápida reflexão, é possível observar nesses pontos uma estratégia me- ta-projetual para a realização do símbolo, ou seja, esse momento não é propriamente do projeto do símbolo em si, é, na verdade, o projeto do projeto do símbolo: o projeto de um mecanismo processual que teria como resultado, por final, o projeto do símbolo propria- mente dito. Adiante será pontuado cada uma dessas diretrizes.

A descentralização da organização dos festejos (8) foi uma diretriz do planejamento total do IV Centenário, ponto que se relaciona diretamente com o número e calibre dos contribuidores que compuseram as mais diversas esferas da celebração; esse ponto inicia também o ambiente participativo observado em todo o evento. O concurso para o símbolo, aberto apenas a pessoa física (9), mostra-se uma diretriz interessante para o projeto do sím- bolo, pois caracteriza uma contribuição individual e pessoal, onde os desenhistas - para usar um termo geral - poderiam, de uma maneira irrestrita, propor suas contribuições para a cele-

Fonte: desconhecida.

bração; novamente características participativas se fazem presentes. A Comissão avaliadora (10), por sua vez, está diretamente ligada ao resultado final do símbolo, pelo simples fato que ficou a cargo da mesma a definição pelo desenho que deveria representar a celebração; problematizando um pouco, é possível colocar que essa definição foi fruto da preferencia estética prevalecente entre os componentes da Comissão, não necessariamente uma unanim- idade. O definição pela liberdade temática do símbolo (11) inicia uma caminho em direção a forma, por enquanto não através de uma restrição, como é de costume, mas através de uma abertura de possibilidades. A necessidade de atender às tendências estéticas de divul- gação da época (12) é a primeira diretriz que influi mais diretamente na forma que o futuro símbolo deveria ter. Ela porém é bastante ampla e, inclusive, por demais subjetiva, afinal, já que tais tendências não estavam descritas de forma clara no regulamento, ficava a cargo dos participantes imagina-las, não só pelo seu próprio crivo, mas procurando supor quais seriam elas pela visão da Comissão, afinal, ela seria a responsável, em última instância, por essa definição. A última diretriz é a mais objetiva e direta, ela define que o símbolo deveria se prestar a figurar uma variedade indefinida de aplicações (13), portanto, a versatilidade de uso era um componente primordial para se pensar o projeto do símbolo; neste ponto algumas restrições à forma começam a ficar mais claras, pois, um desenho no estilo bico de pena, por exemplo, possivelmente já não seria uma boa escolha para tentar concorrer ao prêmio de 1 milhão de cruzeiros.

Esse conjunto de diretrizes responde à questão de “que fatores definiram a formatação do projeto do símbolo?”. Fecha-se assim o momento de escolha pela elaboração do símbolo. Momento esse, prévio ao projeto do símbolo em si e que ficou a cargo diretamente das escol- has do Governador, da Superintendência do IV Centenário e dos componentes da Comissão avaliadora do concurso para o símbolo oficial. A partir de então serão observados os pontos ligados diretamente à Aloísio Magalhães e que inferem uma relação de causa com o resulta- do final do símbolo criado por ele. Inicialmente são observadas as circunstâncias em que ele estava imerso como indivíduo e que, por consequência, agiam sobre as escolhas que tomou em seu projeto.

14. A experiência de Aloísio com a forma

15. O alinhamento de Aloísio com o design modernista 16. O interesse de Aloísio com a questão social do design

17. A consciência de Aloísio sobre as questões culturais do Brasil

Esses quatro pontos se apresentam como as principais circunstâncias que sugerem uma causa ao fato de Aloísio Magalhães ser o ator histórico responsável pelo símbolo do IV

Centenário, e por consequência, pela expressão final de sua forma. Essas circunstâncias denotam, inclusive, motivos que podem ser relacionado à própria decisão de Aloísio por participar do concurso, uma vez que essa foi uma escolha pessoal dele, e não uma tarefa delegada ou comissionada. Provavelmente o prêmio também carregava parte da motivação, assim como a exposição associada ao trabalho. A experiência de Aloísio com a forma (14) se apresenta como componente importante, pois, o início da carreira através das artes plásticas, da pintura abstrata e a progressiva aproximação do campo do design ao longo da década que antecede o projeto do símbolo, caracterizam um conhecimento técnico, no ambiente da realização de projetos gráficos, bastante aprimorado assim como particular; ponto demon- strado claramente nas declarações feitas pelo designer sobre o símbolo e suas escolhas. O alinhamento com o design modernista (15) também é um interessante fator, pois, apesar do modernismo ser um estilo dominante na época, no ambiente da pintura, Aloísio não abraça- va tal corrente, tendo se aproximado de fato da expressão modernista através de sua prática como designer; essa linguagem, por sua vez, era a linguagem dominante na comunicação de massas do período, e provavelmente, aquilo que se referia o regulamento quando co- locava sobre a necessidade do símbolo atender às tendências estéticas de divulgação da época. O interesse de Aloísio pela questão social e coletiva (16) também é particularmente interessante, pois ele declaradamente trocou a carreira de artista plástico pela atividade de designer por ver no campo a possibilidade de uma atividade mais ligadas à problemas de comunicação coletivos. Essa decisão havia sido tomada a relativamente pouco tempo, de forma que o percurso profissional de Aloísio Magalhães como designer ainda encontrava-se em um momento inicial, mas, como pode ser observado, já estava presente uma consciência amadurecida do papel social do programador visual na cultura de seu tempo. O símbolo do IV Centenário pode ser entendido inclusive como um ponto de virada no amadurecimento de sua carreira como designer, trabalho ao qual ele e outros sempre atribuem um valor distinto dos demais. Por final, a consciência e interesse que Aloísio detinha, já naquele momento, pe- las questões culturais do Brasil (17) também mostra-se ponto definidor, pois o trabalho era, acima de qualquer coisa, a proposta de representar um corpo social complexo, heterogêneo e carregado de idiossincrasias. Uma compreensão mais aguçada, ou mesmo interessada, sobre cultura brasileira certamente adicionava uma visão mais rica e criteriosa sobre o trabalho que deveria ser desenvolvido e sobre o impacto social e cultural que ele poderia ter.

Essas circunstâncias em que Aloísio Magalhães estava imerso como indivíduo, soma- das às diretrizes apresentadas publicamente para a elaboração do símbolo, criam uma mistu- ra onde a atividade a ser desenvolvida torna-se mais objetiva, de forma que o próprio Aloísio

define as diretrizes formais que iriam guiar a criação do símbolo em si, ao qual ele subme- teria a avaliação no concurso. Parte dessas diretrizes foram declaradas publicamente por ele, porém procurou-se escolher de forma crítica aquelas que se apresentam em declarações anteriores ao fenômeno social decorrente, portanto, de certa forma, descontaminadas de con- jecturas posteriores.

18. A escolha por não figurar elementos da paisagem do Rio 19. A busca por significações latentes e não obvias

20. O princípio de diversificação (várias versões para vários usos) 21. A simplicidade da forma

Todos esses 4 enunciados estão diretamente ligados, como fatores de causa, à forma final do símbolo. Forma final, vale sublinhar, até onde foi de responsabilidade de Aloísio Magalhães mas, inclusive, ligados também a forma de quando o símbolo passou a ser de responsabilidade pública. A escolha por não figurar elementos da paisagem do Rio (18) é um grande definidor da dita forma. A esse fato podemos associar, apoiado nas declarações observadas durante a pesquisa, a liberdade temática do concurso, é claro, e a visão social de Aloísio, que declarou que o uso de elementos específicos da paisagem tornaria-se um fator restritivo, de certa forma, segregador. A busca por significados latentes e não óbvios (19) também é ponto chave, pois liberta o desenho da necessidade de representar figurativa- mente algum elemento. A definição do símbolo feita por Drummond, onde ele declara que o desenho é uma forma “nua”, dialoga com essa característica. A forma era, por bem dizer, auto-suficiente. A escolha por criar várias versões (20), por sua vez, se mostra importante por dois fatores, primeiro porque propõe uma solução direta para a diretriz do concurso que se detinha à necessidade do símbolo atender à inúmeros usos; várias versões do mesmo desen- ho, mantendo o mesmo conceito, certamente se prestaria a figurar um maior número de apli- cações. Em segundo ponto, a variedade de aplicações pode ser associada, após realizada uma análise, à própria apropriação do desenho por parte da população. Perceba-se, é verdade que o símbolo foi apropriado em mais de uma versão, ficando ausente apenas a versão tridimen- sional, porém também é possível observar claramente uma prevalência da versão linear nas reproduções populares. De forma que, caso existisse apenas a versão colorida, apontada por Aloísio como a mais nobre das versões, é possível que a reprodução popular acontecesse ao menos em outra escala. Finalmente, a simplicidade da forma (21) se apresenta como a grande diretriz do projeto, definidora de uma série de acontecimentos posteriores. De início, uma forma simples responde bem às tendências de divulgação da época, fortemente associada ao modernismo, e responde igualmente bem a facilidade de figurar em usos diversos, fossem eles

Fonte: www.aloisiomagalhaes.org

oficiais ou comerciais. Isso porque diminui os problemas técnicos das aplicação, seja relacio- nado a programação visual da peça ou as próprias limitações mecânicas e maquinarias que tomariam parte nos incontáveis impressos e objetos comerciais. A forma simples também é fator determinante para a apropriação do símbolo de maneira tão ampla pela população do Rio. Essa relação não poderia ser mais óbvia: se o desenho fosse complicado demais para ser reproduzido, ele não seria apropriado popularmente.

Finda-se aqui o momento de criação do símbolo. As diretrizes elaboradas por Aloísio, associadas às diretrizes do próprio concurso, respondem a questões de “que escolhas deter- minaram a forma do símbolo do IV Centenário?”. Boa parte das análises de processos de criação de outras obras terminariam suas atividades nesse ponto, porém o caso do símbolo do IV Centenário é indissociável de sua apropriação pela população. De forma que será feita a análise de um terceiro momento, onde investiga-se as relações de causa presentes no fenômeno de reprodução popular do símbolo.

Na narrativa histórica foi possível identificar 4 pontos que mostram-se como circun- stância determinantes para a reprodução popular do símbolo, e, curiosamente, um ponto que, ao que parece, é uma diretriz. As circunstâncias são as seguintes:

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22. As críticas públicas ao símbolo

23. As objeções ao regulamento de uso oficial

24. A amplitude das aplicações programáticas e comerciais 25. A apreensão do desenho por parte da população

Esses 4 fatores podem ser relacionados ao fenômeno popular de reprodução espontânea do símbolo, pois eles demonstram a existência de um ambiente público, onde progressiva- mente as questões sobre o símbolo ganhavam a atenção da comunidade carioca. As críticas ao símbolo (22) se mostram como um interessante fator, pois ao passo que eram proferidos ataques, mais atenção se voltava à questão. Isso envolveu declarações de diversos teores, proferidas por várias pessoas, em vários veículos de comunicação - nesta pesquisa só foram investigados 3 jornais, mas obviamente, o assunto figurava tanto em outros impressos, como em outras formas de comunicação, por exemplo, o próprio boca-a-boca. Isso ocorreu em 1964, um momento anterior ao uso oficial ou comercial do símbolo, e teve como ápice a pub- licação de Aloísio Magalhães no Jornal do Brasil. Exposição midiática, como é sabido, tem fortes relações a opinião pública, de forma que o ataque crítico ao símbolo, de certa forma, saiu pela culatra: o dotou de mais importância e interesse por parte comunidade carioca. As