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O PORTOMÍDIA SOB O PONTO DE VISTA DOS SIGNIFICADOS

SEGUNDO CICLO DE INCUBAÇÃO

6 O PORTOMÍDIA SOB O PONTO DE VISTA DOS SIGNIFICADOS

O capítulo seis apresentará o feedback sob o ponto de vista da significação do NGPD, dos incubados e de um representante do mercado para cada uma das seis linguagens do Portomídia. Em seguida se discutirá a perspectiva do Portomídia no longo prazo, para, ao final, propor diretrizes para a construção da rede de intérpretes com o intuito de promover a criação de significados no Portomídia.

6.1 FEEDBACK DO NGPD

Durante a pesquisa de campo questionou-se aos entrevistados do NGPD em quê o Portomídia era único? E 100% dos entrevistados responderam que a diferença do Portomídia em relação às demais iniciativas está relacionada aos quatro pilares de atuação, ou seja, os ‘4 Es’ (Educação; Experimentação; Exibição e Empreendedorismo).

Os mesmos 100% afirmaram ainda que não reconheciam uma iniciativa semelhante ao Portomídia, não com a mesma formatação, com os quatro pilares integrados em um único espaço. Sendo que 42,86% não souberam exemplificar instituições que foram tidas como referência para o desenvolvimento do Portomídia. Os outros 57,14%, evidenciaram as seguintes iniciativas: o Rio Criativo. incubadora no Rio de Janeiro; o Watershed e Tech City, sediados na Inglaterra.

ENTREVISTADO E1

Já tivemos muito contatos com pessoas de fora, como a empresa inglesa da Filmlight, que desenvolve o Baselight, o cara que vende no mundo inteiro afirmou que nunca viu essa integração em um mesmo lugar. Teve um professor da Inglaterra, de Goiás e do Rio Grande do Sul afirmaram que nunca viram essa integração (E01, 2013) [grifo nosso].

ENTREVISTADO E7

[...] eu diria que de alguma forma é uma ideia original. Eu não sei se é original. Mas não tem nenhuma fonte em que a gente tenha se inspirado. Esse conceito dos quatro Es surgiu aqui da percepção nossa, do que era necessário pro [sic] mercado. Tem uma história, o PD tem [...] 10 anos de mercado [...]. Mas eu não queria trabalhar com fragmento. Eu tava [sic] pensando em um equipamento, em uma coisa nova, que se pudesse pela a interação, pela integração dos quatro elementos pudesse gerar uma coisa nova. Um ambiente que tendo os quatro eixos pudesse gerar um poder suficiente- mente grande pra que o nosso mercado enxergasse enxergar

valor no Portomídia e pudesse então a partir dele exponenci- alizar seus próprios negócios (E07, 2014) [grifo nosso].

Posteriormente, os entrevistados do NGPD, a princípio, foram convidados a conceituar o que eles entendiam por inovação. Em seguida classificar o Portomídia em uma escala de um a cinco sobre o quão inovadora era a Proposta do PM, sendo um para modelos existentes e cinco para uma proposta totalmente inovadora, Tabela 28.

Tabela 23: A proposta do PM é inovadora?

Fonte: a autora mediante pesquisa de campo.

A entrevista que classificou a Nota 2, argumentou que o Portomídia não possui a dimensão dos seus resultados por estar durante implementação dos seus conceitos, além de não esperar grandes inovações do PM e sim dos seus empreendimentos (E5, 2014). Além disso, acredita que o PM: “falta trazer o lucro, o resultado. Ele pode ter uma concepção diferente, os quatro pilares, mas inovação mesmo, a gente vai ter que esperar de cinco a dez anos. [...]” (E5, 2014).

Os entrevistados que defenderam a Nota 4, disseram que os 4 Es fazem diferença na estruturação de cadeias produtiva, e a integração destes em um mesmo espaço possibilita “fazer um filme, do começo ao fim, literalmente sem [...][sair] da cadeira, é inovação” (E1, 2014). Contudo, admite que seja uma inovação local, regional, pois: “[...] certamente em algum outro lugar no mundo, tem [...]. A inovação não precisa estar associada a uma invenção recém-feita, se algo que é inovador naquele ambiente” (E07, 2014). A nota 5, apesar de ser defendida apresenta um pouco de dúvida no texto transcrito, pois:

20% 60% 20% Nota 2 Nota 4 Nota 5

ENTREVISTADO E4

Porque realmente não existe um modelo, pelo menos que eu conheça, um modelo como o do PM. Eu acredito que seja cinco, porque mesmo que... A gente inaugurou em agosto, é um período muito curto pra gente entender o impacto que o PM vai ter em um ano, em cinco anos, em dez anos. A gente não tem ainda essa compreensão. Mas a estrutura que foi colocada aqui, ela é realmente uma estrutura de grande impacto pro [sic] mercado, por isso que eu acredito que seja cinco. (E4, 2014).

Deste modo, por meio da análise do discurso, pode-se perceber que o PM apresenta-se em sua fase inicial de atuação como um espaço no qual integra quatro funções que dialogam e reforçam-se entre si. Isto faz com que esse equipamento figure-se como uma inovação local, que vê a sua infraestrutura como uma ponte para capacitação dos profissionais e criações de projetos que possam vir a criar novos conceitos e linguagens.

No entanto, a recente história do PM não permite que haja indicadores e dados que ratifiquem o caráter inovador da iniciativa para além da abordagem conceitual. Este espaço, de acordo com 71,44% dos entrevistados do NGPD, anseia por ampliar a relação entre os diferentes atores do mercado, de modo a fomentar o desenvolvimento de redes colaborativas informais. Enquanto que 14,28% acreditam que esta pretensão pertence, na realidade, ao escopo de atuação do PD, e não do Portomídia. E o restante, os outros 14,28%, acreditam que o PM almeja fomentar tanto as redes informais quanto as formais (motivada formalmente por ações do Portomídia).

Sendo assim, é no mínimo questionável a associação entre: os dados que evidenciam uma elevada nota ao caráter inovativo do Portomídia e o elevado índice de não exemplificação de iniciativas tidas como referência para a concepção do Portomídia. Isto pode ser decorrência de apenas 28,57% estarem presentes no período de concepção do Portomídia, e ao aspecto emocional de ter tal iniciativa como única.

Em uma segunda instância, os entrevistados foram convidados a pensar sobre se o PM criou inovações de ruptura, ou seja, se criava ações ou iniciativas que rompessem com as práticas estabelecidas pelo mercado. Assim, pôde-se observar que 50% dos entrevistados acreditam que não é o papel do PM, e sim das pessoas, dos empreendedores. O PM é apenas uma plataforma. E os outros 50% acreditam que ainda não ocorreu, mas há de ocorrer no futuro, Tabela 29.

Tabela 24: O PM conseguiu criar inovações de ruptura?

Fonte: a autora mediante pesquisa de campo.

ENTREVISTADO E4

Claro que a gente tá [sic] num [sic] estágio muito de início mesmo. [...] Mas eu acho que com certeza vai haver. A ideia que venham projetos que façam mesmo isso, que quebrem realmente e que sejam inovadores (E4, 2014).

ENTREVISTADO E5

Eu acho que ele é uma plataforma pra [sic] desenvolver novos significados. É mais de suportar, entendeu? [...] Eu quero fazer o cinema do próximo século. [...] Você interfere na história. Ai o PM, com a tecnologia, a parte de finalização de áudio e vídeo, ele possibilita criar esse contexto. Ou seja, a plataforma. Teve você, a ideia, a validação. Você usou ela como forma de ajudar nesse processo. Mais você é o protagonista (E5, 2014).

Em seguida eles foram questionados sobre se conheciam a teoria de Verganti, obtendo-se a seguinte Tabela 30.

Tabela 25: O NGPD conhece a Teoria de Verganti?

Fonte: a autora mediante pesquisa de campo.

A partir desse momento, a pesquisadora explicou sobre o que tratava o Design-Driven Innovation, a fim de trazer à tona o conceito de inovação para além da abordagem do desempenho tecnológico, no intuito de explicitar o conceito de significado. Posteriori a essa conversa, perguntou-se aos entrevistados se o PM

50% 50%

Papel do Empreendedor Papel do PM, ainda não aconteceu

33% 66,67% Ouviu Falar de Veganti Não conhece Verganti

havia a pretensão de atribuir significados aos consumidores finais, chegando ao seguinte resultado, Tabela 31:

Tabela 26: O Portomídia possui a pretensão de criar significados?

Fonte: a autora mediante pesquisa de campo.

Cerca de 75% acreditam que o PM possui essa pretensão, enquanto que 25% acredita que o PM é o meio para dar suporte, a plataforma, para que os atores façam uso e possam criar significados. A menção ao fomento à rede de intérpretes e à identificação de ações palpáveis para a criação de significados aparece de modo incipiente no discurso, ou até mesmo não aparece, como é o caso da pesquisa de tendência que não é evidenciada durante o discurso, ver Tabela 32.

Tabela 27: Pretensão do PM de gerar novas linguagens e significados.