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3.1 Breve memória de um curso piloto

3.1.5 O primeiro encontro concentrado

Nas reuniões preparatórias, que antecederam ao início do curso, discutiu-se que, se ele começasse de forma tradicional (apresentação da turma, das disciplinas, dos conteúdos, do corpo docente, etc.) seria difícil depois, no seu decorrer, que eles

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encarnassem a proposta pedagógica diferenciada, isto é, de promover a mudança de olhar e de posicionamento frente às questões educacionais e ambientais e a responsabilidade pelo processo de aprendizagem individual e coletivo. Causar um impacto inicial, com uma dinâmica própria, era fundamental.

Sendo assim, várias atividades foram preparadas de forma a possibilitar a expressão de sentimentos, sensações, opiniões, linguagens que vieram alimentar muitas discussões que ocorreram durante todo o curso, conforme se constatou posteriormente.

Realizou-se o primei e 10 de setembro de 2000,

com os 33 ingressantes matriculados. A programação desse encontro foi bastante m uma seqüência de atividades pedagógicas e cultu

os sentidos e iv) sala do mapa

em relação ao curso e qual era o conhecimento e compreensão sobre estudo

foi lembrado por eles, pois imprim

m geral, pode-se afirmar que eram as de aprofun

como por exemplo: “A cada ano que passa, percebo que o “bicho homem” só sabe ro encontro, entre os dias 06

intensa e teve mais de 40h de duração, co

rais visando proporcionar aos estudantes, momentos para refletirem e se expressarem sobre as questões ambientais da atualidade.

Na seqüência de atividades realizadas no primeiro dia, os estudantes percorreram diferentes “salas de aula”, representando afinal, um grande labirinto desde o ponto zero até a sala de mapa mental.

Selecionaram-se quatro atividades para discorrer: i) ponto zero, ii) sala do codinome, iii) labirinto da contemporaneidade e caminho d

mental, que caracterizavam a intenção desse primeiro encontro, além de contribuírem para a pesquisa.

i) Ponto zero: elaborou-se um questionário (Anexo C) para identificar quais eram as expectativas

do meio. A necessidade desse momento era de obter os primeiros dados para esta pesquisa, coletados sem a interferência do curso. Os ingressantes, após chegarem ao Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP e confirmarem sua matrícula, foram encaminhados diretamente ao auditório para responderem algumas questões. Por várias vezes durante e após o curso, esse momento

iu um caráter avaliativo, de ser uma “prova” sobre estudo do meio: “será que o curso é só sobre estudo do meio?”

Com relação às expectativas, e

dar conhecimentos teóricos e práticos, trocar informações e conhecimentos, capacitar-se e também a outras pessoas e, elaborar projetos. Traziam indagações,

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retirar o que a natureza nos dá e oferece, mas infelizmente não a trata bem para preservá-la. O que será do futuro de seres que ainda estão por vir?”

na “sala do codinome” que foram selecionadas e transcr

imento novo e mudar os conjuntos habitacionais,

Apesar uma

preocupação ra um

caminho novo

iii) Lab la de

aula subdividida com plástico preto foram criados vários ambientes diferenciados, de modo a formar um labirinto (como se fossem “núcleos de tensão”). A utilização de ii) Sala do codinome: saindo do auditório, cada pessoa foi encaminhada individualmente para uma sala de aula com alguns materiais à disposição: canetas, etiquetas, uma cesta com frutas, peças de indumentária, etc. Havia ainda uma câmara de vídeo montada com fita SVHS, ligada e focalizada. Ao lado, foi colocado um cartaz que orientava alguns procedimentos: dar-se um codinome, escrevê-lo na etiqueta, colar na roupa e transmitir uma mensagem que estaria sendo gravada no vídeo. Posteriormente, editou-se uma fita de vídeo em VHS, que lhes foi apresentada em outro encontro presencial.

Algumas das falas gravadas itas:

“Durante toda a minha vida eu sempre fiz coisas relacionadas à qualidade de vida, ao meio ambiente, sem saber que dos anos 90 para cá tivesse esse boom de preocupação”.

“Gente! Vamos prestar atenção no planeta Terra, que a coisa está feia!”

“É engraçado a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer”.

“Educação é a base de sustentação da humanidade. A Educação Ambiental é a base de sustentação do ecossistema”.

“Eu sou professor (...) de certa maneira somos considerados operários de transmissão de conhecimento, né? Estou aqui para aprender a usar novas argamassas e tijolos para construir um conhec

construindo algumas mansões de conhecimento”.

da diversidade de expressões, pode-se perceber que há e uma vontade sincera de ir em busca de algo que aponte pa . Seria uma saída para a crise da Educação?

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labirintos, seg logia

social de pesq Gibson entre outros (Lee,

1977, p.135-1 oridas

(anúncios de visual, no final do

corredor, havi stião

Salgado. Ao fu MTV.

Desse ambien orme,

aberto, com po

undo Lee (1977), consiste em um campo de investigação na psico uisadores como, por exemplo, Lewin, Piaget,

39). A instalação iniciava por um corredor com muitas fotos col revistas sobre moda e consumo) sobrecarregando o

a vários painéis com fotos em preto e branco do fotógrafo Seba ndo desse corredor, um vídeo passava sempre um mesmo clip da te saía outro, com um computador e um formulário contínuo en esias escritas já meio apagadas no papel amarelado.

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A seguir, havia um local com um vaso sanitário fechado com tampa onde era possível sentar-se em frente a um armário. Na porta do armário estava escrito: “abra”, e, ao se abrir a porta, havia um pequeno cartaz: “sorria, você está sendo filmado”.

Ao sair do labirinto cada ingressante tinha os olhos vendados e era conduzido por um “caminho dos sentidos”. A intenção de provocar “tensões” parece que surtiu efeito para eles, pois, foi relembrado muitas vezes durante o curso, também, como um momento “assustador”.

Figura 5 – Caminho dos sentidos

Figura 6 – Sala do mapa mental

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iv) Sala do mapa mental: no final dessa seqüência de atividades, os estudantes reuniram-se em uma sala de reuniões, com uma mesa ampla, e encontraram materiais (papel sulfite, canetas hidrocor coloridas e lápis de cera) para facilitar a construção de um mapa mental das sensações e sentimentos que afloraram no percurso do labirinto. Ali se apresentavam pelo codinome escolhido escrito na etiqueta, e socializavam as suas primeiras impressões sobre esse percurso.

Essas e outras vivências foram criadas para o primeiro encontro, com a intenção de proporcionar aos estudantes, diferentes sensações e situações, que contribuíssem para deixá-los mais abertos ao diálogo, que viessem a internalizar a proposta pedagógica de se trabalhar com outros paradigmas e linguagens e, ainda, que iniciassem o curso repensando a crise ambiental da contemporaneidade.

Para contribuir com contro, organizou-se uma

palestra de abertura com dois educadores ambientais: ministraram-se as disciplinas: “Técnica de Elaboração de Projetos”; “Escala, paisagens, sincronia e diacronia”; ”Ferramentas no uso do ensino à distância”; “Projeto de Intervenção Educacional: Estratégias e táticas” e recomendou-se a leitura da seguinte bibliografia: Berman (1987); Calvino (1990); Ferry (1994), Garaudy (1981); Machado, J.N. (1997); Malta & Conde (1995) e McCormick (1992).

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