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1. INTRODUÇÃO

1.4. O problema e sua importância

Com a abertura comercial, houve um amplo processo de fusões e aquisições, que resultaram em uma concentração e poder de negociação do segmento varejista perante os fornecedores (BLECHER, 2002). De forma semelhante, produtores e agroindústrias elevaram os níveis de especialização e concentração, ocorrendo, por exemplo, de acordo com Miele e Waquil (2007), a elevação da escala de produção e redução do número de unidades produtoras.

Essas transformações ocorridas na cadeia da carne suína, aliadas à existência de diferentes sistemas de produção suinícola no País e à elevada instabilidade da produção e dos preços da carne no mercado, colocam em dúvida a liderança de preços da carne nessa cadeia agroindustrial, criando a necessidade de um estudo sobre a transmissão de preços da carne suína e de sua volatilidade e sobre o nível de eficiência na comercialização dessa carne.

Uma vez que o preço da carne é um componente formador direto da renda dos integrantes da cadeia e sua formação é influenciada pelo poder de negociação de cada nível da cadeia produtiva, ou seja, pelo grau de concentração, especialização e informação do segmento, sua análise é crucial, visto que poderá responder a questões sobre a liderança na variação dos preços na cadeia suinícola e sobre a existência de transmissão de volatilidade dos preços entre os integrantes da cadeia.

Nesse sentido, a primeira hipótese testada no trabalho foi de que o segmento líder de mercado na transmissão do preço da carne suína e de sua volatilidade na cadeia produtiva suinícola é o atacado e que os choques de preços são transmitidos rapidamente entre os níveis de mercado.

A pressuposição de liderança do atacado deve-se ao fato desse segmento estar representado por reduzido número de frigoríficos e agroindústrias com elevado índice de concentração do mercado, formando um oligopólio, e possuir um maior volume de comercialização e de informação sobre o mercado. Por outro lado, os segmentos produtor e varejo, por serem em maior número e terem menor volume de comercialização e por não serem especializados na comercialização do produto, possuem menor poder de comercialização e de formação do preço da carne suína. Características de mercado como essas também foram consideradas nas cadeias agroindústrias das carnes bovina, por Bliska (1989), e de frango, por Guimarães (1990).

Entretanto, devido às características peculiares da cadeia produtiva suinícola, como a concentração geográfica da produção e os diferentes tipos de organização da produção da

carne suína entre produtores e agroindústrias, o presente trabalho analisou a questão da transmissão dos preços da carne suína e de sua volatilidade nos segmentos de mercado nos Estados de Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo. Assim, procurou-se realizar as análises em dois diferentes sistemas de produção de suínos: integrada e independente. Segundo Rocha (2006), a produção de suínos no Brasil predomina sob essas duas formas.

Os Estados de Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo foram escolhidos devido ao fato de serem regiões com importante participação no mercado da carne suína e, como já mencionado, por representarem dois distintos sistemas produtivos. Essas regiões caracterizam-se pela elevada produção, comercialização, exportação, consumo, desenvolvimento de tecnologia e grau de concentração das empresas abatedouras e processadoras da carne.

A segunda hipótese testada no trabalho foi de que há interação na transmissão de preços entre os mercados nacionais da carne suína de Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo e desses com o mercado da carne internacional. Assim, pressupõe-se que os mercados da carne suína nessas regiões devam ser interdependentes e ajustar conjuntamente o preço do produto, ocorrendo trocas de informação entre os sistemas de produção sob as formas integrada e independente, e destes com o mercado externo.

A integração do mercado da carne suína foi verificada por Rosado (2006), mas o conhecimento sobre a transmissão de preços e de sua volatilidade entre regiões ainda está em aberto. Espera-se que os ajustes dos preços se iniciem no mercado externo e depois sejam transmitidos ao mercado doméstico, no qual deve ocorrer uma troca de informações mútua entre essas regiões.

Dessa forma, será avaliada a eficiência de operação do mercado regional da carne suína e determinado o mercado central formador de preços e de sua instabilidade, sendo analisados os efeitos de choques de preços em cada região sobre as demais localidades, gerando informações para políticas públicas de intervenção no setor e de ações estratégicas empresariais.

1.5. Objetivos 1.5.1. Geral

Analisar o relacionamento dos preços da carne suína e de sua volatilidade entre os segmentos da cadeia produtiva nos mercados de Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo no período de 01/2000 a 08/2008, bem como a interdependência dos preços dessa carne entre esses mercados regionais e o seu preço no mercado internacional no período de 01/2000 a 06/2009.

1.5.2. Específicos

a) Identificar o sentido das variações dos preços da carne suína entre os segmentos da cadeia produtiva e entre as localidades citadas.

b) Verificar a possível ocorrência de transmissão de volatilidade dos preços entre os níveis de mercado e entre os mercados regionais e internacional.

c) Analisar o mecanismo de formação dos preços da carne suína em cada nível de mercado, considerando suas relações com as séries de preços dos insumos de produção agrícola e de comercialização da carne suína.

d) Determinar a intensidade do relacionamento e da influência dos segmentos de mercados e das regiões na formação do preço da carne suína.