• Nenhum resultado encontrado

O Processo de Decisão na Política Comum de Segurança e Defesa

No documento A Afirmação Militar da União Europeia (páginas 72-76)

CAPÍTULO 2 – A ARQUITETURA DE GESTÃO DE CRISES DA UE

2.7. O Processo de Decisão na Política Comum de Segurança e Defesa

O processo inicia-se através da monitorização e da troca de informações entre os EM, a Comissão e a AR/VP. O EEAS contribui para a prevenção de conflitos acompanhando a situação internacional através de monitorização e alerta precoce, incluindo a avaliação de situações e a execução de documentos pelo Grupo de Prevenção de Conflitos, utilizando o Intelligence Steering Board - ISB sempre que necessário, onde todas as estruturas de PCSD do EEAS estão representadas, permitindo a execução do planeamento de uma forma coerente (UE, 2013a:11).

Os trabalhos preliminares desenvolvem-se por iniciativa do Comité Político de Segurança (PSC), da AR/VP, do Chairman do Comité Militar ou pelo Diretor General do Estado-Maior Militar (EUMS) e a coordenação e partilha de informação é conduzida entre o Conselho de Gestão de Crises, a Plataforma de Crises e o Grupo de Prevenção de Conflitos (UE, 2013b:25). Apesar do tempo de resposta a uma crise poder ser significativamente reduzido através do planeamento avançado, ao nível político estratégico e ao nível civil estratégico, o mesmo não se passa ao nível militar estratégico, como já referido anteriormente, pela falta de um QG permanente de nível militar estratégico.

42 Estas soluções são sempre ad-hoc, com um staff de reduzida dimensão que não teria capacidade para comandar e planear uma operação de nível Battle Group.

Uma vez detetada uma crise inicia-se a fase político estratégica. O processo de coordenação e a partilha de informação decorrerá entre o Conselho de Gestão de Crises (CMB), o Grupo de Prevenção de Conflitos e a Plataforma de Crise, em que CMB dá as diretivas políticas e estratégicas para o início do planeamento e das atividades, iniciando-se o drafting do Political Framework for Crisis Approach - PFCA em coordenação com a Comissão, que será apresentado ao Conselho Político de Segurança (PSC), com a informação pertinente sobrea crise e a potencial abordagem da UE, no âmbito do CA (UE, 2013a:13).

Se o PSC considerar que a intervenção é necessária, o EEAS através da Direção Geral de Planeamento e Gestão de Crises (CPMD) produz o Conceito de Gestão de Crises

Crisis Management Concept (CMC) (UE, 2013a:17), que irá materializar a vontade política estratégica e o nível de ambição dos EM, descrevendo os interesses políticos da UE e os objetivos de uma possível missão ou operação, numa combinação ad-hoc de instrumentos civis e militares. De modo a facilitar o planeamento são desenvolvidas opções estratégicas civis (Civil Strategic Options- CSO) e militares (Military Strategic Options – MSO (UE, 2013a: 19). O CPMD é apoiado pelo Foreign Policy Instruments43

(FPI) da Comissão e pelos serviços do EEAS, como as Direções Gerais Temáticas e Geográficas, pelo CPCC e pelos Estados Membros da UE. Nesta fase, normalmente, é enviada para o país em crise uma missão de reconhecimento (Fact Finding Mission), para fazer uma avaliação da situação, estabelecer os contactos iniciais com o governo e com a delegação da UE e fazer recomendações quanto às possíveis opções para uma intervenção da UE (UE, 2014a:7).

A AR/VP apresenta o Conceito de Gestão de Crises (CMC) ao PSC, que por sua vez, dependendo da natureza da missão ou operação, o manda analisar pelos Comités Civil (CIVCOM) e pelo Comité Militar (EUMC) para aconselhamento e recomendações (UE, 2013a:21). Quando finalizado, é enviado ao Conselho através do COREPER, para aprovação. Se for aprovado, o acordo sobre o estatuto da missão, (Status of Mission Agreement - SOMA) e o acordo sobre o estatuto das forças (Status of Force Agreement- SOFA), são negociados com base na decisão do Conselho e uma lista de países, que poderão eventualmente contribuir para uma operação liderada pela UE, será preparada pelo

CPMD sendo a sua participação objeto de acordos específicos (Kermabon, 2014:47).

Após a fase político estratégica, tem inicio a fase estratégica, onde existe a grande discrepância sobre a execução do planeamento de missões civis e militares. No caso de uma missão civil, em que, como já referido anteriormente o CPCC funciona como um QG civil de nível estratégico, o PSC determina ao Comandante das Operações Civil, que acumula como Diretor do CPCC, para iniciar o planeamento operacional, a escolha do Chefe de Missão (Head of Mission) e do seu principal staff e a consideração da possibilidade da obtenção dos recursos humanos necessários para o cumprimento da missão (UE, 2013a: 19).

Se a missão for militar o PSC, identifica o futuro QG de nível militar estratégico (Operacional Headquarters – OHQ) e o futuro comandante da operação com base nas recomendações do Comité Militar (EUMC) (UE, 2013b: 26). Nesta fase, numa operação militar o planeamento operacional passa a ser executado pelo OHQ, um dos cinco disponibilizados pelos EM, sob a responsabilidade do Comandante da Operação. Como os

OHQ dos EM são mantidos num baixo nível de prontidão até serem ativados, se a escolha do OHQ for demorado, a capacidade de resposta rápida a uma crise poderá ser comprometida, devido ao processo de obtenção de recursos humanos, com base na multinacionalidade.

O processo de planeamento entra agora na fase operacional. Para uma operação militar o Estado Maior Militar (EUMS) produz uma Diretiva Militar Inicial (Initiating Military Directive – IMD) para o Comandante da Operação, preparar o seu Conceito da Operação (CONOPS), que posteriormente é apresentado ao PSC que o submete ao EUMC

(UE, 2014a:11). Após a sua conclusão é submetido ao Conselho Europeu para aprovação. O comandante operacional civil prepara um draft do Conceito da Operação (CONOPS) e o chefe de missão civil (Head of Mission) nomeado e o seu staff principal, assim como serviços relevantes do EEAS, fazem o seu planeamento conjuntamente com o staff de planeamento do CPCC (UE, 2013a:19).

Após a aprovação do Conceito da Operação, os comandantes da operação civil e militar preparam o seu Plano de Operações que será também submetido para aprovação ao Conselho Europeu, que decidirá através de uma Council Decision se o aprova e a data, na qual a missão ou operação terá lugar.

Em síntese, o processo de planeamento normal de resposta militar a uma crise, em que o PFCA leva ao desenvolvimento de um Conceito de Gestão de Crises, que por sua

vez irá resultar numa Opção Militar Estratégica e numa Diretiva Militar Inicial, permitindo que o Comandante da Operação elabore o seu Conceito de Operação e o seu Plano de Operações, poderá ser alterado em determinadas condições que exijam uma resposta urgente a uma crise. Nesse caso aplica-se o processo de decisão política denominado “Fast

Track Process” que no mínimo, exige a aprovação pelo Conselho Europeu, do Conceito de

Gestão de Crise (CMC), da Diretiva Militar Inicial (IMD), para o Comandante da Operação poder iniciar o seu planeamento operacional, da aprovação do Plano de Operações

(OPLAN) e a Decisão do Conselho (Council Decision) para a execução da missão (UE, 2014a:9).

Fonte: União Europeia (2014a) EU Concept for Military Planning at the Political Strategic Level (EEAS,

01166714, 01 de Outubro de 2014). Bruxelas: Estado Maior Militar da União Europeia, Serviço de Ação Externa, 10, Figura 2.

O processo de geração de forças inicia-se o mais cedo possível, logo que os documentos específicos da missão/operação contenham os detalhes necessários para serem distribuídos ao EM, com os requisitos das forças necessárias para servirem como base, para as contribuições nacionais. É sempre um processo problemático devido a sérios constrangimentos nas capacidades dos EM, divergências entre EM sobre o mandato, finalidade e custos associados com as operações militares

No documento A Afirmação Militar da União Europeia (páginas 72-76)