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O Processo de Elaboração do Orçamento da UFPE e a Necessidade de

5. PROPOSTA DE ORÇAMENTO-PARTICIPATIVO PARA A UFPE

5.2 O Processo de Elaboração do Orçamento da UFPE e a Necessidade de

Inicialmente, o Estatuto da Universidade definiu, a partir da estrutura administrativa, a responsabilidade institucional dos órgãos e conselho estabelecendo que a competência sobre matéria financeira seria do Conselho de Administração, bem como a aprovação da proposta orçamentária e, em conjunto com o Conselho de Curadores, o orçamento, conforme o art. 21 do Estatuto:

Art. 21. Compete ao conselho de administração:

a) Exercer, como órgão deliberativo, consultivo e normativo, a jurisdição superior da Universidade em matéria administrativa e financeira, ressalvada a competência do conselho de curadores;

[...]

c) Resolver sobre a aceitação de legados e donativos com encargos, ouvido o conselho coordenador de ensino, pesquisa e extensão, quando for o caso, e deliberar sobre a administração do patrimônio da Universidade;

d) Opinar, quanto aos aspectos financeiros, sobre a criação e funcionamento de cursos propostos pelo conselho coordenador de ensino, pesquisa e extensão;

e) Autorizar acordos entre a Universidade e instituições ou organizações públicas ou privadas, no âmbito de sua competência;

f) Decidir, em matéria de sua competência, dos recursos que lhe forem interpostos de atos dos órgãos colegiados dos centros;

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Op. cit.

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g) Aprovar a proposta orçamentária e, em conjunto com o conselho de curadores, o orçamento da Universidade;

h) Autorizar a abertura de créditos adicionais (Grifo Nosso).98

O Regimento Geral da Universidade Federal de Pernambuco estabeleceu o processo de planejamento, conforme descrito no “Título III - Planejamento, coordenação e supervisão das atividades universitárias”. O Capítulo I tratou especificamente do planejamento, estabelecendo, nos art. 8º e 9º:

Art. 8º - Incumbe à Reitoria organizar o Plano Geral de Ação da Universidade, anual ou plurianual, e submetê-lo à aprovação do Conselho Universitário.

Parágrafo Único – O Plano Geral de Ação definirá as linhas preferenciais de atuação e expansão da Universidade, fixando seus objetivos e metas prioritárias.

Art. 9º - Em harmonia com o Plano Geral de Ação, compete às Pró-Reitorias fixar diretrizes para o planejamento e execução nas suas respectivas áreas.

§ 1º - Em conformidade com essas diretrizes, os Departamentos das Unidades, os órgãos da Reitoria e os Órgãos Suplementares organizarão seus planos e respectivos programas.

§ 2º - Aos Conselhos Departamentais cabe, juntamente com a Diretoria das respectivas Unidades, compatibilizar os planos departamentais e elaborar o seu plano setorial e respectivos programas.

§ 3º - As Pró-Reitorias verificarão a compatibilização dos planos e programas setoriais com as suas diretrizes, encaminhando-os ao órgão central de planejamento para consolidação do Plano Global, com o orçamento e o Plano de Controle.

§ 4º - A Reitoria fixará o calendário para conclusão das diversas fases do planejamento de que trata este artigo.

Concluímos que, do ponto de vista legal, o processo de planejamento e orçamentação da UFPE deveria ser elaborado da seguinte forma:

a) Os Departamentos elaboram seus planos e programas, encaminhando-os para os Conselhos Departamentais;

b) Os Conselhos Departamentais, em conjunto com as Diretorias de Centro, devem compatibilizar os planos departamentais e elaborarem os planos e programas setoriais, encaminhando-os às Pró-reitorias;

c) As Pró-reitorias fixam as diretrizes para o planejamento e execução nas suas respectivas áreas e compatibilizam os planos departamentais, encaminhando-o ao órgão central de planejamento que é a PROPLAN;

d) A PROPLAN consolida o Plano Global de Ação, encaminhando-o à Reitoria; e) A Reitoria organiza o Plano Geral de Ação Anual ou Plurianual da

Universidade, encaminhado-os ao Conselho de Administração para aprovação e submissão ao Conselho Universitário.

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Embora esteja definido no Regimento Interno, na prática, os Departamentos e Centros Acadêmicos não participam da fase de discussão do orçamento, fato comprovado nas pesquisas realizadas e relatado no Capítulo 4, sendo apontado também pelas avaliações externas, quando afirmam a necessidade dos departamentos e centros elaborarem seus orçamentos.

Os Departamentos e Centros Acadêmicos devem elaborar os seus Planos de Desenvolvimento com metas estabelecidas, que serão conectadas com o orçamento, possibilitando assim a avaliação para verificação do atingimento das metas anuais99

Quanto à classificação das despesas, a UFPE adota dois critérios. O primeiro divide as em despesas correntes e de capital; o segundo, em despesas centralizadas e descentralizadas.

As primeiras são assim definidas:

a) Despesas Correntes: são as oriundas de custeio e de manutenção das atividades dos órgãos da administração pública como por exemplo, despesas com pessoal, juros da dívida, aquisição de bens de consumo, serviços de terceiros, manutenção de equipamentos, despesas com água, energia, telefone, etc. Estão nesta categoria as despesas que não concorrem para ampliação dos serviços prestados pelo órgão, nem para a expansão das suas atividades.

b) Despesas de Capital: são as relacionadas à aquisição de máquinas e equipamentos, realização de obras, aquisição de participações acionárias de empresas, aquisição de imóveis e concessões de empréstimos para investimento.

De acordo com o segundo critério, temos:

a) Despesas Centralizadas: são as provenientes de gastos com energia elétrica, telefonia, água, limpeza predial e urbana, passagens aéreas, diárias, bolsas estudantis, manutenção do campus, contratos diversos, administradas pela PROPLAN e demais pró-reitorias.

b) Despesas Descentralizadas: são as que decorrem da manutenção de todas as unidades administrativas.

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Relatório de avaliação institucional elaborado pela Middle States Association Commission. Disponível em <http://www.ufpe.br>. Acesso em 13 ago. 2003.

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Dessa forma, a elaboração do orçamento anual da UFPE praticamente é realizada toda pela PROPLAN e pelas demais pró-reitorias, não seguindo as características descritas a seguir, que fazem parte do Orçamento-Participativo:

1. Participação dos setores envolvidos na discussão dos programas e/ou ações a serem desenvolvidas;

2. Participação na decisão da aplicação dos recursos, de acordo com as necessidades do setor, e não por imposição da Pró-Reitoria responsável;

3. Participação no processo de execução e controle do orçamento;

4. Transparência, disponibilização e publicitação das informações orçamentárias. Assim, o processo de elaboração do orçamento necessita de mudanças urgentes para atender aos padrões mais avançados de discussão e construção do processo de planejamento, bem como atender ao programa adotado pelo próximo Reitor, Professor Amaro Lins, como foi comentado no tópico 5.1.4.