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O processo de remoção do supervisor de ensino

Diretor I I Diretor Técnico

DER-B Comunicado

4.4 O processo de remoção do supervisor de ensino

Nesta subseção pretendemos tratar do processo de remoção dos supervisores de ensino, com o intuito de analisar as diretrizes emanadas pela SEE/SP, os decretos e as orientações para a realização das remoções e as discrepâncias nas interpretações pelas comissões responsáveis pelos procedimentos nas diferentes Diretorias de Ensino.

O primeiro Estatuto do Magistério Paulista, Lei Complementar n° 114 (SÃO PAULO, 1974), publicado em 1974, não apenas mencionou, pela primeira vez, o cargo de supervisor pedagógico, apresentando-o como especialista de educação na carreira do magistério, como também organizou a remoção de seus ocupantes, regulamentada pelos Decretos nº 5864/1975 (SÃO PAULO, 1975) e nº 10.110/1977 (SÃO PAULO, 1977).

Nessa lei complementar, a remoção dos integrantes da carreira do magistério ocorreria por concurso de títulos ou por permuta, precedendo o ingresso dos cargos providos (§ 1º, art. 26). O Decreto nº 5.864/1975 (SÃO PAULO, 1975) estabeleceu que a remoção seria realizada

anualmente, por mérito, mediante concurso de títulos; união de cônjuges; e, permuta (art. 1º). Para remoção por mérito seriam considerados como títulos dois itens: o exercício efetivo nas atribuições próprias da carreira do magistério; e, os concursos públicos que o candidato tivesse sido aprovado, desde que relacionados com a atividade que desempenhava (art. 2º).

Em 1977, o Decreto nº 10.110 (SÃO PAULO, 1977) alterou o anterior e estabeleceu no artigo 8º que seriam considerados títulos para fins de classificação, em ordem decrescente, a somatória dos pontos obtidos no:

I- tempo de serviço público prestado ao Estado de São Paulo; a) no respectivo cargo;

b) na carreira do magistério; c) no magistério;

II - concursos públicos para provimento de cargos na carreira do Magistério do Estado de São Paulo;

III - cursos de graduação, pós-graduação, especialização, aperfeiçoamento, extensão universitária e atualização.

Parágrafo único - A Secretaria da Educação fixará os critérios de atribuições de pontos aos títulos, quanto à pertinência e relevância para o cargo.

[...]

Artigo 10 - Da classificação caberá recurso, interposto no prazo de dez (10) dias a partir da data da respectiva classificação. (SÃO PAULO,1977)

Em 1978, na Lei Complementar nº 201 (SÃO PAULO, 1978), foi reafirmado que a remoção dos integrantes da carreira do magistério deveria proceder o de ingresso e de acesso ao cargo do magistério, tornando explicita a determinação de que somente poderia ser oferecida para o ingresso as vagas remanescentes do concurso de remoção (art. 39).

Tendo em vista o disposto na lei complementar, no Decreto nº 14.801/1980 (SÃO PAULO, 1980) foi regulamentada a remoção dos integrantes da carreira do magistério, não mencionando o que seria considerado como título e mantendo que o órgão responsável pelos recursos humanos da SEE/SP fixaria “os critérios de atribuição de pontos aos títulos, levando em consideração a pertinência e a relevância para a classe de profissionais em concurso” (art. 13).

Em 1985, o processo de remoção continuou a ser processado por permuta, por concurso de títulos ou por união de cônjuges (art. 24), mantendo o determinado anteriormente quanto ao oferecimento de vagas para provimento ao cargo. Em 1986, o Decreto nº 24.975 (SÃO PAULO, 1986) determinou que para a classe de especialista de educação, a remoção ocorreria por títulos e por união de cônjuges (art. 2º).

O ocupante de cargo de supervisor de ensino inscrito no concurso de remoção seria, para fins de classificação, avaliado e classificado de acordo com os seguintes títulos: tempo de

serviço no campo de atuação; certificado de aprovação em concurso público de provas e títulos para provimento de cargo do qual é titular, ou comprovante de concurso público de títulos; diplomas e/ou certificados de doutorado, mestrado, especialização, aperfeiçoamento, treinamento, expansão cultural e extensão universitária, obedecendo a critérios a serem fixados pela SEE/SP pelo artigo 8º, Decreto nº 24.975/1986 (SÃO PAULO, 1986).

O Decreto nº 24.975/1986 (SÃO PAULO, 1986), alterado pelo Decreto nº 40.795/1996 (SÃO PAULO, 1996), vigorou até 2009, quando as disposições em contrário foram revogadas pelo Decreto nº 55.143/2009153 (SÃO PAULO, 2009).

Nesse decreto, a remoção do suporte pedagógico permaneceu sendo realizada por títulos e por união de cônjuges. Entre as diferenças apontadas nos decretos, interessa-nos, neste estudo, a que se refere aos títulos dos supervisores de ensino que, somados ao tempo de serviço154, resultaria na classificação dos candidatos à remoção entre seus pares: a) diploma de Mestre correlato e intrínseco à área da Educação: cinco pontos; b) diploma de Doutor correlato e intrínseco à área da Educação: dez pontos; c) certificado de Especialização e/ou Aperfeiçoamento correlato e intrínseco à área da Educação: um ponto por certificado, até o máximo de cinco pontos (inciso II, art. 9º).

Podemos observar que ocorreu uma limitação quanto aos títulos a serem considerados na remoção, com a exclusão dos certificados de cursos de treinamento, expansão cultural e extensão universitária. Ao mesmo tempo, a pontuação referente a cada título foi estabelecida, supostamente, não se atrelando aos critérios a serem fixados pela SEE/SP, conforme anteriormente.

Não obstante, em 2013, uma orientação complementar para a execução do concurso de remoção foi encaminhada às Diretorias de Ensino pelo órgão central responsável pelo processo (Centro de Ingresso e Movimentação – CEMOV, do Departamento de Administração de Pessoal – DEAPE, vinculado à Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos – CGRH). Tal orientação apresentava elementos distintos do previsto na legislação vigente, conforme segue:

153 Ainda nesse ano, o Decreto nº 55.141 (SÃO PAULO, 2009), vedou a participação no concurso de remoção do

integrante do Quadro do Magistério que se encontrasse no período de estágio probatório e tivesse sido admitido por meio de certame regionalizado. Em 2013, esta determinação foi revogada pelo Decreto nº 59.447 (SÃO PAULO, 2013).

154 Tempo de serviço exclusivamente trabalhado no Magistério Oficial da Secretaria da Educação do Estado de

São Paulo, com a seguinte pontuação e limites: 1) como titular de cargo: 0,005 (cinco milésimos) por dia, até o máximo de 50 (cinquenta) pontos; 2) como titular de cargo no atual órgão de classificação: 0,001 (um milésimo) por dia, até o máximo de 10 (dez) pontos; 3) como designado em cargo objeto de inscrição, anteriormente ao ingresso: 0,002 (dois milésimos) por dia, até o máximo de 20 (vinte) pontos (inciso II, art. 9º).

Para todas as Diretorias Regionais de Ensino

ASSUNTO: Concurso de Remoção: - Quadro de Apoio Escolar e Suporte Pedagógico/2013

[...]

SUPORTE PEDAGÓGICO:

LEGISLAÇÃO: A avaliação dos Títulos/Tempo de serviço, para classe de Suporte Pedagógico obedecerá aos critérios definidos no inciso II, artigo 9º do Decreto nº 55.143/2009, conforme segue:

[...] TÍTULOS

b) por títulos, com a seguinte pontuação:

1. Diploma de Mestre correlato e intrínseco à área da Educação: 5 (cinco) pontos;

2. Diploma de Doutor correlato e intrínseco à área da Educação: 10 (dez) pontos;

3. Certificado de Especialização e/ou Aperfeiçoamento correlato e intrínseco à área da Educação: 1 (um) ponto por certificado, até o máximo de 5 (cinco) pontos.

Os títulos deverão estar relacionados à área de GESTÃO ESCOLAR, atendendo direcionamento desta Secretaria da Educação em valorizar conhecimento adquirido na área de atuação, conforme dispõe as Instruções Especiais específica do Concurso de Provimento do referido cargo.

[...]

CEMOV/ DEAPE/ CGRH (CORREIO CEMOV, Concurso de Remoção: Quadro de Apoio Escolar e Suporte Pedagógico/2013, grifos do autor)

Observamos que a orientação limitou os títulos à área de gestão escolar, embora o artigo 9º do Decreto nº 55.143/2009 (SÃO PAULO, 2009) estabeleça a contagem de pontos para os cursos de pós-graduação "correlato e intrínseco à área da educação", estando, portanto, destituída de fundamento legal. Para tanto, apresentou como justificativa uma normatização (Instruções Especiais SE 3, de 11/04/2008) que regulamentava o concurso para provimento ao cargo pertencente ao suporte pedagógico.

O motivo dessa orientação é reafirmado no esclarecimento do diretor técnico da CGRH contido no processo impetrado por um ocupante do cargo de supervisor de ensino e publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo

[...] os títulos desconsiderados não estavam de acordo com a Legislação do Concurso como também, “não contemplarem a diretriz desta Secretaria em valorizar a experiência adquirida no campo de atuação profissional, no caso, para Supervisores de Ensino Gestão Escolar, conforme requisitos exigidos para provimento do cargo, definidos nas Instruções Especiais SE, de 18/12/2006 e Instruções Especiais SE 3, de 11/04/2008” (DOE, 30/07/2014, Diário da Justiça Eletrônico - Caderno Judicial - 2ª Instância São Paulo, p. 717).

[...] O motivo encontra-se expresso nos esclarecimentos prestados pela Diretora Técnica do CGRH, responsável pela organização do concurso, em

correio eletrônico transmitido à candidata, cujo excerto destaco, in verbis: A titulação do Concurso de Remoção da Classe de Suporte Pedagógico deverá considerar diplomas de Doutorado e Mestrado e Certificados de Especialização e Aperfeiçoamento, conforme dispõe a alínea b,inciso II do Decreto n° 55.143/2009, a qual determina que tais títulos devam ser correlatos e intrínsecos à área da Educação. Os títulos, no entanto, deverão estar relacionados à área de GESTÃO ESCOLAR, atendendo direcionamento desta Secretaria da Educação em valorizar conhecimento adquirido na área de atuação (DOE de 30/07/2014, Diário da Justiça Eletrônico - Caderno Judicial - 2ª Instância São Paulo, p. 718).

Contudo, o motivo alegado não encontra respaldo na normatização mencionada (Instruções Especiais SE 03/2008), uma vez que nessa foi considerado, como requisito e como títulos para pontuação, os diplomas (mestrado e doutorado) e certificados de especialização na área de educação. Além disso, abrange, na indicação bibliográfica do concurso, temas não restritos à gestão escolar como: alfabetização, formação docente, educação especial, processo de ensino aprendizagem, avaliação, currículo, entre outros.

Nessa perspectiva, mais uma vez, o órgão central se serviu de outra normatização para justificar suas novas orientações e seus propósitos no que lhe era conveniente. Esse, nos parece, é um dos traços que se apresenta como característicos da SEE/SP, cuja consequência se materializou na ação do supervisor de ensino.

Na prática, o que se viu foi um reduzido número de remoções de ocupantes de cargos entre as Diretorias de Ensino e a adoção de critérios distintos de análise nas DERs, em relação ao tratamento dado à titulação na área de gestão escolar.

No tocante ao pedido de reconsideração acerca da análise dos títulos para remoção previsto no artigo 8º, Decreto nº 55.143/2009 (SÃO PAULO, 2009) e de recurso proveniente da classificação (art. 11) foi estabelecido seu endereçamento ao dirigente regional de ensino, ou seja, à comissão de remoção da DER.

Ainda no período compreendido por este estudo, foi publicado o Decreto nº 60.649/2014 (SÃO PAULO, 2014) alterando alguns dispositivos do decreto anterior, dentre os quais destacamos:

Artigo 1º - Os dispositivos adiante relacionados do Decreto nº 55.143, de 10 de dezembro de 2009, passam a vigorar com a seguinte redação:

IV - os itens 1, 2 e 3 da alínea “b” do inciso II do artigo 9º:

“1. Diploma de Mestre correlato e intrínseco à área da Educação ou em

qualquer área de atuação: 5 (cinco) pontos;

2. Diploma de Doutor correlato e intrínseco à área da Educação ou em

qualquer área de atuação: 10 (dez) pontos;

3. Certificado de Especialização e/ou Aperfeiçoamento correlato e intrínseco à área da Educação ou em qualquer área de atuação: 1 (um) ponto por

certificado, até o máximo de 5 (cinco) pontos” (NR) (SÃO PAULO, 2014, grifos, em negrito, nossos).

É justamente na análise de títulos dos supervisores de ensino, candidatos à remoção, que observamos uma ausência de padronização na ação da comissão responsável pela remoção do suporte pedagógico entre Diretorias de Ensino, no recorte temporal deste estudo. Cabe dizer que essa comissão é composta por supervisores de ensino designados pelo dirigente regional de ensino, embora contem com o auxílio do Núcleo de Administração de Pessoal da DER.

Para análise dessa situação optamos por recortar as informações referentes aos ocupantes do cargo de supervisor de ensino inscritos no processo de remoção no período de 2011 a 2015, nos limitando a algumas DERs.

As informações coligidas foram organizadas em um único quadro, para tornar possível a observação/ comparação da evolução, ou não, das pontuações atribuídas aos candidatos inscritos no processo de remoção ao longo dos anos, em uma mesma Diretoria e em Diretorias distintas. Optamos, ainda, por trazer informações acerca de alguns candidatos que apresentaram uma pontuação crescente ao longo dos anos, com o intuito de coadjuvar na comparação dos demais. Nesse momento, consideramos oportuno lembrar que a somatória dos pontos para fins de classificação no processo de remoção envolve: o tempo de serviço (como titular de cargo, como titular de cargo no atual órgão de classificação, como designado no cargo anterior ao ingresso) e os títulos (Doutorado, Mestrado, Especialização e Aperfeiçoamento).

Quadro 20: Excerto da classificação para remoção do Suporte Pedagógico (supervisor de ensino)- dados comparativos 2011 2012 2013 2015 Variação 2011- 2012 Variação 2012- 2013 Variação 2013- 2015 Candidato inscrito na remoção Pontos 2011 DER Pontos 2012 DER Pontos 2013 DER Pontos 2015 DER

Supervisor A 15, 17 DER 1 19,76 DER 1 21,96 DER 1 23,93 DER 1 4,59 2,2 1,97 Supervisor B 8, 25 DER 1 7,63 DER 1 14,82 DER 1 20,01 DER 1 - 0,63 7,19 5,19 Supervisor C 6, 00 DER 3 6 DER 4 8,59 DER 4 10,78 DER 4 0 2,59 2,19 Supervisor D 5, 00 DER -B 8,45 DER -B 4,89 DER 8 - - 3,45 -3,56 - Supervisor E 5, 00 DER -B 8,46 DER -B 12,65 DER -B 14,84 DER -B 3,46 4,19 2,19 Supervisor F 4, 25 DER 9 8,63 DER 9 6,36 DER 10 12,57 DER 10 3,46 -2,27 6,21 Supervisor G 4, 24 DER- C 7,68 DER 9 10,57 DER 9 13,06 DER 9 3,44 2,89 2,49 Supervisor H 3, 00 DER 11 6,37 DER 11 5,83 DER 9 11,02 DER 9 3,37 - 0,54 5,19 Supervisor I 2, 00 DER 11 5,18 DER 11 4,67 DER 12 - - 3,18 -0,51 - Supervisor J 0, 02 DER 13 5,98 DER 14 5,95 DER 15 9,14 DER 15 5,96 -0,03 3,19 Supervisor K - - 19,08 DER 17 18,22 DER 16 20,84 DER 16 - -0,86 2,62 Supervisor L - - 6,54 DER 18 2,56 DER 8 10,98 DER 8 - -3,98 8,42 SupervisorM - - 6,09 DER 19 7,19 DER 20 9,67 DER 21 - 1,1 2,48 Supervisor N - - 0,66 DER 22 7,57 DER 5 9,76 DER 5 - 6,91 2,19 Supervisor O - - 0,54 DER 23 7,54 DER 15 12,72 DER 15 - 7,00 5,18 Supervisor P - - 0,18 DER 18 2,13 DER 18 21,52 DER 18 - 1,95 19,39

Supervisor R - - - - 12,19 DER 25 12,15 DER 26 - - -0,04

Supervisor S - - - - 2,9 DER 27 9,81 DER 28 - - 6,91

Supervisor T - - - - 2,04 DER 7 3,95 DER 28 - - 1,91

Supervisor U - - - - 1,16 DER 2 4,34 DER 2 - - 3,18

Supervisor V - - - - 0 DER 6 12,16 DER 6 - - 12,16

Fonte: Elaborado com base nas informações disponíveis em DOE de 02/07/2011 (p. 83 e 84); de 12/09/2012 (p. 55 e 56); de 10/09/2013 (Suplemento, p. 55); de 12/05/2015 (Suplemento, p. 46 e 47)

Podemos observar, por meio dos dados compilados, que os ocupantes de cargo de supervisor de ensino nomeados neste estudo B, D, F, H, I, J, K e L, classificados no processo de remoção, tiveram sua pontuação diminuída quando comparada ao processo realizado anteriormente, principalmente, depois que seu local de trabalho passou a ser outra DER. A variação negativa da pontuação dos candidatos pode ser atribuída à análise dos títulos, uma vez que o outro critério utilizado é constituído pelo o tempo de serviço.

Os dados apresentados evidenciam, nos parece, a utilização de diferentes critérios para análise dos títulos dos candidatos inscritos no processo de remoção entre DERs, principalmente, nos anos de 2012155 e 2013, período em que o órgão central responsável pelo processo restringiu, para fins de contagem de pontos, a titulação acadêmica dos candidatos à gestão escolar. Quiçá, um aumento expressivo na pontuação de alguns candidatos tenha ocorrido pelo mesmo motivo, todavia, não conseguimos mensurar tal situação por meio dos dados apresentados.

Observamos ainda que, em 2015, dois candidatos (nomeados P e V) apresentaram uma pontuação bem superior se comparada ao processo de remoção anterior ocorrido em 2013, em um aumento de 2,13 para 21, 52 e de 0 para 12,16 pontos, possivelmente em decorrência da não limitação dos títulos à área de gestão escolar.

As orientações emanadas do órgão central e os diferentes critérios de análise dos títulos evidenciam uma ausência de padronização e distanciam o processo de remoção de um caráter geral, isonômico e homogêneo. A ausência de precisão resultou em interpretações díspares e em uma variedade de dúvidas, que exigiram maiores detalhamentos, como pode ser constatado pelas comunicações encaminhadas pelo órgão central às DERs, mesmo após a publicação do Decreto nº 60.649/2014 (SÃO PAULO, 2014), quando, aparentemente, os critérios foram estabelecidos.

155 Informações publicadas em DOE permitem verificar a existência de mandados de segurança impetrados por

ocupantes de cargo de supervisor de ensino candidatos à remoção ao Coordenador da Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos (CGRH), no ano de 2012, devido a orientação em se considerar para fins de pontuação e classificação no processo de remoção apenas os títulos relacionados a área de gestão escolar (DOE de 26 de outubro de 2012 e DOE de cinco de dezembro de 2012).

Títulos:

Reiteramos que para análise de Certificados de especialização – 360 horas e Aperfeiçoamento-180 horas, deverá ser considerado o determinado no Decreto nº 60.649/2014 e realizado nos termos da Resolução SE nº58/2011 e Deliberação CEE nº108/2011.

[...]

Artigo3º- Os cursos referidos nesta Deliberação terão a seguinte conceituação:

a) Cursos de Especialização: é aquele que tem por objetivo o aprofundamento de conhecimentos em disciplinas ou área restrita do saber;

b) Curso de aperfeiçoamento: é aquele que visa à ampliação de conhecimento em matéria ou conjunto de disciplinas;

c) Curso de extensão universitária – é aquele que visa difundir conhecimentos para a comunidade em geral.

Diante de exposto, pontualmente aos cursos de aperfeiçoamento, informamos que os certificados apresentados pelos candidatos, os quais embora não venham registrados a palavra “Aperfeiçoamento”, porém disponham de 180 horas de estudo que contemplem a conceituação acima disposta, assim como preencham os demais requisitos exarados na referida Legislação poderão ser computados neste item. [...] (CORREIO CEMOV, Concurso de Remoção: Suporte Pedagógico/2015, de 24 de abril de 2015, grifos do autor)

E, três dias depois,

Complementando Correio datado de 24/04/2015 deste CEMOV, [...] e considerando dúvidas suscitadas pontualmente sobre cursos de Aperfeiçoamento - 180 horas, reiteramos que deve ser considerado o determinado no Decreto nº 60.649/2014, Resolução SE nº58/2011 e Deliberação CEE nº108/2011.

A orientação foi enviada, no intuito de computar pontuação para os certificados de aperfeiçoamento, os quais embora não venham registrados com a palavra “Aperfeiçoamento”, porém disponham de 180 horas de estudo e contemplem a conceituação disposta, assim como preencham os demais requisitos exarados na referida Legislação poderão ser computados neste item.

Tal orientação reporta-se aos cursos de aperfeiçoamento que por não virem com o registro correto do nome do curso deixem de ser computados, entretanto não se trata de computar cursos de Atualização e Extensão como cursos de Aperfeiçoamento.

Assim, esclarecemos que cursos de Atualização e Extensão não deverão ser considerados como Cursos de Aperfeiçoamento.

CEMOV/CELEP/DEAPE/CGRH (COMPLEMENTO CORREIO CEMOV, Concurso de Remoção: Suporte Pedagógico/2015, de 27 de abril de 2015, grifos do autor)

Essas comunicações demonstram o quanto a análise de títulos tem causado dúvidas para a comissão responsável pelas atribuições em estudo. Ademais, orientações como aquela que atribuem a classificação de aperfeiçoamento a cursos “que contemplem a conceituação prevista na legislação”, embora não sejam registrados como tal, abrem um vasto campo de

interpretações permitindo às DERs definirem as pontuações segundo os critérios que julgarem mais convenientes.

A discrepância materializada no período compreendido entre 2011 e 2015, provavelmente, decorreu da orientação do órgão central da SEE/SP, cuja conduta, denotou desarmonia e desconformidade em relação à legislação estabelecida.

Como decorrência, possibilitou-se entendimentos discrepantes entre as comissões responsáveis pelo computo da pontuação para remoção dos supervisores, nas distintas DERs, em relação à consideração ou não de titulações em “gestão escolar” e na avaliação do que poderia ser considerado como “cursos de aperfeiçoamento”.

Ademais, as orientações emanadas pelo órgão central, ao apresentarem discrepâncias em relação ao Decreto que originalmente regulamentava o tema, possibilitaram a sua não observação precisa no momento de sua aplicação. É inquestionável que o posicionamento de obediência ao preceito legal, independentemente da orientação emanada pelos ocupantes de cargos hierarquicamente superiores deveria ser uma característica das organizações legal- racional burocráticas no sentido weberiano. O posicionamento observado sugere a presença de particularismos em detrimento do universalismo exigido para a aplicabilidade de toda a norma legal.

Atrelado a tal posicionamento, mas contrapondo-se a ele, há a possibilidade da existência de parcialidade e defesa de interesses próprios por esses profissionais em cada DER. Acerca disso, o entrevistado (E1) ainda que mencione o atendimento a legislação (admitindo a possibilidade de diferentes interpretações) e as orientações dos órgãos superiores, desde que “por escrito”, afirma que quando a lei “der brechas para que você se preocupe com o humano” isso ocorre e finaliza esclarecendo que, no caso, foi considerada a lei, menosprezando a orientação “por escrito” do órgão central.

O supervisor de ensino, como funcionário público, ele tem que seguir o que está disposto em lei. [...] Quando você tem uma legislação que vai te dar margem a interpretações, pode acontecer essas divergências. Muitas vezes o próprio CEMOV, que é o órgão responsável pela questão da movimentação dos servidores, ele dá sim as orientações, só que quando é uma orientação

que vem por escrito todo mundo vai seguir essa orientação, ela vem por escrito. Houve uma diferença entre 2012, 2013, justamente por conta disso.

O CEMOV não fez essa orientação por escrito, foi uma orientação feita, muitas vezes via telefone, e por conta disso que é que eu acredito que algumas Diretorias fizeram essa classificação de forma diferente. [...] Essa diferença

de 2012 para 2013 considerou educação para uns e outros consideraram apenas gestão. [...]

[...] a gente sabe que a questão, a logística, por exemplo, do estado quando você tem um ingresso no serviço público, ela não é favorável à pessoa. Então,

muitas vezes, você acaba ingressando distante da sua moradia, distante da Diretoria que seja mais próxima para você ou do seu interesse [...] Então, existe sim essa preocupação, que é um ser humano que está longe de casa, só que essa preocupação, ela não pode interferir na questão da legitimidade da situação, então eu não posso deixar a questão do humano passar por cima

da lei, mas se a lei te der brecha para que você se preocupe com o humano, você vai usar, é uma pessoa que está lá do outro lado.

[...] Em 2013 por conta do comunicado... o comunicado que estabelecia a questão de ser considerado gestão escolar, que tinha naquele certificado, no diploma, tinha que vir escrito a questão gestão escolar, o termo gestão escolar, então nesse aspecto, a partir do momento que você tem um comunicado, você