• Nenhum resultado encontrado

O Processo de Validação dos Subconjuntos Terminológicos CIPE®

Nóbrega et al. (2015) relataram que, até o presente momento, nenhuma proposta metodológica de validação ou de avaliação dos subconjuntos terminológicos CIPE® foi publicada pelo ICN, deixando, dessa forma, uma lacuna no desenvolvimento e finalização dos subconjuntos. Diante disso, são necessárias propostas que visem operacionalizar os métodos de validação advindas de outras classificações no domínio da enfermagem.

Há três tipos principais de validação que irão variar segundo o objetivo do pesquisador: validação de conteúdo; validação de construto; e validação relacionada ao critério. Na validação de conteúdo há a investigação a respeito da representatividade de uma ferramenta de medição em relação do domínio do conteúdo que o pesquisador pretende medir. Ela diz respeito ao senso comum do que está em julgamento, no que tange a avaliação de conteúdo por enfermeiros especialistas (NÓBREGA et al., 2015). A validação de construto tem como objetivo validar um corpo de teorias subjacentes à medição e testar relações hipotéticas. Um teste empírico confirma, ou não, as relações que seriam previstas entre conceitos e fornece maior ou menor apoio para a validação de construto dos instrumentos que medem esses conceitos (NÓBREGA et al., 2015). A validação relacionada ao critério avalia a relação entre o grau de desempenho do sujeito do estudo sobre a ferramenta de medição e seu comportamento real (NÓBREGA et al., 2015).

Nóbrega et al. (2015) analisaram três dos principais modelos metodológicos de validação de diagnósticos de enfermagem. Eles incluem a validação de conteúdo e a validação clínica. São eles: Gordon e Sweeney, Fehring e Hoskins.

O “Modelo de Validação por Enfermeiros” de Gordon e Sweeney (1979) objetiva testar os diagnósticos de enfermagem pré-identificados, a partir dos princípios da pesquisa descritiva (GORDON; SWEENEY,1979; NÓBREGA et al., 2015). Eles

propuseram três modelos para identificar e validar os diagnósticos de enfermagem: retrospectivo; clínico; e validação por enfermeiros.

O modelo retrospectivo utiliza a experiência dos enfermeiros em relação aos problemas de saúde que acometem a clientela para, a partir disso, identificar os diagnósticos de enfermagem. Para isso, são necessários os seguintes critérios: anos de experiência no cuidado de enfermagem direto às pessoas; conhecimento a respeito da especialidade clínica em questão; e familiaridade e perícia em diagnosticar. No modelo clínico, é realizada a observação direta a respeito do comportamento dos paciente em um ambiente clínico com o objetivo de descrever com clareza os fenômenos clínicos e transformá-los em categorias diagnósticas. O modelo de validação por enfermeiros visa testar os diagnósticos já identificados anteriormente. Ele descreve o grau no qual um conjunto de características definidoras descreve uma realidade que pode ser observada (NÓBREGA et al., 2015).

O modelo metodológico de Fehring (1987), propôs três modelos para validação dos diagnósticos de enfermagem: 1. validação de conteúdo diagnóstico (Diagnostic Content Validation – DCV) que baseia-se na opinião de enfermeiros peritos no assunto, no que refere-se ao grau com que certas características definidoras representam um diagnóstico; 2. validação clínica de diagnóstico (Clinical Diagnostic Validation – CDV) que visa a obtenção de evidências clínicas de um determinado diagnóstico; e 3. validação diferencial de diagnóstico (Differential Diagnostic Validation – DDV), que é utilizado para validar diferenças entre dois diagnósticos relacionados. O modelo de Fehring baseia-se na obtenção de opiniões de especialistas de enfermagem a respeito do grau em que cada característica definidora é indicativa de um determinado diagnóstico de enfermagem (FEHRING, 1987; NÓBREGA et al., 2015).

O modelo de Fehring pode ser operacionalizado em seis passos (NÓBREGA et al., 2015):

1) O enfermeiro especialista atribui um valor a cada característica do diagnóstico em estudo em uma escala de 1 a 5. Sendo (1) absolutamente não característico;

(2) muito pouco característico; (3) de algum modo característico; (4) consideravelmente característico; e (5) muito característico do diagnóstico.

2) Realização da técnica Delphi (opcional) para a obtenção de um consenso entre os especialistas a respeito das características do diagnóstico em estudo;

3) Cálculo da média ponderada das notas para cada característica, atribuindo para esses cálculos os pesos: 1 = 0; 2 = 0,25; 3 = 0,50; 4 = 0,75; 5 = 1.

4) As características com valores menor que 0,50 na média ponderada são descartadas.

5) As características com valores maiores que 0,80 na média ponderada são classificadas como maiores e as entre 0,51 e 0,79 como menores.

6) Obtém-se um escore total através da soma das médias individuais e pela divisão do número total de características excluídas.

Os critérios para a seleção dos especialistas, segundo o modelo DCV de Fehring são (FEHRING, 1994 apud MELO et al, 2011):

1. Ser mestre em enfermagem (4 pontos);

2. Ser mestre em enfermagem, com dissertação na área do diagnóstico (1 ponto); 3. Possuir publicações sobre diagnóstico ou conteúdo relevante (2 pontos);

4. Possuir artigo publicado sobre diagnóstico em periódico indexado (2 pontos); 5. Ser doutor em enfermagem, com a tese na área de interesse do diagnóstico (2

pontos)

6. Possuir prática clínica recente de, no mínimo, um ano na temática abordada (2 pontos);

7. Possuir capacitação em área clínica relevante ao diagnóstico de interesse (2 pontos).

O modelo de validação de Hoskins (1989) é composto por análise de conceito; validação por especialistas; e validação clínica. A análise de conceito é realizada para identificar as peculiaridades e os atributos do diagnóstico de enfermagem em estudo e determinar uma lista de características definidoras. A validação por especialistas revisa essas características definidoras e visa obter a concordância dos especialistas em relação a completude dessas características e sua representatividade em relação ao diagnóstico. A validação clínica identifica dados clínicos durante a avaliação do paciente que irão ser a base para as características

definidoras que serão analisadas e validadas pelos enfermeiros especialistas (HOSKINS, 1989; NÓBREGA et al., 2015).

Nóbrega et al. (2015) relataram que para a submissão dos enunciados de diagnósticos/resultados e intervenções de enfermagem aos especialistas, quatro etapas devem ser seguidas:

1. Descrição detalhada dos critérios para a seleção, inclusão e exclusão dos juízes; 2. Elaboração de uma carta convite (encaminhada online) para os juízes

justificando sua seleção para a validação;

3. Elaboração do conjunto de explicações específicas e gerais sobre a pesquisa, citando o objetivo, o modelo teórico, a forma como deverão ser as respostas e conceitos que possam gerar questionamentos;

4. Tamanho e apresentação do instrumento e o tempo para devolução, levando em consideração a quantidade de atividades já desenvolvidas pelos juízes.

Os critérios de inclusão para os enfermeiros que serão juízes especialistas, de acordo com Nóbrega et al. (2015), deverão ser, minimamente:

1. Titulação acadêmica de mestrado;

2. Utilização de terminologias de diagnósticos de enfermagem;

3. Ter dedicação à prioridade de saúde escolhida no subconjunto terminológico em questão, tanto na assistência de enfermagem quanto na pesquisa científica.