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CAPÍTULO 2 – A IMPLEMENTAÇÃO DE UMA MOBILIDADE ACADÊMICA

2.4 O PROGRAMA ANDIFES DE MOBILIDADE ACADÊMICA (PAMA):

O Programa Andifes de Mobilidade Acadêmica materializa-se por meio de convênio firmado entre a Andifes e as Instituições Federais de Ensino Superior brasileiras, regulando a relação de reciprocidade entre as instituições signatárias, para fins de mobilidade dos alunos de graduação. Atualmente, 63 IFES estão conveniadas ao Programa, sendo que, dentre essas, 59 são universidades federais19. A distribuição espacial das instituições conveniadas pode ser visualizada no mapa da Figura 3.

19 As IFES participantes do Programa ANDIFES de Mobilidade Acadêmica estão listadas no ANEXO

Figura 3 – Instituições federais de ensino superior signatárias do PAMA

Fonte: Elaboração da autora, a partir de dados da Andifes (2014).

A mobilidade acadêmica do Programa possibilita que os discentes de graduação cursem componentes curriculares em instituição federal diversa daquela em que estão regularmente matriculados. O objetivo é estimular o aperfeiçoamento de conhecimentos técnico-científicos e a ampliação das experiências dos graduandos, decorrentes dos contatos mantidos com os colegas de curso, professores e servidores técnico-administrativos de outras instituições de ensino, bem como promover a aproximação dos alunos com novas áreas de pesquisa e a vivência em outros espaços universitários. A proposta do PAMA é oferecer formação curricular complementar, troca de conhecimentos e interação entre os sujeitos, em tempos e contextos diversos.

Para participar do Programa, o estudante deve estar regularmente matriculado em um curso de graduação de uma Instituição Federal de Ensino signatária. O convênio de mobilidade estudantil garante o vínculo temporário com outra instituição de ensino superior (conforme disponibilidade de vagas e

possibilidade de matrícula nas disciplinas pretendidas), por um prazo não superior a um ano letivo. Em caráter excepcional, a critério da instituição receptora e com a anuência da instituição de origem, esse vínculo temporário poderá ser prorrogado, sucessiva ou intercaladamente, por até mais um período letivo, perfazendo o total de um ano e meio. O Programa é, portanto, uma modalidade diferente da transferência de alunos entre as IFES, porque o aluno deve retornar à instituição de origem para concluir seus estudos.

Durante o período de mobilidade acadêmica, o estudante tem a vaga assegurada no seu curso, e o período de seu afastamento temporário é computado no tempo máximo para a integralização curricular20 do curso ao qual ele está vinculado. Ainda de acordo com o convênio firmado com a Andifes, esse afastamento é registrado na instituição de origem, conforme o sistema de controle acadêmico adotado. No retorno do discente, tal registro é substituído pelo lançamento dos créditos equivalentes no histórico escolar do aluno, desde que reconhecidos pelos colegiados de curso.

Em alguns casos, a participação do estudante em um programa de mobilidade acadêmica resulta em alterações na regularidade de sua trajetória acadêmica. Por exemplo, como as IFES possuem diferenças curriculares, nem sempre o discente vai conseguir cursar as disciplinas que cursaria regularmente na universidade de origem naquele período, ou ele pode não conseguir integralizar os créditos cursados na universidade de destino em seu histórico escolar. Nesses casos, ele, provavelmente, vai levar mais tempo para se graduar. Essas e outras situações podem causar a necessidade de o discente permanecer mais períodos letivos na instituição em que estuda para integralizar o currículo e se formar do que os que ele precisaria, caso não tivesse participado da mobilidade acadêmica.

No primeiro convênio, firmado em 2003, para que o discente se candidatasse ao Programa, ele precisaria estar regularmente matriculado em um curso de graduação de qualquer uma das IFES e já ter integralizado todas as disciplinas previstas para o primeiro ano, ou para o primeiro e o segundo semestres letivos do

20 A integralização curricular é a obtenção da carga horária total das disciplinas/atividades fixadas no

currículo do curso e prevista no seu projeto pedagógico. A integralização é prerrogativa para obtenção do diploma. Na maioria das IFES, o prazo máximo de permanência do aluno no curso, ou seja, o tempo limite para integralização curricular resulta do número de períodos letivos previsto no projeto pedagógico do curso, acrescido de 50% desse número. Por exemplo, em um curso de oito períodos, o discente dispõe de, no máximo, 12 períodos para cursar/desenvolver o que está previsto no currículo.

curso, na instituição de origem, sendo vedada a participação daqueles que tivessem mais de uma reprovação por período letivo (ano ou semestre).

As IFES signatárias comprometiam-se a designar um coordenador responsável pelos procedimentos gerais relativos ao convênio junto com as unidades acadêmicas, assim como a divulgar amplamente o Programa entre o corpo discente.

Após avaliação solicitada pela Andifes ao Conselho de Pró-Reitores de Graduação das IFES, em 2011, o convênio foi reformulado, alterando as condições para a participação dos alunos, as quais passaram a ser:

a) Conclusão de, no mínimo, vinte por cento (20%) da carga horária de integralização do curso de origem.

b) Ocorrência de, no máximo, duas reprovações acumuladas nos dois períodos letivos anteriores à solicitação de mobilidade.

As alterações tiveram em vista, principalmente, a ampliação da participação estudantil no Programa e a atualização das cláusulas mediante o novo cenário brasileiro, no qual as novas modalidades de mobilidade se fazem mais presentes.

O PAMA tangencia as estratégias para alcance das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), o qual vigora no período de 2014 a 2024, tendo em vista que a Estratégia 12.2 da Lei Nº 13.005/14 estabelece a obrigatoriedade de:

Estratégia 12.12 - Mobilidade estudantil e docente. Consolidar e ampliar programas e ações de incentivo à mobilidade estudantil e docente em cursos de graduação e pós-graduação, em âmbito nacional e internacional, tendo em vista o enriquecimento da formação de nível superior. (BRASIL, 2014).

Nas IFES signatárias, com algumas variações administrativas locais, ao candidatar-se para a mobilidade acadêmica, o estudante submete um plano de estudos ao colegiado de curso, indicando os componentes curriculares a serem desenvolvidos na instituição de destino e justificando as razões de seu interesse por estudar temporariamente em outra instituição. O colegiado de curso, por sua vez, analisa a documentação apresentada e emite parecer sobre a equivalência entre os componentes curriculares da matriz do curso de origem do estudante e aqueles pleiteados para serem cursados na instituição receptora, emitindo um parecer final sobre o deferimento ou indeferimento da mobilidade acadêmica.

Essa análise prévia do plano de estudos de mobilidade acadêmica, com a respectiva indicação para a integralização curricular das disciplinas cursadas com êxito na instituição receptora, constitui-se etapa fundamental empregada no incentivo e na implementação da mobilidade de estudantes, na medida em que potencializa a utilização da mobilidade para o efetivo enriquecimento da formação de nível superior.

As solicitações de mobilidade acadêmica nacional devem ser encaminhadas pelas instituições de origem dos candidatos ao PAMA às instituições de destino até maio, para realização de estudos no 2º semestre do ano corrente, e até outubro, para estudos no 1º semestre letivo do ano seguinte.

O Programa é uma proposta educacional para o sistema federal de ensino superior brasileiro que, para além dos seus objetivos, explícitos no convênio firmado entre as IFES, fomenta e amplia a relação e cooperação entre as signatárias. Mesmo sendo um programa para o sistema federal de ensino superior brasileiro, é preciso entender que se trata de uma proposta educacional advinda de uma associação de IFES e não do governo. Portanto, essa proposta inaugura uma política educacional consolidada em um programa, o PAMA, mas que não é uma política pública do Estado.

O programa de mobilidade da Andifes busca oportunizar ao estudante da graduação uma agregação de conhecimentos para além dos limites do seu campus de origem, enriquecendo a vivência acadêmica, fortalecendo as habilidades para a pesquisa e a extensão e/ou ampliando competências acadêmicas e profissionais. A mobilidade acadêmica, no âmbito dessa Associação, foi concebida para abarcar as migrações temporárias de estudantes, professores e técnico-administrativos entre as instituições federais de ensino superior associadas, para fins acadêmicos. Entretanto, até o momento, apenas a mobilidade acadêmica estudantil concretizou- se através do PAMA.