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O ano de 2006 torna-se histórico para a Educação do Campo. As primeiras turmas de professores de assentamentos rurais concluem curso superior pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O curso de graduação em Pedagogia da Terra, organizado em regime de alternância, tem como prioridade possibilitar ao aluno estudar e permanecer na atividade rural em regime de internato. Tem como resultado a formação de 54 alunos indicados pelos movimentos sociais16, comprometidos em continuar na comunidade para

multiplicar ações de qualificação de professores.

É uma ação que envolve a articulação, envolvimento e reivindicação dos movimentos sociais organizados de forma a integrar nesse objetivo estado, universidades e toda a comunidade para fortalecer ações de alfabetização, formação em nível médio, técnico e superior das populações em defasagens educacionais históricas. Essas ações fazem parte das políticas públicas em execução do Governo Federal no qual se insere o Pronera.

O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) é uma política pública que tem como objetivo promover a educação nos assentamentos de Reforma Agrária, estimulando, propondo, criando, desenvolvendo e coordenando projetos educacionais utilizando metodologias específicas para o campo.

Além de oferecer cursos para os assentados da reforma agrária, o programa procura alfabetizar e escolarizar, através de projetos, jovens e adultos no Ensino Fundamental,

16 Na constituição da Educação do Campo, os movimentos sociais contam como principal protagonista o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Entretanto é um movimento articulado de história e resistência que envolve: escolas famílias agrícolas (EFAs); Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); pastoral da terra; organizações sindicais, comunidades e escolas rurais.

capacitar e escolarizar educadores(as) para o Ensino Fundamental em áreas de Reforma Agrária. Atua, também, na formação continuada e na escolaridade de professores em nível Médio na modalidade normal ou em nível Superior por meio das licenciaturas, além de viabilizar formação profissional conjugada com a escolaridade em nível Médio por meio de cursos de educação profissional de nível Técnico ou Superior nas esferas estadual, regional e nacional nas diferentes áreas do conhecimento voltadas para a promoção do desenvolvimento sustentável no campo.

Surgindo após o I Encontro Nacional das Educadoras e Educadores da Reforma Agrária (Enera), em 1997, o Pronera é idealizado nesse encontro devido à grande demanda dos movimentos sociais pela educação no meio rural e situação deficitária de oferta educacional no campo, agravada pela ausência de políticas públicas específicas no Plano Nacional de Educação (PNE). Nesse intento, esse programa tem como objetivo desenvolver projetos educacionais de caráter formal a serem executados pelas instituições de ensino em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). (BRASIL, 2016).

Inicialmente, o Pronera teve como foco a alfabetização e a formação de educadores dos assentamentos. Entretanto, devido à constatação da grande negligência para a educação fundamental completa e Ensino Médio, menos de 1% tinha acesso ao ensino superior, passou a incorporar parte das demandas da oferta de cursos técnicos e profissionalizantes e superiores para os trabalhadores rurais assentados (MOLINA, 2014). Essa autora complementa que:

Um dos mais importantes resultados do Pronera tem sido sua capacidade de viabilizar o acesso à educação formal a centenas de jovens e adultos das áreas de Reforma Agrária. Se não fossem as estratégias de oferta de escolarização adotadas pelo Programa – a partir das práticas já acumuladas pelos Movimentos, entre as quais se destaca a Alternância, com a garantia de diferentes tempos e espaços educativos –, estes jovens e adultos não teriam se escolarizado em função da impossibilidade de permanecer, por seguidos períodos nos processos tradicionais de educação, o que necessariamente lhes impediria de conciliar o trabalho e a escolarização formal (MOLINA, 2014, p. 229-230).

A importância do programa compreende, também, o entendimento de uma pedagogia que possa reforçar no jovem a iniciativa de continuar no campo. Molina (2014) explica que a organização curricular em regime de alternância objetiva não só evita que o jovem saia do campo, mas que reforce a alternativa para continuar onde vive, bem como promover a articulação entre educação e a realidade dessas populações. Essa Pedagogia da Alternância

traz organização curricular aos cursos num planejamento coletivo, onde professores e alunos realizam pesquisas e atividades de campo, preferencialmente em seus municípios de origem.

Com métodos próprios de atuação na educação rural, o Pronera tem se destacado na contribuição da elevação das condições de vida e de cidadania de milhares de brasileiros que vivem no campo. Tem sido executor de práticas e reflexões teóricas sobre Educação do Campo ao passo que condiciona meios para maior alcance da educação popular. É a expressão da vontade e compromisso das instituições de ensino, dos movimentos sociais, sindicais, sociedade civil organizada, governos federal, estadual e municipal, na execução de políticas nas áreas de Reforma Agrária.

Esse programa é executado, nos dias atuais, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, com sede em Brasília (DF), e nas Superintendências Regionais (SR) do órgão. Tem fundamentação legal na Constituição do Brasil (art. 205, 206), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.º 9.394/96, regulamentada pelo Decreto n.º 2.208 de 17 de abril de 1997, pelo Plano Nacional de Educação através da Lei n. 10.172/00, Decreto n. 6.672/08, Plano Nacional do Crédito Fundiário (PNFC). Também respaldado na Lei nº. 11.947/09 no seu artigo 33º, que dispõe sobre o PRONERA/MDA/Incra17 e as normas de

funcionamento, execução e gestão do programa; no Decreto n.º 7.352/10; Lei n.º 12. 695/12; Instrução Normativa Incra n.° 78/14; Resoluções e Pareceres18 (BRASIL, 2016).

Para Molina (2013), a conquista desse importante marco legal contribui para o fortalecimento das lutas pela democratização do direito à educação dos sujeitos camponeses. É a ação do estado, através de mecanismos de cobrança social, para garantir direitos através de estratégias de intervenção na sociedade, por meio de programas que deem materialidade aos diretos dos povos, mesmo que esse direito seja recorrentemente descumprido. Nesse sentido, Santos e Silva, (2016, p. 139) comentam que:

Embora o Pronera, como qualquer política pública no Brasil, tenha dificuldades de ser executado, ele legitima o diálogo entre a realidade e o processo educativo, reconhecendo os saberes acumulados, símbolos das comunidades e as histórias dos sujeitos sociais. O respeito aos movimentos sociais e a valorização dos sujeitos camponeses, fez do Pronera uma importante referência para entender o debate acerca da Educação do Campo

17 Conforme o art. 33, o Pronera será implantado no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA e executado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra.

18 Conforme o Manual de Operações de Incra, são Resoluções e Pareceres do Conselho Nacional de Educação relativos as normas para a Educação Básica, Ensino Técnico Profissionalizante e Ensino Superior no Brasil, assim como normativos internos do Incra, que estabelecem os valores do custo alunos dos beneficiários do Pronera.

no Brasil, pautado na autonomia dos trabalhadores/as e na necessária articulação entre universidades e movimentos sociais e sindicais.

Para esses autores, o Pronera tem como uma de suas principais características o enfrentamento à unificação cultural e a afirmação do direito à diversidade. Nesse contexto, como concepção de política pública, vem a estabelecer garantia de participação dos sujeitos coletivos capazes de universalizar novos direitos alicerçados na promoção da diversidade, contribuindo, direta e indiretamente, na formação de educadores para as escolas do campo no Brasil.

Em concepção semelhante, Molina (2013) enfatiza que são dispositivos legais conquistados que reconhecem as condições necessárias para que a universalidade do direito à educação se exerça respeitando as especificidades dos sujeitos das regiões rurais do país. Ressalta, também, que o conteúdo dessas Leis, Decretos e Normas conquistadas através da luta social proporcionam dispositivos de cobrança no combate à paralisia dos governos mediante à apropriação do espaço rural pelas oligarquias de poder, como o agronegócio.

Em estudo sobre o Pronera como política de inclusão social, Nascimento, Santos e Ghedin (2012) enfatizam que dentro de uma retrospectiva histórica brasileira, uma escola igual para todos continua sendo inviável por razões históricas, culturais e sociais das diferentes parcelas da sociedade brasileira. Entretanto, documentos que unem conceitos de desenvolvimento humano e promovem ações para parcelas excluídas da sociedade acabam unindo os conceitos de desenvolvimento e direitos humanos, convergindo para um valioso papel de inclusão desses atores sociais do campo.

O estabelecimento das disposições legais é um passo importante na exigência do direito à educação dos povos do campo, mas insuficiente para a sua garantia, conforme afirma Molina (2013). Para essa autora, ao tempo em que se estabelecem conquistas e avanços nos programas como o Pronera, que garantem legitimidade para as experiências inovadoras e investimentos na Educação do Campo, também se fecham escolas no meio rural com frequência no país, numa luta desigual decorrente do confronto de projetos e finalidades de uso do campo. Entretanto, é necessário a existência de marcos legais conquistados que dialoguem com o conjunto coeso que envolve a sociedade civil organizada, Ministério Público, entre outras esferas públicas, como a própria universidade, em luta coletiva capaz de pressionar significativamente os responsáveis pelo Poder Executivo a fim de materializar e dar continuidade aos direitos dos povos do campo.

Segundo D’Agostini, Taffarel e Santos Júnior (2013), os rumos da Educação do Campo dependem fundamentalmente da luta diuturna dos sujeitos que se identificam e se inserem em projetos de sociedade e de educação antagônicos ao capitalismo. Nesse cerne, o Pronera vem sendo redimensionado e recontextualizado conforme se observado no decreto n. 7.352, de 4 de novembro de 2010, que dispõe sobre a política de Educação do Campo, com a finalidade de avançar para uma política pública efetiva e ampliada, de formação inicial e continuada de professores do campo para a educação básica e, dessa forma, possa tornar-se uma realidade que alcance todas as escolas do campo. Não obstante, seu principal objetivo está no desenvolvimento de ações do estado brasileiro que visem promover concretamente a materialização do direito à educação escolar dos camponeses.

O Pronera tem alicerce fundamentado em quatro princípios básicos que se orientam na relação indissociável da educação e do desenvolvimento territorial como condição essencial para a qualificação do modo de vida da população assentada. Tendo como base as parcerias, os princípios político-pedagógicos que norteiam o programa se dão através da inclusão, participação, interação e multiplicação. O programa visa à inclusão de demandas educativas, participação das comunidades, interação das instituições de ensino dos movimentos sociais, trabalhadores rurais e comunidades assentadas de forma a multiplicar, além do número de pessoas alfabetizadas, o número de educadores para atuação nas áreas de reforma agrária (BRASIL, 2016). Dessa forma,

São princípios orientadores destas práticas:

a) Diálogo: uma dinâmica de aprendizagem-ensino que assegure o respeito à cultura do grupo, a valorização dos diferentes saberes e a produção coletiva do conhecimento.

b) Práxis: um processo educativo que tenha por base o movimento ação- reflexão-ação e a perspectiva de transformação da realidade; uma dinâmica de aprendizagem-ensino que ao mesmo tempo valorize e provoque o envolvimento dos educandos, educadores e técnicos em ações sociais concretas, e ajude na interpretação crítica e no aprofundamento teórico necessário a uma atuação transformadora.

c) Transdisciplinaridade: um processo educativo que contribua para a articulação de todos os conteúdos e saberes locais, regionais e globais garantindo livre trânsito entre o campo de saber formal e dos saberes oriundos da prática social do campesinato. É importante que nas práticas educativas os sujeitos identifiquem as suas necessidades e potencialidades e busquem estabelecer relações que contemplem a diversidade do campo em todos os seus aspectos valorativos: sociais, culturais, políticos, econômicos, de gênero, geração e etnia e religioso.

d) Equidade: o PRONERA poderá estabelecer diretrizes próprias para a articulação das suas demandas com as demais políticas públicas federais, estaduais e municipais e de parceiros reconhecidamente responsáveis por políticas sociais, que façam o diálogo entre educação, inclusão social,

desenvolvimento e redução regional das desigualdades e a garantia da inserção de uma educação não sexista com a promoção da igualdade de gênero. (BRASIL, 2016, p. 16 – 17).

Para consolidação desses princípios, o manual de operações do Pronera, cuja materialidade se deu a partir da necessidade de ajuste desse Programa pelo governo federal, tem como compromisso o acesso à educação pelos povos do campo. Conforme o manual, o alcance desses princípios está alicerçado em Projeto Político-pedagógico teoricamente consistente e contextualizado, que viabilize o uso de instrumentos didático-pedagógicos, contemplando uma educação historicamente problematizadora, dialógica e participativa. O que significa pensar o processo ensino-aprendizagem como práxis que condicione as etapas básicas da investigação, contextualização e processo articulado de ensino, pesquisa e realidade social das populações diversas.

O Pronera tem como propósito a promoção da justiça social no campo por meio da democratização do acesso à educação, inicialmente nos cursos de alfabetização e escolarização de jovens e adultos. Tem continuidade na educação superior, passando a formar educadores para as escolas do campo através, inicialmente, de curso normal superior sob gestão participativa e descentralização de ações através de instituições públicas que oportunizam a criação de projetos com participação dos movimentos sociais, sindicais. Também se afirma no compromisso da educação com cursos lato sensu, strictu senso e residência agrária19.

Para Molina e Antunes-Rocha (2013), o decreto que dispõe sobre a política de Educação do Campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária vêm a superar os limites existentes da Educação do Campo elevando-os a políticas de estado, o que antes se dava sem nenhuma garantia de permanência e continuidade. Neste decreto, encontra-se a obrigatoriedade de o Estado brasileiro instituir formas de ampliar e qualificar a oferta da educação básica e superior aos sujeitos do campo.

Para as autoras citadas, o referido decreto tem como objetivo a instituição, através do Estado brasileiro, de ações que visem promover concretamente a materialização do direito à educação escolar para os camponeses. Complementa:

Assim, pode-se afirmar que o objetivo principal do decreto n. 7.352/2010 é a instituição de ações do Estado brasileiro que visem promover concretamente a materialização do direito à educação escolar para os

19 A residência agrária é caracterizada por curso de especialização com concessão de bolsa de capacitação e formação profissional em assistência técnica, pedagógica e social.

camponeses. Cabe ressaltar que o próprio artigo 1º, que estabelece os fins da política nacional, institui que esta “destina-se à ampliação e qualificação da oferta da Educação Básica e Superior às populações do campo” (Brasil, 2010) (MOLINA, ANTUNES-ROCHA, 2013, p. 454).

Molina (2014) explica que a experiência do Pronera na articulação da alfabetização de jovens e adultos e a continuidade através da formação de professores estão entre os processos formativos mais exitosos do país. Complementa que na história do programa se concentram registros e depoimentos docentes das universidades através da trajetória de educandos (as) assentados (as) que vivenciaram, através do Pronera, seus processos formativos do EJA à Educação Superior.

Nesse sentido, manifesta-se o artigo 3º do Decerto 7.352/10, reconhecendo as especificidades e características próprias da Educação do Campo, bem como defasagens históricas de acesso à educação escolar. Incumbe à União o uso de mecanismos para manutenção e desenvolvimentos da Educação do Campo nas políticas públicas educacionais. Esse artigo dá viabilidade ao princípio da Educação do Campo quanto ao desenvolvimento de políticas públicas que considerem as especificidades da Educação do Campo.

Como política pública brasileira com seus desafios, dificuldades e êxito, o Pronera produziu, no âmbito do debate acadêmico, a consolidação de uma nova perspectiva de produção do conhecimento, da pesquisa e da formação. Ampliou a democratização da educação para o campo em movimentos que interrogam as universidades. Também no reconhecimento e na valorização dos camponeses como sujeitos coletivos de direitos que, ao adentrar no universo acadêmico, rompe a homogeneidade cultural da educação para tê-los e reconhecê-los sujeitos portadores de conhecimento, e não apenas objeto de pesquisa. (SANTOS, 2013). Para Molina (2013):

A exigência de políticas afirmativas para essas situações dá-se fundamentada em estatísticas que expõem a absurda privação do direito à educação escolar no campo (políticas estas que não lograram ainda ações proporcionais à magnitude do problema). Dentre elas, destacam-se a taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais, que apresenta um patamar de 23,3% na área rural, três vezes superior àquele da zona urbana, que se encontra em 7,6%; a escolaridade média da população de 15 anos ou mais que vive na zona rural, que é de 4,5 anos, enquanto, no meio urbano, na mesma faixa etária, é de 7,8 anos; as condições de funcionamento das escolas de Ensino Fundamental, que são extremamente precárias, pois 75% dos alunos são atendidos em escolas que não dispõem de biblioteca; 98%, em escolas que não possuem laboratório de ciências; e 92%, em escolas que não possuem acesso à internet (MOLINA, 2013, p. 455).

Para a autora, são indicadores que expõem a urgência de políticas públicas afirmativas para o enfrentamento das privações impostas aos povos do campo. Molina (2013), ao citar a linha de pensamento de estudiosos em políticas públicas, como Kerstenetzky (2005), defende a restituição de grupos sociais que tiveram seu efetivo acesso a direitos universais básicos, como a educação e cultura, negadas historicamente, tornando-se necessária a intervenção do estado para combater essas desigualdades. Dessa forma, o Pronera tem se caracterizado como estratégia de democratização do acesso à escolarização para os trabalhadores do campo em diferentes níveis de ensino e áreas do conhecimento. De outra forma, e entre outras dificuldades, os jovens e adultos do campo, pela impossibilidade econômica e social, teriam seus direitos ainda mais suprimidos diante da impossibilidade de permanência por seguidos períodos, o que “necessariamente os impediria de conciliar o trabalho e a escolarização formal” (MOLINA, 2013, p. 457).

A Alternância está normatizada no âmbito do Ministério da Educação pela Resolução CNE/CEB n. 01/2006, que institui as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Especificamente, em seu artigo 7º, dispositivo que determina ser de responsabilidade dos respectivos sistemas de ensino regulamentar estratégias específicas de atendimento escolar do campo e a flexibilização da organização do calendário escolar, salvaguardando, nos diversos espaços pedagógicos e tempos de aprendizagem, os princípios da política de igualdade (BRASIL, 2006).

O Decreto n. 7.352, de 4 de novembro de 2010, que dispões sobre o Pronera, aponta que a formação de professores do campo deverá ser orientada dessa pelas diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação. O parágrafo primeiro desse decreto enfatiza que poderão ser adotadas metodologias de educação a distância para garantir a adequada formação de profissionais para a Educação do Campo. Já o parágrafo segundo garante que a formação de professores poderá ser feita concomitantemente à atuação profissional, de acordo com metodologias adequadas, inclusive a pedagogia da alternância, e se sem prejuízo de outras por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão. (BRASIL, 2009, p 84, grifo nosso)

Na parte II do manual Pronera estão normas e roteiros para a elaboração de projetos do Pronera. Os projetos e propostas deverão ser desenvolvidos conforme a metodologia da alternância, caracterizada por dois momentos. O primeiro momento se dá o tempo de estudo realizados nos centros de formação, chamado de tempo-escola. O outro momento se dá no tempo de estudo na comunidade, chamado de tempo-comunidade. São novas formas de acesso

e organização do processo educativo formal proposto pela dinâmica do Pronera, uma vez que o financiamento envolve, para além dos custos, a permanência dos estudantes nas instituições. Conforme explica Santos (2013, p. 632):

Outra característica importante diz respeito aos tempos e espaços educativos, pela adoção da metodologia da alternância na organização dos cursos de nível médio e superior. Os tempos educativos divididos em dois períodos – tempo escola e tempo comunidade – asseguram, nos projetos, a dimensão da indissociabilidade entre os conhecimentos sistematizados no ambiente escolar e/ou acadêmico e os conhecimentos presentes e historicamente construídos pelos camponeses, nos seus processos de trabalho de organização das condições de reprodução da vida no campo e nos processos organizativos de classe. Os espaços educativos da escola/universidade e do campo são duas particularidades de uma mesma totalidade que envolve o ensino, a pesquisa e as práticas, em todas as áreas do conhecimento e da vida social.

Assegurar a permanência dos camponeses nas instituições de formação tem sido parte da característica da política afirmativa que faz parte do Programa. Essa característica amplia as ações e garante os princípios orientadores das práticas20. A dinâmica de ensino-