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O Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo), em conjunto com o Pronera e o Procampo, são programas do Ministério da Educação cuja materialização tem suas bases nas reivindicações organizadas dos movimentos sociais. A conquista do Pronera possibilitou práticas e acúmulos que levaram ao Pronacampo, experiências concretas de uma ocupação que se pretende consolidar como conquista efetiva enquanto política pública. (MOLINA; ANTUNES-ROCHA, 2014).

O Pronacampo foi instituído em 2012 pelo Grupo de Trabalho coordenado pelo MEC/SECADI, formado pelo Conselho do Secretários Estaduais de Educação (CONSED), União dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG), Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (FETRAF), Rede de Educação do Semi-Árido Brasileiro (RESAB), Universidade de Brasília (UNB) e

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), procurando atender e garantir projetos populares para o campo reivindicado pelos movimentos sociais. (BRASIL, 2013).

Criado pelo Decreto n 7.352 e lançado em março de 2012, o Pronacampo tem como propósito oferecer apoio financeiro e técnico para viabilizar políticas públicas voltadas para o campo e cujo objetivo é formar professores, educar jovens e adultos no âmbito de práticas pedagógicas que visem a diminuição da desigualdade educacional do campo sofrido ao longo de sua constituição.

Está estruturado em quatro canais de ação chamados de eixo. O Eixo I: Gestão e Práticas Pedagógicas contempla a aquisição de materiais didáticos para professores e estudantes do campo para o desenvolvimento de atividades contextualizadas articulando conteúdos curriculares, conhecimentos científicos, saberes das comunidades e a realidade do campo. Nesse eixo encontra-se o Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE e o Programa Nacional do Livro Didático – PNLD.

O Eixo II trata da formação inicial e continuada de professores, cujo objetivo é atender às necessidades específicas de funcionamento das escolas do campo e daquelas localizadas em comunidades quilombolas, apoio técnico, pedagógico e financeiro, além de promover melhoria das condições de acesso, permanência e aprendizagem em suas comunidades tendo sua materialidade de formação superior nos cursos LEdoC pelo PROCAMPO.

O terceiro eixo aborda a oferta da Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional, objetivando aumentar a escolaridade de jovens e adultos do campo disponibilizando apoio financeiro aos sistemas de ensino e promover cursos técnicos de educação profissional para trabalhadores através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) e do Programa Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec). As instituições que promoverão esses programas serão os IFs, as Escolas vinculadas às IFES, CEFET e redes estaduais.

O quarto eixo aborda a Infraestrutura Física e Tecnológica sendo um dos maiores desafios das escolas do campo na atualidade e uma das principais reivindicações dos movimentos sociais camponeses. (SANTOS; SILVA, 2016). Tem como objetivo garantir aporte financeiro para construção e manutenção de escolas do campo padronizadas, inclusão digital através da aquisição de computadores, recursos e conteúdos educacionais, água, energia elétrica e transporte escolar às escoas do campo.

Diante do quadro de atuação do PRONACAMPO, Molina e Antunes-Rocha, (2014) alertam para a diminuição do protagonismo dos movimentos sociais, e o crescimento do

agronegócio no Estado na disputa de fundos, como observado na concepção de formação profissional representado pelo Pronatec Campo. Para Santos e Silva (2016) a restrição ao protagonismo dos movimentos sociais na elaboração do programa está bem distante das políticas anteriores, o que, nesse caso, observam-se ações do agronegócio na disputa por recursos público sendo a formação profissional concebida pela agricultura industrial.

Entretanto, mesmo com as contradições desse processo, o programa tem grande avanço na ampliação das políticas de formação de educadores do campo no âmbito do PROCAMPO, estabelecendo metas de formação de educadores do campo para os três primeiros anos de sua vigência: 15 mil no ano de 2012; 15 em 2013; 15 em 2014, totalizando para esses anos 45 mil formações. Ainda assim essas demandas foram fortemente criticadas pelo FONEC, pela inclusão da oferta de formação inicial à distância para os educadores do campo nessas metas de formação.

Apesar desta relevante contradição, também a partir da pressão do Movimento da Educação do Campo, o Ministério da Educação lança então um novo Edital SESU/SETEC/SECADI nº 2/2012, porém desta vez, convocando as universidades a assumirem como desafio, tornar os cursos de Licenciatura em Educação do Campo, permanentes nas instituições. Essa medida visou não só corrigir a oferta única, característica dos editais anteriores, mas principalmente dar institucionalidade e permanência à esta proposta de formação de educadores. Uma das principais conquista do Movimento da Educação do Campo, nesta perspectiva da permanência, foi a conquista de 600 vagas de concurso docente no âmbito da educação superior para oferta destas Licenciaturas. (MOLINA e ANTUNES-ROCHA, 2014).

Apesar das contradições do Pronacampo as conquistas dessa política pública são significativas, especialmente quanto à formação de educadores do campo, ressaltando-se o esforço dos movimentos sociais e universidade que participam das reinvindicações dessa pauta. No ano de 2014 a formação a educação do campo já contava com 42 cursos permanentes para formação de educadores do campo licenciados, aptos ao trabalho docente e a organização escolar.

5 OS CAMINHOS DA PESQUISA: TRAJETÓRIA E DESENVOLVIMENTO

Esta seção tem como objetivo descrever a trajetória metodológica desta investigação cujo propósito central é compreender a relação entre as concepções de formação de professores e as práticas vivenciadas na área das Ciências da Natureza no curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Piauí.

A perspectiva de produção dos dados dessa pesquisa, visando análise da realidade formativa da LEdoC/Ciências da Natureza da UFPI, tem em sua composição as seguintes fontes: a) Documentos, Legislações, Relatórios, Pesquisas relacionadas ao tema investigado, Teses, Dissertações e Periódicos, endossando as bases teóricas da pesquisa; b) questionários para construir o perfil dos alunos da LEdoC; c) entrevistas semiestruturadas com alunos e professores, observando as interações na perspectiva do bom relacionamento e dos processos humanos de aprendizagem.

Nesta investigação, para alcance dos objetivos foram destacados três momentos para a coleta de dados: a) Análise documental; b) questionário para perfil dos alunos; e c) entrevistas semiestruturadas. A análise dos dados compreende, entrevistas semiestruturadas com professores e alunos do curso, além de questionários aplicados aos alunos.

Os sujeitos da pesquisa foram discentes e docentes da LEdoC com ênfase em Ciências da Natureza da UFPI, localizado no município de Picos, Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros (CSHNB).

Diante dos desafios desse estudo, e buscando uma análise crítica sobre a formação de professores observando a concepção dos seus atores, essa seção apresenta os seguintes tópicos: a) caracterização da pesquisa realizada, onde se justifica a abordagem teórico- metodológica utilizada, sua classificação e alcance; b) as técnicas e os instrumentos de coleta de dados, evidenciando o tipo, o alcance e o limites dos instrumentos da investigação; c) o campo da pesquisa, evidenciando as características e o tipo de instituição lócus da pesquisa; d) os sujeitos da pesquisa, explicando a participação de professores e alunos como atores do processo de construção de conhecimentos para o estudo realizado; e) e a análise dos dados, com a finalidade de fundamentar a compreensão da investigação sobre o objeto em estudo.