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O projeto político-pedagógico da escola e o ensino de História

3 PERSPECTIVAS DE AÇÃO PEDAGÓGICA

3.3 O projeto político-pedagógico da escola e o ensino de História

A proposta para essas Orientações Curriculares de História está calcada em alguns eixos norteadores: os sujeitos do processo de ensino/aprendizagem – aluno e pro- fessor; a fi nalidade do ensino médio – formação geral para a vida; competências, interdisciplinaridade e contextualização como princípios pedagógicos básicos; a identifi cação dos conceitos estruturadores da História como horizonte para a seleção e a organização dos conteúdos; a importância das atividades didáticas. Buscam-se também apontar os alicerces mais duradouros para a construção de um sistema de ensino que tenha abrangência nacional e durabilidade condizente com as necessidades do trabalho pedagógico: a experiência didático-pedagógica, que se traduz em documentos ofi ciais historicamente situados, como LDBEN e DCNEM; os organismos estaduais que assumem a operacionalização das dire- trizes mais gerais, como as Secretarias de Educação; por fi m, a escola contextua- lizada na comunidade à qual presta seus serviços educacionais. No entanto, em última análise, os elementos fundamentais do processo de ensino/aprendizagem situam-se no aluno, no professor, na escola e na comunidade. Esse conjunto de atores elabora seus planos de trabalho consubstanciado no projeto político-pe- dagógico da escola.

O primeiro passo para conseguir o planejamento escolar é a adequação – a ser realizada pelos estados da Federação – dos objetivos traçados para o ensino médio pela legislação e pelas recomendações dos órgãos federais. O projeto pe- dagógico da escola deverá estar em sintonia com o planejamento das respectivas Secretarias de Educação e ser elaborado em consonância com representantes de todos os agentes envolvidos (gestores, professores, técnicos e representações de pais e alunos).

A prática pedagógica levou à convicção de que toda e qualquer reforma que se pretenda é dependente da consciência que os dirigentes e os profi ssionais da educação têm do papel da escola e da organização de seu currículo. Segundo a LDB, Artigo 12, “os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns

e as de seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola”. A proposta pedagógica da es- cola é obra comum dos dirigentes, dos professores e da comunidade, ressaltando- se o lugar central da competência e da responsabilidade da direção da escola. Há pesquisas que apontam a relação íntima entre o ensino de qualidade ministrado na escola e a competência de seu(sua) diretor(a).

Ressalte-se ainda a importância da participação consciente dos professores na elaboração da proposta pedagógica, que integra seu plano de trabalho, elabo- rado segundo o previsto na proposta. A formação sólida dos profi ssionais que atuam no sistema de ensino é condição imprescindível para a implantação de reformas educacionais. Daí a responsabilidade das instituições que se dedicam à formação superior de historiadores-professores em estruturar propostas e práti- cas curriculares que visem ao domínio não apenas do conteúdo, das teorias e me- todologias do conhecimento histórico, mas também ao domínio das proposições teóricas e metodológicas a respeito do processo de ensino/aprendizagem da His- tória. A formação básica, constantemente realimentada pela formação perma- nente, fornecerá a consistência necessária para que os professores-historiadores desempenhem suas funções na elaboração e na execução do projeto pedagógico da escola.

Para que as reformas preconizadas nos documentos ofi ciais – LDBEM, DC- NEM, PCNEM – passem do plano dos preceitos à realidade do sistema de ensino no país, faz-se necessária uma profunda reelaboração na concepção e nas estru- turas das escolas, que supõe uma tomada de posição das autoridades educacio- nais do ponto de vista organizacional, físico-espacial, de pessoal, de laboratórios, de materiais didáticos, além de uma revisão radical na estrutura de trabalho dos profi ssionais da educação. Os princípios pedagógicos da interdisciplinaridade, da contextualização e do lugar central da formação para a vida e para o exercício da cidadania somente poderão tomar corpo e constituir impulso para um ensino de qualidade quando forem assumidos no conjunto da escola. Projetos específi cos que contemplem políticas afi rmativas de inclusão social, como as da diversidade étnica, religiosa, sexual, além da defesa do meio ambiente, poderão fazer com que a História e as demais disciplinas encontrem efetivamente um ponto de entrosa- mento que possa ser considerado consistente, e não forçado e meramente formal e legalista.

Em síntese, o que defi ne a montagem de um currículo escolar e o lugar da disciplina História, em conformidade com os princípios estabelecidos pela LD- BEN e pelas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio, é a sintonia com a

concepção de educação que embasa os princípios. A seleção dos conteúdos de História, à luz dos princípios aqui enunciados, e as estratégias didático-pedagó- gicas ao mesmo tempo em que expressam a alma do processo de ensino/aprendi- zagem, são de competência dos professores, em refl exão constante na elaboração do projeto político-pedagógico das respectivas escolas.

É nesse exercício de elaboração do saber escolar que se promove a formação contínua dos docentes. A fi nalidade das Orientações Curriculares não é estabelecer uma espécie de “currículo mínimo” de conteúdos de História para o ensino médio. O conjunto de considerações presentes neste documento tem por fi nalidade ex- plicitar a fi losofi a e os princípios educacionais inspiradores dos dispositivos legais que passaram a nortear o sistema de ensino no país e suas referências à disciplina História. São orientações que buscam auxiliar e orientar os docentes na elabora- ção dos currículos apropriados aos alunos das escolas em que atuam. Assim, essas orientações são concebidas como indicativas daquelas exigências consideradas im- prescindíveis para que o professor e a escola elaborem os currículos de História que melhor se coadunem com as necessidades de formação dos alunos de suas respec- tivas regiões e escolas, que têm perfi s e necessidades específi cas.