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CAPÍTULO 2 O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

2.1 O que é o IDEB?

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), indicador oficial de desempenho da política nacional de educação, foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). O Índice tem por intuito aferir a qualidade da educação básica brasileira e indicar os avanços no PDE, por meio do plano de metas e compromisso todos pela educação (BRASIL, 2007).

O objetivo do IDEB é indicar a qualidade da educação básica e o alcance das metas pactuadas nos termos de adesão da política nacional de educação, conforme aponta o Decreto Federal nº 6.094, de 24 de abril de 2007:

Art. 3º A qualidade da educação básica será aferida, objetivamente, com base no IDEB, calculado e divulgado periodicamente pelo INEP, a partir dos dados sobre rendimento escolar, combinados com o desempenho dos alunos, constantes do censo escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB, composto pela Avaliação Nacional da Educação Básica - ANEB e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil).

Parágrafo único. O IDEB será o indicador objetivo para a verificação do cumprimento de metas fixadas no termo de adesão ao Compromisso. (BRASIL, 2007)

O IDEB é resultado da combinação de indicadores do sistema nacional de avaliação escolar e do censo escolar: desempenho dos alunos em testes padronizados e os indicadores de fluxo, como promoção, repetência e evasão.

Segundo Fernandes (2007), o propósito do IDEB é monitorar o sistema educacional no país, diagnosticando as possíveis falhas e norteando ações políticas de melhoria para o sistema de ensino. O autor define os seguintes objetivos do IDEB:

a) detectar escolas e/ou redes de ensino cujos alunos apresentem baixa performance em termos de rendimento e proficiência;

b) monitorar a evolução temporal do desempenho dos alunos dessas escolas e/ou redes de ensino. (FERNANDES, 2007, p. 8)

Com isso, o IDEB é um dos parâmetros utilizados pelo MEC para avaliar as metas propostas no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), especificadamente no Plano de Metas e Compromissos Todos Pela Educação, com vistas a alcançar um salto qualitativo na política educacional, tendo como base a avaliação e a responsabilização.

A tendência brasileira na adoção dos indicadores de desempenho para medir o alcance das políticas públicas está baseada na experiência de países desenvolvidos, como aquelas observadas no Reino Unido na década de 80, e por sugestão de organismos internacionais de investimentos como o BIRD, o Fundo Monetário Internacional e a OCDE.

Para Januzzi (2003), os índices ou indicadores são recursos metodológicos que informam algo sobre algum aspecto da realidade social, ou seja, é a representação simbólica de mudanças no mundo concreto. Assim, a avaliação do IDEB relaciona-se com a ideia da responsabilização e prestação de contas aos atores envolvidos na educação.

Fernandes (2009) aponta que na lógica do IDEB, a responsabilidade é motivada por incentivos que podem ter, ou não, prêmios ou punições atrelados aos resultados e pela divulgação dos resultados alcançados pelas escolas e sistema de ensino, contribuindo dessa forma para o estabelecimento de rankings e para o estímulo à competitividade entre as unidades escolares. Ou seja, a intencionalidade do IDEB para a educação pública está adstrita aos enunciados mercadológicos, tais como, competição e bonificações, na qual, há perdedores e ganhadores. Sendo que cada um desses jogadores (os que irão ganhar e outros que perderão) conhecem as regras e saberão as razões porque ganharam ou perderam.

O grupo de jogadores que compõem o quadro do índice está em cada uma das escolas públicas de ensino básico do país e para o resultado o que vale é o desempenho individual de cada aluno. Ou seja, o desempenho de cada aluno forma o IDEB da escola; a junção do desempenho de cada escola representa o IDEB da rede (estadual, municipal ou federal); a soma das redes estaduais e municipais formam o IDEB do estado; e finalmente o IDEB nacional é obtido a partir do desempenho de cada estado e do distrito federal.

O IDEB, enquanto índice oficial para aferição dos resultados da política pública de qualidade na educação trata de representar, numericamente, as mudanças reais ocorridas nessa política em confronto com os objetivos pré-estabelecidos para a política educacional, no intuito de avaliá-la e legitimá-la junto aos diversos atores sociais e a sociedade contribuinte, portanto, atua como avaliador da política pública de elevação de qualidade na educação básica.

Deste modo, o IDEB indica os resultados (avanços ou retrocessos) da política educacional a partir dos resultados de cada escola, permitindo aos diversos atores sociais o acompanhamento do desempenho de cada unidade escolar ou rede de ensino. O cerne do IDEB, enquanto indicador numérico, é permitir que o MEC avalie todas as escolas do país, a partir de um único padrão e critério. Ou seja, trata-se de um indicador que desconsidera qualquer peculiaridade local, mas observa a evolução da política pública em um contexto geral, logo, externo às instituições escolares, essas representam apenas o contexto operacional ou administrativo da política pública.

As avaliações externas como forma de “medir” o nível de qualidade da educação brasileira se tornaram uma constante a partir da década de 1990, em decorrência

principalmente de um novo modelo de gerenciamento do Estado, da reestruturação capitalista e das novas exigências advindas de um novo paradigma social chamado de “sociedade da informação e do conhecimento”, em que a exigência do aprender a aprender, aprender a conviver, aprender a fazer e aprender a ser, tornaram-se as ferramentas mais importantes para o desenvolvimento econômico de um país e para o individuo lograr êxito profissional (DELORS, 2001).

Para Januzzi (2003) a crescente tendência na adoção dos índices, como o IDEB, é pautada pelo interesse dos governos em prestar contas aos cidadãos contribuintes, não apenas pela função de alocação, legitimação e informação, mas por estar relacionada a questões de efetividade, eficiência, accountability e desempenho de governo.

Assim, o IDEB é uma ferramenta idealizada para indicar aos gestores, formuladores e implementadores de programas e políticas educacionais a situação de cada unidade escolar, identificando êxitos e superando pontos de estrangulamento e método de prestação de contas para a sociedade contribuinte, indicando o desempenho da política educacional no que diz respeito ao Plano de Metas e Compromissos Todos Pela Educação, conforme Decreto 6.094 de 2007. Contudo, embora a estrutura normativa nomeie o IDEB como indicador de qualidade em educação, ele não o é, apenas possui efeito simbólico nesse sentido. Pois, a educação é um processo complexo, na qual a aplicação das mesmas medidas das políticas públicas é ineficiente. Desse modo, compreender a qualidade na educação requer políticas avaliativas de longo prazo, associadas a medidas que incentive o avanço social equitativo, distribuição de renda e empatia política.