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O que se Apresenta na Exposição Individual: Desenhos, Fotografias,

CAPÍTULO II REFLEXÕES ACERCA DE UMA PESQUISA EM ARTES VISUAIS:

2.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA ORIGEM DA PESQUISA

2.1.7 O que se Apresenta na Exposição Individual: Desenhos, Fotografias,

Imagem 10: Série de desenhos de borboleta em lápis de cor e folhas A4 (2010)

No processo de criação dos desenhos de borboletas estão inseridas características fortes, principalmente na Série de Borboletas que demonstram liberdade nas expressões. Essa Série é composta de vários desenhos com diferentes materiais, como lápis de cor, lápis aquarela, giz de cera, tinta e outros. Em cada desenho, colocava-se o desafio de explorar as possibilidades plásticas das formas das borboletas, buscando a expressividade, fluência, ritmo e movimento no tratamento colorístico. Isso se deu através da exploração de materiais. Esse trabalho teve início no Ateliê II ministrado pela professora Rosana Silva em que se objetivava explorar a forma de desenho e a criação artística da borboleta.

Expressava-se o que se estava sentindo naquele momento de criação dos desenhos, pois as cores vão surgindo por necessidade em relação aos sentimentos e, com isso, se materializavam ideias através do desenho; conquistando novos movimentos e silhuetas. Quase que nem criança que quer contar algo de si mesma, e, também, para os outros. Muitas vezes, alegre e entusiasmada no que estava criando, outras vezes, confusa e indecisa, sem rumo, pois desejava mais qualidade no que estava criando; quando o cansaço desmotivava, por não conseguir o ideal que queria, vinha lá do fundo a vontade de vencer e conseguir finalizar o trabalho.

Nessa Série foram realizados em torno de vinte desenhos explorando a figura da borboleta, conforme ilustram as fotografias.

Imagem 11: Detalhe dos desenhos de borboleta em lápis de cor e folhas A4

Ao estudar sobre borboletas e observar suas particularidades enquanto elemento da natureza foi inevitável se deparar com o conceito de metamorfose, por que esse é um processo inerente à vida delas. Pesquisando o conceito de metamorfose, conheci a música de Raul Seixas: “Metamorfose Ambulante”. Essa música ampliou a compreensão sobre o conceito e seus infinitos significados. Foi ouvindo essa música que consegui me acalmar e, com isso, me achei nos desenhos, me soltei, me transformei, mas como sempre, a borboleta no centro de minhas atenções.

Passei a me dar conta que para criar dependia do dia, ou melhor, do meu estado emocional, pois vemos claramente que estão expressos meus sentimentos através dos trabalhos, nos dão uma visão simultânea dos acontecimentos, pois era a visão do pensamento poético que estava comigo naquele momento. As cores demonstravam como estavam os meus dias, as horas, os segundos em que estava

vivendo. Expressando os meus sentimentos, características e razões de estar criando com liberdade, que sempre estavam em jogo nos meus trabalhos de pesquisa.

Quando analiso esses desenhos percebo que construí um conjunto de representações que possuem unidade plástica e explicitam o esforço em potencializar os materiais e a figura em questão. Nesses desenhos consigo encontrar clareza nos movimentos soltos e bem expressivos. Em alguns, percebo tranquilidade e leveza em algumas borboletas, envolvendo a memória e o imaginário de meus sonhos.

Imagem 12: Interferência com tecido, panos de seda com bordados de linhas e transferências de imagens borboletas.

Medida: 2 x 1,2 cm x 1,6 cm cada um (2010)

A interferência com o tecido de seda bordado, criado no componente de Ateliê III sob orientação da professora Salète Protti, foi incorporado na mostra para recuperar a origem do tema da pesquisa. Esse trabalho fez parte de uma investigação acadêmica, realizada com o objetivo de ampliar os meus conhecimentos sobre casulos e borboletas que foram confeccionados com a

finalidade de possibilitar as pessoas uma visão da beleza existente na natureza, especialmente as formas.

Realizar os desenhos no tecido com bordados foi um processo de construção e reconstrução plástica e incorporação de outros procedimentos de desenho e técnica, pois existe uma grande diferença em desenhar no papel ou no tecido. Um exemplo dessa diferença diz respeito à relação com o material e o suporte, porque o desenho de lápis no papel a mão desliza melhor, já no tecido, a agulha é que desliza antes da mão devido a seda ser lisa.

A criação dos desenhos no pano foi mais livre e espontânea, porque aí entrava o jogo do pensar e do fazer de modo mais lúdico e criativo. Na relação entre a pintura em tecido e as borboletas no pano de seda, desejava um diálogo plástico e também a percepção de diferentes momentos da pesquisa, expressando minhas características plásticas nos tecidos e nas formas dos desenhos e seus movimentos. Na exposição individual o tecido de seda bordado foi incorporado como uma interferência artística estabelecendo um diálogo, uma espécie de memória do processo com os demais trabalhos.

Imagem 13: Detalhe da transferência de imagens e bordado com linha

Este trabalho consiste em desenhos criados com movimentos trazendo consigo histórias, memórias direto no pano com linhas coloridas e agulha, sem

preocupação com a estética e sim com liberdade de expressão do modo em que estava pensando e sentindo no momento de criação e criatividade.

Nele, encontram-se transferências de imagens de borboletas que eu fotografei, dando sensação que elas deixaram suas marcas de pouso no tecido. Na exposição final ele vem como elemento de ligação entre os diferentes trabalhos realizados ao longo dos ateliês.

Imagem 14: Pintura tridimensional: borboletas de seda e naturais em fibra sintética

Este trabalho estamos denominando de pintura tridimensional e, se assemelha a um painel. Apresenta borboletas brancas de papel de seda com algumas borboletas desidratadas. Na mostra individual foi colocado na parede (já na mostra coletiva, veio ao chão como interferência) e contém o tamanho de 1,8 cm x 2,8 m, foi construído com fibra industrial e colagem de borboleta de papel seda em diálogo com algumas borboletas naturais. Esse trabalho exigiu muitas horas na produção das borboletas sendo impossível quantificá-las.

Na pintura tridimensional com borboletas encontramos acumulações de borboletas de papel seda, com pequenas variações de tamanho, intercaladas com algumas borboletas reais que havia guardado durante a pesquisa. Nele predomina o

branco do papel de seda, por vezes, interrompido pela borboleta e suas variações colorísticas. Aqui temos um trocadilho entre representação de borboleta e a borboleta real. Nessa pintura exploramos o conceito de pintura tridimensional, bastante usado na arte contemporânea como, por exemplo, em algumas obras do artista brasileiro Nuno Ramos. Contemporaneamente o conceito de pintura se expandiu e com isso, podemos pintar com diferentes materiais, tais como, plástico, sangue, alimentos, tecidos e também com a imaterialidade da luz.

Imagem 15: Detalhe da pintura tridimensional de fibra industrial sintética com borboletas de papel seda e borboletas desidratadas.

Medida: 2,80 x 1,80 cm (2011)

Além do encanto das cores, outro aspecto que podemos ressaltar é a delicadeza que a borboleta nos proporciona, seja através dos seus movimentos/textura, sua estrutura, estabelece um contraponto entre a delicadeza da borboleta e a grandiosidade do espaço, ou seja, um suspiro poético em meio ao ambiente.

Essa pintura tridimensional se impôs no ambiente e passou a ganhar um destaque pela força expressiva de seus materiais e tamanho. Ela proporcionava uma

tranquilidade, uma calmaria, possibilitando a introspecção. Essa pintura nos mostra tudo e mais um pouco, olhando para ela podemos viajar por um mundo de fantasias, as pessoas entendem e conseguem perceber o processo de criação a partir dela, pois encontramos delicadeza, leveza, transparência, movimento e maciez, tudo o que não encontramos nos quadros dos casulos, que já sofreram transformações do processo de criação e que causam estranheza.

Foi um percurso sensível e intelectual de construção de objetivos claros e específicos, com muita criação e estudo em direção aos objetivos de uma proposta artística.

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