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O ATOR CRIADOR E A SOCIEDADE PEDAGOGIZADA

3.4 O símbolo como impulso

Na tese de doutorado de Tatiana Motta Lima já citada, a pesquisadora examina os termos cunhados pelo artista em seu contexto e em sua materialidade, revelando as transformações de sentido que cada palavra sofreu ao longo dos anos. De acordo com Tatiana, essas alterações aconteciam porque Grotowski era, primeiramente, um pesquisador dotado de extrema autocrítica. Por meio do experimento prático, revia seus

126DURAND, Gilbert. A imaginação simbólica. Lisboa: Edições 70, 1995, p.12. Tradução: Carlos

110 procedimentos e, se preciso, tomava novos caminhos, alterando a prática, mas, muitas vezes, mantendo a terminologia.

A obra de Grotowski é permeada por termos como signo, arquétipo, mito. Já o termo símbolo é relativamente pouco utilizado por ele e geralmente empregado como sinônimo de signo. No espetáculo Shakuntala, por exemplo,

fica evidente que o signo é o símbolo que perdeu polivalência. “Despojando-se o símbolo tende a tornar signo, tende a emigrar do semantismo para o

semiologismo”, conforme explicação de Gilbert Durand,127

que exemplifica: “o arquétipo da roda dá o simbolismo da cruz, que ele próprio se transforma no simples sinal da cruz utilizado na adição e na multiplicação, simples sigla ou simples algoritmo perdido entre os signos arbitrários do alfabeto.128

No espetáculo Shakuntala, buscou-se a reprodução de signos

sonoros e corporais que pudessem ser fixados em uma partitura, no intuito de

trazer à cena códigos alfabéticos do teatro ocidental.

Tínhamos feito um espetáculo, Shakuntala de Kalidasa, em que tínhamos investigado a possibilidade de criar os signos no teatro europeu. Fizemos isso com uma intenção não desprovida de malícia: queríamos criar um espetáculo que desse uma imagem do teatro oriental, não autêntica, mas como imaginam os europeus. Portanto era um retrato irônico das representações do Oriente, como algo de misterioso, enigmático, etc. Mas sob o signo dessas pesquisas irônicas voltadas contra o espectador, estava um propósito escondido - a aspiração de descobrir um sistema de signos adaptados ao nosso teatro, à nossa civilização. Nós o fizemos: o espetáculo era efetivamente construído com pequenos signos gestuais e vocais.129

Grotowski relata que o resultado do espetáculo foi uma conjunção de

inúmeros clichês gestuais, “uma transposição irônica de cada possível estereótipo” evidenciando que a busca por signos não era o caminho, pois levava ao lugar-comum. O processo do espetáculo gerou dois aspectos

127DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário: introdução a arquetipologia geral. São

Paulo: Martins Fontes, 2002. Tradução: Hélder Godinho (Coleção Biblioteca Universal), p.62.

128Idem, ibid.

129

GROTOWSKI, Jerzy. [out,1968] Teatro e Ritual. In: O Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski 1959-

111 importantes na pesquisa. Em primeiro lugar, o treinamento130 que surge da necessidade de busca pelos signos vocais. Em segundo lugar, a busca pelo signo levou Grotowski à conclusão de que, para evitar os estereótipos, é preciso liberar os símbolos do processo orgânico do humano. Ou seja, o símbolo presente nas ações emerge do ator e não é dado a priori.

Grotowski parte em direção às pesquisas no âmbito das reações humanas orgânicas e, consequentemente, às pesquisas a respeito da arte do

ator. Grotowski passou a reunir o “interior do ator” a “expressividade do ator”,

aspectos que até então compreendia separadamente. Esta é também uma transição da via artificial para a do ator santo131, momento em que há uma tentativa de soma das técnicas cênicas e do trabalho espiritual do ator, que comporá o sentido de treinamento pelo qual Grotowski ficou mundialmente famoso.

É bastante conhecida a relação entre o trabalho do ator Ryszard Cieslak, em o Príncipe Constante, com a memória de seu primeiro amor sensual, reverberando naquilo que Grotowski nomeou como “organicidade”.

Foi a descoberta, dentro do Teatro Laboratório (TL) de uma nova abordagem, de uma nova relação - diferente daquela que operava até então - com o corpo, com o outro e com o mundo.

Flaszen, em entrevista concedida em 1977, chegou mesmo a afirmar

que “a primeira aceitação da natureza-corpo-fisiológica apareceu [no Teatro laboratório] em O Príncipe Constante com Cieslak. Até então, tudo que tinha a ver com natureza e corpo era deformado [...].132 Cumpre, agora, ver o que essa noção de organicidade ou de consciência orgânica – fortemente ligada a memória – trouxe ao trabalho do T.L. E talvez o ponto mais importante tenha sido exatamente aquela aceitação do corpo, a possibilidade de experimentar o corpo como não dissociado da psique, da mente, do

130

O treinamento em Shakuntala era ainda somático e voltado exclusivamente para as necessidades do espetáculo. O ator deveria adquirir técnicas, criar um conjunto de signos alfabéticos, reconstruindo seu corpo, como se este não fosse expressivo. Tatiana Motta Lima menciona uma negação do corpo, que após a montagem do Príncipe Constante entra em declínio.

131A expressão “ator santo” refere-se ao ator capaz de superar a si mesmo como um mágico, um

feiticeiro. Com o surgimento do termo ato-total mais associado à ideia de organicidade, Grotowski deixou de utilizar a expressão, mais atrelada a determinados parâmetros de ação e menos a ideias de contato e organicidade. No primeiro caso, algo utópico e mais metafísico, no segundo caso, bastante concreto.

132 Flaszen apud Tatiana Motta Lima Les Mots Pratiqués: relação entre terminologia e prática no

percurso artístico de Jerzy Grotowski entre os anos 1959 e 1974. Rio de Janeiro, 2009. Tese (Doutorado em Artes Cênicas) - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UNIRIO.

112

espírito; tenha sido também a possibilidade de fugir da introspecção (e da consequente separação entre interno e externo).133

A busca por signos alfabéticos expressos no corpo e na voz em prol de um teatro ritual conduziu Grotowski do foco da encenação - busca por

signos e gestos para os processos psicofísicos do ator, o que gerou “a primeira

aceitação da natureza-corpo-fisiológica”, ou seja, a aceitação do corpo não

dissociado entre “interno e externo”, “mente e materialidade”, conforme

descrição de Flaszen.

Consequentemente, houve uma transição da concepção de signo, atrelada a uma construção realizada a priori (gestos e composição alfabética), para aquilo que é suscitado pelo ator, dando vazão para que a ação transcorra organicamente. Em relação aos signos alfabéticos, os mitos e arquétipos da cultura relacionados aos signos são dados a priori, por meio do texto e da encenação. No segundo caso, os signos emergem do ator permeado por seu imaginário coletivo (presentes na sua memória e cultura), além de seus mitos e arquétipos pessoais.

Com a aceitação da “natureza-corpo-fisiológica”, o signo passa a ser menos uma imagem exteriorizada e mais um impulso, que só se configura como símbolo quando, no ato do ator, ocorre o encontro desses elementos inteiramente, ou seja, por meio da organicidade: Tatiana Motta Lima esclarece essa mudança:

A noção de signo foi se misturando, cada vez mais, com uma nova

noção, aquela de impulso. O signo era apresentado, certas vezes, como par do impulso, como uma organização externa que aparecia quando se agudizava e, ao mesmo tempo, se organizava o processo

interno. Os impulsos eram, nesse momento, interiores, espirituais

e/ou psíquicos. E o signo aparecia como a face externa, corporal, material, ideoplástica desse impulso. O termo signo foi também, algumas vezes, apresentado como sinônimo de impulso, os signos buscados sendo os próprios impulsos espirituais.

Já por volta de 1966/67, Grotowski deixou de se referir a signo quando falava do trabalho mais fundamental realizado por seu ator.

133LIMA, Tatiana Motta. Experimentar a memória ou experimentar-se na memória. Disponível em:

revistasalapreta.com.br/index.php/salapreta/article/download/289/288. Acesso em 1º de fevereiro de 2012.

113

Utilizava, sobretudo, a noção de impulso, agora não mais adjetivada.134

É possível pensar que a noção de signo foi substituída pela de impulso na medida em que a própria ação do ator deixa de ser meramente interior ou exterior, tornando-se indivisa. Por meio da organicidade, o corpo do ator deixa de ser dentro e fora para ser um organismo em ação, puro impulso.

Relação semelhante sofrerá o entendimento de mito e de arquétipo. Inicialmente vinculados ao texto, à personagem e, portanto, compreendidos a

priori, passam a ser parte do processo de encontro do ator consigo mesmo, “com suas verdades mais profundas” ou com aquele espaço dentro de si que Roberto Bacci denominou “zona de risco”.

Paulatinamente, a expressão “encarnar o mito” também sofreu

transformação, já que o mito não está além - no texto, na personagem - mas reside no próprio ator e nas suas zonas de risco. Lima discorre sobre a memória em Grotowski apontando indícios que nos levam a crer que também os mitos e arquétipos pessoais estão correlacionados a uma memória selvagem e a busca por um “si mesmo” desconhecido:

[...] rememorar é para o ator, um avizinhar-se de recursos inexplorados. O trabalho realizado com as lembranças íntimas dos atores só tinha importância se as lembranças trabalhadas se apresentassem como desafios: se guardassem, para o ator, segredos importantes dos quais ele pudesse penetrar e conhecer (sempre através do contato)135.

No trabalho com as lembranças estava implícita a idéia de auto- pesquisa e de risco, ideias nucleares para pensarmos o trabalho do ator no Teatro Laboratório. Grotowski acreditava que o trabalho do ator só se realizava quando estava voltado para a busca do

“desconhecido dentro de nós.”136

134 LIMA, Tatiana Motta. Les Mots Pratiqués: relação entre terminologia e prática no percurso

artístico de Jerzy Grotowski entre os anos 1959 e 1974. Rio de Janeiro, 2009. Tese (Doutorado em Artes Cênicas) - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UNIRIO, p. 99.

135O conceito-prático de contato está atrelado à ideia de organicidade. O contato é o encontro com um

outro e com o espaço que permite que o ator viva em relação a algo e alguém, evitando a introspecção e

a separação entre corpo e memória. Por meio do contato “o ator começa a usar os outros como tela para

o companheiro de sua vida, começa a projetar coisas sobre as personagens da peça”. GROTOWSKI, J. O Encontro Americano, em busca de um teatro pobre. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987, p.203 136“Este desconhecido dentro de nós” não é um “eu” privado, mas justamente um eu que retorna para a

coletividade, pois é também arquétipo de uma cultura ou sociedade. LIMA, Tatiana Motta. Les Mots Pratiqués: relação entre terminologia e prática no percurso artístico de Jerzy Grotowski entre os

114 A definição desse conceito-prático que está intimamente relacionado

ao “desconhecido dentro de nós”, “ao adentrar na floresta de símbolos” ou ainda “as zonas de risco do ator”, de acordo com Grotowski, Eugenio Barba e

Roberto Bacci, respectivamente, é fundamental para entender o impulso em

Grotowski, pois ele se caracteriza por meio das ações de “importância capital”.

Acredito que só se configuram neste locus as ações que estão intimamente

relacionadas às “zonas de risco do ator” e, portanto, ao sujeito ator.

Grotowski afirmava que os exercícios, com exceção das

improvisações, devem constituir “uma partitura de detalhes fixados”, porém

quando se desempenha um papel, ele acreditava que este era constituído não mais de detalhes, mas por símbolos. Ele discorre sobre o símbolo em O

discurso de Skara, texto de 1966:

Não quero explicar agora o que é um símbolo137. Em última análise, trata-se de uma reação humana, purificada de todos os

fragmentos, de todos os outros detalhes que não sejam de importância capital. O símbolo é o impulso claro, o impulso puro. As ações dos atores são, para nós, símbolos. Se se deseja uma

definição clara, deve-se pensar no que eu disse anteriormente: quando não percebo, isto significa que não existem símbolos. Eu

disse “percebo”, e não “compreendo” porque compreender é uma

função do cérebro. [...] afeta outras associações, outras partes do corpo. Mas, se eu percebo, isto significa que houve símbolos. O teste de um impulso verdadeiro é se acredito nele ou não.138

A citação de Grotowski revela que as ações dos atores são

entendidas como símbolos; não qualquer ação, mas aquelas de “importância

capital” e que de alguma maneira estão relacionadas às zonas de risco, aos

anos 1959 e 1974. Rio de Janeiro, 2009. Tese (Doutorado em Artes Cênicas) - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UNIRIO, p. 06.

137

Grotowski, ao explicar sua noção de símbolo, afastou-a dos símbolos hieroglíficos do teatro oriental. Dizia que, no teatro oriental, os símbolos eram “inflexíveis, como o alfabeto”, mas que, no seu trabalho, eles eram a “articulação da psicofisiologia particular do ator”. GROTOWSKI, Jerzy. Em busca de um teatro pobre. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987.Tradução: Aldomar Conrado. p.193. Em outra

passagem do mesmo texto, o termo “símbolo” foi empregado como quase sinônimo de “impulso”.

Grotowski apud LIMA, Tatiana Motta. Op. cit.

138

GROTOWSKI, Jerzy. Em Busca de um Teatro Pobre. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 3 ed., 1987. p.200. Tradução: Aldomar Conrado. Texto apresentado no Encontro Americano de 1967.

115 impulsos que do ator emergem, advindos do desconhecido. Sobre o risco discorre Grotowski no texto O Encontro Americano, de 1967:

Outro fato muito importante para a ética criativa é correr riscos. A fim de criar, devemos cada vez, correr todos os riscos do fracasso. Isto significa que não podemos repetir um velho caminho familiar. Na primeira vez que empreendemos um caminho, há uma penetração para dentro do desconhecido, um processo solene de busca, estudo e confronto, que evoca uma radiação especial resultante da contradição.139

Esta “penetração para dentro do desconhecido” não é jamais

introspectiva, ensimesmada, ou uma busca a um símbolo já declarado, uma memória já captada. A penetração se dá por meio de

minhas associações, minhas recordações-chave - reconhecê-las não através do pensamento, mas dos meus impulsos corporais; tornar-me consciente deles, dominá-los e organizá-los, e descobrir se são mais fortes agora do que eram quando sem forma.140

Sendo assim, a penetração no desconhecido se dá por meio do contato com o espaço, com os espectadores (ou testemunhas)141 e com “um

outro eu que não sou eu.”

Quando o ator começa a trabalhar através do contato, quando começa a viver em relação a alguém - não ao seu comportamento de palco, mas ao companheiro de sua própria biografia - quando começa a penetrar no estudo dos impulsos, a relação desse contato, desse processo de troca, há sempre um renascimento do ator. 142

O símbolo, nesse caso, é o encontro dos impulsos advindos do

“companheiro da própria biografia do ator”, associados às “ações de importância capital”. E, em ambos os casos, há um elemento desconhecido e,

139

Idem, p.200.

140

Idem, p.201.

141Grotowski descreve a testemunha como alguém que observa o ato total do ator, participando

emocionalmente do ato. Entendo que o “ato total do ator” como o seu completo desnudar-se, momento de ativação as zonas de vibração mais vivas de seu interior por meio de um processo de revelação que é por

natureza orgânico, ou seja, de acordo com o que Grotowski nomeou de “organicidade”. Assim, quando Grotowski trata da testemunha, refere-se a um momento em que o foco de interesse está no trabalho do ator, nos seus processos de autorrevelação, e não mais naquele que assiste ao espetáculo. Após o

Príncipe Constante, com a mudança do foco dos espectadores para o trabalho do ator, Grotowski não se

refere mais ao público como espectador, mas sim como testemunha, observou Tatiana Motta Lima.

142GROTOWSKI, Jerzy. Em Busca de um Teatro Pobre. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987, 3 ed,

116 portanto, de risco.143 Para apreender melhor essa relação, voltemos a Grotowski e ao que ele entendeu por cada um desses conceitos.

O “companheiro da própria biografia do ator” de que fala Grotowski é o companheiro imaginário, descrito no texto o Discurso de Skara, como aquele que deve ser fixado no espaço a fim de que as reações do ator partam em sua direção ao mesmo tempo em que o impede de se movimentar em direção a um

“narcisismo emocional” ou “tensão”, garantindo que estabeleça contato direto com um “outro”.

Após a incorporação dos conceitos de contato e organicidade, o ator passa a ser o centro do espetáculo e, portanto, produtor de uma dramaturgia. Assim, pode-se dizer que as ações de importância capital são aquelas que submergem de maneira orgânica, em associação a um texto ou em oposição a ele, mas que não foram estabelecidas a priori, como acontecia antes da montagem de o Príncipe constante. Desse encontro ocorre uma vibração gerada pela comunhão, choque ou fricção entre texto (mito, arquétipo, personagem) e ator (associações pessoais, memória, medos, etc). Sobre o objetivo do trabalho do ator, Grotowski afirmava: “pare com a trapaça e encontre os impulsos autênticos. O objetivo é o de um encontro entre texto e

ator”.144

Se essa relação entre texto e ator passar pelo teste – “eu percebo”, houve símbolo. Se conseguir superar o “eu acredito” houve impulso verdadeiro, ou seja, o símbolo configurou-se no espaço por meio do “organismo do ator em

ação”.

Parece-me então que Grotowski pouco utilizava o termo “símbolo” porque este poderia remeter a um desenho fixo inserido no espaço (seja um signo alfabético, visual, corporal, enfim, um elemento cenográfico). Na trajetória

143 Grotowski acreditava que o ator não pode esconder suas questões pessoais essenciais, ainda que se

tratassem de “pecados”, os quais chamava de “tentações”, pois seriam a chave de entrada para um ciclo de associações: “o processo criativo consiste, no entanto, em não apenas nos revelarmos, mas na estruturação do que é revelado”. GROTOWSKI, Jerzy. Em Busca de um Teatro Pobre. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987, 3 ed, p.200. Tradução: Aldomar Conrado.

144GROTOWSKI, Jerzy. Em Busca de um Teatro Pobre. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987, 3 ed,

117 de Grotowski, porém, cada vez mais a ideia de símbolo caminha para uma

forma que imagino e gosto de nomear de “plasmática”. A forma plasmática é

feita de uma matéria líquida, disforme, apresentando, porém, alguma membrana lhe dá desenho. No encontro com as ações orgânicas do ator, o líquido adquire sua membrana que lhe dá contornos claros: o símbolo. Neste caso, não é o contorno que remete ao contexto, mas, contrariamente, o contexto emerge por meio de contornos advindos do corpo do ator, de suas ações.

A forma plasmática é líquida e pode ser compreendida como tal apenas quando inserida em um espaço por meio do corpo do ator que lhe confere desenhos, pois é do contato entre ator e espaço que se configura símbolo, articulação da sua psicofisiologia particular.

3.5 Símbolos e perguntas fundamentais como elementos