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4. ANÁLISE DE RESULTADOS

4.3. O segmento de Danos & Responsabilidades

O segmento de Danos & Responsabilidades tem apresentado bons resultados nos últimos 5 anos. De R$ 60,1 bilhões em 2015 cresceu para R$ 73,9 bilhões em prêmios arrecadados no ano de 2019. Entre 2015 e 2019, resultou em um crescimento médio anual de 4%. A expectativa da CNSeg ao final de 2019 era a de que este segmento continuasse a crescer de acordo com seu passado (4%).

O total de prêmios arrecadados em 2020 foi de R$ 78,3 bilhões, 6% acima do total arrecadado no ano anterior. Isto é, os ramos de Danos & Responsabilidade cresceram acima do que o mercado esperava para o ano pandêmico. Por ser um segmento com diferentes ramos, os quais englobam diferentes setores da economia brasileira, é possível notar uma espécie de balanço entre as altas e baixas arrecadações dentro do segmento. A particularidade e a interrelação dos ramos serão abordadas mais adiante. O Gráfico 6 abaixo demonstra a evolução anual na arrecadação de prêmios entre 2015 e 2020.

Gráfico 6 - Evolução anual da arrecadação de prêmios do segmento de Danos & Responsabilidades entre 2015 e 2020, em bilhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Em relação a sazonalidade do volume de arrecadações de prêmios, é possível notar que o mês de fevereiro em todo o período foi o mês que menos arrecadou em prêmios. Diferente do ocorrido no segmento de Saúde Suplementar, o segmento de Danos & Responsabilidades não sofreu grande perda de arrecadação nos meses iniciais da pandemia. Mesmo sendo o mês com menor volume de arrecadação, o mês de fevereiro apresenta crescimento no montante total mensal durante todo o período, em média, 5% a.a.

Já analisando o mês com maior volume de arrecadações, não é possível notar uma constância sazonal. Entre 2015 e 2017, e separadamente, em 2020, o mês de dezembro apresentou ser o mês com maior volume de arrecadação anual. Todavia, em 2018 e 2019, o mês de julho apresenta esta última característica. Ao analisar este último mês em 2018 e 2019, se observa um crescimento expressivo dos ramos de Garantia Estendida e “Outros”. Não coube analisar mais afundo explicações sobre estes eventos particulares em 2018 e 2019 nesta pesquisa.

Em relação a participação dos ramos neste segmento, observa-se que não houve mudanças bruscas de domínio, sendo o ramo de Automóveis líder deste segmento, e o ramo de Marítimos e Aeronáuticos o que menos arrecada em prêmios. Interessante observar que o ramo de Automóveis, mesmo predominando neste segmento em todo período, vem diminuindo sua participação no volume total arrecadado ano a ano e, portanto, conclui-se uma maior participação e protagonismo de outros ramos que compõe este segmento, como os ramos Patrimonial e Rural. O Gráfico 7 abaixo apresenta estas constatações.

60,1 60,9 64,9

70,1 73,9

78,3

2015 2016 2017 2018 2019 2020

Gráfico 7 - Evolução anual da participação dos ramos na arrecadação de prêmios do segmento de Danos & Responsabilidades, entre 2015 e 2020

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Para análise particular dos ramos deste segmento, primeiro, foi observado o desempenho que este ramo apresentou entre 2015 a 2019. Após, foi abordado na pesquisa a expectativa de crescimento que o mercado apresentava ao final de 2019. Em seguida, foi observado o montante total arrecadado em 2020 por este ramo, e se este era menor, igual ou maior do total arrecadado no ano anterior. Por fim, foi calculado o crescimento deste ramo entre 2019 e 2020, e se este ramo acompanhou o crescimento que vinha apresentando nos últimos 5 anos. Abaixo, é apresenta tabela com os resultados destas últimas análises realizadas, por ramo.

Tabela 1 – Resultados de análises dos ramos de Danos & Responsabilidades entre 2015 e 2020

Ramos CAGR 15-19 Projeção CNSeg 19 Prêmio 20 Comparativo 19-20 ∆ 19-20 Comparativo CAGR 15-19 Automóvel 2% a.a. 2% R$ 35,2 bi Menor - 2% Decresceu Patrimonial 6% a.a. - R$ 14,6 bi Maior + 10% Cresceu Rural 10% a.a. 10% R$ 6,9 bi Maior + 30% Cresceu Crédito e Garantia 11% a.a. - R$ 5,3 bi Maior + 18% Cresceu Habitacional 6% a.a. 0,4% R$ 4,5 bi Maior + 8% Cresceu Transportes 6% a.a. - R$ 3,4 bi Menor - 0,4% Decresceu Garantia Estendida 2% a.a. - R$ 3,0 bi Menor - 6% Decresceu Responsabilidade Civil 7% a.a. - R$ 2,6 bi Maior + 23% Cresceu Marítimos e Aero. 0,4% a.a. - R$ 1,2 bi Maior + 44% Cresceu Outros 2% a.a. - R$ 1,6 bi Maior + 53% Cresceu Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

54% 52% 52% 51% 49% 45% 16% 17% 17% 17% 18% 19% 5% 6% 6% 7% 7% 9% 5% 5% 6% 6% 6% 7% 5% 6% 6% 5% 6% 6% 14% 14% 13% 14% 14% 15% 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Como já abordado anteriormente, Automóvel foi o ramo que apresentou um maior volume de arrecadação de prêmios em todo o período no segmento. Vale destacar os altos e baixos que este ramo apresentou no ano de 2020. Nota-se uma queda acentuada nos meses de abril e maio quando comparado ao ano de 2019, sendo -16% e -18%, respectivamente. Tais quedas são reflexo das medidas iniciais da pandemia a fim de restringi a circulação de pessoas, impactando na mobilidade da população e, portanto, a utilização de qualquer veículo de locomoção. Em meio a este novo cenário, de acordo com a CNSeg, foi observado, ainda que em menor escala, uma ação voluntária de seguradoras em oferecer descontos nas renovações de apólices a fim de amparar a saúde financeira de seus segurados e evitar o cancelamento de contratos em massa.

É possível notar um crescimento neste ramo no segundo semestre, ainda que pequeno, com a reabertura da economia, e alta nas vendas de novos veículos. De acordo com a Fenabrave, o mês de novembro apresentou a maior alta de novos emplacamentos do ano, cerca de 177 mil novos automóveis. O Gráfico 8 abaixo apresenta a evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Automóvel em 2019 e 2020.

Gráfico 8 – Evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Automóvel entre 2019 e 2020, em bilhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Há expectativa de que este ramo retome patamares pré-pandemia, e venha ainda crescer o volume total arrecadado no futuro. Isso porque a pandemia trouxe incertezas quanto a escolha do transporte público como principal meio de locomoção com o receio de contrair não só a Covid-19, bem como novas doenças. Estas constatações foram divulgadas em uma pesquisa da Webmotors em parceria com a ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos

8,4 8,9 9,4 9,3 8,4 7,9 9,3 9,6 T1 2019 T2 2019 T3 2019 T4 2019 T1 2020 T2 2020 T3 2020 T4 2020 Automóvel

Automotores) em agosto de 2020, no qual 89% dos entrevistados responderam ter a intenção de comprar ou trocar de veículo no decorrer de 2020 e, dessa parcela, 66% não consideram utilizar transportes públicos no final da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus. Esta é apenas uma das várias pesquisas realizadas ao longo de 2020, no qual gera a expectativa futura de alta nas vendas de novos e semi-novos veículos, impactando diretamente o desempenho do seguro auto.

Por outro lado, o ramo de Marítimos e Aeronáuticos apresenta a característica oposta do ramo de Automóvel: é o ramo com menor volume de arrecadação em prêmios do segmento. Todavia, os seguros que compõe o ramo de Marítimos e Aeronáuticos apresentam crescimento notável no ano de 2020, cerca de 44% acima do arrecadado em 2019, com maior destaque para o final do segundo semestre do ano.

O desempenho deste ramo muito se relaciona com o bom desempenho de todo o setor Agropecuário do país em 2020, o qual apresentou um aumento de 6% no ano. Quando analisada as exportações, os produtos soja, café e arroz ganham destaque, apresentando um crescimento em relação a 2019 de 10,5%, 10% e 90%, respectivamente. Analisando as importações dentro do setor Agropecuário, a soja e o arroz também ganham destaque, resultando em um aumento acima de 500% na soja, e cerca de 270% de crescimento nas importações do arroz.

Observando a balança comercial como um todo, mesmo com queda no total exportado e importado em 2020, o país apresentou superávit de cerca de US$ 51 bilhões no ano pandêmico. Este cenário motiva uma expectativa futura positiva para os seguros que compõe o ramo de Marítimos e Aeronáuticos.

De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), se projeta um crescimento de 13,7% nas exportações em 2021, e um aumento de 7,3% nas importações neste mesmo ano. Espera-se que o superávit para 2021 apresente uma evolução de 33% em relação ao ano anterior, podendo resultar em um recorde histórico de US$ 69 bilhões, superando o recorde atual de US$ 67 bilhões em 2017. Três fatores contribuem para estas projeções: o forte aumento do preço da soja, o forte aumento do preço do minério e a recuperação do preço do petróleo.

Todo este cenário impacta diretamente, de forma positiva, os seguros que compõe o ramo de Marítimos e Aeronáuticos, presumindo um maior protagonismo deste ramo no segmento nos próximos anos. O Gráfico 9 abaixo apresenta a evolução trimestral das arrecadações de prêmio deste ramo entre 2019 e 2020.

Gráfico 9 - Evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Marítimos e Aeronáuticos entre 2019 e 2020, em milhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Até então, foi abordado o desempenho dos ramos que apresentam um maior e um menor volume de arrecadações no segmento de Danos & Responsabilidades, bem como fatores que influenciaram seu desempenho em 2020. A seguir, será discutido o desempenho dos ramos que mais e menos cresceram no ano dentro deste segmento.

Foi constatado que os seguros que compõe o ramo “Outros” foram os que mais cresceram no segmento em 2020. Cenário diferente do ano anterior no qual este mesmo ramo foi característico por ter apresentado o menor crescimento em todo o segmento. O ramo “Outros” apresentou um crescimento médio anual entre 2015 e 2019 de 2%, dando destaque para o ano de 2018, no qual apresentou um aumento de 68% em relação a 2017. Em 2020, o ramo cresceu 53% em relação ao ano anterior. Ao observar o desempenho evolutivo dos seguros que englobam o ramo “Outros”, com exclusão dos seguros de Responsabilidade Civil do Transportador, todos os seguros apresentaram um crescimento considerável. Abaixo, o Gráfico 10 apresenta a evolução anual da arrecadação de prêmios do ramo de “Outros” entre 2015 e 2020. 254,4 246,7 180,7 145,2 289,6 353,9 243,3 303,8 T1 2019 T2 2019 T3 2019 T4 2019 T1 2020 T2 2020 T3 2020 T4 2020 Marítimos e Aeronáuticos

Gráfico 10 – Evolução anual da arrecadação de prêmios do ramo de “Outros” entre 2015 e 2020, em milhões de reais.

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Em destaque, o seguro de Riscos de Petróleo, líder no total arrecadado neste ramo em todo o período, apresentou R$ 586 milhões em prêmios no ano de 2019. Esse montante aumentou para R$ 1,2 bilhões em 2020, resultando em um crescimento de 110% em relação ao ano anterior. Nos últimos cinco anos, este seguro apresentou um aumento médio anual de apenas 7%.

O seguro de Riscos de Petróleo é classificado pelo mercado segurador e ressegurador como parte dos Grandes Riscos, em especial, do grupo Energy & Builder Risks (riscos ao construtor). A contratação desse tipo de produto se destina a garantir cobertura para os riscos securitários em empresas que atuam na exploração e prospecção de petróleo e gás natural, tanto em terra (on shore), como no mar (off shore).

Esse tipo de seguro começou a ter notoriedade pública no Brasil em 2001 com o maior acidente no setor já registrado no país. O acidente culminou no naufrágio da plataforma P-36, de propriedade da Petrobrás, localizada na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A perda total estimada da plataforma foi cerca de US$ 350 milhões, além de 11 vidas ceifadas no evento. Estima-se que a estatal recebeu em torno de US$ 500 milhões em indenizações. O evento trouxe bruscas mudanças no setor segurador e petrolífero, o qual elevou em mais de 450% o custo da renovação contratual dos seguros da estatal no ano seguinte, gerando um prêmio de US$ 48,8 milhões.

Segundo James Hogde, head de Energy na Willis Towers Watson, em artigo divulgado pela Revista Apólice em março de 2021, James afirma que, antes, o mercado petrolífero tinha foco no abastecimento de mercados consumidores, além de instigar a competição entre países e empresas privadas para acesso às reservas. Atualmente, este cenário mudou. As novas

918,1 962,7 669,9 1.126,1 1.019,9 1.560,3 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Outros

tecnologias proporcionam oportunidades para explorar formas de energia “não convencionais” que possam trazer certas vantagens, principalmente, em relação ao meio ambiente. A existência de diversos riscos na exploração do petróleo atrelados à operação gera danos ambientais aos mananciais aquíferos subterrâneos e afluentes terrestres, bem como todo o restante do ecossistema.

Este cenário também impacta nos produtos oferecidos pelo mercado segurador que são consumidos pelo mercado petrolífero, como o seguro de vida, os planos de assistência médica, o seguro de transportes, o seguro de frotas, o seguro de patrimoniais, entre outros.

O início da pandemia coincidiu no período de recuperação das indústrias de petróleo e gás, decorrentes de uma guerra comercial nos preços de petróleo, o qual contribuiu para um contínuo endurecimento das taxas além dos termos e condições que já apresentavam certas mudanças nos últimos anos.

Assim, conclui-se que a capacidade disponível se encontra cada vez mais restrita aos riscos que as seguradoras irão optar por aceitar, refletindo em aumento no prêmio, diminuição de coberturas disponíveis no mercado, aumento de franquias e eventualmente outros riscos não colocáveis. O Gráfico 11 abaixo apresenta a evolução anual da arrecadação de prêmios do seguro “Riscos de Petróleo” entre 2015 e 2020.

Gráfico 11 - Evolução anual da arrecadação de prêmios do seguro de “Riscos de Petróleo” entre 2015 e 2020, em milhões de reais.

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Em relação ao ramo que menos cresceu em 2020, o ramo de Garantia Estendida apresenta um aumento médio anual de 2% nos últimos cinco anos. Em 2020, o ramo decresceu em torno de 6% em relação ao ano anterior. Quando os meses de 2019 e 2020 são comparados,

412,6 486,6 271,8 711,4 586,0 1.230,7 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Riscos de Petróleo

nota-se queda acentuada nas arrecadações no período inicial da pandemia, resultando em -26% em abril, e -63% em maio.

Ao avaliar o desempenho do ramo de Garantia Estendida, é necessário levar em consideração o comportamento do setor de Comércio no ano de 2020. Prejudicado pelas medidas restritivas de circulação social decorrentes da crise da Covid-19, os stakeholders do setor de Comércio tiveram suas atividades suspendidas pelas autoridades, estaduais e municipais, de forma indeterminável, isto é, sem prazo para uma reabertura da economia no qual pudesse auxiliar no planejamento de retomada das atividades dos comércios.

Com o fechamento prolongado dos estabelecimentos, a compra presencial deixou de existir, no qual o e-commerce foi a alternativa mais rápida e segura tanto para os comerciantes, quanto para os consumidores. Somado a isso, a pandemia impossibilitou o consumo de serviços, no qual se reverteu para o consumo de bens duráveis, como eletrodomésticos, apresentando alta no terceiro trimestre do ano, cerca de 12% de crescimento de acordo com o IBGE.

Todavia, a arrecadação do seguro de Garantia Estendida não acompanhou este crescimento no consumo de bens duráveis. Isso porque o seguro foi altamente prejudicado pela falta do canal de venda presencial nos estabelecimentos. Até então, a venda do seguro era feita de forma presencial, diretamente pelo vendedor o qual apresentava as vantagens da aquisição do seguro no momento da compra do produto. Com o fechamento dos estabelecimentos, e a perda deste canal de venda in loco, o seguro de Garantia Estendida, mesmo apresentando leve crescimento no segundo semestre, resultou em queda no fechamento do ano de 2020.

Há a expectativa deste seguro se readaptar as atuais relações de consumo apresentando alternativas na venda do produto, como por exemplo a inserção da opção de compra do seguro no próprio site dos estabelecimentos, tendência a qual já é observada em mercados europeus. Abaixo, o Gráfico 12 apresenta a evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Garantia Estendida entre 2019 e 2020.

Gráfico 12 - Evolução trimestral da arrecadação de prêmios do ramo de Garantia Estendida entre 2019 e 2020, em milhões de reais

Fonte: Elaborado pela Autora com base nos dados da CNSeg (2021).

Em um ano marcado pelas mudanças nas relações de trabalho devido as medidas restritivas causadas pela pandemia da Covid-19, não há como não considerar na avaliação desta pesquisa o crescimento do seguro Cyber Risks, classificado pela CNSeg no ramo de Responsabilidade Civil.

De acordo com os registros no SES, Sistema de Estatísticas da SUSEP, o seguro começou a ser comercializado no mercado em 2019, no qual arrecadou cerca de R$ 20,7 milhões. Este valor dobrou em 2020, chegando a R$ 41,3 milhões.

Ao passo que a arrecadação de prêmios cresceu 99% em 2020, não se compara com o crescimento de indenizações de sinistros ocorridos no ano pandêmico. Em 2019, o valor de indenizações de sinistros foi cerca de R$ 48,7 mil. Em 2020, este valor aumentou, 51.075%, chegando a R$ 24,9 milhões em sinistros indenizados.

A aquisição crescente deste sinistro é reflexo da preocupação frequente das empresas em proteger dados internos, especialmente de seus clientes. Um único efeito pode acionar o seguro em efeito cascata, de acordo com os tipos de danos acarretados. No caso de sinistros, as seguradoras atuam com os prestadores de serviço para minimizar os danos que podem ocorrer por conta do vazamento de dados e/ou tentativas de extorsão. A extensão de danos varia de riscos operacionais e perdas de informações a prejuízos financeiros, além de enfraquecimento da marca da companhia.

A adoção do home-office como alternativa ao trabalho presencial, acarretou um aumento nas tentativas de golpes de “ransomware”, com o sequestro de dados do computador e promessa de liberação apenas com o pagamento de resgate, prática na qual já foi constatada

818,3 795,9 793,0 844,5 809,2 457,1 780,0 999,6 T1 2019 T2 2019 T3 2019 T4 2019 T1 2020 T2 2020 T3 2020 T4 2020 Garantia Estendida

por ser mais eficaz e lucrativa a criminosos. As tentativas de “phising”, no qual se busca por dinheiro de redes corporativas grandes, com solidez financeira, ao invés de pessoas comuns, também se apresentaram crescente ao longo do ano.

De acordo com Flávio de Sá, coordenador da Subcomissão de Linhas Financeiras da FenSeg, as empresas estão mais preocupadas em quantificar o potencial de danos cibernéticos e, como solução, transferir seu risco para o mercado de seguros. Se por um lado existe o aumento da procura pelos clientes, por outro os corretores estão buscando a especialização no tema para melhor servir seus clientes.

Em meio a este cenário, a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), lei 13.709/18, amplia responsabilidades das empresas para criação de políticas de proteção de dados, além de nomear responsáveis a fim de que planos sejam criados e implementados. O seguro Cyber é um respaldo adicional para reforçar as políticas de proteção de dados e o plano de continuidade de negócios das companhias.

Assim, acredita-se que o futuro para este seguro seja por um lado promissor, na alta demanda que o mercado apresenta, mas também desafiador, devido ao endurecimento das taxas aplicadas, a redução de coberturas e franquias em contratos, bem como a atuação das seguradoras em gerir o risco de seus clientes e seu próprio evitando assim grandes perdas.

Por fim, ao analisar o segmento de Danos & Responsabilidades, e todos os ramos que nele participam, é possível afirmar que o futuro do segmento é muito promissor. A pandemia trouxe luz ao segmento quanto a importância de sua diversidade na participação nos mercados. Por sua atuação em vários ramos de atividade da economia, o impacto negativo da crise em um mercado é compensado pelo impacto positivo, seja da mesma crise, seja decorrente de outros fatores, de outro mercado. Assim, a arrecadação de prêmios do segmento não é paralisada, como foi observado no segmento de Capitalização, e alguns ramos do segmento de Cobertura de Pessoas.

Há expectativas positivas quanto ao aumento nas arrecadações de prêmio dos seguros já comercializados, como os seguros dos ramos de Automóveis, Patrimonial, Rural, Marítimos e Aeronáuticos, bem como a oportunidade de criação e desenvolvimento de novos seguros de acordo com as necessidades apresentadas pelos mercados consumidores, como o seguro de Cyber Risks por exemplo.

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