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I.2. Caracterização urbanística

I.2.2. O tecido urbano atual

A ocupação do território da Vila de Tolosa apresenta características diversificadas que podem ser analisadas em função dos vários momentos que traduzem o seu crescimento, detetados na análise evolutiva (Figura 73 - Anexo II, desenho A.10).

Fonte: PGU de Tolosa

Assim verifica-se que a área coincidente com os primeiros momentos de crescimento do aglomerado, onde se concentram as tipologias habitacionais mais arcaicas, sem logradouro ou com o acesso ao logradouro pelo interior da habitação, revela uma densidade de construção superior às restantes e uma estrutura viária mais densa.

Os quintais privados e logradouros existem essencialmente no interior dos quarteirões, e alguns detêm alguma expressão por integrarem as propriedades associadas às poucas casas senhoriais aqui existentes (Figura 74, Figura 75 e Figura 76). Esta situação origina ruas bastante preenchidas com construção que não revelam o interior dos quarteirões. A densidade viária constatável resulta de uma rede onde coexistem ligações antigas entre comunidades próximas, estruturas planeadas com quarteirões entalados entre uma rua principal e uma rua secundária e serventias de traseiras que ganharam escala, passaram a integrar habitação nos seus limites e foram absorvidas no aglomerado, originando novos quarteirões.

Fonte: PGU de Tolosa Fonte: PGU de Tolosa Fonte: PGU de Tolosa

Figura 74 - Casa da D.ª Brígida Biscaia

Figura 75 - Casa senhorial

na Rua de Abrantes Figura 76 - Casa da D.ª Lúcia

Os becos que surgem regularmente neste tecido correspondem a acessos ao interior dos quarteirões contribuindo para a densificação destes quarteirões ou servindo simplesmente de acesso às propriedades ainda existentes.

Os espaços públicos são pouco significativos embora os de maior qualidade se localizem nesta zona.

As zonas de expansão intermédia apresentam ainda bastante densidade construtiva embora as vias assumam dimensões mais arejadas e os logradouros, resultantes de quarteirões de áreas mais extensas, ganhem maior significado. Nestes

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tecidos os acessos a logradouros passam a ser autónomos da habitação originando um portão ao lado da casa evitando assim que os machos atravessem o corredor e saiam pela porta da habitação. Esta nova forma de habitar onde os espaços ganham privacidade, autonomizando-se as circulações e onde o acesso ao quintal se faz pelo exterior reflete-se na rua originando menor coesão no edificado, constantemente interrompido pelos acessos às traseiras dos lotes expondo espaços cultivados que acentuam a presença da paisagem natural. Acresce a tudo isto a existência de quintais independentes, sem habitação, com acesso a partir da rua e que constituem parcelas cultivadas que no seu interior apresentam por vezes grande proliferação de anexos. A imagem que sobressai na rua é a de muros interrompidos por portões. Na prática isto traduz-se numa ocupação territorial mais rendilhada em termos de cheios e vazios (Figura 77, Figura 78 e Figura 79).

Fonte: PGU de Tolosa Fonte: PGU de Tolosa Fonte: PGU de Tolosa

Figura 77 - Trav.ª Bairro Almeida

Figura 78 - Rua Bairro Almeida

Figura 79 - Rua Nossa Sr.ª da Conceição

Na área de expansão mais recente (Figura 80) a construção aparece quase exclusivamente ao longo das vias principais ou organizada num loteamento de densidade desajustada (bairro novo) onde os anexos assumem frequentemente dimensões próximas do edifício principal chegando a colar à habitação originando construções de escala descontrolada. O restante território é essencialmente rural com algumas construções disseminadas. Recentemente surgiram pontualmente casas expressivas em terrenos afastados das vias servidas por acessos em terra batida que funcionam quase como caminhos privados, refletindo a apropriação do espaço público como constante na formação do aglomerado.

Fonte: PGU de Tolosa

a) Vista para Oeste b) Vista para Oeste

Figura 80 - Rua das Eiras

A paisagem rural assume aqui uma presença significativa embora o diálogo entre os cheios dos loteamentos e das construções longilíneas ao longo das vias e o vazio envolvente seja inexistente. Isto deve-se ao facto de haver uma certa descontinuidade entre a ocupação do terreno com construção e a paisagem, surgindo lotes vazios entre o edificado o que origina uma frente de rua não consolidada. A transição entre as construções e o espaço natural faz-se abruptamente ficando a ideia de que essa conquista está temporariamente interrompida. Por outro lado se existe uma preocupação de criar uma frente de rua com alguma dignidade o mesmo não acontece em relação às traseiras dos lotes que acumulam construções abarracadas que permanecem inacabadas e que resultam do entendimento da paisagem como um espaço de ninguém que convive bem com esse desleixo.

Os poucos vazios públicos de definição mais recente (zona desportiva e estacionamento) carecem de integração urbanística resultando daí espaços de dimensões desajustadas, subaproveitados e sem atrativos para a sua utilização (Figura 81 e Figura 82).

Fonte: PGU de Tolosa Fonte: PGU de Tolosa

Figura 81 - Parque de estacionamento

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I.2.2.2. Toponímia e numeração de polícia

“Iam de cabo em cabo nomeando

Baías promontórios enseadas: Encostas e praias surgiam Como sendo chamadas.

E as coisas mergulhadas no sem-nome Da sua própria ausência regressadas Uma por uma ao seu nome respondiam Como sendo criadas.”

Sophia de Mello Breyner Andresen

Mundo Nomeado, Geografia, Edições Ática, 2.ª Edição, 1972

“A compreensão da significação dos topónimos é também (ou sobretudo) o terreno dos etnólogos e dos sociólogos. Os territórios referenciados por esses nomes são, antes de mais, espaços sociais, domesticados, apropriados e controlados pelos grupos que neles habitam. “Batizar” um sítio é integrá-lo no território da comunidade e determinar o tipo de relacionamento da comunidade com ele.”

Moisés Espírito Santo, A Lógica dos Nomes, Ensaio sobre Toponímia Antiga Origens Orientais da Religião Popular Portuguesa,

Assírio & Alvim, Março 1988

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