• Nenhum resultado encontrado

O turismo e as políticas institucionais no RN

Na década de 1990, o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social encomendou um estudo de viabilidade eco- nômica sobre a Região Nordeste, no intuito de identificar suas potencialidades. Os resultados apontaram a atividade turística como sendo a mais adequada e de maior potencial competitivo para região, uma vez que a mesma dispunha de recursos naturais em abundância, além de mão de obra barata – em decorrência da pouca ou nenhuma qualificação.

Em 1994, o BNDES deu início ao PNC – Programa Nordeste Competitivo –, cuja linha de financiamento voltada para o turismo contou com o apoio do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Negociações envolvendo o BID, a SUDENE, o BNB, o Ministério dos Esportes e do turismo e os governos dos Estados da Região, deram origem ao PRODETUR/NE, implantado em sua primeira fase, no ano de 1994.

Com objetivos propalados de gerar emprego e renda, aumentar o tempo de permanência do turista no destino; aumen- tar o turismo receptivo13 e proporcionar novas possibilidades de investimentos em infraestrutura turística, o PRODETUR/NE, concebido como uma política de turismo findou por assumir 13 Receptivo – Conjunto de bens, serviços, infraestrutura, atrativos etc, pronto a atender as expectativas dos indivíduos que adquiriram o produto turístico (BRASIL, 2007).

atribuições de uma política que deveria atender às demandas da população residente.

Segundo (BENI, 2000, p. 110):

[...] o Estado atua no turismo sempre para garantir a melhoria do balanço de pagamentos, a criação de empregos, a redução da sazonalidade e o incentivo à proteção ambiental e, modernamente, esquecendo-se talvez de seus próprios fins, relega-o a posição tão infe- rior, principalmente quando se trata dos benefícios sociais, que chega a imprimir e divulgar nas políticas do setor a essencialidade do investimento privado na estratégia que é de sua própria responsabilidade. Financiado pelo BID e tendo o Banco do Nordeste como executor, o PRODETUR/NE, teve recursos destinados a obras de infraestrutura (saneamento, transportes, urbanização etc.), projetos de proteção ambiental e do patrimônio histórico e cultural, projetos de capacitação de mão de obra, além de ações para o fortalecimento institucional das administrações esta- duais e municipais.

Os investimentos realizados através do PRODETUR/NE no Estado do Rio Grande do Norte, já discriminados no Capítulo 2, levam à constatação de que a política do turismo assumiu feições de política urbana, realizando obras de maior alcance que as de infraestrutura turística, num claro movimento de inversão de papéis que, no futuro, fortaleceria a inércia do poder público nas três esferas – federal, estadual e municipal – em relação às suas atribuições específicas, e a imagem distorcida criada pela população de que o turismo é, de fato, personagem central da administração pública e responsável pelos problemas da cidade, sejam eles de ordem social, física ou econômica

A segunda fase do projeto, denominada PRODETUR/NE II, deu início à formação de 16 polos turísticos distribuídos pela Região (Figura 7). Executado ainda pelo BNB, o Projeto, em sua nova versão, tem como foco o planejamento estratégico

Andrea de Albuquerque Vianna

da atividade turística. Prioriza-se, então, a visão empresarial, investindo-se em infraestrutura pública e empreendimentos privados, e capacitação profissional e empresarial. A nova versão do Projeto volta seu olhar para questões de ordem social, no momento em que se dispõe a trabalhar dentro dos parâmetros do desenvolvimento sustentável, tendo como objetivo a melhoria da qualidade de vida das comunidades receptoras, criando, con- sequentemente, um ambiente favorável a novos investimentos e à geração de emprego e renda (FONSECA, 2005, p. 93).

Figura 7 – Polos do PRODETUR/NE II

Fonte: Banco do Nordeste

Polos de turismo:

• Costa dos Corais/AL • Descobrimento/BA

• Chapada Diamantina/BA • Litoral Sul/BA

• Salvador e Entorno/BA • Costa do Sol/CE

• Capixaba do Verde e das Águas/ES • São Luís e Entorno/MA

• Vale do Jequitinhonha/MG • Costa das Piscinas/PB • Costa dos Arrecifes/PE • Costa do Delta/PI • Costa das Dunas/RN • Costa dos Coqueirais/SE

O Polo Costa das Dunas (Figura 8), no Rio Grande do Norte, chega a beneficiar 1,1 milhão de pessoas entre a população residente e contempla 18 municípios, sendo eles: Arez, Baía Formosa, Canguaretama, Ceará-Mirim, Extremoz, Macaíba, Maxaranguape, Natal, Nísia Floresta, Parnamirim, Pedra Grande, São Gonçalo do Amarante, São José do Mipibu, São Miguel do Gostoso, Senador Georgino Avelino, Rio do Fogo, Tibau do Sul e Touros. O polo se estende por todo o litoral oriental do Estado, abrangendo, ainda, parte do litoral norte, atingindo cerca de 200 km.

Apesar de atuar predominantemente no litoral norte -rio-grandense, com destaque para os atrativos naturais, o Polo Costa das Dunas concentra também atrativos históricos e culturais. As oportunidades de investimentos, agora com um campo de abrangência maior, vão além de hotéis, pousadas e restaurantes, para casas de espetáculos, campings, esportes náuticos, atividades de turismo ecológico, e incentivo à produção e à comercialização do artesanato local.

Andrea de Albuquerque Vianna

Figura 8 – Municípios que compõem o Polo Costa das Dunas

Fonte: Banco do Nordeste

A implantação da nova fase do PRODETUR/NE trouxe, inegavelmente, avanços para o turismo local, as falhas ou lacunas apresentadas na versão anterior, identificadas mediante novos estudos, foram então supridas por meio de ações, de maior extensão, não só na capital, mas em outros municípios de potencial turístico, promovendo o movimento de interiorização do turismo. No entanto, a despeito das análises acerca dos resultados obtidos até então, a política do turismo continuou sendo mesclada à política urbana, assumindo como suas as atribuições dos Governos Estadual e Municipal, como pode ser observado nas ações executadas e nas ações em execução durante o PRODETUR/NE II, mostradas na Figura 8.

A lista de ações, concluídas ou ainda em andamento, do PRODETUR/NE II no Rio Grande do Norte (Quadro 1), apresentada pelo BNB, deixa clara a interação das duas políticas.

Quadro1 – Ações do PRODETUR/NE II – Plano iniciado em 2005

Execução

concluída Rodovia Tibau do Sul/Pipa e Anel Viário de Pipa Capacitação Empresarial e Profissional do Polo Costa das Dunas para o Turismo

Elaboração da Base Cartográfica do Polo Costa das Dunas Ampliação do Centro de Convenções de Natal Implantação da Sinalização Turística do Polo Costa das Dunas

Recuperação de Áreas Degradadas de Rodovias do Polo Costa das Dunas - Trechos: Goianinha/ Tibau do Sul, RN 313/Nova Parnamirim, Pitangui/ Jacumã e Binário de Pirangi

Elaboração dos Planos de Gestão Municipal do Turismo dos municípios de Tibau do Sul, Nísia Floresta, Extremoz e Ceará-Mirim

Elaboração dos Planos Diretores Municipais de Tibau do Sul, Nísia Floresta, Arez, Ceará-Mirim, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e Senador Georgino Avelino

Elaboração do Projeto de Fortalecimento Institucional da SETUR/RN – Secretaria Estadual de Turismo Em

execução Implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário de Pium, Cotovelo e Pirangi Implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário da Redinha e Redinha Nova

Elaboração dos Projetos Executivos de

Reordenamento Urbanístico de Orlas do Polo Costa das Dunas (Muriú, Pitangui, Pirangi, Cotovelo, Jacumã, Tibau do Sul e Pipa)

Elaboração do Projeto de Restauração do Museu da Rampa, em Natal

Fonte: Dados do Banco do Nordeste – PRODETUR/NE II – Situação atual – etapa de planejamento. Organizado pela autora (2012)

PRINCIPAIS AÇÕES EXECUTADAS E EM EXECUÇÃO NO AMPARO AO PRODETUR/NE II –

O urbano, a cidade e o turismo