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A termografia é o método não invasivo que permite a captação de imagens de calor (termogramas), que não são visíveis ao olho humano, através de uma câmera termográfica infravermelha (Fig. 9, p. 30). Todos os objetos emitem radiação infravermelha, e a intensidade dessa radiação depende de dois fatores: temperatura do objeto e capacidade do objeto de emitir radiação, conhecida por emissividade. A termografia foi criada em 1960, no entanto, foi na década de 1990 que surgiram os atuais sensores infravermelhos de alta sensibilidade (BRIOSCHI et al., 2003; MENDONÇA, 2005).

Figura 8 - Gestos confortáveis “C” e desconfortáveis “U”

O ser humano é homeotérmico, ou seja, tem a capacidade de manter a temperatura do corpo relativamente constante. É um fenômeno complexo e esse calor para ser regulado deve ser perdido para o ambiente. A pele é o órgão de interface entre a produção de calor e o ambiente, e constantemente ajusta o equilíbrio entre as condições internas e externas. Esse fenômeno de controle de transferência de calor é denominado como termorregulação e depende do sistema nervoso autônomo para funcionar. (BRIOSCHI et al., 2003).

O método da termografia é utilizada em diversas áreas como medicina, engenharia, esporte, indústria, entre outras. Estudos confirmam que pode ser utilizada para inspeção como a verificação da estrutura de prédios, encanação, fiação elétrica, máquinas, e para diagnósticos de doença em órgãos, ossos, musculatura, etc. (BARROS, 2016). Marçal et al. (2016) informa que a termografia pode ser um bom instrumento para fornecer indicadores quantitativos e fisiológicos, evitando deste modo variáveis subjetivas. No entanto, também existem estudos que comprovam a eficiência da termografia no estudo de condições psicofiosiológicas, que visam avaliar condições de excitações emocionais como estresse, medo, excitação sexual, entre outras, através da captação de imagens térmicas da face (MERLA e ROMANI, 2007).

Figura 9 - Câmeras termográficas

No campo do design, também podemos verificar estudos que comprovam a sua eficiência e potencial para a verificação da relação física e emocional dos usuários com os produtos. É possível utilizar a termografia na análise ergonômica para a prevenção de lesões e doenças, e recomenda-se o seu uso para complementar outros métodos de avaliações ergonômicas tradicionais (PADILHA, 2013). Também pode ser utilizada para a medição da carga cognitiva e mudança de estado afetivo durante a interação usuário-produto (JENKINS et al., 2009). Em um estudo sobre avaliação de produtos de consumo Barros et al. (2016) utilizou a termografia para analisar a satisfação do usuário e comprovou que esse método é competente, e recomenda o método aliado com eletroencefalografia e rastreamento ocular para avaliação de produtos de consumo.

Deste modo, observamos que é um método eficiente, comprovado e que tem um potencial amplo para a área de design, podendo ser utilizado para avaliação da ergonomia física e cognitiva dos usuários durante o uso do artefato, sem a interferência direta que os outros métodos de avaliação podem ocasionam, como o uso de luvas e roupas especiais, podendo ser utilizado mesmo em tarefas como maior movimentação física do usuário.

O corpo humano exibe uma simetria térmica após as regiões de interesse do estudo serem expostas a um ambiente de temperatura constante. No entanto, quando existe qualquer assimetria entre os lados do corpo correspondente, isso permite detectar alterações neurovasculares, processos inflamatórios, fraturas de estresses, doenças reumáticas, tumores de tireoide, paratireoide, melanomas e mama, entre outros problemas como o estudo da dor, para averiguar a sua presença de forma objetiva, sendo possível evidenciar diversos tipos de dores. Por isso, a avaliação térmica cutânea padronizada internacionalmente sempre é realizada comparando as metades correspondentes (dimídios) do corpo humano. (BRIOSHI et al., 2011; DOS SANTOS et al., 2014).

Para a realização dos testes serão seguidas algumas recomendações sugeridas por Brioschi et al. (2011), são elas:

 A temperatura do local deve ser mantida constante em 22° C, umidade do ar em 55% e velocidade do ar menor que 0,2 m/s;

 A parte do corpo do voluntário a ser registrada deverá estar despida;

 O voluntário deverá esperar 15 minutos para estabilizar a temperatura do corpo com o clima do local;

 A câmera deverá estar posicionada e ajustada a linha mediana da região de interesse a ser avaliada;

 De preferência a sala não deve ter janelas para evitar a luz do sol e as lâmpadas devem ser fluorescentes.

2.3.1 MENSURAÇÃO EMOCIONAL

Ioannou et al. (2014) afirmam, que existem diversos estudos envolvendo emoções humanas associados a termografia. Em geral são utilizadas para verificar a resposta de emboscada, empatia, culpa, vergonha, excitação sexual, estresse, medo, ansiedade, dor e alegria. Na maioria das vezes as área estudadas estão localizadas na face, como ponta do nariz ou nariz, os vasos periorbitários e supra-orbitais da face, geralmente associados ao músculo ondulador, à frente e ao orbicularis oculi (ao redor dos olhos), bem como a área maxilar ou superior do lábio (perinasal), (Fig. 10).

Figura 10 – Representação vascular dos grandes vasos que afetam a temperatura subcutânea da face e imagem térmica infravermelha capturada

De acordo com os autores, a resposta da pessoa ao estímulo emocional pode aumentar ou diminuir nessas áreas do rosto. A Tabela 5 apresenta um resumo do que acontece em cada região, de acordo com o tipo de emoção sentida. As setas representam o aumento (seta para cima) ou diminuição (seta para baixo) da temperatura nas regiões consideradas de interesse em estados emocionais.

Jenkins et al. (2009), afirmam que a exploração de imagens térmicas na análise da interação humana com produtos é mais aplicada ao nível físico, onde há uma ampla aplicação da termografia em pesquisas médicas e ergonômicas para analisar condições físicas. No entanto, existem estudos que começam a explorar o potencial da termografia por infravermelho como um método de monitoramento de níveis de frustração durante a interação humano-computador (Puri et al., 2005).

2.4 ASPECTOS DE USABILIDADE RELACIONADOS A INTERFACE GESTUAL