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1. UM ESTALO NAS FACULDADES DE DIREITO: fundamentos para uma análise

1.2. AJUP: UM CONCEITO , UM MOVIMENTO

1.2.1. O VERBO ASSESSORAR

Os pressupostos da perspectiva da assessoria encontravam-se numa forte crítica ao tradicionalismo do campo jurídico, compreendido como “formalista”, “burocratizado”,

“individualista”, “comprometido com as elites” etc. Do ponto de vista teórico, havia no direito

uma retomada do pensamento “crítico” na passagem dos anos 80 para os 90 que acompanhava os ares da abertura democrática e também o movimento de inflexão da perspectiva comunista/socialista, como problematizarei adiante. Circulavam, à época, como ainda hoje,

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Inicialmente, esta organização denominou-se RENAAP, com um duplo “A”, marcando que estes advogados

eram “Autônomos” em relação aos movimentos sociais e demais organizações que assessoravam (TAVARES: 2007).

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formulações como as do pluralismo jurídico, do direito alternativo, do Direito Achado na Rua e do Direito Insurgente26, sob forte influência de advogados e teóricos como Jacques Távora Alfonsin, Miguel Pressburguer, Miguel Baldez, Roberto Lyra Filho, Roberto Aguiar, Luís Alberto Warat, Antônio Carlos Wolkmer, José Geraldo de Sousa Júnior, entre outros.

Desse modo, a perspectiva da a ssessoria apoiava-se num campo até hoje identificado como direito crítico, tomado como referência para justificar práticas jurídicas alternativas,

isto é, que se contrapunham à forma tradicional de conceber e manejar o direito. Nesta movimentação estava inserida a crítica à perspectiva assistencialista dos serviços legais tradicionais27, que engendraria a noção de assessoria contraposta à de assistência. Se os serviços de a ssistência, inclusive os criados pelos primeiros grupos estudantis como os SAJU (no Rio Grande do Sul e na Bahia), reproduziam a lógica tradicional do direito, individualista e patrimonialista; cabia às práticas alternativas investir em abordagens que buscassem compreender as raízes dos conflitos sociais, intervir na sua dimensão coletiva e perceber que o direito, isoladamente, não poderia dar conta de solucioná-los.

A perspectiva da assistência jurídica, simbolizada pelo atendimento técnico-jurídico a casos individuais, passa a ser avaliada como insuficiente e inadequada para intervir nas reais causas dos conflitos sociais, pois reforçava o universo simbólico dominante no direito (com sua linguagem difícil, seus tribunais opulentos etc.). Havia, ademais, uma forte influência de perspectivas que, no contexto da redemocratizaçã o do país, contribuíam para os processos de mobilização da classe trabalhadora e dos demais sujeitos subalternizados, a exemplo das reflexões de Paulo Freire. Nesse sentido aponta a reflexão coletiva de integrantes do Núcleo de Assessoria Jurídica Comunitária Justiça e Atitude (NAJUC JA)28, ao sistematizar a história dos dez anos do núcleo29:

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Voltarei à caracterização destas perspectivas do direito crítico no próximo capítulo. Para uma análise das aproximações e distinções entre elas, consultar também a dissertação de Luíz Otávio Ribas (2009), intitulada Direito Insurgente e Pluralismo Jurídico: assessoria jurídica de movimentos populares em Porto Alegre e no Rio de Janeiro (1960 2000).

27 A formulação teórica que contrapõe os “serviços legais tradicionais” aos “serviços legais inovadores” é de

Celso Campilongo (1991), e sistematiza uma crítica à orientação dominante do campo jurídico. Os “serviços legais inovadores” são também identificados por outras denominações que remetem ao campo do “alternativo”, “crítico”, “popular” etc, como indica a expressão mais abrangente “práticas jurídicas insurgentes”, utilizada

por Luiz Otávio Ribas (2009).

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O NAJUC JÁ é uma AJUP ligada à faculdade de direito do Instituto Camilo Filho, instituição privada de ensino em Teresina/PI. Embora o recorte da pesquisa de campo não tenha abrangido este grupo, visto que não se localiza nas universidades públicas das capitais do Nordeste, o grupo integra a RENAJU e também a REAJUPI (Rede de Assessoria Jurídica Universitária do Piauí), apresentando o mesmo perfil dos núcleos pesquisados quanto à identidade com a assessoria jurídica universitária popular.

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O artigo intitulado NAJUC JÁ: a história de dez anos de luta pelo “direito de resistir e se insurgir” foi escrito por Anne Piaulino Leopoldo, Ana Carmelita Nunes de Moura, João Pedro Monteiro Cunha e Rodrigo Portela Gomes e publicado no livro Do sonho ao acontecer: 10 anos de NAJUPAK (2014), organizado por Assis da

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Devido às mudanças políticas e ideológicas ocorridas nas Faculdades de Direito com a redemocratização do país e as influências dos movimentos sociais insurgentes, mudou-se também o entendimento e a metodologia dos projetos de extensão nas universidades, incluindo-se a interdisciplinaridade e a metodologia freireana (LEOPOLDO et al, 2014, p.122).

Fortalecia-se, desse modo, a concepção de que os processos educativos deveriam estar implicados no questionamento da ordem posta, a partir do desenvolvimento crítico da autonomia dos sujeitos. Essas premissas contribuíam para a avaliação de que, na perspectiva da assistência, os sujeitos a ssistidos eram postos numa posição demasiado passiva, que não levava em conta a sua autonomia e o potencial de mobilização para intervir na realidade e modificá-la. Conjugar o verbo assessora r passa, então, a significar “estar ao lado de”, “em

comunhão com”; apoiar os interesses dos oprimidos, do povo, das classes populares, dos

grupos sociais vulneráveis – aqui compreendidos como classe trabalhadora e demais sujeitos

subalternizados na sociedade de classes.

Para melhor simbolizar a sintonia com esta orientação, o antigo Programa Lições de Cidadania (RN), decidiu mudar de nome para Programa Motyrum em 2013. Trata-se de uma

palavra de origem indígena que significa algo como “união” ou “mutirão”, como me

disseram. Os estudantes produziram uma carta30 anunciando as motivações para a mudança. Nela explicavam que nomear um coletivo, antes de consistir numa mera exigência estética, relaciona-se à sua identidade e à sua ação. Sentiram a necessidade de se dar uma nova pronúncia, pois a opção pelos esfarrapados e pelas esfarrapadas do mundo, cuja palavra é silenciada, os fez entender que a expressão “Lições de Cidadania” não era condizente com os processos libertadores que motivavam a sua práxis. Justificavam que as práticas do programa haviam mudado, avançado, crescido, mas o nome continuava.

Ademais, a imagem que simbolizava o Lições de Cidadania era a de uma figura masculina, uma feminina e uma criança, aludindo a certo padrão de família que o grupo passou a problematizar – “uma família heterossexual, formada por pai, mãe e filho” –

reforçando ainda mais a descontextualização entre aquilo que o programa fazia e o nome com o qual se apresentava.

Costa Oliveira, Ana Paula Medeiros de Moura, Julyanne Cristine Santos em comemoração aos dez anos do Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Aldeia Kayapó, da Universidade Federal do Pará.

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A carta pode ser acessada no site do Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti. Disponível em: <https://amarocavalcanti.wordpress.com/2013/03/13/nota-do-programa-motyrum-sobre-a-mudanca-de-

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Figura 3 - Logotipo do Lições de Cidadania

Fonte: http://licoesdecidadaniaufrn.blogspot.com.br

A referência deles, prosseguiam, se encontrava nos processos de libertação da América Latina, cujo direito de pronunciar o mundo foi negado por processos que remontam à invasã o do nosso continente e aos regimes totalitários que aqui se instalaram apoiados pelo imperialismo em nome da “Democracia”. Por isso a sua identidade era a de sujeitos como Carlos Marighella, Gregório Bezerra, Maria Laly, Frei Tito, Mery Medeiros, Aton Fon, Zumbi, os heróis e heroínas potigua ras de 23 de novembro de 1935, San Martí, Simon Bolívar, Tapuias, Potyguaras, Guaranis.

Por isso precisavam de um nome, de uma identidade, de uma palavra popular, feminista, negra, indígena, da juventude, dos oprimidos, dos condenados da terra, condenados do mundo e da história, que indicasse nossa opção lúcida e consciente pelos explorados e exploradas, pela libertação das correntes opressoras. Assim, escolhemos um novo nome que simboliza nosso comprometimento com a luta histórica dos povos que tiveram sua identidade roubada, assim como ainda hoje ocorre em todos os espaços em que atuamos. Favelas, campos, presídios, comunidades indígenas, etc. Escolhemos um nome que significa mais que a união de

pessoas, mais que um simples multirão. Talvez indique mais que um “tamo junto”.

Escolhemos um nome que simboliza a resistência, a luta e a revolução (PROGRAMA MOTYRUM, 2013).

As reflexões do Motyrum indicam que, nessa caminhada em direção à perspectiva da assessoria, a AJUP passou a se posicionar mais à esquerda se tomados como referência os processos iniciais que conformaram esta movimentação nos anos 90. Fazer assessoria passa a significar ir além do acompanhamento judicial da questão, além do mero litígio; ir além do direito, firmando um compromisso com a luta dos sujeitos assessorados. Como reflito noutro trabalho:

as atividades desenvolvidas por esses grupos se distanciam em grande medida das atividades tradicionais dos juristas, em especial pela opção de trabalhar com setores populares. É um trabalho eminentemente político, que compreende o direito mas não se esgota nele. Participam de protestos por direitos sociais, acompanham ações processuais coletivas, fazem trabalho de base em comunidades e atividades que contribuem para o fortalecimento das organizações populares em geral (ALMEIDA: 2013, p.14).

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De acordo com recente pesquisa31 sobre grupos de assessoria jurídica universitária, (SEVERI: 2014, p.40), as atividades realizadas pelas AJUP podem ser agrupadas a partir de

quatro eixos: “a. assessoria jurídica popular a movimentos sociais e grupos comunitários; b.

processos de formação do próprio grupo e direcionadas à comunidade acadêmica; c. atividades de articulação e mobilização social; d. pesquisa, produção de material impresso e

outros”. A pesquisa indica que tais grupos concebem como “atividades de assessoria” tanto as “estratégias junto aos poderes públicos para exigibilidade dos direitos” como também as “práticas de educação popular” que desenvolvem junto aos movimentos e comunidades com

os quais atuam. Identificou-se, ainda, que as interlocuções nesse âmbito se estabelecem prioritariamente com movimentos sociais urbanos e rurais, caracterizando-se predominantemente pelo

atendimento a demandas coletivas e a grupos sociais já organizados (como movimentos sociais, fóruns sociais permanentes, comitês populares ou associações civis) ou ainda em fase de organização (moradores de ocupações urbanas irregulares, assentados de reforma agrária, pequenos agricultores, mulheres vítimas de violência, jovens e adolescentes em conflito com a lei, por exemplo) (SEVERI, 2014, p.40).

Essa forma de apoio voltada às demandas coletivas das organizações populares foi se consolidando em detrimento da perspectiva da assistência. Os estudantes ligados aos primeiros serviços de apoio jurídico (SAJU/BA e SAJU/RS) acompanharam esta reorientação quando retomaram suas atividades em meados dos anos 1990. O Núcleo de Assessoria do SAJU/BA foi criado em 1995, como nos conta Murilo Oliveira (2003, p.35). Nos primeiros anos, até 1998, os estudantes voltaram-se aos estudos teóricos para aprofundar uma visã o crítica do direito, pois havia um questionamento ao modo como o direito era ensinado e uma busca por ressignificar o ensino jurídico de acordo com o tripé universitário ensino/pesquisa/extensão. Segundo ele, também se tornara necessário compreender os marcos

da assessoria jurídica popular, da “educação popular”, da “cidadania” e dos “direitos humanos”.

Mas mesmo com essa reorientação, os estudantes dos SAJU continuaram com as atividades de assistência, suprindo a demanda pela prática jurídica ao realizar atendimentos individuais à população. A convivência entre esses dois modelos será permeada, desde então, por certo tensionamento entre as duas perspectivas cujas distinções somente podem ser

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Trata-se de material intitulado “Cartografia Social e análise das experiências das assessorias jurídicas

universitárias populares brasileiras”, desenvolvida pela Universidade de São Paulo, sob a coordenação da

Profa. Fabiana Severi. A pesquisa teve abrangência nacional, embora tenha contado com uma baixa participação dos grupos de AJP mapeados, como a própria equipe coloca ao refletir sobre as dificuldades metodológicas da pesquisa em questão (SEVERI: 2014).

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compreendidas em termos ideológicos: a assessoria consiste numa prática fundamentalmente implicada na atitude de tomar partido nas lutas sociais, enquanto que o trabalho realizado na

assistência geralmente ocorre a despeito desse compromisso. Na conversa com o SAJU-BA, perguntei como eles concebiam essa distinção. André explicou-a da seguinte forma:

Eu vejo Assistência como um trabalho individual, você lida com uma pessoa e com a demanda de uma pessoa não coletivamente, como eu vejo na Assessoria. Na assessoria a gente trabalha com o coletivo, com grupos, essa pra mim, é a diferença- chave. E na Assistência a gente tem uma questão de acompanhamento processual, mesmo, uma questão mais jurídica, é complicado, porque muita gente que tá na Assistência não tem uma consciência de querer ajudar. É essa questão do estágio antes da hora. Mas tem umas pessoas que tem uma consciência mais legal, e dá pra ter uma relação com essas pessoas. Na Assessoria eu vejo esse trabalho coletivo, a gente trabalha com formação política, com algumas demandas de direito, mas eu acho é mais uma questão de afinamento ideológico e de questão política macro. Na assistência a gente não tem isso, é essa a diferença que eu vejo, mais significativa (André; Entrevista com o SAJU realizada em Salvador no dia 07 de junho de 2013. Meus grifos).

Quero destacar que a diferença essencial entre essas duas perspectivas – assistência e assessoria - não consegue ser adequadamente alcançada a partir das costumeiras análises

dicotômicas que contrapõem demandas “individuais” a “coletivas”; atuação “jurídico- processual” a atuação “educativa” etc. No curso dessa reorientação, operou-se na prática da assessoria “um aprofundamento do conteúdo político e da reflexão exercitada pelo estudante

ou profissional do direito sobre seu papel no mundo”, como notou Thiago Arruda (2008, p.02). Priscylla Joca (2011, p.192) ao entrevistar advogados e advogadas ligados às lutas por

“terra e território” no Ceará, em dissertação de mestrado, sintetizou que os dois núcleos

centrais da definição da assessoria jurídica popular consistem na “busca da emancipação e da

superação de várias formas de opressão” e na “disputa por um papel transformador do direito”. A identidade de a ssessoria passa, portanto, pela opção ideológica de estar ao lado dos trabalhadores e dos demais sujeitos subalternizados na sociedade de classes. Estando essa opção presente, é plenamente possível atuar junto a certas demandas individuais, utilizando-se ou não dos meios judiciais para tomar partido nos embates travados, ao lado desses sujeitos.

A crítica ideológica ao assistencialismo relaciona-se também a certa resistência, por parte destes grupos estudantis, em atuar no âmbito jurídico. Tal indisposição para o trânsito no terreno jurídico relaciona-se, em alguma medida, com o fortalecimento da identidade das AJUP com a educação popular, a ponto mesmo de, por vezes, a perspectiva da atuação jurídico-processual estar completamente ausente. Nos atuais debates da RENAJU, localizam- se certos esforços no sentido de aproximar a atividade dos núcleos de uma atuação mais estritamente jurídica, sem com isso comprometer o viés “educativo” das atividades de assessoria jurídica popular. Este é um dos dilemas históricos da AJUP. Os estudantes do

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Cajuína, em um momento de formação interna em que refletiam sobre tais dilemas, buscavam compreender a polarização entre os trabalhos de educação popular e a atuação mais

propriamente jurídica, sintetizada na seguinte questão: “Cadê o direito da assessoria jurídica?” Esse último dilema é porque, dentro da assessoria, a gente discute muito Paulo Freire, e o tempo inteiro a gente é cobrado: Cadê o direito? Vocês não discutem o direito dentro da assessoria? A gente sente que perde muito o debate do direito discutindo muito essa questão do como chegar na comunidade, do Paulo Freire, dos princípios e métodos freireanos, e vai perdendo o direito no decorrer dessas práticas. É um dilema. Quando é que a gente vai discutir o direito? Porque, muitas vezes, o nosso maior medo é assustar a comunidade com a necessidade de discutir a lei; então esse é um dos dilemas que marcam profundamente a assessoria jurídica popular (Malu; Entrevista com o Cajuína realizada em Teresina no dia 14 de junho de 2013).

Este dilema foi inscrito, portanto, no curso da reorientação da perspectiva da a ssistência

para a da assessoria. Os SAJU, que haviam se conformado inicialmente em torno da

assistência, cumpriram com um importante papel de difusão da assessoria, sobretudo, nos encontros organizados pelo movimento estudantil do direito. Mas também promoviam espaços próprios de articulação e formação, em separado das discussões da política estudantil convencional, nos quais se consolidava a perspectiva da assessoria jurídica popular. As

Semanas do SAJU/BA, cuja primeira edição ocorreu em 1995 (logo que foi fundado o Núcleo de Assessoria), simbolizam este processo de difusão da AJUP, impulsionado pelo momento democratizante que o país atravessava.

Os debates promovidos por esta entidade na década de 1990 estavam, dessa forma, em grande medida relacionados aos direitos postos na Constituição Federal. A I Semana do SAJU (março de 1995), desse modo, apresentava os seguintes debates: “O Ministério Público na

defesa dos direitos difusos e coletivos”, “Universidade X Sociedade: Que função social queremos?” e “Descriminalização das drogas”. Na II Semana do SAJU, durante aquele mesmo ano (em outubro), discutiu-se “Direitos Humanos: um debate necessário”. Já na III Semana (outubro de 1996), o tema do debate foi “Posse, propriedade e sua função social”. A IV Semana do SAJU (novembro de 1997) contou com o tema “O direito que se ensina; o

direito que não se aprende”. A V Semana do SAJU (1999), também considerada o primeiro encontro da RENAJU (com a participação de oito núcleos e mais de trezentas pessoas), discutiu “Acesso à Justiça e Direitos Humanos”. A VI Semana, em 2001, debateu “Direito e

Sexo: do discurso do poder ao desejo da diversidade”. Por fim, a VII Semana do SAJU – “A prática concreta da utopia” só viria a acontecer muitos anos depois, em 2013, marcando o

aniversário de cinquenta anos da entidade.

Participavam destes debates não apenas estudantes, mas todo um círculo de profissionais jurídicos progressistas ligados a esta orientação: advogados, professores (do

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direito e de outras áreas de conhecimento), pesquisadores, políticos, representantes de movimentos sociais (dentre estes o MST), juízes, representantes de ONG e outros (OLIVEIRA, 2003, p.29). Tamanha foi a importância desses debates para a consolidação da assessoria jurídica popular, que a história de espaços de formação como as Semanas do SAJU

está entrelaçada com a própria história da RENAJU. À medida que estes sujeitos amadureciam as reflexões sobre a prática da assessoria, estabeleciam contato com outros estudantes e fomentavam experiências de AJUP em outras faculdades de direito do país.

O surgimento dos grupos estudantis de assessoria jurídica ainda hoje se encontra em ascensão, consolidando a identidade com a perspectiva da a ssessoria e firmando cada vez mais a opção por estar próximos às lutas populares. A partir da articulação entre as quatro entidades fundadoras da RENAJU (SAJU/ BA; SAJU/RS; SAJU/SE e CAJU/CE) junto aos espaços do movimento estudantil tradicional, fomentou-se a criação de dezenas de outros

“núcleos”, “centros”, enfim, grupos de assessoria jurídica universitária popular: o Núcleo de

Assessoria Comunitária da Universidade Federal do Ceará (NAJUC - CE), que já existia desde 1997 mas somente alguns anos depois passou a integrar a rede; o CAJUÍNA da Universidade Federal do Piauí, fundado em 1999; o Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Negro Cosme da Universidade Federal do Maranhão (NAJUP - Negro Cosme), fundado em 2000; o Serviço de Assessoria Jurídica Popular da Universidade de Fortaleza (SAJU/ UNIFOR - CE), criado no ano 2000; o Serviço de Assessoria Jurídica Universitária Popular da Universidade Federal do Paraná (SAJUP - PR), de 2001; o Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Direito nas Ruas da Universidade Federal de Pernambuco (NAJUP – Direito nas Ruas), fundado em 2003; o Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Aldeia Kayapó na Universidade Federal do Pará (NAJUPAK - PA), em 2004; a Estação de Direitos da Faculdade Mater Christi em Mossoró (RN) em 2004; o Lições de Cidadania da Universidade Federal do Rio Grande do Norte surgiu em 2005, mudando seu nome para Motyrum em 2013; o Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru da Universidade Federal da Paraíba (NEP/ Flor de Mandacaru - PB), em 2007. Surge também o Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Isa Cunha na Universidade Federal do Pará (NAJUP/Isa Cunha - PA); o Programa de Assessoria Jurídica Estudantil da Universidade Regional do Cariri no Ceará (P@JE - CE); o Núcleo de Assessoria jurídica Popular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (NAJUP/PUC - SP); NIJUC (RS); o Núcleo de Assessoria jurídica Popular da Universidade de Caixias do Sul (NAJUP); o Centro de Assessoria Jurídica Universitária da Universidade de Passo Fundo/RS (CAJU - RS); o Núcleo de Assessoria jurídica Popular da Universidade Federal de Goiás (NAJUP); o Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão da Universidade

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Federal de Santa Catarina (NEPE - UFSC); o Núcleo de Assessoria jurídica Popular Produzindo Direitos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (NAJUP/ Produzindo Direitos - RJ), o Corpo de Assessoria Jurídica Estudantil da Universidade Estadual do Piauí

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