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Objectivos e universo da pesquisa

Parte II. Metodologia

2. Objectivos e universo da pesquisa

O presente estudo pretendeu responder à seguinte pergunta de partida: De que forma as Organizações Sociais, criadas e geridas por pessoas idosas, são geradoras de capital social e contribuem para o envelhecimento activo dos seus membros num território?

2.1. Objectivos da pesquisa

Nesta consonância, os seus objectivos foram os seguintes:

Objectivo geral – analisar as organizações sociais formadas e geridas por pessoas idosas e o capital social resultante do trabalho que nelas desenvolvem em prol do envelhecimento activo.

Objectivos específicos – estudar as particularidades históricas e especificidades estruturais de organizações sociais que prestam apoio às pessoas idosas, integrando a análise da trajectória pessoal dos seus líderes na medida em se constituam como impulsionadores de acções e projectos.

2.2. Universo da pesquisa

As entidades-alvo do estudo são as do sector privado sem fins lucrativos, que desenvolvem actividades que não distribuem lucros aos seus membros e assentam na importância da participação de voluntários, visando preencher lacunas originadas pela evolução das comunidades humanas, que não foram respondidas pelo funcionamento do Mercado e do próprio Estado.

O universo de pesquisa é, assim, constituído por entidades do sector privado sem fins lucrativos do Concelho de Oeiras.

Estas organizações da sociedade civil, criadas por iniciativa dos cidadãos, assumem diversas formas, destacando-se neste estudo: Associações com diversos fins sociais e culturais, Cooperativas que se baseiam na cooperação e auto-ajuda entre os seus membros e as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), que objectivam a materialização organizada dos valores de solidariedade e justiça entre indivíduos. Actualmente, a acção deste conjunto diversificado de organizações junto das pessoas idosas adquire uma maior abrangência, com a intervenção em áreas também relevantes na promoção da sua qualidade de vida (cultura, desporto ou tempos livres). Neste sentido, o alargamento das concepções de envelhecimento, ancoradas nas diversas teorias do envelhecimento, acabam por transportar uma carga ideológica, a partir da forma como entendem a velhice, dando origem a propostas de intervenção particulares, que vão condicionar as características das organizações.

Palazón (1995:83), citado por Osório e Pinto (2007:230), refere três formas diferentes de encarar o trabalho junto da população idosa:

1- Acção compensatória em relação às carências vividas pelos idosos;

2- Idosos vistos como um colectivo com identidade própria, sendo a resposta dada pela animação sócio-cultural;

3- Idosos vistos como um colectivo que partilha protagonismo e emancipação social, resposta dada através do desenvolvimento comunitário.

No quadro seguinte encontra-se explanado o número de entidades formais, da rede solidária e privada, a operar no Concelho, por freguesia de implantação, que dirigem a sua acção a este segmento demográfico:

Tabela 11. Rede de Equipamentos Sociais do Concelho de Oeiras, vocacionados para a População Idosa, por Freguesia

Respostas Formais Outras

respostas Total

Freguesias Rede Solidária Rede Privada

Algés 6 4 1 11 Barcarena 5 4 0 9 Carnaxide 3 2 0 5 Caxias 2 0 0 2 Cruz Quebrada/ Dafundo 1 1 0 2 Linda-a-Velha 2 6 1 9 Oeiras 5 7 3 15 Paço de Arcos 2 6 1 9 Porto Salvo 3 5 0 8 Queijas 4 1 0 5 Total 33 36 6 75

Fonte: Adaptado de CMO (2008), Carta Social do Concelho de Oeiras – Relatório Preliminar.

Deste quadro, que caracteriza o universo de pesquisa acima mencionado, assinala-se que a amostra seleccionada para o estudo é de 6 entidades, geridas por pessoas idosas e dirigidas a este mesmo grupo etário que, relativamente ao total de entidades vocacionadas para a população idosa, representa 8%.

A selecção desta amostra prende-se com a motivação para explorar uma das abordagens à intervenção com pessoas idosas, enunciadas por Palazón (1995: 83, citado por Osório e Pinto, 2007: 230), em que os idosos são vistos como um colectivo que partilha protagonismo no desenvolvimento comunitário e na emancipação social.

Este grupo restrito está explanado no quadro seguinte, que categorizámos de forma a garantir a confidencialidade dos dados fornecidos:

Tabela 12. Organizações Sociais do Concelho de Oeiras, objecto de estudo, por categoria

Área de Actuação Características Organizações do Concelho

ACTIVIDADES DE LAZER E

CONVÍVIO

(Categoria A)

São iniciativas da sociedade civil, especialmente vocacionadas para as actividades de ocupação de tempos livres e convívio. Podem ser consideradas como uma forma genuína de participação, pois a sua constituição, a definição dos seus objectivos e os seus mecanismos de funcionamento dependem da capacidade de iniciativa dos seus membros. São os próprios idosos que promovem a sua criação e asseguram o seu funcionamento. Trata-se de oferta interna de e para os próprios. A sua utilização implica o pagamento de uma quota.

Entidade A1 Entidade A2

ENSINO E CONHECIMENTO

(Categoria B)

De acordo com Lima (2001: 97), as universidades da terceira idade “surgiram voltadas para a promoção da sociabilidade através do lazer”. Em Portugal, o modelo que prolifera é a ocupação dos tempos livres através de actividades de lazer, com os principais enfoques na actualização dos conhecimentos, promoção da sociabilidade, redefinição das representações da velhice, redução do isolamento e facilitação da integração social.

São desenvolvidas actividades de lazer e recreação,

pedagógicas/didácticas e sócio-educativas e culturais (incentivo à criatividade e produção cultural). O modelo seguido assenta numa proposta pedagógica que procura desenvolver a educação permanente. Este conceito pressupõe o efeito duplo de promover a actualização de conhecimentos e o exercício da cidadania.

A especificidade destas estruturas pode assim ser evidenciada por permitir a visibilidade do saber e disciplinas que orientam para uma vida saudável. As universidades sénior baseiam-se no modelo universitário. Os elementos da direcção e os professores são seleccionados entre os próprios membros. Existe um envolvimento dos alunos no planeamento e implementação dos programas.

As actividades são desenvolvidas sob a forma de cursos, seminários,

workshops, conferências e visitas. Os objectivos são os do aumento do

conhecimento dos seus associados. Os seus destinatários são, em geral, idosos com um nível cultural e económico elevado.

Entidade B1 Entidade B2 Entidade B3 VOLUNTARIADO/ APOIO PSICOSSOCIAL (Categoria C)

Assentam no trabalho de voluntários, o seu surgimento advém do acelerado processo de envelhecimento populacional e da percepção de que a população idosa se encontra cada vez mais isolada. Têm como principais objectivos:

 promover iniciativas que visam apoiar pessoas em situação de solidão e/ou dependência, preferencialmente as mais idosas;

 promover junto de entidades responsáveis iniciativas tendentes à sua sensibilização para a necessidade de melhoria da qualidade de vida das pessoas;

 dinamizar o desenvolvimento de acções de solidariedade e cooperação em articulação com pessoas voluntárias que possam oferecer o seu tempo e o seu saber.