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Capítulo V. Panorama local

14. Orientações municipais

A necessidade de organizar a Acção Social nas autarquias surgiu, de uma forma mais concreta, a partir do 25 de Abril de 1974, não só por se ter iniciado o processo de democratização da sociedade portuguesa, em que os municípios passaram a ter um papel mais amplo na organização do Estado, mas também pela necessidade de enquadrar tecnicamente os movimentos de cidadãos então criados, em que se destacam as associações populares e as associações de moradores. As necessidades que então emergiram exigiram dos poderes instituídos, nomeadamente do Poder Local, novas formas de atenção e de compromisso para com os cidadãos.

Em 1984, com a aprovação da Lei de Bases da Segurança Social16, a Acção Social nas edilidades passa a desenvolver um trabalho mais específico, mais alargado e especializado de intervenção, de acordo com os objectivos e o campo de acção definidos por esta Lei e abrangendo áreas como a prevenção de situações de carência, disfunção e marginalização, a integração comunitária, a protecção dos grupos mais vulneráveis, nomeadamente, os idosos e a definição, execução e acompanhamento de projectos de equipamentos sociais.

No quadro das competências e atribuições das autarquias locais, estabelecido nas Leis n.º 159/99 e n.º 169/99 de 14 e 18 de Setembro, respectivamente, são definidas competências que, sem prejuízo da relação com outras áreas de intervenção municipal, estão directamente relacionadas com o bem- estar social e com a qualidade de vida dos munícipes. Destacam-se, por exemplo, no âmbito do apoio a actividades de interesse municipal, as seguintes competências17:

a) Deliberar sobre as formas de apoio a entidades e organismos legalmente existentes, nomeadamente com vista à prossecução de obras ou eventos de interesse municipal, bem como à informação e defesa dos direitos dos cidadãos;

b) Apoiar ou comparticipar, pelos meios adequados, o apoio a actividades de interesse municipal, de natureza social, cultural, desportiva, recreativa ou outra;

c) Participar na prestação de serviços a estratos sociais desfavorecidos ou dependentes, em parceria com as entidades competentes da administração central, e prestar apoio aos referidos estratos sociais, pelos meios adequados e nas condições constantes de regulamento municipal. Na parte referente à intervenção municipal mais directamente relacionada com o bem-estar social, a Lei n.º 159/99 inclui artigos relacionados com competências municipais no âmbito da Acção Social18 que consignam:

16 Lei n.º28/84 de 14 de Agosto.

17 Artigo 64.º n.º4 da Lei n.º 169/99 de 18 de Setembro. 18 Artigos 22.º, 23.º e 28.º da Lei n.º 159/99, de 14 de Setembro.

1. Os órgãos municipais podem assegurar a gestão de equipamentos e realizar investimentos na construção ou no apoio à construção de creches, jardins-de-infância, lares ou centros de dia para idosos e centros para pessoas com deficiência;

2. Os municípios integram os conselhos locais de acção social19 e são obrigatoriamente ouvidos relativamente aos investimentos públicos e programas de acção a desenvolver no âmbito concelhio; 3. Compete ainda aos municípios a participação, em cooperação com instituições de solidariedade social e em parceria com a administração central, em programas e projectos de acção social de âmbito municipal, designadamente nos domínios de combate à pobreza e à exclusão social20.

Assim, perante o contexto em que presentemente nos situamos, concretamente no que se refere à área das pessoas idosas, as prioridades de actuação dos municípios devem orientar-se no sentido da:

 Melhoria das taxas de cobertura em equipamentos, de uma forma mais ampla e generalizada;  Aposta na diversificação da tipologia de equipamentos para responder às novas necessidades no campo da Saúde e da Acção Social, sobretudo as que decorrem do envelhecimento das sociedades;

 Melhoria das acessibilidades, quer no espaço público quer no espaço habitacional;

 Requalificação do espaço público, de forma a torná-lo espaço de estabelecimento de inter- relações e de usufruto privilegiado de todos;

 Construção de habitação (de forma indirecta) a custos controlados, de modo a permitir e incentivar a fixação de jovens e contrariar a tendência de envelhecimento.

O Município de Oeiras constituiu-se nos últimos vinte anos como referência no panorama das políticas públicas locais que promovem a qualidade de vida da pessoa idosa, apoiando não só as actividade e projectos da rede solidária social com respostas para os idosos, mas também implementando projectos próprios que correspondem às necessidades reais diagnosticadas para esta faixa etária, pretendendo deste modo, por um lado, tornar eficazes as respostas sociais para os idosos dependentes e, por outro, apostar no envelhecimento activo dos não dependentes.

De acordo com o artigo 80º do Regulamento Orgânico da CMO, a Divisão de Acção Social, Saúde e Juventude (DASSJ) tem por missão executar as políticas e programas municipais nas áreas que lhe estão adstritas, nomeadamente a área dos idosos. Neste sentido, compete-lhe:

Nas áreas da intervenção social, da gestão de equipamentos sociais e da promoção da saúde:

19 A CMO coordena o Conselho Local de Acção Social de Oeiras (Resolução do Conselho de Ministros, n.º 197/97, de 18 de Novembro,

Pontos 11 e 21 e, Despacho Normativo n.º 8/2002, de 12 de Fevereiro, Artigo 3.º).

20 A CMO tem responsabilidade no funcionamento da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Oeiras (Lei n.º 147/99, de 1 de

“a) Promover, articular e qualificar os recursos sociais para o desenvolvimento social do Concelho, dinamizando a Rede Social;

b) Coordenar a intervenção social concelhia e garantir a sustentabilidade das comissões sociais de freguesia;

c) Apoiar programas concelhios no âmbito dos cuidados de proximidade, nomeadamente, cuidados de saúde primários e cuidados continuados a idosos e dependentes;

(...) g) Desenvolver e apoiar projectos que induzam o cidadão à prática de uma actividade física regular, numa perspectiva de melhoria da saúde, bem-estar e qualidade de vida, com especial incidência em segmentos alvo especiais, nomeadamente os idosos, (...);

h) Propor os termos e as modalidades de cooperação a desenvolver com outras entidades e organismos, zelando pelo cumprimento dos protocolos de colaboração ou cedência de instalações estabelecidas no âmbito social;

i) Fomentar parcerias com as instituições particulares de solidariedade social e outros agentes sociais garantindo o apoio logístico e financeiro;

(...) p) Programar e desenvolver projectos de intervenção social visando os grupos mais carenciados, tais como os idosos (...);

q) (...) realização e actualização do levantamento dos equipamentos sociais existentes, aferindo das necessidades e priorizando a actuação, visando a criação de uma rede de equipamentos sociais integrada;

r) Assegurar o funcionamento dos equipamentos sociais municipais de apoio à comunidade;(...)” Deste modo, no Plano Estratégico da CMO, os objectivos estratégicos e operacionais e as acções/projectos destinados às pessoas idosas, encontram-se elencados da seguinte forma:

Tabela 10. Câmara Municipal de Oeiras – Objectivos Estratégicos, Operacionais e Acções/ Projectos dirigidos à população idosa (2009)

Objectivos Estratégicos Objectivos Operacionais Acções / Projectos

Reforçar as redes de cooperação activa entre os vários agentes e promover a coesão social integrada

Desenvolver e/ou reforçar

respostas sociais de apoio à família

Programa de Actividade Física 50 +; Programa "À Descoberta de Outros Concelhos"; Turismo Sénior; "Oeiras Está Lá"; Projecto "Bairro Limpo"; Encontros de Outubro; Cartão do Idoso 65 +; Revista Real Idade; NetSénior; Programa "Idosos em Segurança"; Plano Gerontológico do Município de Oeiras.

Serviço de Tele-Assistência; Serviço de Transporte Adaptado; Projecto "Oeiras sem Barreiras"; Atendimento social e intervenção em situações de Emergência Social; Serviço “Oeiras Está Lá”; Projecto “Barrigas de Amor”.

Fonte: Plano Estratégico Municipal (2009).

Na prossecução destas intenções, no Concelho de Oeiras, o trabalho em prol dos idosos tem resultado da concertação entre a Autarquia, Instituições Particulares de Solidariedade Social, associações e comunidade em geral, sendo reconhecido pela qualidade e abrangência das respostas criadas.