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3. EXECUÇÃO DAS TAREFAS PREVISTAS

3.2. Planeamento e ação

3.2.4. Objetivo 4: Implementar estratégias de intervenção do

de vida no serviço de Cirurgia Geral

De acordo com o diagnóstico de situação realizada neste serviço, e posterior revisão sistemática da literatura, verificaram-se necessidades de formação que poderiam ser colmatadas com formação em serviço. Através destas formações, foi suscitado a discussão e a reflexão que levou à troca de informações e ideias impelindo à realização de novas práticas que podem alterar rotinas, objetivos, normas, políticas, procedimentos da organização ou mesmo estruturas (Canário, et al., 1997; Davies & Nutley, 2000). Para que a aprendizagem seja relevante, é necessário compreender a sua importância e o impacto na sua intervenção (Zabala & Arnau, 2010). Através da sondagem de opinião, sobre a importância da intervenção do enfermeiro no controlo da dor e dispneia no contexto de prestação de cuidados à pessoa com doença oncológica em fim de vida, foi possível confrontar a prática com o que é recomendado pela evidência científica, facilitando a compreensão das principais temáticas a abordar. Esta metodologia que partiu de uma prática reflexiva, permitiu a construção de um saber após articular a teoria e a prática e consequentemente interpretar como

as recomendações imanadas pela evidência científica poderão ser implementadas (Johns, 2004).

De forma a sensibilizar a equipa de enfermagem, para a problemática do controlo da dor e da dispneia na pessoa com doença oncológica em fim de vida, foram desenvolvidos dois temas para ações de formação, com tempo de duração previsto de 20 minutos cada. Para abranger o maior número dos cerca de 48 enfermeiros a exercerem funções neste serviço, cada um dos temas das ações de formação foi repetido em 3 momentos, encontrando-se os planos de formação em Apêndice XI. Como metodologia foi privilegiada a expositiva, demonstrativa e auto-participativa, com recurso ao PowerPoint, no sentido de aumentar a motivação e consequentemente o foco de atenção e a interatividade. A primeira formação (Apêndice XII) foi apresentada a pertinência da problemática, o diagnóstico de situação e abordadas as principais recomendações da evidência científica no controlo da dor e da dispneia de forma geral, bem como os contributos da equipa de enfermagem para que o desenvolvimento do projeto fosse possível. Numa segunda formação (Apêndice XIII), foram aprofundadas as recomendações da evidência científica no controlo da dor e da dispneia na pessoa com doença oncológica em fim de vida. Em ambas as formações foi disponibilizado cerca de 15minutos para reflexão e discussão da prática, promovendo-se a metacognição, definida como o conhecimento sobre os próprios recursos cognitivos ou sobre as estratégias mais apropriadas para a realização de uma intervenção e a regulação do conhecimento (Ribeiro, 2003). Assim, pretendeu-se que a equipa de enfermagem tomasse consciência sobre as competências necessárias para o controlo da dor e da dispneia na pessoa com doença oncológica em fim de vida, bem como a avaliação das medidas implementadas e reestruturação dessas medidas se necessário. As taxas de participação foram de 87,5% (42 enfermeiros) na primeira sessão e 81,3% (39 enfermeiros) na segunda. De acordo com a equipa de enfermagem, as ações de formação proporcionaram momentos de reflexão, que permitiram dar importância a alguns aspetos que anteriormente não eram considerados relevantes, nomeadamente no que concerne à apreciação da dor e da dispneia e às medidas não farmacológicas implementas para promover o conforto da pessoa. Consequentemente, estas medidas não eram registadas, tal como descrito no diagnóstico de situação.

Considerando as necessidades da equipa de enfermagem, foram desenvolvidos fluxogramas cujo objetivo seria facilitar a implementação de medidas

de conforto às pessoas com doença oncológica em fim de vida com dor, internadas neste serviço. Assim, tendo em conta as recomendações de atuação do enfermeiro no controlo da dor definido pela OE (2008) e o procedimento multissetorial da instituição sobre a avaliação e registo da dor (2014), foi elaborado um fluxograma contendo os principais passos para uma completa avaliação da dor e seu registo, conforme as recomendações destes dois documentos (Apêndice XIV). Concomitantemente, verificou-se que cerca de 96% dos enfermeiros, não tinham conhecimento sobre os critérios de referenciação para a Unidade Multidisciplinar de Dor Crónica. Assim, para fosse possível uma continuidade dos cuidados, melhorando a articulação entre estes dois serviços, advindo contributos para a melhoria dos cuidados implementados às pessoas com dor crónica internadas, foi desenvolvido outro fluxograma contendo os critérios de referenciação a esta unidade (Apêndice VI), tendo por base o procedimento institucional. A apresentação de ambos os fluxogramas, à equipa de enfermagem e médica, demonstrou-se relevante, sendo considerados instrumentos úteis e práticos no quotidiano, sistematizando os pontos- chave do procedimento institucional. O fluxograma com os critérios de referenciação à Unidade Multidisciplinar de Dor Crónica foi considerado como facilitador sistematizando os passos a seguir para a consecução da referenciação. Os dois fluxogramas, após autorização da enfermeira-chefe e do diretor clínico, encontram-se disponibilizados em sistema informático acessível a toda a equipa multidisciplinar e afixados nas salas de trabalho dos diferentes sectores do serviço.

Paralelamente, a elaboração de linhas orientadoras de boa prática no controlo da dor e da dispneia na pessoa com doença oncológica em fim de vida (Apêndice XV), foi uma mais-valia no acesso dos profissionais a informações provenientes de fontes de reconhecido mérito, de estudos sistematizados e representativos no controlo da dor e da dispneia em pessoas com doença oncológica em fim de vida, ressalvando, no entanto, a individualidade de cada pessoa. Foi ainda submetido à avaliação de um painel constituído por sete peritos nesta área, pretendendo-se obter os seus contributos para a orientação da prática, aumentar a segurança e validação das recomendações. A elaboração e divulgação destas linhas é recomendado pela OE, considerando-a como uma boa prática (OE, 2007). Os peritos contribuem de forma relevante para o avanço de novos estudos e novos domínios do conhecimento (Benner, 2001). Neste sentido, foram escolhidos enfermeiros com experiência na prestação direta de cuidados a pessoas com doença oncológica em fim de vida, e/ou

na formação e gestão em enfermagem, identificados como peritos nos locais de estágio. Os peritos eram do sexo feminino, com tempo de experiência profissional superior a 9 anos, sendo que quatro dos enfermeiros para além da licenciatura possuem especialidade e mestrado em enfermagem. A sua caracterização e as sugestões de melhoria, bem como os contributos facultados, posteriormente incluídos nas linhas orientadoras promovendo assim a melhoria da sua qualidade, encontram- se em apêndice XIX. Não houve discordância nas recomendações disponibilizadas, considerando a organização facilitadora para a leitura/consulta, sendo salientada a relevância dada às medidas não farmacológicas. Foi ainda ressaltado o facto de se ter utilizado uma revisão sistemática da literatura efetuada para este efeito, com qualidade, sendo sugerido por três peritos a sua publicação em revista. Concomitantemente à avaliação dos peritos, este documento foi também aprovado pela enfermeira-chefe e pelos elementos da equipa médica parceiros neste projeto e considerado pelos pares como útil e importante para aplicabilidade do recomendado na prática diária. Para que fosse facilmente acessível à equipa multidisciplinar, encontra-se disponível no aplicativo informático e em papel no gabinete da enfermeira-chefe.

Em colaboração com a enfermeira orientadora do serviço de internamento de CP, foi ainda elaborado um póster sobre as intervenções de enfermagem no controlo da dor oncológica (Apêndice XVI), que será exposto em ambos os serviços. Como ia decorrer de 7 a 9 de Abril o VIII Congresso Nacional de Cuidados Paliativos, foi submetido o resumo do mesmo, para exposição do póster neste congresso. O resumo foi aceite, e o póster foi exposto neste congresso, tendo sido impulsionador para a minha participação no mesmo.

Paralelamente, foi ainda realizado um estudo de caso em colaboração com outra mestranda, a implementar o seu projeto de intervenção no mesmo serviço, no cuidado à pessoa em fase agónica. A implementação de dois projetos no mesmo serviço revelou-se pertinente uma vez que permite o aprofundamento de conhecimentos na área da promoção do conforto da pessoa com doença oncológica em fim de vida e sua família. A parceria estabelecida e demonstrada através deste estudo de caso foi vantajosa, possibilitando uma dupla visão da mesma situação, bem como os conhecimentos específicos sobre a sintomatologia presente, sendo potenciados os cuidados dirigidos à pessoa com doença oncológica em fim de vida e à sua família (Apêndice XVII). A discussão deste estudo de caso, com a equipa de

enfermagem permitiu ainda demonstrar a aplicabilidade das recomendações no controlo sintomático, apresentadas pelas duas mestrandas no serviço.

Através do desenvolvimento destes instrumentos de trabalho, bem como das ações de formação realizadas e tendo em conta a individualidade de cada pessoa foi possível desenvolver um raciocínio clínico, que se encontra presente em todas as ações e decisões tomadas, através da avaliação, implementação de medidas de conforto e avaliação dos resultados alcançados, onde a pessoa com doença oncológica e sua família deve estar envolvida ativamente, sendo um processo inter- relacional (Cerullo & Cruz,2010).

3.3. Objetivo 5: Avaliar os resultados obtidos com a implementação do