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“A maioria das coisas tem um pouquinho de amor. Quando é relacionamento entre humanos, sempre tem um pouquinho de amor ali. A gente não percebe que tem, mas tem” (Marcelo, 15 anos, participante da pesquisa – nome fictício).

Apresentamos anteriormente a importância do amor no desenvolvimento moral. Para Piaget (1932/1994) é pelo amor (e pelo medo) que a criança obedece a regras na fase de heteronomia, e na autonomia o amor está relacionado à justiça equitativa e à generosidade. Assim, o amor é um dos sentimentos que influencia o ‘querer fazer moral’ (La Taille, 2006b). Ainda, segundo Comte-Sponville (1999), é devido ao pouco de amor que temos que nos desenvolvemos moralmente. Mas ele ressalta que se tivéssemos o amor mais sublime, não necessitaríamos de regras e coerção, faríamos por amor.

A partir dessas considerações, nos questionamos: o que é o amor? Vimos que de acordo com Comte-Sponville (1999, 2011), faz-se necessário falar em eros, philia, ágape para defini-lo. No entanto, se estamos falando em desenvolvimento moral na criança, qual o conceito de amor que elas possuem? Em nossos trabalhos (Alves, 2011; Alves, Alencar & Ortega, 2012, 2013, 2014a, 2014b) verificamos que este está relacionado, principalmente, nas ações de amor direcionadas a outrem e no amor por determinada pessoa (influência do vínculo) e houve um aumento da frequência destas respostas com a idade, quando comparado os participantes de seis e nove anos.

Não obstante, se investigássemos adolescentes, qual a concepção que eles teriam do amor? Qual a relação entre o amor e a moral? A partir dessa pergunta, buscamos

investigar os juízos de adolescentes, no que diz respeito ao conceito de amor, analisando sua relação com a generosidade em uma análise psicogenética. Para isso,

verificamos os exemplos e a concepção de amor, a possibilidade de amar pessoa do sexo oposto, do mesmo sexo, amigo, desconhecido e inimigo. Por meio de histórias hipotéticas, contrapusemos a generosidade e a justiça para consigo e a possibilidade de generosidade para com amigo, inimigo e desconhecido, tendo a finalidade de pesquisar a relação da virtude e a generosidade com o amor. Para tanto, propusemos três Estudos:

1- Conceito de amor; 2- Amor: generosidade x justiça para consigo; e 3- Amor: generosidade e vínculos. Detalhemos os objetivos de cada um desses estudos.

4.1 Estudo 1: Conceito de amor

Para nossa reflexão acerca da relação do amor com a moral, faz-se necessário investigar qual o conceito que se tem do amor. Os adolescentes seguiriam as tendências encontradas em nosso estudo com crianças, exaltando ações de amor que beneficiem o outro e o amor por determinada pessoa (da família e amigos)? Para essa investigação, temos o objetivo de pesquisar o conceito de amor para os adolescentes, analisando a concepção e os exemplos de amor, além da possibilidade de amar pessoas do mesmo sexo, sexo oposto, amigo, desconhecido e inimigo, analisando as possíveis diferenças entre as idades. Nossos objetivos específicos são:

1. Investigar a concepção e os exemplos de amor citados espontaneamente pelo participante e as justificativas;

2. Verificar o juízo do participante quanto à possibilidade de um adolescente amar outro do sexo oposto e do mesmo sexo e as justificativas;

3. Pesquisar o juízo do participante quanto à possibilidade de um adolescente amar um amigo, um desconhecido e um inimigo, além das justificativas.

4.2 Estudo 2: Amor: generosidade x justiça para consigo

Outra indagação nossa refere-se à relação do amor com a generosidade e a justiça. Pensando em uma situação que contrapõe à generosidade e à justiça para consigo, os adolescentes optariam por qual ação? No estudo de Vale (2012), no qual foram entrevistados escolares de seis, nove e doze anos, os mais jovens tenderam à generosidade ao passo que os mais velhos justificaram mais próximo da justiça. Os adolescentes seguiriam esta tendência? Além disso, no ato escolhido, haveria o reconhecimento da presença do amor? Na ausência ou presença deste, a ação manter-se- ia a mesma?

Para esta análise, definamos o objetivo desse estudo: analisar, por meio da contraposição da generosidade e da justiça para consigo, a influência do amor, verificando se há diferenças das respostas comparando-se as idades dos participantes. Portanto, são nossos objetivos específicos:

1. Averiguar se o participante optará pela justiça para consigo ou pela generosidade e as justificativas da escolha;

2. Investigar se o participante considera a presença do amor na ação escolhida e as justificativas;

3. Pesquisar se a ação ocorreria na ausência e na presença do amor e as justificativas.

4.3 Estudo 3: Amor: generosidade e vínculos.

Além disso, no mestrado (Alves, 2011) verificamos a influência do vínculo na relação de amor, uma vez que para nossos entrevistados (crianças de seis e nove anos) mais difícil do que amar um inimigo é amar um desconhecido. Contrapondo esses dados com os de Vale e Alencar (2009) que entrevistaram crianças de sete, dez e treze anos, acerca da possibilidade de ser generoso para com amigo, inimigo e desconhecido, vemos que é possível amar e ser generoso para com o amigo, ainda, é possível amar um inimigo, mas não ser generoso, e ser generoso para com o desconhecido, mas não o amar. Observemos, pois, que a relação do amor e da generosidade para com o inimigo e o desconhecido são diferentes. Assim, nos indagamos, qual seria a influência do vínculo na relação entre o amor e a generosidade em adolescentes?

Pensando em uma situação hipotética, questionando adolescentes, eles optariam pela generosidade para com o amigo, inimigo e desconhecido? Eles reconheceriam a presença do amor numa ação generosa? Optariam pela generosidade na presença do amor? E na ausência deste? Haveria diferença nas respostas dependendo do vínculo existente com o outro? Assim, para pesquisarmos nossas indagações, nosso objetivo nesse estudo é analisar a influência dos vínculos (amigo e inimigo) ou sua ausência (desconhecido) na possibilidade da generosidade, para com isso, verificar a influência

do amor, realizando uma análise psicogenética. Para tanto, nossos objetivos específicos são:

1. Averiguar o juízo do participante quanto à ação diante da possibilidade de generosidade, perante a um amigo, desconhecido e inimigo e as justificativas; 2. Investigar se o participante considera a presença do amor na ação para com um

amigo, desconhecido e inimigo e as justificativas.

3. Pesquisar se a ação permaneceria na ausência ou na presença do amor para com um amigo, desconhecido e inimigo e as justificativas.

Após essas reflexões e a explicitação dos objetivos, apresentaremos o método que utilizamos em nosso trabalho.