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Objetivos da pesquisa: caminhos da proposta investigativa e subjetividade da

2 O PROCESSO METODOLÓGICO DA PESQUISA E A ELABORAÇÃO DA

2.3 Objetivos da pesquisa: caminhos da proposta investigativa e subjetividade da

As pesquisas apresentam seus resultados marcados por um contexto histórico específico e todo o conhecimento produzido contribui para compreender as transformações societárias. Dessa forma, as investigações contribuem com as experiências vivenciadas pelos sujeitos, sejam esses idosos ou não. A heterogeneidade da velhice está relacionada às experiências e às histórias de vida, e dessa afirmação decorre a importância de serem realizados processos investigativos contínuos e também a relevância dos debates atuais em torno das novas concepções sobre o envelhecimento humano.

A fragilidade do idoso é um exemplo de como as experiências vivenciadas ao longo da vida incidem sobre o atual desenvolvimento humano. São fatores relacionados à fragilidade do idoso: a condição econômica atual e o seu desenvolvimento ao longo de outras etapas da vida, a história de vida e seus aspectos mais variados, a reflexão do próprio idoso sobre o processo de envelhecimento e sobre a velhice, os fatores relativos à estrutura de serviços, a autoimagem, a autoestima e a socialização.

A pesquisa teve como seu principal objetivo analisar as implicações do processo de hospitalização e as perspectivas da atenção domiciliar, com vistas a problematizar, em conjunto com idosos, familiares, assistentes sociais e profissionais da saúde, proposições destinadas à garantia da qualidade de vida do idoso no período pós-hospitalar.

A participação desses diferentes atores possibilitou contextualizar a relação entre idoso e saúde sob a perspectiva da hospitalização, da concepção de saúde, da atuação profissional, da produção do conhecimento, das possibilidades e dos desafios do trabalho com idosos hospitalizados e das perspectivas futuras para além do cuidado hospitalar. Para que as finalidades do estudo fossem contempladas, foram entrevistados idosos e familiares com o intuito de desvendar os significados do processo de hospitalização e as experiências dos sujeitos. Quanto aos assistentes sociais, eles foram questionados sobre o trabalho com idosos em instituições hospitalares, no que se refere às demandas, à rede de apoio e aos recursos institucionais. Já os profissionais da saúde responderam questionamentos referentes à atenção domiciliar, desafios e perspectivas do serviço. Como forma de sistematizar os objetivos da abordagem investigativa, segue o quadro que sintetiza as finalidades do estudo.

Quadro 1 – Objetivos da pesquisa

Título da pesquisa: “Para além do cuidado hospitalar: significados do processo de hospitalização do idoso e o contexto da internação domiciliar”

Objetivo geral

Analisar as implicações do processo de hospitalização em conjunto com idosos, familiares e assistentes sociais e as proposições destinadas à garantia da qualidade de vida do idoso no período pós-hospitalar, especificamente nesta tese a atenção domiciliar, nova modalidade de atendimento em saúde.

Obj. Esp. 01 – Desvendar o significado da hospitalização para idosos e familiares, a fim de problematizar essa experiência e a formulação de alternativas que garantam o seu bem-estar.

Obj. Esp. 02 –Identificar os aspectos que envolvem à atuação profissional dos assistentes sociais inseridos em instituições hospitalares, assim como, as ações, as estratégias formuladas e as demandas implícitas e explícitas com vistas a analisar a construção de

iniciativas destinadas ao idoso

dependente/semidependente;

Obj. Esp. 03 – Mapear a rede de apoio ao idoso e a sua família, com vistas a dar visibilidade às dificuldades cotidianas vivenciadas, aos recursos existentes e aos espaços inócuos, em termos de cobertura para garantia da proteção social.

Obj. Esp. 04 – Identificar as estratégias de resistência do idoso e de seus familiares, com vistas a reconhecer as alternativas formuladas por esses sujeitos, ensejando superar dificuldades e limitações.

Obj. Esp. 05 – Analisar a participação dos profissionais da saúde, que compõem as equipes de atenção domiciliar, na construção de iniciativas ao segmento idoso dependente/semidependente.

Obj. Esp. 06 – Desvelar as contradições e as tensões entre as demandas profissionais, as demandas dos usuários, as demandas institucionais e as possibilidades de atuação do assistente social.

Fonte: A autora (2014).

Para que as respostas aos objetivos da pesquisa fossem contempladas, os seguintes questionamentos foram realizados: “O que representa para o idoso e para a família o processo de hospitalização?”; “Qual a compreensão dos assistentes sociais sobre o processo de hospitalização do idoso?”; “Quais são as demandas implícitas e explícitas dirigidas aos Assistentes Sociais no ambiente hospitalar?”; “Qual a compreensão dos idosos sobre as iniciativas existentes e sua relação com a manutenção da qualidade de vida?”; “Quais são as maiores dificuldades vivenciadas pelo idoso em seu cotidiano e suas proposições para a superação dessas limitações?”; “Como se configura a rede de suporte social ofertada pela sociedade e pelo Estado para auxiliar o idoso e a família a readequarem-se às limitações

decorrentes da fragilização de sua saúde ou ao próprio processo de envelhecimento?; “De que forma o bem-estar e a qualidade de vida do idoso são garantidos através da rede de suporte social?”; “Qual a concepção dos assistentes sociais sobre a área da saúde, sobre o processo de hospitalização do idoso e sobre as alternativas existentes, como a atenção domiciliar?”; “Que estratégias os assistentes sociais propõem para além da hospitalização, institucionalização e atenção domiciliar do idoso?”; “Qual a participação dos assistentes sociais na construção de iniciativas destinadas ao segmento idoso dependente/semidependente?”; “Que tipo de ações são desenvolvidas nos programas de atenção domiciliar voltadas à diminuição do número de hospitalizações?”; e “Qual a contribuição dos profissionais da saúde que compõem as equipes da atenção domiciliar na construção de iniciativas ao segmento idoso dependente/semidependente?”.

Objetivou-se, através desses questionamentos, trazer à tona os significados do processo de hospitalização para idosos e familiares, mediante experiência vivenciada no momento da coleta de dados e em internações anteriores. As reinternações representam uma particularidade dos sujeitos entrevistados que fazem uso com determinada frequência dos serviços de saúde. Conforme dados do IBGE (IBGE, 2013), para uma população de mil habitantes em média são realizadas cento e sessenta internações pela parcela populacional a partir dos 60 anos. A hospitalização representa, para esses sujeitos, uma alternativa às fragilidades e vulnerabilidades decorrentes do processo de adoecimento e de sua relação com a velhice, principalmente quando as patologias se encontram em estágio mais avançado.

Destaca-se, portanto, que a principal intenção do estudo foi problematizar o envelhecimento populacional através da vivência daqueles sujeitos que convivem com limitações oriundas do adoecimento e, a partir desse pressuposto, investigar a existência de alternativas para além da hospitalização. Para tanto, enfocou-se em uma das alternativas mais inovadoras às reinternações frequentes – a atenção domiciliar.

A fragilidade da rede de suporte social ao idoso dependente contribui para o acesso contínuo da população aos serviços de saúde de alta complexidade. A diminuição das reinternações frequentes é um dos desafios dos profissionais de saúde, em que se incluem os assistentes sociais. Por esse motivo, ressalta-se a importância da realização de abordagens investigativas sobre o suporte social ao idoso dependente, como forma de socializar o contexto histórico e elucidar proposições, pois “o que atrai na produção do conhecimento é a existência do desconhecido, é o sentido da novidade e o confronto com o que nos é estranho” (MINAYO, 2002, p. 22).