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Possibilidades de intervenção do assistente social com idosos hospitalizados e seus

5 POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO

5.2 Possibilidades de intervenção do assistente social com idosos hospitalizados e seus

Os serviços de saúde ampliam a sua atuação direcionada às transformações que ocorrem na sociedade, sendo uma dessas transformações o envelhecimento populacional, que está diretamente relacionado ao aumento da expectativa de vida. Com o aumento da

expectativa de vida, os serviços de saúde tendem a se qualificar para atender uma população que, ao envelhecer, faz uso dos serviços tanto preventivos quanto curativos. Entretanto, a demanda por serviços de saúde ainda carece de iniciativas que ampliem a capacidade do acesso e aproximem-se da população, como políticas de saúde direcionadas à população a partir dos 60 anos.

Em geral, quando a população idosa faz uso dos serviços de saúde, já se encontra bastante fragilizada, em virtude da vivência de condições de saúde instáveis. Esse acesso também representa uma questão cultural, que perpassa a compreensão de saúde associada à cura de patologias. A vivência de condições de saúde frágeis pela população idosa também ocorre em virtude da realização de uma relação com a própria velhice, em se tratando de uma consequência do processo natural do envelhecimento, o qual representa um desafio aos profissionais de saúde, relacionado à não naturalização dos sintomas e à compreensão de uma visão ampliada sobre o processo de envelhecimento humano.

O assistente social contribui com uma visão mais ampliada sobre as condições que envolvem a saúde ao trazer à tona questões relacionadas ao cotidiano dos sujeitos. As relações sociais, por exemplo, podem influenciar as condições de saúde, principalmente quando é necessária a manutenção de cuidados específicos.

O idoso hospitalizado encontra-se mais vulnerável em virtude do processo de adoecimento vivenciado, sendo que, durante a internação, permanece sob os cuidados das equipes de saúde. A hospitalização para o idoso pode estar associada a um agravamento significativo de suas condições de saúde e que, consequentemente, interferem em sua autonomia e independência. Representam, nesse sentido, demandas dos idosos hospitalizados, conforme a compreensão dos Assistentes Sociais entrevistados: contato com familiares para que realizem o acompanhamento da internação, organização da alta hospitalar e principalmente do período pós-hospitalar, orientações sobre direitos sociais, orientações com relação ao Benefício de Prestação Continuada, notificação de violências principalmente de ordem financeira, solicitação de leitos hospitalares e a solicitação de permanência na Instituição pela complexidade que envolve a organização do período pós-hospitalar. Sobre as demandas identificadas pelos profissionais destaca-se uma preocupação dos assistentes sociais entrevistados com situações complexas como a violência contra o idoso. Nesse sentido, o profissional deve estar atendo as demandas explícitas como uma forma de identificar as demandas implícitas, como a notificação de situações de violência e abandono e também outros aspectos como a auto-percepção do idoso sobre essa etapa da vida.

É necessário estar atento, pois nas solicitações dos idosos muitas vezes estão implícitas o abandono e a negligência com os cuidados e, também, as dificuldades do próprio idoso em lidar com o processo de envelhecimento, aliados aos fatores culturais de desvalorização do idoso (AS 02).

Observa-se nessas demandas a complexidade que envolve o período de hospitalização do idoso, sendo esse um espaço em que as expressões da vida cotidiana emergem e os sujeitos acessam os serviços, carecendo de respostas as suas necessidades mais diversas. Entretanto, essa complexidade não envolve apenas o período de hospitalização, como também a vida dos sujeitos, seja pela inexistência de relações, pela pobreza, ou por um contexto de carências diversas. Constata-se ainda que as demandas identificadas pelos assistentes sociais são relacionadas sobremaneira à rede de apoio existente no que se refere às relações familiares, às condições econômicas e à própria fragilidade da rede, que pode ser comprovada através do prolongamento das internações. Por outro lado, as demandas confirmam a centralidade da hospitalização e das relações familiares na vida dos idosos considerados mais frágeis. Evidencia-se, ainda, a tensão entre as demandas dos usuários e demandas institucionais, conforme ressaltado anteriormente, como a contradição existente entre o prolongamento da hospitalização e a organização para a alta hospitalar.

Apesar da centralidade das relações familiares para o idoso considerado frágil, muitos dos que acessam os serviços de alta complexidade não dispõem de familiares de referência, realidade que sugere a inexistência de vínculos, o seu total rompimento ou fragmentação. Quanto à inexistência de relações entre o idoso e sua família, essa configura-se como uma importante demanda dos usuários e suas implicações um desafio profissional. Quando o idoso mantém a sua autonomia e independência, a ausência de familiares de referência não repercute na organização para o período pós-hospitalar. Mesmo assim, muitas vezes, é realizada a busca por familiares, geralmente por solicitação do idoso, respeitada a sua autonomia em decidir sobre a retomada de vínculos. Entretanto, a inexistência de relações familiares se complexifica quando associada à diminuição da autonomia e ao aumento da dependência do idoso, quando os profissionais decidem realizar à busca de familiares de referência. Nesse momento, aspectos particulares referentes à história de vida dos sujeitos e das famílias são ressaltados e retomados através da tomada de decisão, ao mesmo tempo em que, o contexto mais amplo sinaliza o distanciamento do Estado com relação as implicações do envelhecimento populacional, que pode ser visualizado nas políticas públicas através da primazia da responsabilidade (solidariedade) familiar.

Com o potente aumento da longevidade da população como tendência atual e quase universal, a questão da família detém-se, inescapavelmente, na dimensão do envelhecimento, e nela, no papel dos mais velhos, que se projeta até o capítulo essencial das políticas públicas. Porque, enquanto, o Estado é mais e mais omisso quanto ao fomento e à preservação dos direitos sociais, delega atualmente às famílias a responsabilidade principal não apenas pelo bem-estar como pela própria sobrevivência dos seus membros, em uma sociedade com escassez crescente de possibilidade de emprego. Nesse quadro, parte significativa dos apoios e recursos de que dispõem as famílias vem de seus idosos (MOTTA, 2007, p. 117).

Constata-se que as demandas identificadas pelos assistentes sociais no que se refere aos idosos hospitalizados relacionam-se entre si, tendo em vista que a inexistência de relações familiares pode culminar com o prolongamento da hospitalização. Observa-se, nesses casos, a convivência durante a hospitalização com a contradição entre segurança e insegurança, ocasionada pela tensão entre as respostas a demandas imediatas referentes às condições de saúde do idoso e, ao mesmo tempo, a necessária organização para o período pós-hospitalar, que representa uma demanda pela liberação de leitos. Nesse sentido, um dos desafios profissionais é articular as demandas dos usuários com um contexto mais amplo através da realização de abordagens continuadas para além da resolução de conflitos no ambiente hospitalar, como o estabelecimento de relações familiares até então inexistentes. Entretanto, muitas vezes essa é a demanda explícita e de interesse imediato dos usuários. Portanto, desmistificar a lógica de resolução de conflitos diante da compreensão sobre a sua articulação com um contexto mais amplo representa também uma alternativa profissional e pode ser socializada com os usuários, com os familiares, com outros profissionais e com os gestores. Sobre as demandas implícitas, pode-se fazer menção às situações de violência, principalmente com relação à negligência aos cuidados e também à reprodução de uma concepção preestabelecida sobre a velhice reiterada pelos próprios idosos.

Ainda no que se refere à reprodução de uma concepção preestabelecida sobre a velhice, destaca-se a sua associação com o processo de hospitalização e com a dependência, sendo essa uma constatação bastante presente na expressão oral dos idosos quando questionados sobre perspectivas futuras e os significados dessa etapa da vida. Destaca-se que as demandas implícitas identificadas não se apresentam de imediato e resultam de um acompanhamento contínuo, no qual evidenciam-se outros aspectos da vida cotidiana para além da fragilidade ocasionada ao longo da hospitalização e da convivência com comorbidades. Entretanto, o período de hospitalização é o cenário no qual essas demandas tornam-se mais evidentes através de uma tomada de decisão sobre a qual incidem diversos aspectos da história de vida dos sujeitos. Nesse momento, revelam-se elementos que particularizam a história de vida do idoso, como o estabelecimento de relações familiares e

comunitárias, a participação no meio social, as condições econômicas, as condições básicas de subsistência (moradia, saneamento básico, alimentação etc.) e a constituição familiar. Configura-se, assim, um cenário, no qual demandas explicitas e implícitas convivem lado a lado devido à transversalidade da hospitalização e do adoecimento, particularmente para os idosos e familiares participantes do estudo.

O olhar mais atento às demandas dos idosos, durante o período de hospitalização, constitui uma possibilidade de atuação do assistente social, que pode compreender as particularidades que envolvem a vivência desta etapa da vida conforme a percepção dos idosos sobre suas experiências. Essa capacidade de reconhecer demandas explícitas e implícitas sugere a vivência da velhice de diferentes formas, embora as situações de violência (negligência) e a ausência de perspectivas futuras sejam aspectos relevantes identificados durante a hospitalização. A rede de suporte social ao idoso carece de iniciativas e de uma efetiva materialização de suas ações de forma integral. Observa-se essa carência no cotidiano profissional e, consequentemente, na vida dos sujeitos, como nos encaminhamentos a serem realizados em situações extremas como as situações de violência, nas quais se observa a necessidade de um acompanhamento mais contínuo e mais próximo da realidade do sujeito idoso. O assistente social contribui para que a demanda dos idosos hospitalizados seja atendida, através da visibilidade dada às questões trazidas pelos idosos, o encaminhamento qualificado à rede de proteção, a continuidade do acompanhamento, a busca pela garantia dos direitos sociais e a capacitação profissional.

Acredito que a contribuição do assistente social esteja na visibilidade ofertada às questões trazidas pelos idosos, dentro da equipe e nos demais serviços que compõem a rede socioassistencial. Intervindo diretamente com o idoso e com sua família, realizando encaminhamentos qualificados à rede de proteção e de atendimento socioassistencial, no sentido de garantir a continuidade do acompanhamento (Assistente social 03).

A partir de encaminhamentos qualificados, dar continuidade ao atendimento ao idoso pela rede assistencial e pelos familiares no pós-alta, com a finalidade de que seus direitos sejam respeitados e garantidos (Assistente social 05).

Compreendo que o SS poderia estar contribuindo mais com a demanda dos idosos hospitalizados através da capacitação profissional, do aumento do quadro de profissionais do Serviço Social, da implantação de pressupostos norteadores que perpassam o atendimento dentro do espaço hospitalar e da criação de um espaço de acolhimento e abordagem específica ao idoso em atendimento, para que se verifique ou não a necessidade de intervenção profissional (Assistente social 07).

As possibilidades de atuação do assistente social em relação à abordagem com idosos hospitalizados e familiares estão diretamente relacionadas às particularidades que envolvem a profissão, mediante principalmente a escuta e o olhar atento à realidade, à sensibilização com o objeto da profissão, às expressões da questão social e suas consequentes transformações que

impactam no cotidiano dos sujeitos. No caso do idoso, essa manifestação ocorre mediante exemplos específicos, como: o provimento financeiro familiar, a vivência de um cotidiano permeado por diversas formas de violência, o abandono, a inexistência de relações familiares e sociais, o desemprego, a pobreza, carências de ordem diversa, e pela própria procura dos serviços de saúde, principalmente quanto à hospitalização nos casos em que não se verifica a manutenção de cuidados específicos, por recursos financeiros limitados ou por dificuldades de ordem diversa.

Para que as possibilidades de atuação profissional realmente sejam efetivadas, faz-se necessário, também, uma rede de suporte social coesa e direcionada à realidade do idoso brasileiro. Destaca-se também a ausência de uma articulação entre as diferentes políticas sociais, que poderia superar o provimento financeiro familiar e oportunizar aos demais membros familiares o ingresso no mercado de trabalho e o acesso à qualificação profissional. Diante desse contexto, observa-se uma saúde centralizada nos aspectos que envolvem o acesso aos serviços disponibilizados, ao passo que a articulação com as demais políticas sociais como a previdência e a assistência ocorre por intermédio de encaminhamentos realizados aos órgãos competentes. Como exemplo, pode ser citada a inexistência no município de Porto Alegre de instituições de longa permanência públicas destinadas aos idosos dependentes, ao mesmo tempo que se evidencia a ocorrência de reinternações frequentes. Ressalta-se, portanto, através desse exemplo, a inexistência de uma relação entre a política de assistência social e a política de saúde, que por fim acarreta a judicialização da demanda. A judicalização da demanda representa uma estratégia profissional em razão da ausência da articulação entre as políticas e de uma cobertura integral às demandas da população idosa. O encaminhamento das situações, sendo o exemplo mencionado ilustrativo da realidade que se apresenta, ocorre através do contato com instituições que representam a população idosa, como o Ministério Público, em especial a Promotoria de Direitos Humanos, com o Conselho do Idoso, com a Delegacia do Idoso e também com os espaços coletivos de discussão, como os grupos de convivência, os fóruns etc.

Dentre as alternativas para a promoção da qualidade de vida do idoso acometido por patologias, pode-se destacar que todas elas perpassam a formação de uma rede de suporte social integral ao idoso considerado dependente para que se superem os encaminhamentos profissionais e seja verdadeiramente articulada à integralidade. Os profissionais entrevistados sugerem, portanto, como possibilidade para a promoção de um envelhecimento associado à qualidade de vida, e, principalmente, como alternativa às constantes hospitalizações realizadas

por idosos, a criação de casas de apoio e de serviços públicos para a orientação de idosos e familiares, dentre outras alternativas.

Penso que uma boa alternatva seria a criação de casas de apoio transitório entre hospitalização e a residência, pois, muitas vezes, o idoso lúcido, orientado e que realiza os próprios cuidados sozinho, é acometido por doenças que o incapacitam bruscamente. Nesse sentido, seria importante um local de moradia intermediário até que os familiares conseguissem reorganizar o esquema de cuidados. O assistente social pode contribuir participando dos espaços de tensionamento para esta iniciativa, como o Ministério Público, o Conselho do Idoso, o Grupo de Trabalho em Saúde do Conselho Regional de Serviço Social ou outros (Assistente social 08). Observa-se a necessidade da criação de serviços públicos e privados de suporte específico ou programas estruturados dentro do serviço para apoio e orientação aos cuidadores e familiares, para incentivar e organizar com a família uma forma de o idoso não ser institucionalizado. Existem equipamentos públicos destinados à atenção dos idosos, como CRAS, CREAS e Unidades Básicas de Saúde, porém esses atendem a diversos tipos de demandas e não conseguem dar conta de atender qualificadamente toda esta demanda. Entre os motivos, podem ser apontados: poucos profissionais, verbas insuficientes, privilégio de interesses políticos, profissionais desqualificados, gestores despreparados e sem qualificação, entre outros (Assistente social 01).

As instituições asilares, de forma geral, não se constituem em locais adequados para a moradia de idosos acometidos por patologias, pois as de menor custo não aceitam pacientes dependentes, não possuem profissionais qualificados e em número suficiente. Poucos idosos podem acessar instituições adequadas, pois possuem custo elevado. Sobre as ONGs não tenho conhecimento sobre ações específicas para os idosos. Porém, acredito que as que existem sejam muito focalizadas em pequenas populações. Ou seja, não alcançam um grande número populacional, além de contribuírem para a visão do direito como favor, “boa ação”. A criação de espaços específicos para a população idosa hospitalizada é fundamental para a promoção da qualidade de vida, mas ainda revela-se insuficiente (Assistente social 03).

Constata-se a existência de uma relação bastante próxima entre possibilidades e limites de atuação profissional. A criação de possibilidades de intervenção perpassa a realidade dos limites oriundos da carência por recursos de ordem diversa. Por isso, o acompanhamento das demandas e do cotidiano dos sujeitos necessita estar alinhado ao projeto ético-político profissional que sugere o estabelecimento de uma relação entre teoria e prática. Os assistentes sociais tendem a continuar a desenvolver o seu trabalho intervindo em uma realidade dotada de carências diversas, que complexifica ainda mais as ações profissionais e que incide sobre a vida dos sujeitos, sendo esse um contexto de amplitude coletiva. Apesar dos diferentes espaços sócio-ocupacionais sinalizarem a existência de particularidades, as possibilidades e os desafios profissionais apresentam semelhanças que pressupõem a existência de um contexto mais amplo em que são reproduzidas as diferentes formas de expressão da questão social. As constatações de que os espaços para atendimento da população idosa não são suficientes para as demandas existentes e de que as instituições asilares não se constituem em locais adequados para os idosos acometidos por patologias

sugerem uma associação com expressões da questão social, decorrentes da atenção dispensada ao envelhecimento populacional na atualidade.

Em mais de um dos relatos a criação de um espaço entre a hospitalização e o espaço doméstico aparece como uma alternativa, sendo que ainda representa um espaço a ser preenchido na rede de apoio. Em nenhum momento, a atenção domiciliar é mencionada como uma forma de intervenção nessa realidade. Apesar de serem convidados a refletir sobre as alternativas para o idoso hospitalizado, evidencia-se também o estabelecimento de uma relação com os desafios existentes principalmente quanto à configuração da rede de apoio e ao seu contexto de carências. Sendo assim, a qualificação dos espaços constituídos atualmente representa uma alternativa formulada pelos assistentes sociais e que requer a ampliação dos espaços públicos, através da contratação de profissionais, da capacitação dos já existentes e de mais investimentos, além da adequação das instituições de longa permanência para que atendam às demandas da população idosa.

Nenhuma das alternativas sinalizadas refere-se à realização de mudanças nos espaços sócio-ocupacionais, como a ampliação dos objetivos institucionais, a qualificação dos espaços de trabalho ou a contratação de mais profissionais. De sobremaneira, destaca-se uma preocupação com o período pós-hospitalar e com a rede de apoio existente, sendo ressaltada a urgência da qualificação dos espaços existentes. Dessa forma, também não foi mencionado o trabalho multidisciplinar/interdisciplinar, sendo essa uma alternativa viável a ser construída dentro dos espaços sócio-ocupacionais.

Ainda no que se refere à saúde, quando o idoso necessita de cuidados específicos no espaço doméstico, as Unidades Básicas de Saúde tendem a intervir como socializadoras de informação e prestadoras de atenção no domicílio. Entretanto, muitas dessas instituições não dispõem de recursos humanos suficientes para atender à demanda em um espaço de tempo adequado, o que caracteriza a urgência das condições de saúde e a necessidade de um acompanhamento contínuo.

No período pós-hospitalar, os cuidados em saúde tendem a ser administrados pela família, com o apoio das Unidades Básicas. O trabalho multidisciplinar, realizado com os profissionais que compõem as equipes de saúde, possibilita a materialização de um cuidado contínuo em saúde. Apesar do apoio ofertado pelas Unidades Básicas de Saúde, a família tende a responsabilizar-se com os cuidados administrados ao idoso no período pós-hospitalar, sendo que as equipes de saúde representam um importante aporte ao idoso dependente e seus familiares. Apesar disso, percebe-se por parte das equipes de saúde que muitas vezes o idoso

não recebe os cuidados adequados de acordo com suas necessidades, em decorrência da relação causa e efeito entre a velhice e o adoecimento.

Isto ocorre, principalmente, por identificar que alguns agravos que acometem a sua saúde são por vezes identificados como próprios da velhice e não recebem tratamento, podendo levar a um maior declínio da saúde com elevação dos riscos para o desenvolvimento, complicações e doenças incapacitantes (LANA, 2013, p. 9).

A realização dessa relação causa e efeito também pressupõe a reprodução de um estigma sobre o envelhecimento populacional que pode vir a acarretar riscos à saúde do idoso. Nesse contexto, reconhecer a heterogeneidade que representa o envelhecimento populacional