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5 CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÕES

5.3 Objetivos e hipóteses de pesquisa

Na busca pela resposta à questão de pesquisa trabalhada nesta pesquisa – Qual o papel das estratégias corporativas nas relações entre ambiente da indústria e desempenho organizacional? – foi estabelecido como objetivo geral contribuir para o entendimento do papel das estratégias corporativas nas relações entre ambiente da indústria e desempenho. Como objetivos específicos têm-se:

1. Mensurar as relações entre as variáveis representativas dos constructos constituintes dos

modelos de referência.

2. Mensurar as relações entre as variáveis representativas dos constructos constituintes dos

modelos elaborados sob a perspectiva da irrelevância do papel da estratégia na relação entre ambiente e desempenho.

3. Mensurar as relações entre as variáveis representativas dos constructos constituintes dos

modelos propostos com ênfase no papel da estratégia como mediadora da relação entre ambiente e desempenho.

4. Identificar o modelo que melhor se ajusta à análise das relações propostas, por variável

representativa do desempenho da firma.

O primeiro objetivo específico foi alcançado. A análise comparativa dos modelos por variável dependente, apontou para a adequação do modelo 4 à estimação das relações explicativas da variação dos desempenhos financeiro e competitivo das empresas constituintes da amostra estudada, mensurados por meio das variáveis RENTAT, LOAT e MKTSHARE. Quanto à variável QTOBIN, representativa do desempenho no mercado de capitais, o modelo 2 foi identificado como o de melhor ajuste à explicação de sua variação.

O segundo objetivo específico também foi alcançado. No modelo 1 foi adotada a perspectiva de Bain (1959) de que a indústria é a única determinante do nível de desempenho das organizações. Já no modelo 2 as estratégias corporativas foram inseridas como

influenciadoras do desempenho, mas sem exercer papel mediador na relação entre ambiente e desempenho.

O terceiro objetivo específico foi plenamente alcançado quando do processamento dos modelos; assim como foram apurados resultados diferentes, em termos do papel mediador da estratégia corporativa na relação entre ambiente e desempenho.

Quanto ao quarto objetivo específico, o modelo 4 foi identificado como de melhor ajuste que os demais para a análise das relações entre estratégia e desempenho financeiro e competitivo e o modelo 2 foi o que melhor se ajustou quando considerado o desempenho no mercado de capitais.

O alcance dos objetivos específicos propiciou o alcance do objetivo geral, contribuindo para o entendimento do papel das estratégias corporativas nas relações entre ambiente e desempenho.

Na hipótese geral supõe-se que as estratégias corporativas atuam como mediadoras das relações entre o ambiente da indústria e o desempenho das organizações. Tal hipótese não foi rejeitada para as variáveis RENTAT (mediação total), LOAT (mediação parcial) e MKTSHARE (mediação total). Já a variável QTOBIN não sofreu efeitos indiretos da variação no ambiente da indústria, mediados pelas estratégias corporativas.

As estratégias corporativas de interlocking foram identificadas como as principais mediadoras das relações entre o ambiente da indústria e a rentabilidade do ativo (RENTAT), em virtude da quantidade de interações estimadas. Este resultado revela a importância da manutenção de interações com outras organizações para a manutenção do desempenho da firma e que viabilizem o acesso a recursos e informações capazes de conferir vantagens competitivas e incrementar as possibilidades de obtenção de retornos. A perspectiva evolucionária não foi verificada para a variável RENTAT, em virtude da não apuração de efeitos significantes da variação no tempo.

Quanto à variável LOAT, somente o tamanho das organizações é mediador direto das relações entre o ambiente da indústria e o desempenho e as estratégias de diversificação atuam como mediadoras de forma indireta, por meio da capacidade de gestão de recursos utilizados nas operações gerenciais da firma.

Com base nesses resultados infere-se que uma variação positiva nas receitas totais da indústria, sem variação nas demais receitas, indica tendência de redução no tamanho das empresas, que por sua vez gera incremento no desempenho médio. Assim como para a variável RENTAT, não foi confirmada a perspectiva evolucionária, em virtude da não significância do efeito da variação no tempo.

As influências do ambiente na indústria na variável MKTSHARE são mediadas somente pelas estratégias corporativas relacionadas ao tamanho das organizações, tanto diretamente como por meio da capacidade de gestão de recursos. Como resposta à variação negativa no ambiente da indústria, as firmas aumentariam seu tamanho e, consequentemente, sua capacidade produtiva, incrementando sua participação de mercado. A variação no tempo exerce influência positiva na participação de mercado, confirmando os pressupostos da Teoria Evolucionária.

Quando o foco de análise é a variável QTOBIN, identifica-se uma estrutura de relações entre o ambiente da indústria e o desempenho das organizações que está em sintonia com a proposta de Porter (1981), sobre o direcionamento do foco de análise da Teoria da Organização Industrial para firmas e indústrias como meio para se compreender as variações no nível de desempenho.

Apesar das estratégias corporativas não exercerem papel mediador, conforme proposto na hipótese geral, sua influência se dá de forma direta pelas estratégias de interlocking e de forma indireta pelas estratégias em termos de tamanho e diversificação, por meio da variação no tempo, o que por sua vez influencia positivamente a variação no desempenho de mercado de capitais, confirmando a adequação da perspectiva evolucionária ao seu estudo.

Conforme pode ser observado nos resultados apresentados anteriormente, não foi identificado padrão para o papel mediador das estratégias corporativas nas relações entre ambiente e desempenho. Para as medidas de desempenho de cunho contábil, as estratégias corporativas se mostraram como mediadoras parciais para o retorno sobre o ativo (LOAT) e totais para a variável rentabilidade do ativo (RENTAT), assim como para a participação de mercado. É importante ressaltar a consideração de que a participação de mercado pode atuar como fator condutor das estratégias corporativas, na busca por um desempenho financeiro mais elevado.

A não identificação de capacidade mediadora para as estratégias corporativas no tocante aos determinantes do nível de desempenho no mercado de capitais encontra justificativa na perspectiva de retornos futuros, expressa pela variável utilizada na sua mensuração, em função da aplicação em seu cálculo das cotações de mercado das ações ordinárias e preferenciais.

Tal desempenho é a expressão do quanto de retorno é esperado pelos investidores, que levam em consideração, na decisão de investir, o contexto mercadológico como um todo e o contexto organizacional, suas estratégias e desempenhos anteriores.

Sob a perspectiva evolucionária, os resultados obtidos com este trabalho apontam para sua adequação ao estudo dos fatores determinantes do desempenho, quando este é mensurado por meio de variáveis em cujos cálculos são utilizadas informações passíveis de serem influenciadas de forma direta pelas decisões estratégicas das organizações.

As variáveis de cunho contábil (RENTAT e LOAT), apesar de sua natureza estática em razão da sua apuração por um método corte-transversal, e a participação de mercado (MKTSHARE) sofrem influência significante das estratégias corporativas, que atuam como mediadoras das suas relações com o ambiente da indústria, donde se conclui que as estratégias corporativas são desenvolvidas de forma a adequar a organização às alterações no seu contexto competitivo.

A capacidade de gestão de recursos também representa papel relevante na determinação da variação do desempenho, exceto para de mercado de capitais. Pôde-se concluir, por meio do apresentado, que a capacidade de gestão de recursos atua como mediadora parcial ou total das relações entre as estratégias corporativas e o desempenho e que o estabelecimento de caminhos estratégicos de forma isolada não será suficiente para o alcance dos objetivos das organizações, fazendo-se necessária a adequada, efetiva e eficiente utilização dos recursos administrativos e produtivos como forma de viabilizar a efetividade de tais estratégias.