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3 METODOLOGIA DE PESQUISA E TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS

3.2 Operacionalização da mensuração das variáveis

Nesta subseção são apresentados os métodos utilizados para a mensuração das variáveis que representam os constructos que compõem os modelos analisados, assim como as fontes dos dados utilizados para sua elaboração.

3.2.1 Ambiente da indústria

A fundamentação conceitual para a utilização das variáveis apresentadas nesta subseção encontra suporte na perspectiva de Bain (1959), de que o nível de desempenho da firma é determinado pelo nível de desempenho da indústria na qual está inserida.

As variáveis relativas ao Ambiente da Indústria – AMBIND – foram obtidas junto à

base SIDRA35 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e a metodologia

definida pelo Instituto para sua elaboração foi:

RECTOT - variação percentual entre períodos da receita total, calculada pela soma das receitas operacionais, das receitas não-operacionais e da receita líquida de vendas total;

RVLIQ - variação percentual entre períodos das receitas oriundas das vendas líquidas, que correspondem à diferença entre a receita bruta total (proveniente da venda de produtos e serviços industriais, da revenda de mercadorias e da prestação de serviços não-industriais) e o total das deduções (vendas canceladas e descontos, ICMS e outros impostos e contribuições incidentes sobre as vendas e serviços, como COFINS, SIMPLES - Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições, etc.), conforme valor apurado na Demonstração de Resultados da empresa (PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL, 2004);

a variável RBVPI – refere-se à variação percentual entre períodos da receita bruta

de vendas de produtos industriais;

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RBVMER - variação percentual entre períodos da receita bruta de vendas de mercadorias - é proveniente da revenda de mercadorias ou bens adquiridos pela empresa para a venda sem transformação e;

OREOP – calculada como a variação percentual entre períodos das outras receitas operacionais, que correspondem às receitas de propriedade industrial licenciada, de franquias, relativas à recuperação de despesas operacionais de períodos-base anteriores, recebimentos de seguros, ressarcimentos de desfalques, roubos, etc. (PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL, 2004).

3.2.2 Estratégias corporativas

Quanto às variáveis utilizadas como representativas das Estratégias Corporativas – ESTCORP –, tem-se:

o perfil do endividamento – ESTRUTK – que reflete a postura de longo ou curto

prazo adotada pela organização, foi calculado como a razão entre as dívidas de curto prazo e as dívidas totais, conforme processado por Dias (2004);

a postura agressiva é expressa por meio do nível de investimento em ativos –

INVATIV – calculado como a razão entre os recursos investidos na compra de ativos fixos e o total de ativos;

o tamanho da empresa – TAMAN – foi estimado pela transformação logarítmica do

ativo total apurado pelas empresas ao final do período fiscal, método utilizado por Hansen e Wernerfelt (1989) e Mendes-da-Silva e Pontual (2005);

o nível de diversificação – DIVPROD – foi obtido pelo cálculo do índice

Herfindahl-Hirschman para a concentração das vendas por linha de produtos, obtido por meio da soma dos quadrados dos percentuais de contribuição de cada linha de produtos comercializados pela firma para o faturamento bruto total; quanto menor o índice, mais diversificada a empresa. Os dados necessários para a

sua elaboração foram obtidos nos relatórios de informações anuais fornecidas pelas

empresas à Comissão de Valores Mobiliários – CVM36.

Os dados utilizados para o cálculo das três primeiras variáveis foram obtidos nos demonstrativos financeiros disponibilizados na base Economática ®.

Para a elaboração das variáveis representativas das estratégias de interlocking adotadas pelas organizações analisadas, primeiramente foi estabelecida a posição ocupada pelo indivíduo na diretoria executiva, no conselho de administração ou em ambos. Posteriormente, por meio do número do cadastro de pessoa física – CPF –, foram identificados os indivíduos com vínculos com outras organizações que compõem a base de dados. As variáveis utilizadas como representativas das estratégias de interlocking foram:

RELAC1 – número de indivíduos com vinculação formal a outras organizações e que pertençam somente à diretoria;

RELAC2 – número de indivíduos que participam somente do conselho de

administração e que mantêm vínculos formais com outras organizações e;

RELAC3 – número de indivíduos que atuam tanto na diretoria como no conselho de administração e que são ligados formalmente a outras organizações. Os dados relativos à composição da diretoria e do conselho de administração e o CPF dos indivíduos que os compõem foram obtidos junto à CVM.

3.2.3 Capacidade de gestão de recursos

A Capacidade de Gestão de Recursos – CAPGER – reflete a competência da organização na utilização dos recursos disponíveis para a geração de resultados líquidos. É composto pelas variáveis intensidade de vendas – INTVEN (proporção entre despesas gerais, administrativas e com vendas e vendas líquidas), eficiência – EFICIENC (proporção entre custo do produto vendido e vendas líquidas) e gastos de capital – GASTOSK (proporção entre gastos líquidos com capital e vendas líquidas), desenvolvidas por Hambrick (1983) e

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utilizadas por Berman et al. (1999). Para sua operacionalização foram utilizados dados oriundos dos demonstrativos financeiros constantes da base Economática ®.

3.2.4 Desempenho

O Desempenho das organizações – DESEMP – foi mensurado utilizando-se as variáveis RENTAT (razão entre o lucro líquido e o ativo total), LOAT (razão entre o lucro operacional, apurado antes dos juros, depreciação e imposto de renda e o ativo total), MKTSHARE – razão entre o faturamento bruto da firma e a receita total da indústria a que pertence e QTOBIN - q de Tobin -, representativa do desempenho no mercado de capitais e calculada como o resultado da divisão do somatório do valor de mercado das ações ordinárias, das ações preferenciais e o valor contábil da dívida total, pelo valor contábil do ativo total,

procedimento proposto por Chung e Pruitt (1994)37, adotado por Camargos (2008) em sua

aplicação ao mercado brasileiro.

Para os cálculos das variáveis RENTAT e LOAT foram utilizados dados obtidos nos demonstrativos financeiros disponibilizados na base Economática ®. MKTSHARE foi calculado com a utilização de informações contábeis, disponíveis na base Economática ®, e setoriais, acessadas na base SIDRA.

As cotações das ações ordinárias e preferenciais necessárias para o cálculo do q de Tobin, assim como o total dos ativos e das dívidas, foram obtidos na base Economática ®.

As unidades de análise foram companhias brasileiras de capital aberto com ações negociadas em bolsa, durante o período compreendido entre os anos 1997 e 2006.

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CHUNG, K.; PRUITT, S. A simple approximation of Tobin’s Q. Financial Management, v. 23, n. 3, p. 70- 74, Autumn 1994.