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CAPÍTULO 3 – CONHECIMENTO CIENTÍFICO E CONHECIMENTO ESCOLAR

4.1 Objetivos e procedimentos da investigação

Neste capítulo, proceder-se-á a análise dessa apropriação, em dois momentos distintos com questões relacionadas à apropriação da Teoria: o primeiro promove um levantamento da inserção da Teoria em planos de ensino de disciplinas de Psicologia

para cursos de Pedagogia e Licenciatura e o segundo, trata dessa apropriação em livros de Psicologia voltados para a formação de professores.

A autora concebeu este trabalho a partir da idéia de que as discussões sobre a psicologia de Vigotski ainda não se esgotaram, esperando, dessa forma, colaborar para a divulgação da obra do psicólogo russo. Embora Lev Seminiovich Vigotski tenha vivido apenas trinta sete anos, deixou uma produção teórica muito intensa, com importantes contribuições a duas áreas do conhecimento: a Psicologia e a Educação. Na verdade, o impacto de sua obra só aconteceu depois de sua morte, quando da liberação de seus escritos na União Soviética e a posterior divulgação no Ocidente. Dentre seus escritos, destaca-se a criação de uma teoria sobre a origem e o funcionamento do psiquismo, que rompia com o pensamento da Psicologia da época. Sua teoria, a qual denominou Teoria Histórico-cultural, introduziu a idéia de que o desenvolvimento psicológico representava um fenômeno de origem histórica, determinado pela cultura, por meio das relações sociais, acrescentando uma nova matriz de pensamento ao entendimento do desenvolvimento humano, a matriz social, um contraponto à matriz naturalista de concepção biológica.

As idéias centrais e conceitos da Teoria constituíram-se o ponto de partida para o andamento desta pesquisa. Para a elaboração do referencial teórico, utilizaram-se basicamente obras de Vigotski, daí empregar-se também o termo Teoria de Vigotski. Além disso, estudaram-se algumas contribuições de Leontiev e Luria. O objetivo do estudo concentrou-se nas apropriações da Teoria, em textos de Psicologia destinados à formação e atuação de professores.

Também se discutiram, objetivando a análise das informações obtidas, o que se considera como os pilares da Teoria Histórico-cultural: as bases filosóficas e epistemológicas do marxismo: materialismo histórico e dialético, a matriz social da origem e a estruturação do psiquismo e seus determinantes históricos e culturais. Selecionaram- se para este trabalho os seguintes conceitos: funções psicológicas superiores, mediação semiótica e elementos mediadores, relação linguagem e pensamento internalização, relação entre o desenvolvimento e aprendizagem e zona de desenvolvimento proximal, destacando-se aqueles que se considera os mais importantes para o entendimento dos aspectos centrais da Teoria de Vigotski. Trata-se de estudo crítico, partindo-se da expectativa de reducionismos e vieses interpretativos na apropriação didática da Teoria. Visando a esse fim, procedeu-se à investigação teórica de análise interpretativa dos

textos, o que requereu uma carga de leitura extensiva durante todo o processo da pesquisa.

Conduziu-se a investigação em duas etapas: primeiramente realizou-se um levantamento da inserção da Teoria Histórico-cultural em disciplinas de Psicologia para os cursos de Pedagogia e Licenciaturas. No período de 05/12/2005 a 10/12/2005, colheram- se esses dados pela Internet, em páginas de Instituições de Educação Superior do Brasil (IES). Pesquisaram-se nesse momento dezesseis instituições: dez universidades públicas e seis instituições privadas, entre universidades e centros universitários que apresentavam planos de ensino on-line dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas.

Das instituições pesquisadas, conseguiram-se planos de ensino de 04 (quatro) universidades, duas delas federais: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade de Brasília (UnB), uma estadual, a Universidade de São Paulo (USP) e uma privada, a Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS). De um centro universitário privado, o Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), obtiveram-se os planos de ensino na secretaria da Faculdade de Ciências da Educação. Interessava a este trabalho, entre as disciplinas oferecidas, aquelas que se relacionavam com a Psicologia para os cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, em virtude apresentarem as concepções teóricas sobre desenvolvimento e aprendizagem para professores em formação. Em cada plano, procedeu-se à investigação das ementas, do conteúdo programático e da bibliografia, a fim de se identificar a inserção da Teoria nas disciplinas correspondentes e buscar subsídio para a escolha dos livros que se analisariam na etapa posterior.

Nos dias 04 de 05 de fevereiro, de 2006, visitaram-se novamente as páginas dessas instituições visando verificar, nos planos de ensino selecionados, possíveis mudanças para o primeiro semestre de 2006. Em duas universidades (PUCRS e USP), tinham-se atualizado os planos de ensino que sofreram algumas modificações. No entanto, a forma de tratamento da Teoria não se modificou e os livros de interesse para a análise ainda constavam da bibliografia das disciplinas. Em uma delas (UnB), como não ocorreu atualização, contatou-se a secretaria da Faculdade de Educação, a fim de conseguirem-se os planos vigentes relativos ao segundo semestre letivo de 2005, que ainda estava em andamento. Tratava-se dos mesmos obtidos pela Internet. Não se conseguindo novo acesso à página da UFRJ, na Internet, solicitaram-se por telefone os planos de ensino já modificados para o primeiro semestre de 2006 à Secretaria de Graduação da Faculdade de Educação, a qual os enviou por e-mail.

Na segunda fase, selecionaram-se e analisaram-se os livros de Psicologia, com o objetivo de verificar se os mesmos ensinavam a Teoria. Caso isso ocorresse, quais temas explorariam e qual bibliografia atenderia a esse propósito. Daí selecionar-se-ia o material de análise deste trabalho.