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4.3 Survey

4.3.1 Objeto de Estudo Empresas inovadoras

As empresas inovadoras são as bases do desenvolvimento e do crescimento econômico dos países e elas sofreram uma grande evolução ao longo dos tempos. Até o início do século XX, a eficiência industrial, medida pela produtividade, era a principal palavra de ordem do desenvolvimento, baseada em fatores naturais disponíveis localmente, tais como matérias- primas e mão-de-obra. A partir do pós-guerra, novos fatores, além dos naturais, passaram a ser incorporados e foram denominados de fatores construídos, os quais vão além dos preços e constituem novas vantagens competitivas. Entre eles destacam-se: a infraestrutura física, a capacidade de projetos, a qualidade dos produtos, o marketing e a diferenciação de produtos. A partir dos anos de 1980, uma nova variável passou a ser um dos principais motores do crescimento econômico: a inovação, que, diferentemente da produtividade e da competitividade, é totalmente construída e, como tal, dependente da existência de instituições de um sistema nacional de organização (OCED, 2005).

Conforme demonstrado por Cunha (2005), a importância da inovação fica evidente, pela existência de uma elevada correlação entre o desenvolvimento econômico, avaliado pelo Produto Interno Bruto - PIB per capita e o desenvolvimento tecnológico, medido pelo número de patentes registradas.

O sucesso empresarial nas economias e nos mercados desenvolvidos depende grandemente do progresso tecnológico e das inovações tecnológicas que derivam deste mesmo processo (CGEE-ANPEI, 2009; CHESBROUGH, 2007). Existe, cada vez mais, um maior número de fatores que influenciam a necessidade das empresas serem inovadoras, como por exemplo, as mutações constantes no ambiente, a intensidade da concorrência e as mudanças nas necessidades e nos gostos dos consumidores. São estes elementos que potencializam a inovação e permitem às empresas, quando bem-sucedidas, sustentar a sua vantagem

competitiva, dotando-as de características que lhes permitem diferenciar-se no mercado para o qual estão segmentadas (HOLMES e SMART, 2009).

Destaca-se que, no Brasil, a partir da última década, vem se configurando um ambiente de estímulo à implantação da cultura da inovação nas empresas ao serem disponibilizados instrumentos de incentivo, porém, verifica-se que ainda é incipiente o uso desses instrumentos por parte delas. Assim, cabe às agências públicas de fomento, a divulgação maciça desses instrumentos, o aperfeiçoamento dos mecanismos de direcionamento dos recursos para o setor produtivo, no sentido de levar as fontes de conhecimento das universidades na direção das empresas inovadoras e garantir que os recursos sejam corretamente empregados de modo a se obter os resultados desejados (ANPEI, 2015).

É consenso que as empresas multinacionais dos países desenvolvidos acumulam ao longo dos anos recursos raros e difíceis de imitar (OLIVEIRA JUNIOR, BOEHE e BORINI, 2009), e buscam com isso explorar sua superioridade competitiva em mercados internacionais, seja por meio de suas vantagens de propriedade, localização ou internalização. Já as multinacionais provenientes dos países emergentes não possuem recursos próprios para explorar mercados internacionais e, portanto, mais do que explorar vantagens pré-existentes, se internacionalizam com o objetivo de (i) adquirir novas vantagens e capacidades (ii) acessar recursos ainda não disponíveis em seu mercado local e (iii) adquirir novos recursos e capacidades fazendo parcerias e acessando novos ativos no exterior.

Em contraposição, as empresas multinacionais tradicionais se internacionalizam com o objetivo de (i) transferir para o exterior seus recursos domésticos e (ii) proteger seus ativos por meio de alianças (MATHEWS, 2006; LUO e TUNG, 2007). A partir dessa perspectiva, percebe-se que as empresas multinacionais emergentes estão mais propensas a novas estratégias de atuação e novas formas de organização, pois se adéquam e, até mesmo, buscam padrões não convencionais de parcerias e de relacionamentos seja com clientes, fornecedores, concorrentes, entre outros. Essas empresas reconhecem que, para atingir mercados globais, necessitam fazê- lo por meio de associações dos mais diversos tipos na cadeia de valor e por isso estão dispostas a atuar em negócios bastante inusitados, como por exemplo, negócios via web, adoção de estruturas em rede de cooperação, negócios semiautônomos, prestação de serviços para multinacionais tradicionais, entre outros (MATHEWS, 2006; LUO e TUNG, 2007). Efetivamente essa característica acaba gerando uma maior liberdade para implementar inovações organizacionais para se adaptar aos requerimentos da globalização uma vez que não enfrentam a inércia das multinacionais estabelecidas.

Em comparação com a realidade americana, a inovação aberta enfrenta um obstáculo no Brasil: a falta de tradição em pesquisa. Há apenas três representantes brasileiras no ranking das 1,25 mil empresas globais que mais investem em pesquisa. São elas Embraer, Vale e Petrobras. O capital aplicado por elas, de US$ 925,5 milhões, representa apenas 0,28% do total de US$ 334,5 bilhões. No outro extremo, os Estados Unidos não só dominam a lista em termos absolutos, com 505 empresas, como representam 40% do total de investimentos. Inovação aberta colaborativa é um dos desafios que grandes empresas brasileiras como Brasil Foods, Braskem, 3M e Petrobras enfrentam todos os dias, alguns exemplos de acordo com (SBGC, 2012) são:

 A Braskem mantém o Programa de Inovação Braskem que contempla as áreas de interesse da companhia, como: sustentabilidade, polímeros, catalisadores, fontes renováveis, micro-organismos, materiais de desempenho, CO2 em forma utilizável, ultra alto peso molecular, entre outros. A empresa informa que mantém um banco de especialistas para buscar soluções. Além disso, possui parceria com universidades e centros de pesquisas dentro e fora do país. Ainda doam bolsas de mestrado e doutorado para pesquisadores que possam vir a trabalhar para a Braskem.

 Na 3M, detentora das marcas Durex e Post-it, inovação passou a ser o core da empresa. “Inovação faz parte de nosso modelo de negócios”, resume Marcelo Gandur. Para o gerente de marketing da Divisão de Soluções da 3M, para dar certo, a inovação tem que ser estratégica, fazer parte da cultura organizacional e levar em conta o conhecimento “A capacidade de inovar é proporcional ao conhecimento da área”, explica. “Na 3M, temos que conhecer os fornecedores, os clientes e os usuários finais de nossos produtos”, completa. A empresa aplica o conhecimento coletivo, utilizando redes colaborativas internas e externas, distribuídas em Technical Forum, Marketing Forum, Portal da Inovação e Test-drive de Inovação.

 A inovação aberta na Petrobras integra toda cadeia de exploração e produção, petroquímica, distribuição, gás e energia, internacional e biocombustíveis. “Nossa grande motivação para inovação é o pré-sal, não só na parte de extração como também na logística das operações. Todos os projetos estão alinhados ao plano estratégico da companhia. Todas as áreas trabalham pensando na competitividade e nas tecnologias do processo”, informa.