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Observação da aula do 9º ano matutino em 27 de abril de 2017

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

2.5 Observação da aula do 9º ano matutino em 27 de abril de 2017

alemão com Guten Morgen! (Bom dia!) e entregando-lhes o ursinho de pelúcia enquanto lhes perguntava como estavam. Essa turma era com- posta por apenas quatro alunos e alunas, dos quais três estavam presen- tes. A PS seguiu a aula apresentando-me para a turma, dizendo que eu era estagiária vinda da UFSC e que escolheria uma turma de todas as observadas para estagiar. Logo em seguida, a turma tentou me conven- cer a estagiar com eles, para que pudesse acompanhá-los durante o tem- po em que permanecesse na escola.

Após as informações iniciais da aula, a PS prosseguiu com a correção da atividade dada na aula anterior. A atividade que passaram a fazer (Figura 2) consistia em vários relógios desenhados na página, sem ponteiro e uma gama de horários em números escritos ao lado dos mes- mos. O objetivo da atividade era que alunos e alunas colocassem o pon- teiro no lugar certo do relógio e posteriormente escrevessem as horas por extenso. Logo após terminar essa atividade, começou o que seria re- almente o assunto da aula: a aplicação dos verbos separáveis no contex- to de rotina da turma. Agora, além dos verbos separáveis, juntos às ati- vidades típicas de rotinas, os alunos tinham que introduzir horas às fra- ses. Os alunos tinham que formar frases como Ich packe meine Schulsa- chen ein (Eu arrumo minhas coisas da escola), porém acrescentando a- gora as horas, como em Ich packe um 7 Uhr meine Schulsachen ein (Eu arrumo minhas coisas da escola às 7 horas). Os alunos e as alunas ti- nham diversas atividades no livro, como escovar os dentes, trocar de roupa, tomar café da manhã, levantar-se da cama, acordar e etc e tinham que formar frases de acordo com a sua rotina e seus horários. Nesse momento da aula, a PS pediu que eu ajudasse os alunos, visto que era uma atividade bastante complexa e uma das alunas havia perdido a ex- plicação das aulas anteriores referente aos verbos separáveis e também às horas. Dessa forma, tive que explicar à aluna como se indicavam as horas em alemão, quais preposições eram usadas mais normalmente para designar a hora e também como funcionavam os verbos separáveis.

Figura 3: Was gehört zusammen? Verbinde.

A PS aproveitou-se da explicação das frases com diversos ad- vérbios para explicar aos alunos como as estruturas das frases são flexí- veis e como não há a necessidade de que elas se mantenham sempre no mesmo lugar, exceto os verbos e o sujeito. A PS pegou o exemplo da frase – Ich packe um 7 Uhr meine Schulsachen ein (Eu arrumo às 7h as minhas coisas da escola) e a transformou em Um 7 Uhr packe ich meine Schulsachen ein (Às 7h eu arrumo as minhas coisas da escola) e Meine Schulsachen packe ich um 7 Uhr ein (Minhas coisas da escola eu arru- mo às 7h). Os alunos e alunas então entenderam que, o alemão permite mais flexibilidade em relação à posição dos elementos da frase.

A PS passou olhando os cadernos individualmente e vendo se os alunos tinham alguma dúvida referente ao exercício dado. Os alunos, no entanto, tiveram um ótimo desempenho e conseguiram construir di- versas frases com diversos aspectos da sua rotina, variando quais ele- mentos eles escolhiam dar foco e colocavam na primeira posição.

Comentários

Essa foi uma das turmas mais interessantes de observar a aula, pois, devido ao fato de a turma ser pequena, houve um foco maior nas dificuldades de cada um e também foi possível explorar o que cada um já tinha de conhecimento e aplicar isso nos exercícios. Achei interessan- te também poder ajudar uma aluna e fazer parte realmente dos processos da sala de aula e não apenas observar. Nessa turma foi possível sentir um fato já citado na introdução deste texto que se refere aos aspectos sociais e econômicos da escola e como isso influencia diretamente no desempenho dos alunos: a aluna a quem eu ajudei justificou suas faltas à PS alegando que precisava ficar em casa para cuidar das irmãs e também

para passar roupa para o namorado, que saía cedo para trabalhar e não podia ficar sem a roupa passada. Essa infelizmente é a realidade de mui- tas meninas, não só na escola pública, e dificulta e atrasa todos os seus processos de aprendizagem.

1. O que você considerou tão bom da aula vista que futuramente aplicará em suas aulas?

Acredito que nossa maior dificuldade como docentes seja saber adaptar o conteúdo a quem é dado. Tanto que a primeira pergunta que se faz quando se vai dar uma aula é a quem essa aula será dada, porque é sobre esses padrões que os ajustes devem ser feitos. Dessa aula posso destacar a sabedoria e perspicácia da PS Rosi em dar o conteúdo de uma forma tão simples e clara que tirou toda a necessidade de uma explica- ção baseada puramente na gramática. Gostaria de futuramente aprender métodos de explicar a língua de uma maneira que, independentemente de quem seja meu público, sendo ele formado só por acadêmicos ou a- cadêmicas, ou só por adolescentes, possa entender da mesma forma e com a mesma claridade aquilo que eu explico. A explicação dos verbos separáveis do alemão sem a necessidade de explicar quais prefixos são aqueles que separam e também sem explicar que o radical do verbo + a conjugação ficam na segunda posição conjugado, gerou extremo fascí- nio da minha parte, pois apenas com a expressão “verbos canetinha” a PS alcançou seu objetivo e os alunos e alunas entenderam que esses verbo e prefixo simplesmente não devem ficar juntos. A explicação da PS foi baseada em pegar uma caneta de quadro e dizer aos alunos que quando aquele verbo é o verbo principal da frase, ele deve ser separado. Para demonstrar a separação do verbo, a PF tirava a tampa da caneta e a coloca na parte traseira, representando o fim da frase. Foi uma experiên- cia valiosa que certamente me causou reflexão sobre a maneira que eu dou aula.

2. O que não ficou claro da aula que você gostaria de perguntar ao professor?

À PS eu gostaria de perguntar quanto da aula e dos conflitos da aula ela absorve e leva para casa. Outra missão que os professores e pro- fessoras têm, em relação aos alunos e às alunas, é garantir que pelo me- nos em sua sala de aula tenham um ambiente favorável ao aprendizado. Porém é inviável que possamos controlar todos os aspectos da vida dis- cente e, em alguns casos, nem todos terão a oportunidade de se dedicar à matéria como deveriam, nem de ter uma vida que os permita estudar no momento que chegam em casa. Esses fatores são de extrema relevância

na sala de aula, pois da mesma forma que nós trabalhamos o conteúdo com todos os alunos e alunas e nos atentamos individualmente às difi- culdades deles, nenhum é uma tela branca e os níveis de facilidade e di- ficuldade pessoais variam muito. Gostaria de saber como é possível ge- rar um equilíbrio dentro da sala de aula, para que, pelo menos naquele momento, todos tenham oportunidades iguais.

3. Em quais aspectos ou situações da aula observada você teria feito algo diferente?

Talvez por ingenuidade ou muito mais provavelmente por falta de experiência, eu teria apresentado o conteúdo de uma forma diferente. Teria usado termos linguísticos e explicado à turma que o verbo se con- juga de acordo com a pessoa a quem a frase se refere e teria explicado também quais eram as prefixos separáveis, para que aprendessem a dife- renciar os verbos separáveis quando os vissem. Teria também investido muito tempo explicando que algumas posições de elementos nas frases não são fixas no alemão e que os alunos podem colocá-los em outros lu- gares da frase, sem afetar o seu sentido, mudando muitas vezes apenas o foco. Não teria sido uma aula de sucesso, penso eu agora, sendo prova- velmente desgastante para mim e para os alunos, para quem as informa- ções recém trabalhadas não teriam qualquer utilidade, porque não facili- tavam de forma alguma que eu alcançasse o objetivo que tinha me pro- posto com eles: que soubessem usar verbos separáveis. Tomei essa aula como um imenso aprendizado que me causou reflexão sobre as aulas que dou e para quem as dou.

3 TUTORIA

Realizei o estágio de tutoria na turma do sexto ano do ensino fundamental da escola Prof. Joaquim Santiago, no período referente ao primeiro semestre de 2017, sob supervisão da mesma professora Rosilei Girandello. A escolha da turma se deu por diversos fatores, sendo os mais relevantes certamente a turma em si: mostrou-se mais proativa e com maior afinidade comigo e também pela compatibilidade de horários que eu tinha disponível para realizar o estágio. Foi conversado com o professor orientador que eu faria as tutorias e posteriormente realizaria o estágio de docência na turma do sexto ano, algo que não é comum ou indicado no estágio, visto que como o estágio pode vir a ser uma experi- ência negativa tanto para o estagiário quanto para a turma, isso faria com que a turma do sexto ano, que estava tendo um primeiro contato com a língua alemã, pudesse eventualmente ter uma certa decepção e se sentisse desincentivada a continuar aprendendo a língua.

Os encontros com essa turma ocorreram todas as terças e quin- tas-feiras, sendo às terças da 13h até as 13h45 e às quintas das 13h38 até as 14h54. Nas terças-feiras, a aula tinha duração de 45 minutos, porém nas quintas-feiras a aula tinha duração de 38 minutos cada, sendo aula dupla, somando um total de 76 minutos.

As tutorias são compostas pelo relato da aula, sendo esse deta- lhado e comportando os principais acontecimentos da aula e também por uma análise baseada nos critérios abordados no livro Was ist guter Un- terricht? (MEYER, 2014) (O que é uma boa aula?), que o autor descre- ve como componentes fundamentais de uma boa aula. O livro traz dez componentes, sendo esses: a clara estruturação da aula; maior tempo de aprendizado efetivo; um clima que propicie o aprendizado na sala de au- la; clareza de conteúdo; comunicação que faça sentido para os alunos; diversidade metodológica; incentivo individual; o exercitar de uma for- ma diferente; expectativas claras em relação ao desempenho esperado dos alunos; ambiente escolar bempreparado para recebê-los.

O primeiro aspecto se refere à clara estrutura da aula. É neces- sário que a mesma siga uma determinada ordem, para que tanto discen- tes quanto docentes possam se organizar nas etapas da aula. Que a aula tenha um começo, um meio e um fim é importante para que o processo de aprendizagem siga essa mesma linha. O segundo aspecto é maior tempo de aprendizado efetivo. O objetivo é otimizar o tempo de apren- dizado que discentes têm em sala de aula, de forma que seja o mais pro- veitoso possível. Isso implica ter atividades e explicações diversas para que alunos e alunas possam sempre ter várias opções de aprendizado. O

terceiro aspecto se refere ao clima que propicia o aprendizado na sala de aula. Esse é um dos pontos de maior importância quando se trata de uma boa aula, já que ela determina se alunos e alunas se sentem ou não con- fortáveis em cometer erros durante a aula. Quando existe um clima em que isso acontece, existe ao mesmo tempo um incentivo subentendido presente na sala de aula. Esse clima é composto principalmente pelos discentes se ajudando entre si. Docentes também têm uma função im- portante na criação desse clima, pois são eles quem dão início ao mes- mo, pedindo aos alunos e às alunas que interajam entre si. É de extrema importância que o clima seja criado e também incentivado e mantido o máximo possível. O quarto ponto consiste na clareza do conteúdo. É preciso que a turma saiba o que está sendo trabalhado para que possa vi- sualizar sua progressão dentro do conteúdo. A clareza do conteúdo pode ser passada de algumas formas, dizendo, por exemplo, como se chamava o assunto gramatical que a turma estava vendo. Essa é uma boa maneira de mostrar a alunos e alunas que de alguma forma progrediram no seu conhecimento da língua. Essa progressão lhes dá confiança para que possam continuar errando e aprendendo. O quinto ponto trata da comu- nicação que faça sentido para alunos e alunas. Esse ponto se refere prin- cipalmente à linguagem usada por docentes em sala de aula. Ela tem que ser condizente com a faixa etária e o nível de conhecimento da turma, para que o conteúdo possa de fato ser compreendido. A metalinguagem é útil em alguns casos, porém quando se trata de ensino fundamental, o mais indicado é o ensino pelo uso, pois a metalinguagem é algo que po- de nem mesmo na língua materna estar dominada ainda.

O sexto aspecto da formação de uma boa aula é de extrema im- portância para classes heterogêneas, sendo ele a diversidade metodoló- gica que deve existir na sala de aula. Isso quer dizer apenas que dentro das aulas deve existir mais de uma metodologia e mais de uma aborda- gem, porque existem várias metodologias a serem exploradas e vários tipos de alunos com diversas habilidades e modos diferentes de apren- der. Essa variedade metodológica também impede que a aula seja sem- pre de apenas uma maneira, beneficiando dessa forma apenas aqueles que aprendem com uma abordagem tradicional, por exemplo. O sétimo ponto fala bastante sobre o incentivo individual que deve acontecer em determinados momentos durante a aula. Esse aspecto é de extrema im- portância para abarcar as necessidades especiais de cada aluno e cada aluna. Os mesmos têm formas diferentes de aprender e quando a turma é pequena, torna-se viável entender e suprir de alguma forma as necessi- dades individuais que as diversas formas de aprendizagem pedem. Isso não se refere apenas a atividades distintas, planejadas para cada estudan-

te, mas sim na exploração das quatro habilidades (leitura, fala, audição e escrita) e em exercícios que favoreçam as mesmas. Essa relação também pode ser feita junto ao oitavo ponto do texto, que diz respeito à impor- tância do exercitar de forma diferente. As diversas distribuições possí- veis da turma dentro da sala de aula devem ser condizentes com o tipo de atividade que está sendo trabalhada e também com cada momento da aula. O exercitar de forma diferente é o que se refere a criar desafios pa- ra alunos e alunas para que saiam da zona de conforto que uma aula tra- dicional propicia. O desafio dentro da língua estrangeira é importante porque ao mesmo tempo que força estudantes a esforçarem-se, também mantém o interesse do mesmo em relação à língua.

O próximo ponto é importante tanto para discentes quanto para docentes. Trata-se de ter expectativas claras do desempenho esperado de alunos e alunas na sala de aula. Isso significa que docentes têm que sa- ber o que a turma tm que ser capaz de desempenhar ao fim de uma ex- plicação ou de uma atividade e, principalmente, que os próprios alunos e alunas saibam também o que é esperado deles. Quando esse ponto não é claro na sala de aula, pode-se facilmente gerar uma frustração estundatil por achar que deviam estar fazendo mais do que fazem. É função do professor deixar claro as expectativas para que os alunos e as alunas também possam se organizar e saber o que precisam produzir ou enten- der.

O último aspecto é um tanto quanto mais geral em relação aos outros, já que ele trata de ter um ambiente escolar bem preparado para que alunos e alunas possam aprender. Isso significa que o meio também exerce influência sobre o processo de aprendizagem e deve ter tanto fo- co quanto todos os outros aspectos apresentados. Que a turma tenha uma boa sala de aula, com o material didático necessário para que aprendam e que a escola apresente boas condições de ensino são fatores de extre- ma importância para o bom desempenho estudantil.

É a partir desses pontos que será feita uma análise das tutorias, buscando entender quais desses aspectos ficaram evidenciados na sala de aula e quão importantes foram para que a aula tenha tido um bom de- senvolvimento.

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