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3.6 Educação e Ensino para Surdos

4.1.2 Observação das aulas e caracterização das escolas

Foram observadas aulas de Biologia e Química nas quatro escolas participantes da pesquisa, realizada a caracterização e a descrição das escolas, bem como o comentário de algumas das aulas observadas.

4.1.2.1 Descrição das Escolas

4.1.2.1.1 Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Monsenhor Dourado, situada à Avenida Sargento Hermínio, Nº 4.600 no Padre Andrade. A escola é inclusiva e tem alunos matriculados, distribuídos no ensino fundamental, no ensino médio e na educação especial (que atente alunos com deficiência intelectual e deficiência auditiva) e funciona nos três turnos. A escola conta com uma equipe composta por direção e coordenação, funcionários de secretaria e de serviços gerais, além de vigilantes. O corpo docente conta com professores

lotados nos três turnos de funcionamento da escola e com uma equipe de intérpretes lotados nas salas de aula onde há alunos surdos, além de contar também com uma equipe do Núcleo de Atendimento Pedagógico Especializado – NAPE, grupo de profissionais que congrega em sua equipe profissionais da área de saúde e de educação, como: assistente social, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e psicóloga, além de professores especializados. Criado para dar suporte ao atendimento dos alunos com deficiências, além de complementar e suplementar os estudos dos alunos que estão em sala de inclusão. O NAPE trabalha em conjunto com a Sala Multifuncional – SM, que conta com um professor especializado em educação inclusiva e atendimento educacional especializado – AEE, coma responsabilidade de atender alunos no contra turno, de orientar os professores quanto a questões peculiares dos alunos, os intérpretes, as famílias e a comunidade no entorno da escola. A escola dispõe de laboratório de Informática, porém, não dispõe de laboratório de Ciências.

4.1.2.1.2 Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Anísio Teixeira, situada à Rua Rio Grande do Sul, Nº 680, no Pan-americano. A escola é inclusiva e está atualmente com alunos matriculados, distribuídos no ensino fundamental, no ensino médio e na educação especial que conta com sete salas atendendo a alunos com deficiência intelectual e deficiência auditiva. As salas da educação especial atende aos alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. A escola conta com uma equipe composta por direção e coordenação, funcionários de secretaria e de serviços gerais, além de vigilantes. O corpo docente conta com professores lotados nos três turnos de funcionamento da escola, com intérpretes lotados nas salas onde há inclusão de alunos surdos, contando, também, com instrutores (profissionais proficientes em LIBRAS – geralmente surdos – que ensinam a língua de sinais aos surdos que ainda não têm domínio da língua) e profissionais de apoio específico para as salas de educação especial – pedagogas especializadas, psicopedagogas e psicólogas, que atendem os alunos no contra turno. A escola dispõe de laboratório de Informática, porém não dispõe de laboratório de Ciências.

4.1.2.1.3 Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Renato Braga, situada à Avenida Rui Barbosa, Nº 2000, no bairro Aldeota. A escola é inclusiva apenas para alunos do ensino médio (2º e 3º ano), não recebendo alunos surdos até o 9º ano do ensino fundamental. Os alunos matriculados estão distribuídos no ensino fundamental e no ensino médio. Esse ano (2010) excepcionalmente, a escola não matriculou alunos surdos no 1º ano do ensino médio, fato ocorrido devido ao início de turmas exclusivas para surdos no ICES, escola bilíngue, que

ampliou seu atendimento a alunos do ensino médio. A escola conta com uma equipe composta por direção e coordenação, funcionários de secretaria e de serviços gerais, além de vigilantes. O corpo docente conta com professores lotados nos três turnos de funcionamento da escola e com intérpretes lotados nas salas onde há inclusão de alunos surdos. A escola dispõe de laboratório de Ciências e de Informática.

4.1.2.1.4 Instituto Cearense de Educação de Surdos (ICES) – Escola Bilíngue para Surdos, situada à Avenida Rui Barbosa, Nº 1970, no bairro Aldeota. A escola é a única Instituição Pública do Ceará destinada exclusivamente à Educação de Surdos, além de receber, também, alunos com outros comprometimentos. Fundada em 25 de março de 1961, no governo de José Parcifal Barroso, através do Decreto Nº 4394 de 24/03/61, foi a primeira escola fundada para surdos no Ceará. Os níveis de ensino atendidos pela escola são: educação infantil; ensino fundamental I e II e ensino médio. Atendendo as modalidades de Educação Especial, direcionada aos surdos e de Educação de Jovens e Adultos, com salas de EJA exclusivas para surdos. Sua missão é: “ser uma escola verdadeiramente bilíngue que respeita e valoriza a cultura e a língua própria do surdo”. Com o propósito de: “educar para a vida, formando sujeitos críticos, competentes e conscientes do seu papel como sujeito ativo e transformador na sociedade, exercendo assim, o pleno exercício de sua cidadania”. Atualmente a escola tem em seu registro de matrícula alunos que estão distribuídos na educação infantil, no ensino fundamental I e II, no ensino médio e na educação de jovens e adultos. A matriz curricular e a carga horária são as mesmas do ensino da rede escolar estadual, tendo como diferencial a disciplina LIBRAS, presente em todas as turmas da escola com carga horária semanal de 4h/a e ministrada por professores surdos. A escola conta com uma equipe formada por: direção e coordenação, funcionários de secretaria e de serviços gerais, além de vigilantes. O corpo docente conta com professores lotados nos três turnos de funcionamento da escola, PCA‟s, serviço de orientação educacional, supervisor educacional, intérpretes e professores de LIBRAS. A escola dispõe de laboratório de Ciências e de Informática e centro de multimeios. 4.1.3Testes Neuropsicológicos

Foram utilizados nessa pesquisa dois testes neuropsicológicos, a saber: Teste das Figuras Complexas de Rey – Figura A e a Avaliação Neuropsicológica Breve – NEUPSILIN, com o objetivo de avaliar a atividade perceptiva visual e a memória visual de curto prazo dos alunos participantes. Os testes foram aplicados em 60 alunos, sendo 20 ouvintes e 40 surdos

(destes, 20 são alunos de escola inclusiva, estando, portanto, em sala de aula regular, junto aos alunos ouvintes e 20 são alunos de escola bilíngue).

O Teste das Figuras Complexas de Rey é um teste neuropsicológico criado por André Rey e desenvolvido por Osterrieth (MALLOY-DINIZ, 2010) que permite avaliar processos cognitivos, como: praxia construtiva, planejamento, estratégias de solução de problemas, percepção, motricidade e memória visual (RABIN et al., 2005 apud MALLOY-DINIZ, 2010). Trata-se de instrumento avaliativo composto por duas figuras, sendo a figura A utilizada para avaliação de indivíduos com idades a partir dos sete anos, até idades mais avançadas, e a figura B, destinada a avaliar crianças com idade entre quatro e sete anos. As figuras são complexas, geométricas e abstratas, compostas por várias partes. As Figuras Complexas de Rey – Formas A e B – objetivam avaliar a atividade perceptiva e a memória visual, em duas fases, de cópia e de reprodução de memória, seu objetivo é verificar o modo como o indivíduo apreende os dados perceptivos que lhe são apresentados, e o que foi conservado espontaneamente pela memória (REY, 1999). A figura elaborada para o teste reúne as seguintes propriedades: 1. Ausência de significação evidente, 2. Realização gráfica fácil, 3. Estrutura do conjunto suficientemente complicada para solicitar uma atividade perceptiva analítica e organizadora (REY, 1999). Nesse estudo, utilizou-se a figura A do Teste das Figuras Complexas de Rey (ver anexo), que consiste em um cartão com o desenho de uma figura complexa no qual são avaliados 18 itens, sendo que o máximo de pontos em cada item são dois, um para precisão e um para localização, e a pontuação máxima é de 36 pontos. A aplicação é constituída por dois momentos: no primeiro deles pede-se ao sujeito que copie a figura com o maior número de detalhes possível. Após três minutos pede-se ao sujeito que desenhe a mesma figura sem o estímulo, isto é, o que conseguir lembrar-se do que realizou anteriormente. A aplicação do teste é individual e seu tempo de aplicação é variável (entre 5 e 25 minutos).

O Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve – NEUPSILIN examina o desempenho dos seguintes processos neuropsicológicos: orientação têmporo-espacial, atenção concentrada, percepção visual, habilidades aritméticas, linguagem oral e escrita, memória verbal e visual, praxias e funções executivas. Portanto, avalia oito funções neuropsicológicas por meio de 32 subtestes (FONSECA; SALLES; PARENTE, 2009). Nessa pesquisa, utilizam- se apenas os subtestes de percepção visual (verificação de igualdade e diferenças de linhas, percepção de faces e reconhecimento de faces) e memória visual de curto prazo; são utilizados, portanto, quatro subtestes. A aplicação é realizada de forma individual e

constituída pela apresentação de estímulos exclusivamente visuais de um dos livros de estímulos (do conjunto total do teste). O pesquisador apresenta ao examinado inicialmente os estímulos relacionados à percepção: verificação de igualdades e diferenças de linhas, no qual o examinado deve identificar e indicar as igualdades e diferenças observadas; em seguida é apresentado o estímulo para percepção de faces, no qual o examinado deve indicar a partir da observação de fotos de frente e de perfil se as fotos são do mesmo indivíduo ou de indivíduos diferentes e, para concluir a avaliação da percepção o estímulo relacionado ao reconhecimento de faces, que exige que o examinado observe duas figuras de faces e em seguida as reconheça em meio a quatro figuras de faces. Após a avaliação da percepção visual executa-se a avaliação da memória, ainda utilizando o mesmo livro de estímulos. Realiza-se a avaliação da memória visual de curto prazo, através da apresentação de figuras que são mostradas ao examinado, orientado a prestar atenção por alguns segundos, para em seguida, reconhecer a figura vista anteriormente no meio de outras (FONSECA; SALLES; PARENTE, 2009).