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5 O ENSINO DE ORTOGRAFIA NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DO

5.3 Observação de aulas de Português em 8º ano do Ensino Fundamental II

Para esta etapa da pesquisa observamos um encontro de 100 min destinado ao ensino de ortografia previsto no plano anual da escola dos 8º anos do Ensino Fundamental II de uma escola pública Fortaleza. Foram observadas as aulas das duas professoras de Português, professoras A e C, que lecionam atualmente nos 8º A, B e C do turno manhã. Os alunos que participarão da nossa pesquisa pertencem a essas turmas, são veteranos desde o 6º ano e estudaram no 6º e 7º anos com a professora C.

 8º ano C – professora A (dia 12/03/2015 de 9:50h as 11:30h)

A professora iniciou a aula fazendo a frequência e acalmando a turma que estava eufórica, pois na semana anterior foram levados ao cinema do shopping próximo a escola, pela mesma, no contra-turno, para assistirem ao filme Cinderela.

Após acalmar a turma, a professora solicita que abram o caderno porque será realizado um ditado de algumas palavras. Para justificar a atividade, a professora diz que retira um encontro por mês para treinar com os alunos palavras que possam aparecer no projeto Soletrando, que acontecerá no dia 29 de maio de 2015. Depois que a turma se organiza, a professora começa o ditado. Os alunos já conhecem as regras adotadas pela professora para a realização desta atividade: ela dita a palavra pela primeira vez e os alunos podem pedir aplicação numa frase apenas uma vez. As palavras ditadas foram: caçador, assaltou, churrasco, queixo, tijolo, comeram, soltou, mangueira, combinar, exemplo, travesseiro, manchar, girassol, travesseiro, quatrocentos. Os alunos pediram que as palavras

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travesseiro e quatrocentos fossem aplicadas numa frase e a professora citou, as seguintes

frases: “Meus primos fizeram guerra de travesseiro quando dormiram lá em casa” e “Essa escultura tem mais de quatrocentos anos”.

Terminado o ditado a professora colocou as palavras na lousa e pediu que os próprios alunos corrigissem as que erraram. Em seguida, abaixo das palavras ditadas, pediu que fizessem treino ortográfico de todas as palavras, repetindo cada uma cinco vezes e entregassem ao fim da aula. Os alunos efetuaram as atividades dentro do horário de aula, restando um tempo de 15 minutos em que ficaram socializando o filme assistido.

 8º ano B – professora C (dia 25/03/2015 de 7:00h as 8:40h)

Após acomodar a turma e conferir a frequência dos alunos, a professora pede que eles peguem as redações que entregou na aula anterior. O tema da redação era “O lixo na

escola” e foi passado na lousa para que os alunos redigissem em seus cadernos para depois

entregarem na folha destacada com identificação. De acordo com a professora, o tema foi escolhido porque os alunos participaram no sábado anterior a aula de produção textual do projeto Sábado de Superação realizado pela comunidade escolar, em que alunos, professores, funcionários e pais de alunos vão à escola num sábado agendado na montagem do calendário letivo escolar para limpá-la. Um número razoável de alunos diz ter esquecido. A professora pede então que eles observem as palavras que ela anotará no quadro. Faz uma lista na lousa

com as palavras “licheieiro”, “sesto”, “fomaça”, “papeu”, “musquito”, “xinelo” e “doenssa”.

Em seguida pede que os alunos corrijam coletivamente as palavras e alguns alunos participam da correção localizando o erro cometido, conforme orientação da professora. Porém

apresentam dificuldade para corrigir a palavra “sesto” e a professora, na lousa, explica os

significados dos vocábulos “sexto” e “cesto”. Posterior a explicação, os alunos são convidados a repetir cinco vezes cada palavra que está no quadro como exercício de treino ortográfico, passou e deu o visto nos cadernos.

Após essa atividade, pediu que os alunos abrissem seus livros para leitura de texto, pois daria início a uma aula de interpretação de texto. Os alunos fizeram a leitura silenciosa, em seguida um aluno espontaneamente leu o texto em voz alta e foram convidados a fazer a atividade interpretativa do próprio livro. Durante a atividade alguns alunos solicitaram a ajuda da professora e a aula foi encerrada antes que a atividade fosse concluída, pois tocou para o intervalo.

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Nesta turma o segmento da aula foi o mesmo da outra turma, mas as redações dos alunos foram entregues antes de a professora fazer a mesma lista de palavras na lousa. Porém, com a justificativa de não fazer diferente do que fez na outra turma nos primeiros horários, pediu que os alunos guardassem suas redações.

O comportamento dos alunos mediante a correção da palavra “sesto”, durante a

abordagem das palavras da lista, foi diferente, pois um único aluno explicou que existiam duas maneiras de escrita e seus significados eram diferentes, o que gerou aplausos e brincadeiras paralelas momentâneas. Após a explicação da maneira adequada de escreverem as palavras listadas, a professora pediu que realizassem o treino ortográfico, como fez com a outra turma, passou dando o visto nos cadernos e realizou a mesma atividade da turma anterior que também não foi completada, ficando para atividade de casa.

5.3.1 Análise das aulas observadas

Optamos por observar as práticas das professoras questionadas com ensino de ortografia para sabermos se a maneira como elas abordam essa temática poderá influenciar nos resultados dos alunos, uma vez que elas afirmaram utilizar o exercício de treino ortográfico nessas práticas.

A professora C, nas turmas em que leciona, busca os problemas nos textos dos alunos, mas não percebemos nenhuma abordagem reflexiva ou contextualizada. A professora A destina à ortografia apenas um encontro de cem minutos por mês, voltando seu objetivo para o projeto Soletrando desenvolvido na escola. Obviamente não vamos aqui julgar suas abordagens por observar apenas uma aula e nem é esse osso intuito. Porém, podemos perceber a influência direta da maneira como estudaram ortografia em suas práticas, o que nos diz que a falta de leitura sobre os atuais estudos ortográficos para formação de professor não as faz desenvolver atividades mais reflexivas. Outro problema que percebemos foi o tempo dado à abordagem da ortografia, pois no encontro da professora C a ortografia apenas fez parte da aula que foi concluída com atividades de interpretação de textos, e a professora A afirmou dar a esse assunto apenas cem minutos mensais. Percebemos, que os cem minutos não foram utilizados integralmente na observação do encontro desta.

As práticas observadas nos levam a concordar com Morais (2010) na afirmação de

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revelar mais uma preocupação em verificar se o aluno está escrevendo corretamente”

(MORAIS, 2010, p. 61). Outro ponto que achamos relevante foi o tempo dedicado ao ensino de ortografia, que, definitivamente, não é um aspecto positivo para que o objetivo de desenvolver a escrita neste aspecto seja alcançado.

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