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Capítulo III- Análise do Portal Educativo «Escolovar»

4.5. Instrumentos de investigação

4.5.1. Observação participante e notas de campo

“(…) uma operação de levantamento e de estruturação dos dados de modo a fazer aparecer um conjunto de significação, é um processo fundamental que não tem um fim em si mesmo mas se subordina e se põe ao serviço de processos mais complexos, tais como a avaliação, o diagnóstico, o julgamento (a formulação de juízos), a investigação descritiva e a experimentação” (Postic e De Ketele, 1985, citados por Serafini e Pacheco 1990, p.1).

Neste sentido, a observação permite o conhecimento direto dos fenómenos, tal como eles acontecem num determinado contexto, que no caso desta investigação correspondeu a uma turma do 4º ano de escolaridade do 1º CEB.

Alarcão e Tavares (1987) afirmam que no contexto escolar, a observação corresponde a um conjunto de atividades destinadas a obter dados e informações sobre o que se passa no processo de ensino e de aprendizagem com a finalidade de, mais tarde, proceder a uma análise do processo numa ou noutra das variáveis em foco, isto é, que o objeto da observação possa recair num ou noutro aspeto: no aluno, no ambiente físico da sala de aula, no ambiente sócio relacional, na utilização de materiais de ensino, na utilização do espaço ou do tempo, nos conteúdos, nos métodos, nas características dos sujeitos.

Seguindo estas orientações pode-se considerar que existem duas dimensões: como processo mental e como técnica organizada. Como processo mental, pode-se afirmar que observar é o ato de aprender coisas e acontecimentos, comportamentos e atributos pessoais e inter-relações. Neste sentido, ultrapassa-se o simples ato de ver e ouvir. Consiste em seguir o curso dos fenómenos, selecionando aquilo que é mais importante e significativo, a partir das intenções específicas do observador. Como observar é uma técnica organizada torna-se um meio de medir por descrição, classificação e ordenação.

A observação pode assumir diferentes modalidades, entre as quais se podem destacar a observação não participante e observação participantes, no caso desta investigação optou-se por uma observação participante.

A observação participante recorre a uma investigação direta e à implicação do próprio investigador na investigação, com o objetivo de analisar um determinado fenómeno em profundidade. Ou seja, o investigador tem como objetivo recolher informações relacionadas tendo, como exemplo, ações ou perspetivas dos participantes, às quais o observador só as obtém se o mesmo estiver envolvido no campo de investigação.

Este meio de observação é considerado como um dos meios mais procurados para obtenção de informações. Tal como Bogdan e Biklen (1994) afirmam: “(…) permitir o conhecimento direto dos fenómenos tal como eles acontecem no mesmo contexto(p. 87)”. Desta forma, a observação participante é vista de acordo com a opinião de Lessard-Hébert, Goyette, e Boutin (2008) como “(…) uma técnica de investigação qualitativa adequada ao investigador que deseja compreender o meio social (…) e que lhe vai permitir integrar-se progressivamente nas atividades das pessoas que nele vivem(p. 155)”.

Ao longo desta investigação, a observação foi participante e naturalista. O objetivo desta observação incidiu sobre os alunos no que diz respeito às suas reações e comportamentos em cada sessão de intervenção prática relacionada com a utilização das TIC na sala de aula. Este tipo de observação foi considerada pertinente, pelo facto

de permitir perceber o fenómeno sob um ponto de vista interno e participar em situações que de outra forma não seria possível.

De acordo com Cohen e Manion (1990), o observador deve integrar-se nas atividades observadas, sendo mais um membro do grupo observado. É fundamental que o investigador entenda a forma como os alunos pensam e reagem durante o processo de ensino e de aprendizagem e na construção do seu próprio saber. Neste sentido, as notas de campo surgem como uma metodologia bastante eficaz no registo dos acontecimentos observados.

As notas de campo são descrições onde se podem salientar vários pontos adjacentes à observação e que devem ser realizadas no momento em que a observação é feita de modo a que seja possível proceder-se registos concisos. Estes registos devem ser e estar escritos de acordo com o objetivo da pesquisa, de modo a não fugir daquilo que seja realmente necessário observar. Alguns autores, tais como, Bogdan e Biklen (1994) apresentam algumas sugestões sobre o que deve ser incluído nas notas de campo. A título de exemplo, devem conter a descrição do sujeito, ou seja, a sua aparência física, seu modo de falar e de agir; a reconstrução de diálogos, isto é, as palavras, os gestos, os depoimentos, as observações entre sujeitos ou entre estes e o observador. Nestes registos devem ser sempre que possível utilizadas as suas próprias palavras. As citações são extremamente úteis para analisar, interpretar e apresentar dados.

A descrição dos acontecimentos especiais devem incluir o que ocorreu, quem estava envolvido e como se deu esse envolvimento. Já as descrições das atitudes, estas devem ser descritas as atividades gerais e os comportamentos das pessoas observadas, sem deixar de registar a sequência em que ambos ocorrem.

De acordo a opinião de Lüdke (1986), os comportamentos do observador, sendo este o principal instrumento da pesquisa, é importante que inclua nas suas anotações as atitudes, as ações e as conversas com os participantes durante o estudo.

A parte reflexiva das anotações inclui as observações pessoais do investigador feitas durante a fase da recolha dos dados, ou seja, as suas especulações, sentimentos, problemas, ideias, impressões, dúvidas, incertezas, surpresas e deceções. As reflexões podem ser analíticas sendo que estas se referem ao que está sendo aprendido no estudo, às novas ideias surgidas, às estratégias metodológicas utilizadas e aos problemas encontrados na obtenção dos dados e a forma de resolvê-los.

Na presente investigação, as notas de campo foram realizadas durante a realização das atividades nas sessões práticas de intervenção, a fim de se ter conhecimento em relação aos aspetos que possam ter corrido menos bem, de modo a que se pudesse discutir com a Professora Cooperante e com o ‘par pedagógico’ a melhor forma de adaptar as atividades com o objetivo de atingir o sucesso pretendido. Neste sentido, no final de cada aula, foi realizado uma reunião com a Professora Cooperante e com o ‘par pedagógico’, a fim de se realizar uma reflexão sobre as atividades realizadas.

Durante esta investigação foram também utilizadas grelhas de observação com objetivo de realizar uma avaliação dos alunos em termos das suas competências digitais e do seu desempenho relativamente as atividades realizadas. Esta grelha de observação foi utilizada com o objetivo de, numa fase posterior, permitir uma melhor triangulação dos dados recolhidos.

4.5.3- Inquérito por questionário

Nos processos de tomada de decisão de qualquer organização é fundamental obter o máximo de informação sobre o meio que a envolve. Neste sentido, os inquéritos por questionário, se corretamente utilizados são meios eficazes para obter a informação necessária e desejada.

Como qualquer instrumento de investigação, podem ser sempre associadas vantagens e desvantagens. Para o efeito, passam-se a apresentar algumas delas:

· Vantagens:

o

São uma forma eficiente de recolher informação de um grande número de inquiridos.

o

Podem ser usadas técnicas estatísticas para determinar a validade, a fiabilidade e a significância estatística.

o

São flexíveis no sentido em que pode ser recolhida uma grande

variedade de informação. Estas informações podem ser usadas para estudar atitudes, valores, crenças e comportamentos passados.

o

São relativamente fáceis de administrar.

o

Há uma economia de recolha dos dados devido à focalização

providenciada por questões padronizadas, ou seja, não há um gasto de tempo e dinheiro em questões superficiais.

· Desvantagens:

o

Dependem da motivação, honestidade, memória e capacidade de resposta dos sujeitos.

o

Não são apropriadas para estudar fenómenos sociais complexos.

o

Se a amostra não for representativa da população então as

características da população não podem ser inferidas. Tal como afirma Freixo (2009):

“ (…) O questionário é o instrumento mais usado para a recolha de informação, constituindo um dos instrumentos de colheita de dados que necessita das respostas escritas por parte dos sujeitos, sendo constituído por um conjunto de enunciados ou de questões que permitem avaliar as atitudes e opiniões dos sujeitos ou colher qualquer outra informação junto desses mesmos sujeitos”(p.191).

Este instrumento foi selecionado pelo facto de possibilitar a recolha de informação factual. Na presente investigação, foram elaborados um questionário, o com o

objetivo de recolher informações no que concerne às competências digitais dos alunos do 4º ano de escolaridade do 1º CEB. Foi elaborado um pré-questionário que foi submetido a uma avaliação e validação pelo método dos juízes, tendo envolvido especialistas na área das TIC e no 1º CEB. Após a validação, foram tidas em consideração as sugestões apresentadas fazendo-se as reformulações necessárias para a versão final do questionário que foi aplicado aos alunos (Anexo 2)

O respetivo questionário foi repartido em quatro categorias que incluíram a identificação dos alunos (idade e sexo), o computador no processo de ensino e de aprendizagem, a utilização do computador e do Portal Educativo «Escolovar».