• Nenhum resultado encontrado

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.4. Observações complementares

Em 2014, no decorrer da realização desta pesquisa, alguns procedimentos e regulamentos de triagem foram alterados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Como essas alterações ocorreram posteriormente às simulações de triagem realizadas, algumas não foram contempladas nesta pesquisa.

No estado do Rio de Janeiro, o Decreto 42.159/09, utilizado anteriormente para a triagem de atividades, foi revogado em junho deste ano pelo Decreto 44.820/14. Esse novo regulamento apresentou uma nova lista de atividades sujeitas ao licenciamento (conforme classificação e significância dos impactos), onde pequenas alterações foram introduzidas, com a exclusão e inclusão de algumas atividades. Uma das modificações relevantes notadas, para o processo de triagem, foi que as atividades enquadradas nas classes 3B e 3D, consideradas de baixo impacto, agora podem obter a LAS - Licença Ambiental Simplificada (de uma única fase), desde que os projetos estejam em fase de planejamento. A LAS anteriormente era restrita aos empreendimentos enquadrados na classe 2, também considerados de baixo impacto.

Em São Paulo, a Resolução SMA 51/06, que disciplinava o licenciamento ambiental de atividades minerárias, com o estabelecimento de parâmetros de triagem e tipos de estudos ambientais necessários, foi revogada pela Decisão de Diretoria 025/2014/C/I em janeiro deste ano. Esse novo regulamento determinou novos parâmetros de triagem, mas com exigência dos mesmos tipos de estudos ambientais. Para atualizar esta pesquisa, essa alteração foi contemplada com a reformulação em 2014 da simulação de triagem para a atividade “mineração de granito”, realizada anteriormente no ano de 2013, como já explicado neste trabalho (capítulo 6, item 6.3.2.2). Comparando as duas simulações de triagem feitas, notou- se que os resultados apresentaram diferenças somente na quantidade de fases do licenciamento, no custo de análise e no prazo de validade da licença. Resultados referentes, por exemplo, à classificação da atividade, exigência da AIA simplificada e tipo de estudos ambientais foram similares.

Em São Paulo, o processo de triagem dos empreendimentos analisados no âmbito das agências ambientais, ou seja, aqueles que sejam de “impacto ambiental muito pequeno e não significativo”, foi modificado recentemente com a implementação de um sistema

informatizado online no Portal de Licenciamento - PLA, disponível no website da CETESB. O PLA passou a oferecer novas funcionalidades para usuários de todo o estado:

Solicitações de Licenças de fontes de poluição e de todos outros documentos já emitidos pela CETESB (CADRI, CDL, Pareceres Técnicos, etc.); e

Obtenção de Declaração de Atividade Isenta de Licenciamento, documento que atesta a dispensa do licenciamento ambiental para atividades não consideradas fontes de poluição, para fins de licenciamento ambiental, pelo Regulamento da Lei Estadual nº 997/76, aprovado pelo Decreto nº 8468/76. (CETESB, 2014c)

Durante o mês de novembro de 2013, essas funcionalidades foram disponibilizadas, em escala piloto, na Região Metropolitana de São Paulo (CETESB, 2014c). A partir de dezembro de 2013, foram implantadas em outras agências ambientais. Como todo sistema em fase de implantação, o PLA pode apresentar alguma instabilidade (CETESB, 2014c). A CETESB informa também, em sua página na internet, que está trabalhando constantemente no diagnóstico e correção de possíveis problemas. Conforme declarado pelo representante-chave CSP-02, a complexidade e problemas técnicos do Portal têm dificultado seu manuseio pelos usuários.

Como curiosidade, foi simulada, em julho de 2014, uma solicitação de licença pelo Portal de Licenciamento, utilizando um dos estudos de caso desta pesquisa, a “Estação de Tratamento de Esgotos”. Para acessar o sistema online foi necessário realizar um cadastro no website da CETESB e obter um login e senha. Para requerer o licenciamento, primeiramente, foi informada a modalidade da licença (LP/LI, no caso da ETE, conforme legislação em vigor e representante-chave ESP-03). Notou-se que a previsão do tipo de licença deve ser feita pelo próprio usuário, pois essa forma de triagem não é realizada pelo sistema. A partir daí, foram prestadas várias informações sobre o empreendimento, de modo a caracterizá-lo e verificar suas intervenções sobre o meio ambiente. Em treze etapas, foram requeridas, por exemplo, as seguintes informações:

 CEP do empreendimento, para verificar a agência ambiental responsável pelo licenciamento;

 Necessidade de supressão de vegetação e intervenção em APP - Área de Preservação Permanente;

 Informações sobre o empreendimento, sua localização (como coordenadas geográficas) e sobre o imóvel (área rural ou urbana, público ou particular, se possui Reserva Legal averbada, etc.);

 Enquadramento como micro-empresa, empresa de pequeno porte, micro empreendedor individual, entidade sem fins lucrativos, empresa pertencente à administração pública direta, autarquia ou fundação pública, etc;

 Responsável legal pelo empreendimento; e  Fase do empreendimento (novo, ampliação, etc.).

Em uma das etapas do sistema foi exigido anexar arquivo digital contendo o MCE - Memorial de Caracterização do Empreendimento. O usuário, então, é orientado a fazer download do programa desse memorial (processo similar ao da Receita Federal para declaração do imposto de renda). Após preenchimento do MCE e anexo ao sistema do PLA, foi realizado cruzamento das informações prestadas nos dois bancos de dados para, assim, dar continuidade às etapas. Ao final da declaração, foram emitidos três formulários: documentação necessária para formalização do processo, custo do licenciamento e formulário de solicitação da licença (“solicitação de”).

Ressalta-se que o processo de preenchimento do MCE e do PLA foi bastante burocrático e demorado e que, algumas vezes, foram exigidas informações não pertinentes à atividade requerida, sem as quais não era possível dar continuidade ao preenchimento. A institucionalização desse sistema em São Paulo pode ser vista como uma partida para a implementação do “balcão único”, mas necessita de ajustes. Evidencia-se que as mudanças nos procedimentos vêm ocorrendo cautelosamente, já que, mesmo com a implementação do sistema, ainda são mantidos no website da CETESB listas de “documentos básicos” para determinadas atividades.

Comparando a simulação realizada no Portal de Licenciamento com a simulação de triagem realizada para esta pesquisa (a partir da entrevista com o representante-chave ESP-03 e em consulta ao website da CETESB sem utilização do PLA), notou-se que os resultados não apresentaram alterações significativas. O custo do licenciamento permaneceu o mesmo. A redação de alguns documentos administrativos foi ajustada, mas, em geral, foram solicitados os mesmos documentos. Quanto aos documentos técnicos, o sistema do PLA não exigiu alguns estudos/projetos que se encontram listados no website da CETESB, mas solicitou dois

estudos complementares: Laudo de caracterização da vegetação e Laudo de fauna. O estudo sobre a vegetação foi requerido conforme declaração sobre a necessidade de corte de árvores isoladas e intervenção em APP. Esse documento não foi exigido no processo de triagem realizado para esta pesquisa, mas nele foi indicada a necessidade de obter a autorização. Pode- se dizer que o único documento “inédito”, solicitado para a formalização do processo de licenciamento, foi o Laudo de fauna. Ressalta-se que é indicada, no website da CETESB, a necessidade de apresentação dos documentos listados nessa página (específicos para determinadas atividades) e que outros documentos poderão ser requeridos pelo sistema do PLA, em função das características da solicitação (CETESB, 2014c). Como curiosidade, o formulário da documentação, obtido a partir da simulação realizada no Portal de Licenciamento, encontra-se no apêndice F.