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A qualidade dos produtos e a inocuidade dos alimentos, inclusive dos grãos vem-se tornando uma grande exigência do mercado consumidor, desse modo, a problemática suscitada pelas aflatoxinas tende a instigar preocupação do sistema produtivo, das práticas de pós-colheita, dos pecuaristas e comercializadores de grãos, pois embora as contaminações fúngicas e a ocorrência de micotoxinas sejam inevitáveis (HAYASHI, 2007) estas precisam ser reduzidas. Neste cenário surgem inúmeras pesquisas detectando a ocorrência de aflatoxinas em milho e seus derivados.

Santurio (2000) relata contaminação por aflatoxinas em 41,9% das 15600 amostras de milho analisadas pelo LAMIC (Laboratório de Análises Micotoxicológicas) da Universidade Federal de Santa Maria entre os anos 1986 e 2000, com contaminação média de 22 µg kg-1.

Caldas, Silva e Oliveira (2002) analisaram a contaminação por aflatoxinas em 366 amostras de alimentos consumidos no Distrito Federal, no período de julho de 1998 a dezembro de 2001. Dentre os alimentos avaliados, predominaram amendoim (cru, torrado, creme, confeitado e doce), castanhas (de caju, do Pará, nozes, avelã, nozes e pistache), milho (grão, pipoca e canjica) e farinhas (trigo e aveia). As análises foram realizadas por CCD (cromatografia em camada delgada) e constataram que o milho em grão foi o produto com maior incidência de contaminação, cerca de 60% das amostras analisadas, seguido pelos doces de amendoim cerca de 50%, castanhas do Pará 33,3% e milho pipoca 13,6%.

Kawashima e Valente Soares (2006) pesquisaram a presença de fumonisinas B1,

aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2), ocratoxina A e zearalenona em 74 amostras de produtos

derivados de milho do comércio de Recife entre 1999 e 2001. Detectaram a fumonisina B1

em 71 amostras (20 a 8600 µg kg-1), a aflatoxina B1 em 5 amostras (máximo 20 µg kg-1) e a

aflatoxina B2 em 3 amostras (máximo 3 µg kg-1). Enquanto as aflatoxinas G1 e G2, ocratoxina

A e zearalenona não foram detectadas.

Amaral et al. (2006), com o objetivo de comparar dois métodos analíticos na detecção de aflatoxinas, analisaram 123 amostras de produtos alimentícios à base de milho: fubá, canjica, flocos, polenta pré-cozida, quirera, pipoca, sucrilhos, corn flakes, pipoca açucarada e salgadinho de milho, comercializados na região de Maringá e Marialva, Estado do Paraná, entre abril de 2003 e março de 2004. Encontrando 16 amostras contaminadas por aflatoxinas, segundo o método imunoenzimático (ELISA) e 7 segundo o método CCD (cromatografia em camada delgada) com respectivas médias de contaminação 0,78 e 0,62 µg kg-1.

Saleemullah et al. (2006) determinaram o conteúdo de aflatoxinas em amostras de cereais (trigo, arroz e milho) e amêndoas (amendoim, castanhas, nozes) coletadas na Fronteira Noroeste do Paquistão entre 2000-2002. Posteriormente, inocularam amostras com Aspergillus flavus e armazenaram por 18 meses, visando comparar a composição química das amostras controle com as inoculadas. Realizaram duas avaliações durante o período de armazenagem uma entre 2-3 meses e outra 12-18 meses. Constataram aumento da toxina com o tempo de armazenagem em todas as amostras (inoculadas ou não). No milho, a variação média de aflatoxinas nos períodos em análise foi de 45,7 a 50,2 µg kg-1.

Oliveira et al. (2006) avaliaram a ocorrência de aflatoxinas em 25 amostras de rações coletadas em propriedades leiteiras da Região de São Carlos-SP, encontrando contaminação em 76% das amostras, em níveis de 0,05 a 24,12 µg kg-1. A toxina mais incidente foi a B1 seguida da G1, G2 e B2 encontradas respectivamente em 16, 15, 8 e 6

Moreno (2008), avaliando a microbiota fúngica e a co-ocorrência de aflatoxinas e fumonisinas em 300 amostras de milho recém-colhido (safras 2003 e 2004), coletadas em três pontos da cadeia (campo, recepção e pré-secagem) na região norte do Paraná, detectou aflatoxinas em 12% das amostras da safra 2003, em níveis de 5 à 56 µg kg-1, e fumonisinas em 100% das amostras. Já na safra 2004, aflatoxinas foram detectadas em apenas 4% das amostras, com níveis de 12 a 52 µg kg-1, e fumonisinas em 97%. De modo que, apenas 8% das amostras entre ambas as safras estavam simultaneamente contaminadas com as duas toxinas.

Ramos et al. (2008) avaliaram a ocorrência natural de aflatoxinas em grãos de milho de 12 híbridos, cultivados em três regiões de Goiás. Os resultados de contaminação foram correlacionados com os dados de temperatura e precipitação nas regiões, presença de fungos e grãos ardidos nas amostras. Foi constatada a elevada incidência de Aspergillus sp. e a ocorrência de aflatoxinas na região com maior índice pluviométrico durante a colheita, embora não tenha sido encontrada correlação significativa entre a incidência deste fungo e a produção da toxina.

Santos (2008) avaliou a incidência fúngica e a ocorrência de aflatoxinas em 112 amostras de farinha de milho flocada e pré-cozida, comercializada em diferentes localidades do Estado da Bahia entre junho de 2007 e junho de 2008, encontrando fungos toxígenos em 32% das amostras, destes 50% eram fungos de armazenamento, 31% de campo e 17% ambos. No total, 16 amostras (14%) estavam contaminadas por aflatoxinas e destas, 6 (5% do total) estavam com concentração acima do limite permitido pela legislação (20 µg kg-1).

Marques et al. (2009) avaliaram a incidência dos gêneros Aspergillus, Fusarium e

Penicillium e a ocorrência de aflatoxinas e zearalenona em cinco híbridos comerciais de

milho cultivados em Astorga – PR em função da umidade de colheita. Constataram que quanto maior a umidade dos grãos durante a colheita maior a incidência de Fusarium e menores as incidências de Aspergillus e Penicillium. Não encontraram traços de contaminação por zearalenona, mas observaram que a produção de aflatoxinas pode ocorrer ainda na lavoura e concluíram que a antecipação da colheita, com imediata secagem melhora a qualidade sanitária dos grãos.

Cruz (2010), ao analisar 72 amostras compostas por: fubá, farinha de milho e milho em grão a ser utilizado na fabricação de rações para animais de companhia, coletadas nos municípios de Pirassununga, Porto Ferreira, Leme e Araras, Estado de São Paulo, constatou por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) que apenas 4,2% (uma amostra de milho em grão) apresentaram níveis de contaminação por aflatoxinas acima do preconizado pela legislação brasileira (20 µg kg-1) e 65,3% (47 amostras) apresentaram

níveis de contaminação por fumonisinas acima de 30 µg kg-1, sendo que 100% das amostras de milho em grão apresentaram-se contaminadas pela FB1.

Rocha (2010), analisando a ocorrência natural de aflatoxinas e fumonisinas em 200 amostras de milho recém-colhido de quatro regiões do Brasil (São Paulo, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Bahia), encontrou contaminação por aflatoxinas em 21 amostras, sendo que 10,5% estavam contaminadas por B1, 3,5% por B2, 0,5% por G1 e 0,5% por G2.

A incidência de fungos e a contaminação por aflatoxina B1 e ocratoxina A foi avaliada

por Shah et al. (2010) em 36 amostras de grãos de milho de 6 locais do Vale Swat e da Fronteira Noroeste da Província do Pakistão. Embora os grãos estivessem armazenados com teor de água ≤ 15%, foi verificada a incidência dos gêneros fúngicos Aspergillus,

Fusarium, Penicillium e Rizophus, com a predominância da espécie A. flavus. Os níveis de

aflatoxina B1 foram de não detectável a 30,92 µg kg-1.

Eckert (2011), em seu estudo dos derivados de milho mais consumidos no município de Cascavel – PR, analisou 12 amostras dos três derivados mais consumidos no município (fubá, pipoca e amido de milho). Após as análises por CLAE, verificou a presença da aflatoxinas (B1) em apenas uma das amostras (amido), com concentração de 1 µg kg-1,

embora a concentração encontrada tenha ficado abaixo do LMT pela legislação vigente, a autora considera pelo índice de ingestão diária provável média (IDPM) que essa contaminação representa um risco para crianças com baixo peso corporal.

Bento et al. (2012) verificaram a ocorrência de fungos e aflatoxinas em 84 amostras de grãos milho, procedentes das safras 2009 e 2010, armazenadas por até 30 dias em diferentes municípios do Estado do Mato Grosso. Estes identificaram a presença dos gêneros Fusarium, Aspergillus, Peniciilium, Cladosporium, Nigrospora, Epicocum, Rhizopus,

Cercospora e Curvularia nas amostras, constatando a ocorrência de aflatoxinas em 19,04%

das amostras da safra 2009 e 23,80% da safra 2010, com níveis de 1-108,7 µg kg-1.

Leal (2012) relacionou a contaminação por aflatoxinas com o peso volumétrico (densidade) dos grãos, verificando que quanto menor a densidade dos grãos de milho maior a contaminação por aflatoxinas, ou seja, quanto maior a densidade maior a qualidade dos grãos. Encontrando 41,1 µg kg-1 de aflatoxinas em grãos de milho com densidade < 650 (kg m-3) e, em contra partida, 5,5 µg kg-1 para densidade > 650 (kg m-3) .

Soleimany, Jinap e Abas (2012) avaliaram a contaminação por micotoxinas em 100 amostras de cereais, 50 de arroz, 20 de trigo, 10 cevada, 10 aveia e 10 de farinha de milho comercializados na Malásia encontrando aflatoxinas em 70% das amostras, especificamente em 80% das amostras de farinha de milho com níveis de 0,15-1,8 µg kg-1.

Motta (2012), avaliando o perfil da microbiota fúngica e a ocorrência de aflatoxinas B1

em todas as amostras e, respectivamente, Aspergillus sp., Fusarium sp. e Penicillium sp. em 20,09, 14,16 e 11,42% das amostras. A presença de aflatoxina B1 foi constatada em 31,44%

das amostras em níveis de 1,68 a 194,51 µg kg-1. Dentre as nove fazendas avaliadas em apenas uma não foi detectada a presença de aflatoxina B1, enquanto, em outra, detectou-se

contaminação por aflatoxina B1 em 80% das amostras.

Mohale et al. (2013) avaliaram a presença de fungos com potencial toxigênico e a contaminação por micotoxinas em amostras de milho armazenado, de cinco regiões do Lesotho, durante as safras 2009/2010 e 2010/2011, diagnosticando a presença de A. flavus,

A. Parasiticus e níveis de contaminação por aflatoxina de até 20 mg kg-1, sendo que todas as amostras analisadas apresentavam aw < 0,70.

Mulunda et al. (2013), avaliando a ocorrência de micotoxinas em 40 amostras de grãos de milho de mercados de Lubumbashi, República Democrática do Congo, encontrou contaminação por aflatoxinas em 38 (95%) amostras cujos níveis de ocorrência variaram de 3,1 a 439,2 µg kg-1.