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Octavio Paz (1914 1998)

No documento Livro de Literatura Hispânica I, 2013 (páginas 38-41)

Octavio Paz nasceu na cidade do México. Seu avô pater- no era um intelectual liberal importante, e foi um dos primei- ros autores a escrever romances que tinham como tema maior os indígenas. Graças a seu avô e à sua generosa biblioteca, Oc- tavio Paz entra cedo em contato com a literatura. Como seu avô, o pai de Octavio era um jornalista político muito ativo que, com outros intelectuais progressistas, juntou-se ao movi- mento dirigido por Emiliano Zapata.

Octavio Paz começa a escrever ainda muito jovem e, em 1937, viaja à Valencia, na Espanha, para participar do II Con- gresso Internacional de Escritores Anti-fascistas (lembremos que um ano antes Federico García Lorca fora assassinado pelo regime de Franco, durante a Guerra Civil Espanhola). Retorna ao México, em 1938, e torna-se um dos fundadores da Taller, uma revista que aponta a emergência de uma nova geração de escritores no México e uma nova sensibilidade literária.

Em 1943, viaja aos Estados Unidos, onde mergulha na poesia moderna anglo-americana. Dois anos mais tarde, torna-se di- plomata na França, onde escreve seu estudo fundamental sobre a iden- tidade mexicana, El laberinto de la Soledad. Participa ativamente com André Breton (poeta francês e fundador do movimento surrealista) e Benjamin Peret em publicações de caráter surrealista. Em 1962, Octa- vio Paz é nomeado Embaixador do México na Índia. Foi um momento importante de sua carreira, durante o qual escreveu poemas que foram reunidos, em 1969, no volume Ladera Este.

Você pode ler Canto General, acessando a página eletrônica da Fundação Neruda vincu- lada à Universidad de Chile: http://www.neruda.uchile.cl/

obra/cantogeneral.htm

Figura 8 - Octavio Paz

Origens da Poesia Hispânica

Capítulo

02

Em 1968, ele protesta contra a repressão violenta que o governo mexicano exerce contra os estudantes de Tlatelolco durante os Jogos Olímpicos do México. Desde então, Octavio Paz se dedica ao trabalho de editor, tendo fundado duas revistas que tratam de Arte e Política:

Plural (1971 - 1976) e Vuelta (1976). Em 1980, recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Harvard. No ano seguinte, recebe o

Prêmio Cervantes (maior prêmio literário do mundo hispânico) e, em 1982, recebe o prestigioso Prêmio Neustad, além do Prêmio Alexis de Tocqueville, entregue pelas mãos do presidente francês François Mitter- rand. Mas o prêmio máximo, o Nobel de Literatura, chega-lhe em 1990. Octavio Paz foi um poeta de influência e vasta cultura trans-histó- rica; sua obra ensaística e poética é considerável. Reveste-se de muitas formas e perpassa diversos períodos, concentrando-se sobre um enor- me número de referências à história da humanidade e dialogando com o patrimônio literário mundial, desde as lendas pré-colombianas, passan- do pela poesia barroca, o Século de Ouro espanhol, o simbolismo, o sur- realismo, o existencialismo, o budismo o hinduísmo e, ainda, a poesia japonesa (ele traduz para o espanhol, em 1975, algumas obras mestras como Sendas de Oku de Matsuô Bashô).

A respeito da produção de Octavio Paz, você pode consultar os seguintes sites: http://www.letraslibres.com/ index.php?art=11980 (sobre a revista Vuelta) e http://www. ensayistas.org/filosofos/mexi- co/paz/ (sobre a vida e obra do autor).

Matsuô Bashô (pseudôni- mo de Matsuô Munefusa, 1644 – 1694) foi um poeta japonês, responsável por codificar e estabelecer a forma do tradicional haica, forma poética que prima pela concisão e pela ob- jetividade. Em japonês, os haicais são tradicionalmen- te impressos em uma linha vertical; em português, são divididos em três linhas ho- rizontais, como podemos observar nesta tradução de um poema de Matsuô Bashô:

Doente em viagem sonho em secos campos Ir-me enveredar.

Figura 9 - Retrato de Matsuô Bashô

Nos ensaios de Paz, encontram-se considerações teóricas e reflexões críticas importantes e bastante densas. Entre seus inúmeros volumes de ensaios, pode-se destacar Libertad bajo palabra (1958), El Arco y la Lira (1956), bem como sua obra já citada El Labirinto de la Soledad (1950).

Dois poemas de Octavio Paz

ÁRBOL ADENTRO

Creció en mi frente un árbol. Creció hacia dentro.

Sus raíces son venas, nervios sus ramas,

sus confusos follajes pensamientos. Tus miradas lo encienden

y sus frutos de sombras son naranjas de sangre, son granadas de lumbre. Amanece

en la noche del cuerpo. Allá adentro, en mi frente, el árbol habla.

Acércate, ¿lo oyes?

(VUELTA 261, agosto de 1998)

BAJO TU CLARA SOMBRA

Un cuerpo, un cuerpo solo, un sólo cuerpo un cuerpo como día derramado

y noche devorada; la luz de unos cabellos que no apaciguan nunca la sombra de mi tacto;

una garganta, un vientre que amanece como el mar que se enciende

cuando toca la frente de la aurora; unos tobillos, puentes del verano; unos muslos nocturnos que se hunden en la música verde de la tarde;

Origens da Poesia Hispânica

Capítulo

02

y arrasa las espumas; un cuello, sólo un cuello, unas manos tan sólo,

unas palabras lentas que descienden como arena caída en otra arena…. Esto que se me escapa,

agua y delicia obscura, mar naciendo o muriendo; estos labios y dientes, estos ojos hambrientos, me desnudan de mí

y su furiosa gracia me levanta hasta los quietos cielos donde vibra el instante; la cima de los besos,

la plenitud del mundo y de sus formas.

(Cf. no site: http://www.vivir-poesia.com/2004/07/ bajo-tu-clara-sombra/)

2.5 Origens histórico-literárias da

No documento Livro de Literatura Hispânica I, 2013 (páginas 38-41)