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A ofensiva e desmonte da rede própria do SUS municipal: reflexão sobre a privatização dos serviços de saúde em Natal/RN no período 2009 –

A partir de 2009 iniciou-se uma grande ofensiva de privatização da política de saúde em Natal/RN. Isso se deu a partir do processo de implantação de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) na cidade, quando o gestor municipal do SUS transferiu a gestão dos serviços das Unidades por meio da celebração de contratos de gestão com Organizações Sociais.

A UPA 24h é um dos componentes da Política Nacional de Atenção às Urgências, conforme definido na Portaria nº 10, de janeiro de 201715, que estabelece diretrizes para a sua implantação, sendo definida pelo Ministério da Saúde como “UPA 24h Ampliada”: a área

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construída ou ampliada, com acréscimo de área e adequação física dos estabelecimentos de saúde - Policlínica; Pronto Atendimento; Pronto socorro Especializado; Pronto Socorro Geral – além de Unidades Mistas, já cadastrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – SCNES.

Em meados de 2009 o Ministério Público Estadual do RN por meio da 48ª Promotoria de Justiça, teve autorização judicial para acompanhamento da implantação das UPA`s em Natal/RN, tendo sido aberto o Inquérito Civil, nº 014/0916, com a finalidade de identificar eventuais irregularidades em contrato de gestão celebrado entre o Município de Natal e o Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (IPAS).

Em 2010, outros órgãos também foram acionados para realizar essa apuração, a exemplo da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público que instaurou o inquérito civil nº 057/1017, com o propósito de apurar a legalidade da contratação do Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde com o Município de Natal para operacionalização da UPA do bairro Pajuçara, atualmente UPA Dr. Ruy Pereira dos Santos.

No processo de investigação, a gestão municipal reafirmou a intenção de implantação de duas UPA’s em 2009, e mais duas em 2010, adotando o modelo de gestão parceria público- privado, “a exemplo do que ocorre no Estado de São Paulo”, através de Contratos de Gestão com as Organizações Sociais.

De fato, esse tipo de parceria público-privada já vinha sendo uma realidade em outros Estados brasileiros, ainda que contestada por meio de ações judiciais. Em Natal/RN, esse novo modelo de gestão, foi apresentada como uma inovação na Administração Pública local. No entanto, um parecer do Centro de Apoio às Promotorias de Defesa do Patrimônio Público e Combate à Sonegação Fiscal (CAOP), que consta nas fls. 62/72 do Inquérito Civil Público 031/201048ªPJ18, explicitou os vícios desse tipo de “parceria”, apontando ainda, diversificado formas de lesão aos princípios do SUS, burlando à licitação e à obrigatoriedade do concurso público.

Mesmo assim, 05/06/2010 foi publicado no Diário Oficial do Município de Natal, o Termo de Qualificação do IPAS19 como Organização Social no âmbito do município de Natal.

16 Ministério Público Estadual do RN - 48ª Promotoria de Justiça. Inquérito Civil nº 031/10, de 2009. 17 Idem

18 Brasil. Ação Civil Pública (2009). Ministério Público Estadual do RN - 48ª Promotoria de Justiça. Inquérito Civil

nº 031/10, 2009.

19 Importante salientar que a IPAS sequer possuía sede em nosso Estado, o que caracterizava irregularidade e

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Para tanto, a Prefeitura Municipal de Natal, havia providenciado a aprovação da Lei Municipal nº 6.108, de 2020, dispondo sobre a qualificação de entidades sem fins lucrativos como Organizações Sociais. Ressalta-se que a constitucionalidade desta Lei foi questionada através de Ação Direta de Inconstitucionalidade junto ao Tribunal de Justiça do RN.

A contratação do IPAS se deu a partir de Dispensa de Licitação para a operacionalização e execução dos serviços e ações de saúde a serem prestados pela UPA Pajuçara. Na mesma data (08/06/2010) da publicação da dispensa, também foi publicado o Extrato do Contrato de Gestão nº 01/2010. No dia seguinte, em 09/06/2010, a referida Unidade de Saúde foi inaugurada pelo Presidente da República, revelando o aligeiramento da contratação da O.S, deixando brechas para irregularidades nesse processo.

Nesse processo, o Conselho Municipal de Saúde (CMS) teve destacada atuação na fiscalização da contratação do IPAS, denunciando inclusive que aquela OS não possuía sede em Natal/RN. Através da Resolução nº 51/2010, publicada em 29 de julho de 2010, o CMS formalizou deliberativamente contra o processo de terceirização da gestão das Unidades de Saúde de Natal/RN, através das OS, propondo inclusive a anulação imediata do contrato de gestão da Prefeitura com o IPAS, além de pedir a convocação imediata dos aprovados nos concursos públicos de 2006 e 2008 para compor o quadro da Secretaria Municipal de Saúde de Natal/RN. No entanto, mesmo cumprindo sua relevante função de controle social na execução da política de saúde, com base no artigo 1º, §2º, da Lei 8.142/90, a gestão municipal ignorou foram totalmente sua deliberação.

A proposta inicial defendida pelo CMS para a implantação dos serviços de urgência nas UPAS, segundo consta na documentação do Inquérito Civil conduzido pelo Ministério Público, era aproveitar os servidores da Rede Municipal de Saúde, por meio do remanejamento de funcionários da Unidade Mista de Pajuçara, para a UPA. Para isso foi inclusive criada uma Comissão de Avaliação, formada por vários órgãos da Secretaria Municipal de Saúde, entre eles o SAMU, o Departamento de Recursos Humanos, Departamento de Atenção Especializada, e um representante dos servidores, além da chefia do Distrito Sanitário Norte I.

Esses setores se organizaram e se empenharam para que a UPA pudesse ser implantada, inclusive com a realização de um processo seletivo interno, resultando na elaboração de uma lista de funcionários que iriam ser remanejados para trabalhar na UPA. No entanto, o que ocorreu foi a contratação da IPAS para a gestão operacional e execução das ações e serviços de saúde prestados pela UPA Pajuçara, incluindo a contratação de pessoal pelo regime celetista, ignorando o concurso público como forma de ingresso ao serviço público.

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Conforme explicitado no processo da Ação Civil Pública, enquanto a Administração Pública terceiriza suas atividades fins, ainda existia em vigor um concurso público, cujo prazo se expiraria em um mês, restando habilitados diversos profissionais das categorias de Técnicos de Enfermagem e Farmacêutico Bioquímico. Ou seja, havia profissionais habilitados para contratação de acordo com a legislação vigente.

Os citados inquéritos identificaram várias irregularidades foram detectadas na gestão de saúde do município de Natal, em relação a contratação da IPAS: 1) O contrato de gestão foi celebrado sem que a administração municipal tivesse adotado certos cuidados, como a transparência no processo, inserindo a sociedade na discussão; 2) A contratação e os pagamentos dos serviços contratados foram marcados pelo “amadorismo” na gestão pública, não tendo sido precedido de processo seletivo com todas as exigências formais necessárias à garantia da lisura do processo; 3) verifica-se o completo desrespeito à Constituição Federal e às leis, inclusive à Lei Municipal nº 6.108, de 02 de junho de 2010, que dispõe sobre a qualificação de entidades sem fins lucrativos como Organizações Sociais no âmbito do Município do Natal, com vários questionamento de inconstitucionalidade.

No processo conduzido pelo Ministério Público, constam alguns trechos do depoimento do Secretário Municipal de Saúde da época, e neles não resta dúvidas de que o IPAS já havia sido selecionado para celebrar o contrato com o Município de Natal, antes de qualquer procedimento administrativo, pois antes do termino do processo de rearranjo dos profissionais para a UPA, pediu agilidade no processo para cumprir prazos acordados com o Ministério da Saúde, inclusive porque o Presidente da República já havia agendado a sua presença na inauguração da UPA Pajuçara.

Porém, a contratação do IPAS foi apenas um passo no processo de transferência da gestão de serviços de atenção à saúde em Natal para a iniciativa privada. A situação se agravou quando o modelo de “gestão compartilhada”, inaugurado pela Administração Municipal do período, estava direcionado a se tornar uma prática comum, pois também foram terceirizados os serviços de Atendimento Médico Especializados (AME’s), cujo chamamento público de outubro de 2010, visava a transferência da gerência desses serviços, incluindo provimento de pessoal, de medicamentos, de materiais e equipamentos.

Diante dessas ofensivas, desde 2009, o CMS vinha sempre se posicionando de forma crítica, fiscalizado, acompanhando, avaliando e atuando em defesa das diretrizes, princípios e objetivos do SUS, porém sendo o mesmo desconsiderado pelo Secretaria de Saúde e o chefe do Poder Executivo Municipal.

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Dentro das suas atribuições e competências, em 2012 o pleno do CMS aprovou a Resolução nº 033/2012 - CMS/NATAL/RN, apresentaram os principais os problemas em relação à prestação de contas da gestão municipal naquele período de 2009 a 2010. A Resolução do CMS denuncia que os Relatórios de Gestão e a prestação de contas dos exercícios 2009 e 2010, tanto no que se refere aos relatórios trimestrais, quanto ao anual, não foram encaminhados ao Conselho, em tempo hábil, para apreciação nos prazos legais que possibilitassem análise antes de seguir para o poder legislativo. Tal situação, conforme as normas do SUS, requeria a intervenção do Ministério Público do Rio Grande Norte.

A Resolução nº 033/2012 - CMS/NATAL/RN destacou os arbítrios da gestão municipal naquele período, conforme alguns que se destaca a seguir:

a) Em relação ao exercício de 2009, o RAG foi elaborado, tecnicamente, conforme legislação pertinente, porém não tornava transparente a real situação da saúde e dos serviços prestados geridos pela SMS/Natal, incluindo inúmeras lacunas em relação às reais condições de funcionamento e execução da Política de Saúde. Tal situação incluía os problemas que deram base a decretação e prorrogação do Estado de calamidade pública e aos correspondentes gastos realizados.

b) As ações priorizadas e realizadas no exercício 2009, em geral desconsideraram as metas previstas no Plano Municipal de Saúde, revelando que a decretação do Estado de calamidade pública não serviu para assegurar o funcionamento da rede de urgência e emergência existente, tampouco as ações básicas, principalmente no que se refere aos programas e ações de controle de doenças que requerem assistência universal e integral continuada, sob responsabilidade do município.

c) Em 2009, várias ações não previstas no Plano Municipal de Saúde para o exercício foram realizadas, em razão das quais recursos foram aplicados e contratos foram realizados com estranho aumento do número de procedimentos para o município de Natal, tendo como exemplo as denúncias relativas ao contrato para implante coclear20; no qual autoriza aumento para o município de Natal uma quantidade de

procedimentos para implantes superiores aos realizados para todo o Estado do Rio Grande do Norte nos exercícios anteriores, superando a média histórica do RN.

20 O Implante Coclear é um dispositivo eletrônico, parcialmente implantado, que visa proporcionar aos seus

usuários sensação auditiva próxima ao fisiológico. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/ educacaoespecial/ article/view /2318.

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d) O CMS alertou para os indícios de esquemas envolvendo grupos de prestadores de serviços médicos privados, incluindo a deliberada captação e até importação de clientela de Estados vizinhos, cujas Secretarias Municipais de Saúde remuneram tais serviços somente pelos valores pagos pela tabela SUS, com fortes indícios de beneficiamento de grupos empresariais ligados a um determinado vereador da capital.

e) Denunciou que a ação não prevista no PMS e na previsão orçamentária 2009, refere- se a reestruturação da assessoria de comunicação, implicando no remanejamento de pessoal efetivo que foi substituído por pessoal terceirizado, inclusive, em alguns casos representando desvio de função de servidores, impactando em uso clientelista/patrimonialista.

f) Uso inadequado da força de trabalho e, portanto, dos recursos públicos para esse fim;

g) Irregularidades comprovadas no contrato de locação do atual prédio onde funciona a SMS/Natal;

h) Negligência na supervisão dos contratos, especialmente o comodato para a realização de exames laboratoriais realizados na policlínica da Zona Norte, incluindo a não substituição de máquinas cujas precárias condições de funcionamento e manutenção resultaram na alteração de resultados de exames e frequentes interrupções/paralisações da prestação de serviços laboratoriais por período prolongados, impossibilitando o acesso da maioria da população de Natal que depende totalmente do SUS.

i) No exercício de 2010 a situação se agravou, que transcorreu marcado por forte desabastecimento da rede em todos os sentidos, a exemplo, falta de medicamentos, insumos, material de expediente, material de limpeza, manutenção das unidades, desativação de unidades básicas, incluindo reformas que priorizaram unidades para instalação das AMES, em detrimento das ações básicas e da atenção primária de saúde. Para demonstrar o descaso da gestão com o CMS tudo isso foi feito sem a elaboração do Plano Municipal de Saúde21.

j) O Plano Municipal de Saúde deveria integrar o Plano Plurianual do Município de Natal, de forma que, ao não fazê-lo, a chefia do poder executivo municipal,

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desrespeitou à Constituição Federal e a legislação complementar, além de deixar espaços para irregularidades em relação à aplicação dos recursos, resultando em várias ações e contratos com fortes indícios de priorizar grupos de interesses ligados ao poder executivo municipal.

k) O CMS recebeu várias denúncias de descumprimento e apurou in loco irregularidades do contrato com o DNA Center que foi firmado sem discussão e aprovação pelo CMS e até a data da formulação da Resolução não houve prestação de contas, destacando o não cumprimento dos prazos contratados, o uso de veículos da secretaria para desenvolver as ações contratadas pela empresa privada, implicando também na desestruturação da rede pública em favor de interesses de prestadores privados, resultando no desabastecimento e na falta de manutenção dos laboratórios próprios.

l) O CMS mostrou também que foram desativadas e fechadas unidades básicas e pronto atendimentos existentes, esvaziamento das policlínicas da rede própria, privilegiando a implantação de saúde das AMES e da UPA de Pajuçara, o que assegurou o desenvolvimento da rede privada em detrimento dos serviços públicos. m) Foram denunciados vários contratos que só existiam legalmente, além de contrato

com as Cooperativas Médicas firmados à revelia dos pareceres da equipe técnica da SMS, e ainda atrasos frequentes nas obras de reformas e ampliação sem esclarecimentos acerca das razões, incluindo a aplicação dos recursos federais nos Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), nas políticas de saúde e ações em geral de saúde bucal, saúde do trabalhador e profundo desmonte da rede de substitutiva de atenção à saúde mental, entre outros.

Conforme consta na Resolução do CMS, ficou explicito a falta de transparência na prestação de contas dos serviços de saúde dificultando a fiscalização da execução da Política de Saúde e, por causa disso, os recursos públicos eram utilizados priorizando e beneficiando serviços privados (Organizações Sociais contratadas) com claro envolvimento da SMS/Natal e do gabinete do prefeito, sem requerer o aval do Controle Social, ferindo gravemente os princípios da gestão do SUS.

Além de tudo isso, a não implantação da Ouvidoria SUS do município, limitou na prática que a população, os servidores e até gestores pudessem se expressar diante dos

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problemas na área. Deve-se considerar que os Relatórios da Ouvidoria22 além de serem um termômetro da realidade de saúde do município, também funcionam como instrumento de Controle Social, onde é possível sugerir, reclamar, solicitar e ainda denunciar, o que promove a democratização na saúde.

Dentro os argumentos para não aprovar os RAGs (2009 a 2010), o CMS destacou que os relatórios apresentados pela Gestão Municipal não explicitam interrupção de ações por falta de equipamentos, insumos, material de limpeza, medicamentos, entre outros problemas. Principalmente que a prestação de contas apresentada, sem os documentos solicitados, extratos, empenhos e faturas de pagamentos realizados não possibilitaram averiguar as denúncias e também não explica as irregularidades pontuadas anteriormente.

Face a tais problemas constata-se as razões que influenciaram diretamente na realidade no atendimento aos usuários do SUS, a partir do desmonte e da desestruturação da rede pública de saúde, o que apresenta precarização no atendimento aos usuários e a piora nas condições de trabalho dos servidores, abrindo espaço para o desenvolvimento da saúde privada em detrimento da pública.

Tal realidade continuou nos dois anos seguintes. Em relação a prestação de contas do exercício 2011, foi apresentada ao CMS depois do prazo, sem o prévio envio de documentos escritos, sendo realizada a partir de uma apresentação resumida em data show, visando apenas cumprir recomendação do Ministério Público. A gestão municipal mantinha a lógica de não disponibilizar os documentos e outros extratos acerca da movimentação dos recursos do Fundo Municipal de Saúde.

O referido relatório foi indevidamente encaminhado à Câmara Municipal de Natal/RN, sem que houvesse sido disponibilizado com antecedência ao CMS/Natal. Na Resolução nº 033/2012-CMS explicita-se que um dos fatores determinantes para agravar as dificuldades de funcionamento da SMS tem sido a insuficiência de profissionais do quadro efetivo do SUS municipal e do pessoal para a assistência direta à população, que somadas à falta de implantação de efetivas medidas relativas à remuneração, à carreira e a falta de condições de trabalhos, desestimulavam os trabalhadores. Tudo isso imputa uma grave paralisia gerencial com um acúmulo de processos e dificuldades de fiscalização dos contratos, sobretudo dos grandes e complexos contratos com as cooperativas médicas, laboratórios, hospitais e empresas contratadas para a realização de reformas, ampliação e manutenção das unidades e serviços.

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Em síntese, foi por meio dessa Resolução do CMS que ficou claro que a gestão municipal não estava dando conta dos seus deveres e a população sendo absolutamente prejudicada com essa situação. Por causa dessa situação, o CMS requereu imediata Auditoria do DENASUS e dos Tribunais de Contas para os processos de fiscalização dos contratos nos serviços prestados e nos serviços de saúde. Isso demonstra que o CMS buscou se articular a outros órgãos de fiscalização e controle como fator essencial para a proteção do direito a saúde da população de Natal.

Além disso, conforme se pode observar com as pontuações feitas até aqui, pode-se constata o quanto o CMS foi ignorado pela gestão municipal, a qual agiu à revelia da legislação vigente que estabelece procedimentos claros e obrigatórios para que as decisões sejam tomadas com participação social. São as expressões de uma gestão autoritária que atropelava o Conselho Municipal de Saúde, fazendo com que o mesmo tivesse que recorrer a outros órgãos para que suas prerrogativas fossem respeitadas cumprisse o que está em lei.

Diante desse processo de privatização de serviços de saúde o Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte (MP/RN) deflagrou em 2012 a Operação Assepsia, por meio da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público da Comarca de Natal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), que tinha como objetivo investiga a contratação de Organizações Sociais pela Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS). Diante da gravidade das denúncias, foram encaminhados nove mandados de busca e apreensão, e cinco de prisão de envolvidos nas irregularidades, entre os quais, o ex-secretário de Saúde do município, o coordenador geral de administração e finanças da SMS, o tesoureiro da SMS, e o Secretário Municipal de Planejamento da época. Além desses, também houve busca na casa do Procurador do Município. Vários desses envolvidos tiveram prisão preventiva expedida pelo poder judiciário. Essa operação também se deu no Rio de Janeiro23 onde uma das OS, a Associação Marca, tinha sua sede e atuava praticando irregularidades semelhante, revelando um esquema de âmbito nacional..

O Ministério Público Estadual listou seis condutas consideradas criminosas 24 e supostamente praticadas pelos então acusados da Operação Assepsia: formação de quadrilha, dispensa indevida de licitação, falsidade ideológica, peculato consumado e tentado, corrupção ativa

23Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/44836222/associacao-marca-para-promocao-de-servicos -a-

marca.

24 Dísponivel em: http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2012/11/reus-da-operacao-assepsia-em-natal-

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e passiva. Diante do agravante da atividade criminosa dos demais agentes envolvidos no esquema,