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A partir da eleição dos membros do Núcleo Gestor, a SEDEAMA promoveu a capacitação desses em 18/2/2006. Atendendo sugestão de um dos integrantes do Movimento SOS Serra da Piedade, quando do processo eleitoral, abriu-se a capacitação ao público. Contudo, a basear-se no contingente presente, tanto pela manhã quanto à tarde, estimando-se em torno de 60 pessoas, não se verificou grande afluxo de cidadãos.

Coordenou os trabalhos, o secretário executivo do núcleo executivo estadual do PLANO DIRETOR Metropolitano55, o Sr. José Abílio Bello. Abordaram-se as possibilidades e entraves a que o processo

possa constituir-se num momento de reflexão e ampliação do conhecimento da sociedade sobre o território e mesmo, sobre seus anseios, preocupações. Para este sujeito que tem acompanhado outros processos na escala estadual, o PLANO DIRETOR diz mais respeito à sociedade, pode-se ler, é bem mais político que técnico, ainda que da técnica não se possa renunciar. Em suas assertivas, insistiu na participação do poder legislativo, a quem cabe a transformação em lei criando obrigações por sua execução. Um dos membros do Núcleo Gestor criticou o excesso de artigos, de temas que se aborda

54 Tal entidade é a Associação dos proprietários de chácaras na rua N. Sra. Da Piedade.

nos planos diretores, tornando-os extensos, enfadonhos à leitura e compreensão dos cidadãos. Tal posicionamento encontrou eco na Coordenação que vê no PLANO DIRETOR de Belo Horizonte mera carta de intenções, tamanha extensão. Esta concepção entende que um Plano mais enxuto encontrará maior facilidade em se tornar domínio público, ou seja, alcançar mais intensamente o cotidiano dos cidadãos.

Outros aspectos também abordados envolvem a apropriação de lucros por agentes privados quando do investimento público nos processos de urbanização. O ônus imputado ao Estado quando o processo de ocupação se dá de forma espontânea também foi tratado por agentes do poder Executivo. Realizou-se durante a oficina, o jogo do Estatuto da Cidade, utilizando-se dois dos 3 jogos componentes do Kit do Ministério das Cidades, 2ª edição, O Tesouro de Areia e Santo Expedito. Ambos buscam inserir os participantes da oficina, de maneira lúdica, na busca de aplicar os instrumentos do Estatuto das Cidades a partir de questões do cotidiano. As três histórias refletem situações conflitivas reais das cidades brasileiras, mas sem especificar uma determinada cidade sendo permitida a escolha por situações mais próximas aos desafios vividos pela cidade onde se realiza a capacitação. Segundo o texto de instrução dos três manuais, os participantes devem investir-se em papéis tão diversos quanto sua realidade, permitindo-se o olhar e o agir diversos. A proposta do jogo foi vivenciada com interesse e boa recepção pelos participantes, contudo, por tratar-se de oficina em horário integral, não foi possível uma maior exploração dos temas, bem como o entrelaçamento aos conflitos vividos em Caeté.

Finalizou-se a oficina com um diagnóstico dos problemas, bem como das potencialidades municipais, associando-se à visão do contexto regional de Caeté, ou seja, o que representa a cidade no entorno da Metrópole. Tal atividade de diagnóstico tornou-se freqüente nos trabalhos das oficinas de esclarecimento e de trabalho, a fim de enumerar os problemas, os desafios e as potencialidades do município, nos vários temas e lugares. Entretanto demonstra-se insuficiente ao alcance de melhores condições de vida para um contingente maior de cidadãos a enumeração dos problemas que limitam melhores condições de vida para a sociedade caeteense como um todo. Como se verá a própria limitação à livre exposição das idéias, em oposição aos propósitos da administração atual reduzirá em muito as possibilidades de debate. Em muitas situações do planejamento urbano cria-se uma atmosfera de diagnóstico que pode induzir a uma falsa crença de que a partir do diagnóstico virão mudanças.

O diagnóstico apontado pelos integrantes da oficina de capacitação realizada em 18/2/2006, em Caeté, apontou56 como problemas que impedem o desenvolvimento do município:

A falta de um ambiente empreendedor que leve à criação de oportunidades de geração de renda associada ao não delineamento do que seria o desenvolvimento econômico para Caeté. Tal delineamento dirigiria os esforços em direção a decidir: Em que investir? Como? Para que? E o que se pretende a partir de tais propósitos. Sob a ótica da geração de emprego e renda, observou-se inexistência ou pouca eficácia nas ações voltadas à educação profissional ocasionando baixa qualificação para os trabalhadores e consequentemente, elevação do número de desempregados. Outro problema que afeta principalmente as atividades do turismo é a inexistência de infra-estrutura como – por exemplo - um bom hotel.

Foi apontada a necessidade de conciliação entre o desenvolvimento econômico, a ocupação urbana, geração de empregos e poluição. Este último vincula-se às questões de preservação/conservação ambiental, as quais em seu conjunto ainda encampam: a necessidade de definição da destinação do lixo e entulhos produzidos no município; a preservação dos mananciais de água que abastecem Caeté, bem como a falta de planejamento da ocupação urbana.

No âmbito da cultura e também da educação foi relacionada a não existência de um plano mais efetivo e abrangente de informação, capacitação e educação do cidadão caeteense para reconhecer e valorizar as riquezas do município (patrimônio histórico, ambiental e cultural. Além do pouco incentivo às ações cidadãs revelado pelo baixo interesse da população em participar dos problemas municipais. Na área da política habitacional urbana sob o aspecto da ocupação do território foram definidas como situações inibidoras do desenvolvimento a falta de uma política habitacional que trate da ocupação irregular e sem planejamento na área urbana e rural, e, a melhoria dos transportes ,quer dentro do município ou entre este e o entorno. Há dificuldades inclusive no trânsito entre os distritos e a sede, além do transporte para a Capital ser bastante imprevisível no que diz respeito a horário e oferta de assentos para os moradores de Caeté. A esfera da saúde pública também foi identificada como um destes problemas mais graves para Caeté, demandando-se maiores investimentos .

Seguindo-se à identificação de problemas - desafios que deveriam ser tratados pelo Plano Diretor - buscou-se enumerar as potencialidades do município. São notórias dentre as demais riquezas de Caeté, o conjunto histórico envolvendo a arquitetura, as manifestações religiosas e demais manifestações culturais, como a música, o artesanato. E sua riqueza natural, quer pelos recursos minerais contidos em seu subsolo ( minérios e recursos hídricos em abundancia), quer pela beleza paisagística propícia às várias atividades turísticas e também a instalação de residências de fim-de- semana. A instalação de um distrito industrial é também contemplada como um fator facilitador ao desenvolvimento. Relacionou-se ainda a própria sociedade local enquanto portadora de vínculos de vizinhança e solidariedade, com seu potencial em atuar como multiplicadora da história e da cultura locais como potencialidade para Caeté desenvolver-se.

Uma vez abordadas as questões locais, solicitou o moderador que se exercitasse o prolongamento do olhar para o contexto regional onde se insere o município. Foram então listadas as seguintes questões regionais: a) O uso indevido do solo em razão dos desmatamentos e as diversas formas de poluição descontrolada têm danificado as nascentes; b) Os recursos hídricos são comuns a vários municípios e mereceriam um tratamento em conjunto; c) Demanda-se a melhoria das vias de acesso às cidades circundantes e distritos, bem como do sistema de transporte devido ao alto contingente de pessoas em uso destas vias para viagens turísticas e de trabalho; d) Para as atividades das empresas e organismos, com sede em outros municípios requer-se adequação e estrito respeito à legislação vigente em Caeté; e) O município perdeu sua identidade com o fechamento da CFB e da escola do Serviço Nacional de Ensino Industrial que formava grandes profissionais; f) Pela proximidade à Capital – apesar desta proximidade ser vista como um potencial - haveria grande trânsito de elementos culturais externos aos locais que de certo modo inibem a definição de uma identidade para o Caeteense; h) Há necessidade de um investimento mais inciso na área da saúde; i) Inserir caeté de forma mais efetiva no roteiro turístico, histórico do estado de Minas Gerais (estrada Real) abrindo oportunidades de geração de renda no próprio município; j) Acesso aos recursos naturais ( Mineração; abastecimento de água, saneamento) de modo legal, sustentável e com distribuição de benefícios e ônus para todos os envolvidos; k) Em Caeté e mesmo em alguns outros municípios verifica-se grande potencial em riquezas naturais, recursos hídricos, paisagísticos, grande produção de hortaliças; l) Caeté é uma cidade histórica e secular, dentro da região industrial. Possui assim características de uma cidade do interior dentro da terceira maior região metropolitana do país.