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3 DISSERTAÇÕES E TESES SOBRE O PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO:

3.13 OLHARES SOBRE O PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO NA PARAÍBA

A Paraíba apresenta, através das pesquisas, suas inquietações sobre as políticas públicas voltadas para EJA e especificamente sobre o PBA no Estado. A seguir serão apresentados alguns trabalhos sobre o Programa em focos diferentes, mas que ao mesmo tempo representam limites e possibilidades do PBA em algumas cidades da Paraíba.

Como já foi dito no início deste capítulo, tivemos acesso às pesquisas através do levantamento realizado por Santos (2012), na CAPES, porém o acesso ao estudode Rejane de Barros Cavalcante foi através do nosso próprio Programa – PPGE, o qual foi defendido em outubro de 2011, na Universidade Federal da Paraíba – UFPB - Estudo sobre o Programa

Brasil Alfabetizado na Paraíba: limites e possibilidades (2003-2010), com o objetivo de

descrever a história da implantação e da operacionalização do Programa Brasil Alfabetizado no estado da Paraíba, observando seus limites e possibilidades de atuação.

A citada pesquisa foca seus estudos no PBA, quando descreve o contexto político- educacional e a estrutura organizacional do programa, e o situa no estado da Paraíba; analisa as narrativas dos coordenadores e alfabetizadores para compreender os limites e as possibilidades que enfrentam para atender aos objetivos dos documentos oficiais do PBA;Apresenta o PBA como uma política educacional do governo Lula, voltada para a inclusão e o desenvolvimento social, com intenção de qualificar a educação como um direito social. Contudo, considera fragmentado o Programa, que foi instaurado no país para diminuir os índices de alfabetização e criado para resolver a situação caótica do analfabetismo com recursos financeiros escassos e com uma ação de alfabetização limitada.

Quando o referido estudo considera que a alfabetização de pessoas adultas deve ser entendida como uma etapa inicial, articulada com outras etapas da EJA, comparamos isso às nossas inquietações, ao pensarmos a linha de continuidade de estudo dos alunos egressos do PBA. Assim, consideramos que é necessário articular as práticas da EJA a outras práticas inclusivas para que o processo de continuidade seja efetivado, como podemos averiguar neste fragmento:

Ao descrever o contexto político-educacional do PBA e sua estrutura organizacional, percebemos que uma das suas possibilidades é quando coloca a continuidade do processo educativo como um meio de fortalecer a educação, vista como instrumento de promoção social, individual e coletiva. Assim, a alfabetização passa a ser pensada como porta de entrada para a educação continuada, a EJA (CAVALCANTE, 2011, p. 84)

Perceber o processo de continuidade como fortalecimento para a educação é uma necessidade urgente nas ações de políticas públicas voltadas para a EJA. Porém, a autora também ressalta os limites que impedem, não raras vezes, resultados positivos na educação de jovens e adultos, uma vez que,

enquanto a alfabetização de pessoas adultas não for incluída como a primeira etapa da modalidade da EJA, incluindo os professores qualificados para atuarem com esse público, o Brasil não será um país de pessoas alfabetizadas, pois ainda continuamos nesse ponto como Campanha de alfabetização quando colocamos alfabetizadores desvinculados do fazer docente para assumirem turmas de alfabetização, que é um trabalho extremamente complexo (CAVALCANTE, 2011, p. 84)

Assim, a autora conclui que o governo federal ainda tem inúmeros desafios no percurso da alfabetização de pessoas adultas. Nesse sentido, ressalta a importância de incluí-la como etapa inicial da modalidade da EJA.

Para concluir as apresentações de produções acadêmicas já defendidas sobre o PBA, trazemos também a dissertação de Rosinete Barros Guedes, à qual tivemos acesso através de uma professora examinadora da banca da autora, que foi defendida em 2011, na Universidade Federal da Paraíba: A Prática de Letramento no Programa Brasil Alfabetizado em Campina Grande – PB.Seu objetivo foi o de compreender como a prática pedagógica, no Ensino de Língua Materna no PBA – CG -contribui para a efetiva adequação aos objetivos e à avaliação dos programas em âmbito nacional.

Para Guedes (2011), o PBA foi criado pelo MEC, no governo Lula, para “abolir o analfabetismo no Brasil”, devido ao cenário de 30 milhões de analfabetos funcionais maiores de 14 anos. Ao tratar da história das campanhas e dos programas no Brasil, diz:

O Programa Brasil Alfabetizado nessa rede de histórias se apresenta com uma concepção de que em oito meses (antes seis) é possível alfabetizar um adulto, no pressuposto de que qualquer pessoa com nível médio é capaz de alfabetizar, na disseminação do discurso de erradicar o analfabetismo. Por outro lado, o Programa tem sido colocado como uma prioridade, vinculado ao Ministério da Educação, possibilitando uma relação mais permanente com as redes de ensino, garantindo a continuidade do processo educacional (GUEDES, 2011, p. 232).

A autora lembra as fragilidades do Programa e, ao mesmo tempo, o esforço que o governo federal faz para garantir a continuidade dos estudos dos egressos do PBA através da relação permanente com as redes de ensino. Concordamos com Guedes que o tempo que o programa oferece é insuficiente para o processo efetivo da alfabetização, já que é preciso insistir: “o direito à educação significa essencialmente o direito de aprender ao longo da vida e não somente durante um período obrigatório” (IRELAND, 2011, p. 4).

Ainda se referindo ao tempo insuficiente para a alfabetização de jovens e adultos, Guedes lembra-se da heterogeneidade que há nas salas da EJA e a necessidade de um tempo maior para uma prática pedagógica de qualidade:

(...) percebe-se que deveria haver mais flexibilidade em relação ao tempo para ser trabalhado na EJA, pois, a alfabetização de jovens e adultos tem um tempo curto de programação, ou seja, alfabetizar e sistematizar conteúdos, sabendo que essa é uma clientela mais difícil de ser trabalhada , devido toda sua história e fracasso escolar já vivido (GUEDES, 2011, pp. 222- 223).

Não que seja mais difícil trabalhar com alunos da EJA, mas que há uma necessidade de a escola adequar vários aspectos para atender e motivar os educandos que buscam o ambiente escolar por alguma razão. O horário e o turno estabelecidos, os conteúdos programados e a valorização dos educandos no processo ensino/aprendizagem são elementos que necessitam de flexibilidades para que a realidade da EJA comece a mudar. Como educadora da EJA, percebo que há alunos que trabalham à noite como vigilantes e só aparecem na escola no dia de folga e precisam estudar no horário diurno, mas não conseguem por não haver turmas da EJA nos horários do dia. Como a pesquisadora não apresentou dados mais evidentes sobre a continuidade dos alunos do PBA de Campina Grande/PB, finalizamos nossa abordagem sobre essa pesquisa.

É importante ressaltar que existe uma pesquisa28 no Programa de Pós-graduação da UFPB, que não está disponível porque se encontra em fase de construção e ainda não foi defendida. Assim, analisar todos esses trabalhos possibilitou compreender como está sendo discutida a EJA, a partir do PBA. Cada autor referendou questões relevantes para problematizar a especificidade que há na EJA, também nos permitiu perceber traços de como está sendo executado o PBA nas diferentes regiões do país. Nesse sentido, iremos ao próximo capítulo para analisar as falas das alunas egressas do PBA do município de Conde, compreendendo que suas falas traduzem as necessidades internalizadas e imediatas, que dão sentido ao fato de estarem, ou não, em uma sala de aula.

28 Trabalho de dissertação: PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO: impacto para as políticas públicas de Educação de Jovens e Adultos em municípios do sertão paraibano. SANTOS, Patrícia Fernandes da Costa.

...Nós somos muitos

Não somos fracos

Somos sozinhos nesta multidão

Nós somos só um coração

Sangrando pelo sonho

De viver...

Música: Tudo azul Lulu Santos

4 RAZÕES E DESAFIOS DA CONTINUIDADE NAS FALAS DAS EDUCANDAS, DA GESTORA E DE COORDENADORES NO MUNICÍPIO DE CONDE/PB