• Nenhum resultado encontrado

OPERADOR Info Info Info Info Spot $$$ Info Info

REDE ALTA TENSÃO REDE BAIXA TENSÃO

GERADORES CONSUMIDORES COMERCIALIZAÇÃO MERCADO kWh kWh kWh Contratos $$$ Contratos $$$ Spot $$$

cxxii

contra essas variações, vendedores e compradores de energia elétrica firmam contratos de longo prazo (mercado futuro)” (Martínez, 1997, p. 26-27).

Um mecanismo importante no mercado são os contratos bilaterais, que são contratos financeiros entre geradores e empresas de distribuição e comercialização. Através desses contratos esses agentes procuram minimizar a sua exposição aos preços do MAE.

Por outro lado, “para garantir uma transição segura do atual para o novo modelo de mercado, tem-se a figura dos contratos iniciais, que são contratos bilaterais firmados a partir de 1998, entre geradores e empresas de distribuição e varejo” (Silva, 1998a, p.18).

De acordo com o Decreto no 2.655/98, seção I, artigo 12, “as transações de compra e venda de energia nos sistemas elétricos interligados serão realizados no âmbito do Mercado Atacadista de Energia – MAE, instituído mediante Acordo de Mercado, firmado entre os interessados”.

4.14 Mercado Atacadista de Energia - MAE

O MAE é caracterizado como o ambiente negocial de geradores, comercializadores e grandes consumidores, onde transacionam a maior parte da energia (inicialmente 90%), sendo o restante (10%) comercializado no mercado de curto prazo30 (spot).

O Mercado Atacadista de Energia (MAE), que atualmente tem participação de 3% dos cerca de R$ 22 bilhões de faturamento bruto anual do setor, será responsável, em cinco anos, pela negociação de um percentual entre 10 e 15% da produção nacional (Gazeta Mercantil, E- mail, 1998). As geradoras têm hoje toda sua energia comercializada em contratos bilaterais. Esse modelo vai valer até 2003, quando, gradualmente, começa a ser liberado. Em 2006 toda a energia existente no país poderá ser colocada no mercado.

O MAE é regido conforme dispõe o caput do artigo 12 do Decreto no 2.655/98 e pelo documento denominado Acordo de Mercado, homologado pela Aneel. É um contrato

cxxiii

multilateral de adesão, assinado em agosto de 1998, entre os interessados - empresas de geração, transmissão, distribuição, comercialização e grandes consumidores acima de 10 MW.

O MAE é definido pelo documento de Acordo de Mercado como: “ambiente organizado e regido por regras claramente estabelecidas no qual se processam a compra e a venda de energia entre seus participantes, tanto através de contratos bilaterais como em um mercado de curto prazo, tendo como limites os sistemas interligados Sul/Sudeste/Centro- Oeste e Norte/Nordeste” (Aneel, 1998a, p.2).

O documento de Acordo de Mercado estabelece as bases de funcionamento do MAE e determina, entre outros aspectos, que: “os agentes da Categoria Produção buscarão alocar toda sua energia elé trica ao MAE e os agentes da Categoria Consumo buscarão atender a todas as necessidades de energia elétrica de seus consumidores no âmbito do MAE”, enquanto “os agentes de Comercialização poderão adquirir energia fora do MAE, desde que de geradores conecta dos diretamente às redes de distribuição” (Aneel, 1998a, p.4).

O MAE é composto por um órgão deliberativo - a Assembléia Geral e um Comitê Executivo (COEX). Devem participar do MAE: agentes de produção com capacidade instalada igual ou superior a 50 MW; agentes de importação ou exportação de energia elétrica em montante igual ou superior a 50 MW; e agentes de comercialização de energia elétrica com mercado igual ou superior a 300 GWh/ano. Podem também participar do MAE os consumidores livres (Aneel, 1998a).

Para o funcionamento do MAE, o Acordo de Mercado prevê, na Cláusula 34, as seguintes Regras de Mercado: “I - formação de preços no MAE; II - estabelecimento do Mecanismo de Realocação de Energia31; III - estabelecimento dos Submercados32 de Energia; IV - regulamentos para usinas termelétricas; V - preços de Serviços do Sistema; VI - transações internacionais; VII - aplicação de penalidades; VIII - padrões de medição” (Aneel, 1998a, p. 13-4).

cxxiv

O Acordo de Mercado ainda prevê que o MAE funcione com um Sistema de Contabilização e Liquidação (SCL) e um Auditor do Sistema de Contabilização e Liquidação. O SCL “compreende os processos de contabilização, conciliação e liquidação financeira e que objetiva registrar as compras e vendas de energia elétrica no âmbito do MAE, valorizar as transações não cobertas por contratos bilaterais, bem como gerenciar as transferências financeiras entre os membros do MAE...”. Já o Auditor do Sistema de Contabilização e Liquidação é uma “empresa independente, reconhecida publicamente, responsável pela auditoria do Sistema de Contabilização e Liquidação” (Aneel, 1998a, p. 1,3).

Silva (1998a, p. 6), em relação à questão de preços, assevera que o MAE: “a) estabelecerá um preço que represente o custo marginal33 do sistema, para que os agentes possam tomar decisões que refletirão o custo real da energia; b) fixará um preço que possa servir de base para contratos bilaterais de longo prazo; c) garantirá um mercado onde possa haver negociação da energia não contratada ao preço (do MAE) em vigor ...”.

Com relação à criação do MAE, é importante registrar um fato peculiar. Ao assinar o contrato de adesão ao MAE, em agosto de 1998, a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica) ressalvou “...que o equilíbrio econômico e financeiro dos atuais contratos de concessão deve ser mantido”. A Abradee quer evitar, por exemplo, “que a União aumente as tarifas cobradas pelas estatais geradoras e transmissoras de energia que serão privatizadas (...) para valorizar seus ativos” ( Folha de São Paulo, 1998a).

Paixão (1997b) faz algumas considerações que auxiliam à compreensão do funcionamento do MAE no novo modelo do setor elétrico:

(...) no curto prazo os comercializadores irão adquirir energia no mercado spot, a um preço calculado a hora e que refletirá o custo do sistema para gerar esta energia adicional;

(...) o livre acesso à transmissão e distribuição é que possibilitará que qualquer gerador, mediante pagamento regulamentado, possa vender a qualquer comercializador e que qualquer comercializador possa comprar de qualquer gerador e repassar a qualquer grande consumidor (p. 3).

Ainda sobre o assunto, Paixão (1997b, p.3) assevera: “o MAE propicia o ambiente negocial e o livre acesso às condições para a energia fluir livremente; a operação otimiza o

cxxv

uso dos recursos e o Governo regulamenta o necessário à proteção dos consumidores. Assim será o funcionamento do setor elétrico”.

4.15 Contratos Iniciais

Os Contratos Iniciais correspondem à conversão dos atuais contratos de suprimento na fase de transição do novo modelo do setor, e fazem parte de um conjunto de medidas adicionais que visam evitar danos significativos aos agentes e aos próprios consumidores. Para Paixão (1997b, p.7), os Contratos Iniciais “permitirão uma transição a mena (…), do atual esquema de preços definidos de suprimento para a completa liberdade negocial na compra e venda de energia…”.

Os atuais contratos de suprimento serão substituídos pelos Contratos Iniciais, com prazo de oito anos e com redução gradual de 25% ao ano, a partir de 2002, de modo que em 2006 toda a energia será negociada livremente. A negociação será a preço livre e sem nenhuma interferência governamental, obedecidos contudo o Acordo de Mercado e as Regras de Mercado, entendidas como o “conjunto de regras comerciais, complementares e integrantes do Acordo de Mercado, de cumprimento obrigatório pelos agentes, no âmbito do MAE” (Aneel, 1998a, p.3; Paixão, 1997b; Celesc, 1998).

A Aneel publicou em abril do corrente as resoluções que regulam as tarifas do uso do sistema de transmissão a serem aplicadas nos contratos iniciais. “As geradoras pagarão às empresas de transmissão um teto de R$ 496 por MW/h no uso da chamada ‘rede básica’, que transportam mais de 230 kV (Corrêa, 1999a).

O quadro a seguir ilustra, como exemplo, a questão dos contratos iniciais para a Celesc, apresentando tópicos comparativos entre a situação anterior, que fazia uso dos contratos de suprimento, e a nova situação, decorrente da nova legislação. Destaca-se que, agora, uma empresa de distribuição e comercialização como a Celesc tem que negociar com várias empresas, assinar vários contratos, adquirir quantidades de energia com redução gradual até operar em livre contratação e se submeter a encargos de conexão e transporte.

cxxvi

Quadro 1 – Contratos de Suprimento x Contratos Iniciais

ANTERIOR (CONTRATOS DE SUPRIMENTO) ATUAL (CONTRATOS INICIAIS) LEGISLAÇÃO Lei 8.631 de 28/04/93 Decreto 774 de 12/05/93 Lei 9.648 de 27/04/98 Decreto 2.655 de 02/07/98 OBJETO Único Contrato: