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V – CONSIDERAÇÕES FINAIS

V – CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A APLICAÇÃO DO PLANO DIRECTOR MUNICIPAL (PDM) NA FREGUESIA DA SEARA, PONTE DE LIMA

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Neste capítulo são efectuadas as conclusões gerais sobre os resultados desta dissertação, com base nos fundamentos teóricos e jurídicos existentes no âmbito da temática em estudo e retiradas as conclusões relativas aos objectivos propostos.

Esta dissertação pretende contribuir para o desenvolvimento de acções de planeamento urbano à escala da freguesia e ser uma mais-valia e acréscimo para o conhecimento, estimulando uma reflexão e em simultâneo dando uma perspectiva de futuro sustentável a nível local.

Nesta medida, embora não seja um objectivo estabelecido inicialmente, é também apresentada uma hipótese de projecção regulamentar para a freguesia da Seara, apoiada nos resultados da investigação e nos indicadores identificados como relevantes.

Considera-se que esta dissertação possui um carácter singular por estudar a evolução da paisagem urbana como consequência da aplicação do PDM em meio rural, em particular num território que não tem sido objecto de estudo científico neste domínio.

5.1C

ONCLUSÕES

G

ERAIS

Com esta investigação pretendem-se estudar as alterações da “Paisagem urbana” na Seara por influência do PDM de Ponte de Lima, instrumento de “Planeamento urbano” aplicável à freguesia.

No campo teórico, as publicações existentes sobre urbanismo e planeamento urbano relativamente ao concelho de Ponte de Lima apontam para uma perspectiva da evolução histórica da morfologia urbana, principalmente direccionada para o centro histórico.

Não existem estudos de investigação sobre o PDM de Ponte de Lima e os efeitos do processo de ordenamento do território na paisagem urbana à escala das freguesias.

Embora o estado da arte não se debruce concretamente sobre o urbanismo em contexto periférico e rural, revelou-se importante abordá-lo no desenvolvimento da investigação pelas lógicas que estabelece no processo de transformação do território.

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Os autores de trabalhos científicos sobre esta temática abordam a paisagem urbana e o planeamento urbano fundamentalmente na óptica das cidades. Cavalcanti (2001) considera que a paisagem urbana da cidade é o aspecto visível do espaço sobre uma vertente social. Defende que é possível identificar as diferentes classes sociais através da análise da paisagem urbana. Lamas (1993) defende a análise da paisagem urbana através três escalas: “a da rua” (composta pelos edifícios); “a do bairro” (composta pelos quarteirões, ruas, praças, pátios e jardins); “a escala da cidade” (que resulta do conjunto de bairros, vias, nós viários) e dois posicionamentos: “de dentro” (corresponde à cidade vista do interior); “de fora” (a cidade vista ao longe). Conzen (1960) defende que o estudo e o desenho da forma física das cidades deve ser efectuado segundo uma divisão tripartida da paisagem urbana: o “plano” (planta de cidade), o “tecido edificado” e o “uso do solo”. Destaca o conceito de “região

morfológica”, definindo-o como uma área morfologicamente homogénea, em termos

de plano de cidade, de tecido edificado e de uso do solo, em que o contributo para caracterização da paisagem urbana é maioritariamente marcado pelo “plano” da cidade. Conzen (1960) considera “uso do solo” menos relevante. Portas (2011) considera que a cidade deve ser encarada enquanto território defendendo uma linguagem comum que garanta uma base arquitectónica e a máxima: “o processo

também desenha”. Defende ainda que o planeamento urbano deve englobar um

estudo multidisciplinar sobre os conteúdos da cidade.

O caso de estudo apresenta paralelismos com as considerações de Vitor Oliveira (2014) sobre o PDM, como sendo o principal instrumento de planeamento e gestão urbanística, bem como o seu entendimento sobre o planeamento urbano enquadrado pelo PDM, considerando-o num mecanismo de zonamento com diferentes regras de transformação urbana com base apenas no critério de uso do solo. De facto, o PDM é o instrumento planeamento urbano aplicável à freguesia da Seara, onde são estabelecidas zonas de delimitação funcional que definem, em termos de transformação urbana, a separação ou a mistura dos diferentes usos do solo.

Como acontece nos PDM aplicáveis à Seara, Vitor Oliveira (2014) considera que, contrariamente à questão funcional, o PDM pouco regula em termos de forma e de estrutura urbana e que os PDM de segunda geração constituem um avanço no urbanismo por definirem regras no processo de transformação da paisagem urbana, como alinhamentos, afastamentos e cérceas.

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A mudança de um zonamento funcional para um zonamento tipo-morfológico, na prática de planeamento de âmbito municipal, através do conceito de “região

morfológica” de Conzen (1960), nunca foi adoptada para o território de Ponte de Lima

e consequentemente para o caso em estudo.

As disposições do PDM de Ponte de Lima (e da Seara) encaixam na descrição de Fernanda Oliveira (2009) sobre ordenamento do território, ao definir este como a aplicação ao solo das políticas públicas com o objectivo de localizar e gerir as actividades humanas, bem como nas considerações de Costa Lobo e Sousa Lobo (1990) sobre o direito do urbanismo, considerando-o um mecanismo de intervenção no território e de licenciamento regulador da afectação do solo aos diversos usos e da forma e das utilizações do solo.

A definição de ordenamento, segundo Costa Lobo (2000), é o conhecimento científico sobre o que de real existe e acontece num determinado local. O autor entende que as bases de ordenamento procuram o conhecimento objectivo produzido sobre uma determinada realidade social e territorial, analisam a informação sobre o território e fazem uma leitura na perspectiva da aplicação à prática do urbanismo. Costa Lobo (2000) estabelece mecanismos para a elaboração e revisão dos PDM, ao defender que os planos urbanísticos não se devem resumir a meros instrumentos legais de actos administrativos, devendo conter propostas para estimular e desenvolver as estruturas territoriais e potenciar a melhoria da vida da população. Destaca a importância da monitorização e da avaliação dos resultados neste processo, alertando para a necessidade de alterar, adaptar e melhorar os conteúdos dos planos e de um planeamento flexível e dinâmico.

Neste processo de revisão do PDM, Pardal e Correia (2000) destacam a distribuição geográfica da população como um factor dinâmico da sociedade e um indicador importante na política territorial. Pardal e Correia (2000) defendem ainda que o processo de planeamento urbano deve integrar a nova realidade provocada pela transformação económica e os novos padrões de localização de novas actividades, gerando a procura de espaços alternativos fora dos maiores centros urbanos.

Os planos urbanísticos para Pardal (2000) têm repercussões importantes no comportamento do mercado imobiliário. O autor defende que na elaboração dos planos, nomeadamente nos conteúdos formais, o mercado imobiliário e os problemas

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por ele causados, como a especulação imobiliária, devem ser considerados no processo de planeamento urbano. Considera que os planos urbanísticos devem assegurar a produção de espaços para que todos tenham acesso aos bens essenciais, a preços razoáveis e em localizações adequadas.

No contexto jurídico, a política do urbanismo aplicável à Seara está centrada no PDM como instrumento de gestão do território.

O PDM de Ponte de Lima de 1995 incentiva o alargamento do perímetro urbano e a nova construção em detrimento da reabilitação, originando áreas de povoamento disperso com crescimento desordenado, a especulação imobiliária e um aumento dos gastos com infraestruturas.

No final da década de 90 do século XX é publicado o RJIGT, pelo Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro. Este diploma que desenvolve as bases da política de ordenamento do território e de urbanismo, não altera a estratégia de expansão urbanística estimulada pelo PDM de primeira geração, mantendo a classificação de Solo Urbanizável.

Por força deste RJIGT, as classificações vertidas no PDM de segunda geração, e aplicáveis à freguesia da Seara são: Solo Urbano, Solo Rural e Solo Urbanizável.

No caso particular em estudo, o maior número de operações urbanísticas foram as novas construções e moradias unifamiliares isoladas.

As obras de construção, reconstrução, ampliação e alteração foram reguladas pelas disposições do plano, ao nível da implantação, cércea, volumetria, materialidade e cromatismo dos revestimentos exteriores, que apontavam para continuidade das características morfológicas da paisagem urbana existente.

Na Seara verificou-se um crescimento do tecido edificado, mas sem expansão urbana muito provavelmente devido a que antes do PDM a dispersão das construções já acontecia por toda a freguesia ao longo das vias de circulação existentes, que mantiveram o seu traçado.

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Durante o PDM de 1995 não se verificou investimento público significativo ao nível das infraestruturas e equipamentos de utilização colectiva. A rede actual de saneamento público de águas residuais, sem cobertura total no concelho e na Seara, foi executada na transição dos PDM. A rede de abastecimento de água, com maior cobertura, foi ampliada durante o PDM de 2005. Neste período destacam-se as obras públicas ao nível de equipamentos desportivos e de ensino.

Com o RJIGT, alterado pelo Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de Maio, há uma mudança na estratégia de gestão e desenvolvimento do território.

A política de expansão urbanística é substituída pela política de contenção urbanística, com o objectivo de combater os problemas causados pelo alargamento do perímetro urbano, estimular a colmatação e a reabilitação urbana e potenciar a gestão de recursos disponíveis.

O novo RJIGT adopta um novo sistema de classificação do solo, caindo a categoria de solo urbanizável, com o objectico de estimular o preenchimento dos vazios do tecido urbano consolidado e limitar a nova construção fora dos perímetros urbanos infraestruturados.

Com a eliminação do solo urbanizável, passam a existir apenas duas categorias de solo: Solo Urbano e Solo Rústico.

Os fundamentos do actual RJIGT, nomeadamente a alteração profunda introduzida na forma de classificação do solo, são princípios orientadores na elaboração da nova versão do PDM de Ponte de Lima, nomeadamente na estrutura espacial e nos índices urbanísticos a aplicar ao solo.

Este RJIGT permite à administração pública recorrer à reserva do solo para garantir a curto e médio prazo a realização de futuras vias estruturantes e equipamentos de utilização colectiva, em locais a definir no plano.

Os municípios devem programar as políticas de ordenamento do território assentes nos princípios da sustentabilidade financeira e elaborar um plano de sustentabilidade urbanística que inclui investimentos municipais na execução, manutenção e reforço das infraestruturas gerais, em conformidade com os indicadores do novo RJIGT.

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A nova definição do PDM deve ainda seguir os critérios de classificação e reclassificação do solo, bem como os critérios de qualificação e as categorias do solo rústico e urbano estabelecidos no Decreto Regulamentar nº 15/2015, de 19 de Agosto.

Os critérios de classificação do solo assentam na diferenciação entre as classes de solo rútico e de solo urbano.

A qualificação do solo estabelece, com respeito pela sua classificação, o conteúdo do seu aproveitamento tendo por referência as potencialidades de desenvolvimento do território, fundamentadas na análise dos recursos e valores potenciais e existentes. A qualificação do solo processa-se através da sua integração nas várias categorias e subcategorias do solo rústico e do solo urbano.

Desta forma, a futura versão do PDM de Ponte de Lima deve prever normas que disciplinam as intervenções urbanísticas e as formas de utilização do solo, combatendo o crescimento excessivo dos perímetros urbanos, a má utilização das infraestruturas existentes e a especulação imobiliária.

Consequentemente, sob os princípios do novo RJIGT e os critérios do Decreto Regulamentar n.º 15/2015, de 19 de Agosto, a nova versão do PDM deverá orientar e regular o desenvolvimento e as alterações da paisagem urbana no concelho e na freguesia da Seara, em particular para os próximos anos.

5.2C

ONCLUSÕES

E

SPECÍFICAS

S

OBRE OS

O

BJECTIVOS

Conforme referido no capítulo I desta investigação, foram traçados dois objectivos principais:

- Definir as alterações no tecido urbano da freguesia da Seara, decorrentes da aplicação do PDM;

- Determinar indicadores relevantes para a revisão do PDM na freguesia da Seara.

A avaliação da paisagem urbana e a monitorização do estado do ordenamento do território da Seara, com recurso a indicadores diversos, permitem concluir sobre os impactos do PDM no território e a necessidade da sua revisão, em especial no

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