Tendo presente a finalidade principal desta investigação, estudar a criação e o
desenvolvimento de uma comunidade de aprendizagem em ambientes virtuais a 3
dimensões, optou-se por um estudo inserido no paradigma qualitativo, segundo uma
abordagem metodológica de estudo de caso, onde se pretende estudar uma situação
específica, que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há
nela de mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão
global do fenómeno de interesse (Ponte, 1994).
Esta investigação afasta-se de um paradigma quantitativo, na medida em que
não se pretende analisar uma realidade objectiva, independente do sujeito, numa
lógica dedutiva, em que a pesquisa está referenciada a uma teoria que fundamenta e
justifica as tentativas de explicação para os fenómenos em análise e onde se recolhem
dados e testam hipóteses que serão aceites ou não (Coutinho, 2004).
Antes, pretende penetrar no mundo pessoal dos sujeitos, saber como
interpretam as diversas situações e que significado tem para eles, tentando
“(...) compreender o mundo complexo do vivido desde o ponto de vista de quem vive” (Mertens, citado em Coutinho, 2004, p. 440).
O interesse desta investigação centra-se nos processos, nos fenómenos como
um todo, e não nas relações de causa-efeito ou nos resultados finais.
A principal fonte de dados necessários à investigação é o “meio natural” e é o
próprio investigador que assegura a recolha de dados, que mantém o contacto directo
entre as pessoas, com os contextos e com os fenómenos a estudar, assumindo ainda
um papel activo na interpretação dos casos e na construção das inferências retiradas
da investigação.
Todas estas características reflectem um estudo de carácter qualitativo tal
como defendem Bogdan e Biklen (1994), Stake (1988) e Tuckman (2000). Não
obstante, o desenho da investigação é flexível, permitindo efectuar adaptações ou
alterações necessárias à medida que o conhecimento se constitui e aprofunda, que as
situações ocorrem e que os fenómenos emergem.
3.1.1.
Estudo de caso
De entre as diversas metodologias de investigação do tipo qualitativo optou-se
pelo estudo de caso que, segundo Denzin e Lincoln (2000), é a mais apropriada para o
estudo e interpretação de fenómenos educacionais.
Construção de Comunidades Virtuais com o Second Life Um Estudo de Caso
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Para além disso, geralmente recorre-se a um estudo de caso quando os
investigadores não têm controlo sobre os acontecimentos e, por tal razão, não
conseguem ou não pretendem manusear os comportamentos dos participantes (Yin,
em Ponte, 1994), tal como acontece neste caso.
O mesmo autor defende que este é o método mais indicado quando se
pretende definir os tópicos de investigação de forma abrangente, quando queremos
considerar a influência do contexto de ocorrência do fenómeno em estudo – a
construção de comunidades em ambientes virtuais a 3 dimensões – e quando
queremos socorrer-nos de múltiplas fontes de dados, como é o caso.
De acordo com (Ponte, 1994, p. 8), podemos afirmar que esta investigação se
insere numa perspectiva interpretativa, uma vez que “pretende-se conhecer a
realidade tal coma ela é vista pelos actores que nela intervêm directamente” e, tal
como é referido e defendido por Bogdan e Biklen (1994), as diversas formas de se
interpretar essa realidade são alcançáveis através da interacção com o outro.
No entanto, o investigador não se deve alhear da sua opinião e visão pessoal na
análise dos dados recolhidos, pois tal como Eisenhart (citado em Ponte, 1994, p. 8)
afirma:
“O investigador deve estar envolvido na actividade como um insider e ser capaz de reflectir sobre ela como um outsider. Conduzir a investigação é um acto de interpretação em dois níveis: as experiências dos participantes devem ser explicadas e interpretadas em termos das regras da sua cultura e relações sociais, e as experiências do investigador devem ser explicadas e interpretadas em termos do mesmo tipo de regras da comunidade intelectual em que ele ou ela trabalha.”
Merriam e Denzin (em Ponte, 1994, p. 9) defendem ainda que um estudo de
caso, do tipo interpretativo, preocupa-se essencialmente com os processos e as
dinâmicas e depende de forma decisiva do investigador, procede por indução,
reformulando os seus objectivos, problemáticas e instrumentos no curso do seu
desenvolvimento, e baseia-se em descrição grossa, que vai além dos factos e das
aparências, apresentando com grande riqueza de pormenor o contexto, as emoções e
as interacções sociais que ligam os diversos participantes entre si.
Para a consecução da finalidade proposta, procedeu-se a uma observação
detalhada, de cariz naturalista e indutivo (Bogdan e Biklen, 1994)dos contextos onde o
fenómeno em estudo ocorre.
De acordo com Dalen e Meyer (1991), os dados, num estudo de caso, devem
proceder de muitas fontes: documentos, entrevistas, questionários, observações, etc.
Metodologia