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PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

1. Metodologia da Investigação

1.1. Opções Metodológicas

A presente investigação assenta na temática da relação entre a supervisão pedagógica e a gestão intermédia dos agrupamentos/escolas, centrando-se sobre as perceções dos Coordenadores de Departamento e dos coordenadores de estabelecimento relativamente ao exercício da supervisão no desempenho dos seus cargos, de forma a responder à seguinte questão: “Em que medida a supervisão pedagógica influencia as práticas colaborativas dos docentes no seio dos Departamentos Curriculares do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo do Ensino Básico?”.

De acordo com a revisão da literatura realizada, partilhamos da opinião de que uma escola se torna aprendente e eficaz, quando desenvolvem, no seio dos Departamentos Curriculares, culturas colaborativas e de colegialidade entre os seus membros. Os Departamentos assumem um papel bastante importante na dinamização de práticas reflexivas sobre as ações, com a finalidade de apoiar e orientar os docentes no desempenho das suas tarefas, visando a mobilização de todos os profissionais numa ação conjunta e interação dinâmica com vista a uma melhoria na qualidade do ensino e da aprendizagem e a um crescimento a nível pessoal e profissional dos atores envolvidos, assim como da organização. Neste contexto a supervisão reflexiva e colaborativa, exercida pelos Coordenadores de Estabelecimento e de Departamento é essencial, pelo que a sua capacidade de liderança e a sua

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aptidão para desenvolver processos de participação, entreajuda e de corresponsabilização assume bastante importância nos processos colaborativos. Assim, no presente estudo pretendeu-se averiguar se as estruturas de gestão intermédia se envolvem em processos supervisivos e se estes influenciam ou não a concretização do trabalho colaborativo, no seio dos Departamentos supracitados, no agrupamento onde desenvolvemos a nossa atividade profissional. A problemática incide na influência da supervisão exercida pelas estruturas de gestão intermédia nas práticas colaborativas dos docentes, no seio do Departamento da Educação Pré- Escolar e do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Decorrendo da problemática apresentada, foram estabelecidos para este estudo os seguintes objetivos:

Conhecer as conceções de Coordenadores de Estabelecimento e de Coordenadores de Departamento da Educação Pré-Escolar e do 1.º CEB relativamente ao conceito de supervisão;

Conhecer as perspetivas que Coordenadores de Departamento e Coordenadores de Estabelecimento têm relativamente ao cargo que desempenham e às vertentes da supervisão escolar por si exercidas;

Identificar a perceção de Coordenadores de Departamento e Coordenadores de Estabelecimento da Educação Pré-Escolar e 1.º CEB face à existência e forma(s) de colaboração entre os docentes do departamento e as vantagens/potencialidades do trabalho colaborativo;

Identificar formas de organização/promoção de trabalho colaborativo entre docentes, desencadeadas nos Departamentos e/ou nos Estabelecimentos pelos Coordenadores, enquanto estruturas de gestão intermédia, decorrentes das suas práticas de supervisão;

Conhecer as dificuldades e os constrangimentos identificados pelos Coordenadores no exercício do trabalho colaborativo.

No âmbito desta investigação optámos por um estudo de natureza descritiva, pois este tipo de abordagem “(...) implica estudar, compreender e explicar a situação do objecto de investigação” (Carmo e Ferreira, 1998, p. 213) e de natureza qualitativa, uma vez que pretendemos estudar as interpretações dos sujeitos participantes sobre o assunto em estudo, recolhendo as suas perceções e os significados que lhe atribuem.

Bell (1997, p. 20) confirma a adequação desta opção metodológica ao estudo em causa, afirmando que “(...) os investigadores que adoptam uma pesquisa qualitativa estão mais interessados em compreender as percepções individuais do mundo”. A

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investigação qualitativa proporciona então um conhecimento intrínseco aos próprios factos, permitindo uma melhor compreensão da realidade, na qual os investigadores se preocupam com o rigor na recolha, análise e interpretação dos dados. Esta opinião é também fundamentada por Bogdan e Biklen (1994, p. 284), os quais referem que

“(...) quando os praticantes recorrem à abordagem qualitativa, tentam sistematicamente compreender as diferentes pessoas integrantes das suas escolas, em função da maneira como estas se veem a si próprias. Tal abordagem requer que os educadores sejam mais rigorosos e observadores na recolha da informação, no sentido de reconhecerem os seus próprios pontos de vista e de neutralizarem as imagens estereotipadas que podem estar a determinar o seu comportamento face aos outros.”

Todavia, de acordo com Fortin (2009) estas abordagens também possuem algumas limitações e têm-lhes sido apontadas críticas, no que diz respeito ao pequeno tamanho das amostras, à sua não representatividade, à falta de fidelidade e à pouca validade dos dados.

No contexto do presente estudo foi nossa intenção recolher um conjunto de informações que nos possibilitasse conhecer as ideias e perceções dos Coordenadores de Estabelecimento e dos Coordenadores de Departamento sobre a problemática em estudo, sem ter a preocupação de generalizar os resultados ou validar teorias, pelo foi adotada a metodologia de Estudo de Caso, circunscrevendo-se o estudo da problemática em causa a um contexto restrito, particular e específico. De entre as metodologias de investigação qualitativa, o Estudo de Caso revelou-se a mais adequada ao nosso trabalho, tendo em conta as suas características enunciadas por Merriam (1998), citada por Carmo e Ferreira (1998, p. 217) e que são: “Particular - porque se focaliza numa determinada situação”; “Descritivo - porque o produto final é uma descrição «rica» do fenómeno que está a ser estudado”; “Heurístico - porque conduz à compreensão do fenómeno que está a ser estudado”; “Indutivo - porque a maioria destes estudos tem como base o raciocínio indutivo”; “Holístico - porque tem em conta a realidade na sua globalidade”. A opção pela aplicação desta metodologia no presente estudo foi reforçada pelas palavras de Fortin (2009), quando refere que um estudo de caso é uma investigação aprofundada de um indivíduo, de um grupo de sujeitos ou de uma organização, sendo muitas vezes utilizada para o estudo de um caso particular e único. Os dados foram recolhidos mediante a realização de entrevistas e, atendendo às limitações temporais e circunstanciais a que o estudo se encontrava sujeito e procurando assegurar a sua viabilidade e operacionalidade, circunscrevemos a sua aplicação aos sujeitos detentores dos cargos de gestão

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intermédia do Agrupamento, à data do estudo, e optámos por selecionar como sujeitos do estudo os Coordenadores de Estabelecimento e de Departamento da Educação Pré-Escolar e do 1.º CEB. A nossa escolha recaiu nos ciclos de ensino supracitados pois trata-se de contextos onde temos vindo a desenvolver a nossa atividade profissional e sobre os quais possuímos conhecimento direto no que concerne ao funcionamento das respetivas estruturas de orientação educativa. Merriam (1988), citada por Carmo & Ferreira (1998) partilha da opinião de que num estudo de caso de natureza qualitativa, o investigador deverá definir o problema de investigação, o qual deverá emergir da sua própria experiência ou de situações ligadas à sua vida prática.