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4 RECEITA FEDERAL E SEGURANÇA PÚBLICA

4.2 ATIVIDADE DE REPRESSÃO

4.2.1 Operações Aéreas

Há aproximadamente 20 (vinte) anos a possibilidade de inclusão da atividade aérea no rol de atribuições da RFB começou a ser estudada, quando foi iniciado o ─ Projeto Gryphu17 ─. Mas, em função de restrições orçamentárias,

somente 7 (sete) anos depois ele foi implementado, com a criação das Divisões de Vigilância e Repressão ao Contrabando e Descaminho (Direp), nas Superintendências Regionais, em 2005, por meio da Portaria MF nº 30, de 25 de fevereiro (BRASIL, 2005c).

No mesmo ano foi autorizada a aquisição de aeronaves pela RFB18, no

âmbito do Projeto de Modernização da Administração Tributária e Aduaneira (PMATA)19, com a aquisição de 2 (dois) helicópteros do modelo EC 135 T2+, da

empresa Eurocopter Deutschland GmbH (atualmente Airbus Helicopters), na Alemanha20. O ano de 2006 foi dedicado à formação21 de 12 (doze) pilotos (todos

servidores da RFB) e recepção dos helicópteros, em dezembro. O ano de 2007 marcou o início das Operações Aéreas na Receita Federal do Brasil.

Nesses 12 (doze) anos, completados em 2019, os helicópteros

15 Os relatórios com os resultados obtidos pela Receita Federal do Brasil nos últimos anos estão

disponíveis em: http://receita.economia.gov.br/dados/resultados/aduana.

16 Seção elaborada a partir de entrevista e arquivos pessoais fornecidos pelo Auditor-fiscal

Leandro Calazans Leal, em 09 jul. 2019.

17 O projeto recebeu este nome em função da figura mitológica de um leão alado, responsável

pela guarda do tesouro de Apolo. No rastro do projeto seguia também o Sistema Integrado de Interdição Aduaneira e Inteligência Fiscal (SIADIF), com o uso integrado de meios terrestres, náuticos e aéreos, e que propunha a criação de uma estrutura para o desenvolvimento de atividades de repressão, a aquisição de lanchas, helicópteros e aviões pela RFB (registros

históricos feitos pelo Auditor-fiscal Paulo Cesar Beltrão Koenow e constantes do arquivo pessoal do Auditor-fiscal Leandro Calazans Leal).

18 Neste período a equipe do projeto avaliou inúmeras aeronaves apreendidas e estudo

técnicos, em um processo de crescente acúmulo de conhecimentos com vistas a estabelecer os requisitos técnicos para aquisição de aeronaves (registros históricos feitos pelo Auditor-fiscal Paulo Cesar Beltrão Koenow e constantes do arquivo pessoal do Auditor-fiscal Leandro Calazans Leal)..

19 O PMATA teve previsão orçamentária de R$400 milhões em 2005 e de R$500 milhões em

2006, conforme Lei nº 10.933, de 11 de agosto de 2004, que dispõe sobre o Plano Plurianual para o período 2004-2007 (BRASIL, 2004a).

20 A aquisição de 2 (dois) aviões não teve sucesso, pois nenhuma empresa apresentou

proposta compatível com o objeto especificado na concorrência internacional. Desde então não houve outra oportunidade para aquisição, em razão da falta de recursos orçamentários. (registros históricos feitos pelo Auditor-fiscal Paulo Cesar Beltrão Koenow e constantes do arquivo pessoal do Auditor-fiscal Leandro Calazans Leal).

21 A equipe foi dividida e a formação ocorreu em 3 (três) locais: Base Aeronaval de São Pedro

da Aldeia, Exército e Escola de Aviação Civil (EFAI), conforme registros históricos guardados no arquivo pessoal do Auditor-fiscal Leandro Calazans Leal.

proporcionaram a ampliação da capacidade operacional da RFB para as atividades aduaneiras, em fronteiras, nas estradas e na fiscalização tributária de forma geral. Estão entre as atividades rotineiras das Operações Aéreas: monitoramento de portos brasileiros e movimentação de embarcações, fiscalização e repressão ao contrabando nas zonas de fronteira, monitoramento de veículos, localização de pontos de abastecimento e armazenamento de mercadorias contrabandeadas, apoio aéreo a operações em terra e no mar e identificação de imóveis e de construções com características divergentes das constantes dos cadastros (indícios de sonegação de impostos incidentes nas obras de construção civil e/ou indícios de patrimônio incompatível com a renda declarada) (UNAFISCO SINDICAL, 2009; HELIBRÁS, 2104).

Cada helicóptero possui os seguintes equipamentos auxiliares: câmeras FLIR Ultra 8500 e FLIR Star Safire 380HD, sensores infravermelho, farol de busca, flutuadores de emergência, radar meteorológico e tanque auxiliar. As câmeras forward looking infra-red (FLIR) são os olhos da aeronave e possibilitam mais segurança e discrição (o longo alcance com nitidez nas imagens permite que a aeronave voe em altitudes maiores e, com isso, os alvos não notam a sua presença), aumentando consideravelmente a eficácia das ações, sejam elas de dia ou de noite. Os equipamentos permitem o repasse de imagens às equipes no solo ou na água para que estas possam agir com mais precisão e agilidade (UNAFISCO SINDICAL, 2009; HELIBRÁS, 2014).

A aviação da Receita Federal já realizou ações conjuntas com a Força Aérea Brasileira, com a Marinha do Brasil, com a Polícia Federal e com a Polícia Rodoviária Federal (BRASIL, 2012), além de missões de reconhecimento com o Exército Brasileiro e operações de repressão e vigilância nas fronteiras do Brasil. Durante os Grandes Eventos realizados no Brasil nos últimos anos (Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, por exemplo), a aviação da RFB se juntou aos demais órgãos integrantes da aviação pública na realização de operações de segurança pública e de monitoramentos diversos, incluindo rotas terrestres de chefes de Estado e de Governo internacionais.

Reconhecendo o trabalho do órgão, o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 90, aprovado pela Resolução ANC nº 512, de 12 de abril de 2019, que estabelece “requisitos para operações especiais de aviação pública”, estatui que a aviação da Receita Federal do Brasil está inserida no sistema de aviação pública,

conforme item 90.5, que trata das atribuições específicas das unidades aéreas dos órgãos e entes públicos:

(a) As operações especiais de aviação pública, realizadas por órgãos e entes públicos, estarão adstritas às suas atribuições previstas em lei.

(b) Para efeitos deste Regulamento, são atribuições específicas dos órgãos e entes públicos alcançados por este Regulamento:

(1) operações aéreas de segurança pública: destinadas à preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, proteção do meio ambiente e ações de defesa civil conforme estabelecido no art. 144 da Constituição da República Federativa do Brasil;

(2) operações aéreas de segurança pública nacional: destinadas à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, nas hipóteses previstas no Decreto nº 5.289/2004 e na Lei nº 11.473/07, bem como no ato formal de adesão dos Estados e do Distrito Federal;

(3) operações aéreas fazendárias e alfandegárias: destinadas a resguardar os interesses da fazenda nacional, bem como o controle e a fiscalização do comércio exterior, por meio de atividades de fiscalização federal, tributária e aduaneira estabelecidas em legislação e/ou regulamentação específica;

[...] (grifo nosso) (BRASIL, 2019f)

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